Ex-PM de Angola em entrevista
Marcolino Moco foi de 1991 a 1992 secretário-geral do MPLA, de 1992 a 1996 primeiro-ministro de Angola e primeiro-secretário executivo da CPLP de 1996 a 2000. Como é que um homem que atingiu tão altos cargos no governo de Angola de repente saiu e torna-se um crítico do regime? Não houve nada de repente. Eu aderi ao nacionalismo angolano em 1974, com a ideia de contribuir para o desenvolvimento do meu país; lutar para harmonização das várias etnias e vários povos de Angola e de todos os países africanos.
Foi um período de partido único em quase toda a África, mas depois fez-se uma reflexão, isso com a queda do Muro de Berlim e houve uma mudança que me apaixonou muito. Criou-se um novo quadro, novo sistema, novo paradigma e, nessa altura, atingi altas funções, tanto no partido, como mais tarde no governo como primeiro-ministro (uma espécie de auxiliar do presidente da República, que era o efectivo chefe do Governo).
Depois de cessar as minhas funções como governante, passei para secretário-executivo da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP). Como primeiro-ministro, dei tudo para se consolidar o novo quadro. Regressei às minhas funções no ano 2000, passando para a Assembleia Nacional e verifiquei que se tinha dado algum retrocesso na consolidação do caminho democrático, provavelmente, pelo prolongamento da guerra. A guerra, normalmente, cria um certo autoritarismo e uma concentração excessiva de poder para a pessoa que está à frente do Estado.
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