Profissionais se dividiam para vigiar a pista de dança e a saída do estabelecimento
Os seguranças que trabalhavam na boate Kiss, onde mais de 230 pessoas morreram em Santa Maria (RS), começaram a ser ouvidos pela polícia. Segundo o delegado Sandro Meiners, um dos responsáveis pelo caso, uma das questões a serem investigadas é se os profissionais fecharam a porta, impedindo que o público deixasse a casa noturna.
Vítimas relataram que alguns seguranças teriam pedido a comprovação do pagamento da comanda para poder liberar a saída.
Neste sábado (2), um deles prestou depoimento, mas de acordo com o delegado Meiners, o profissional ouvido ficava monitorando a pista de dança e por isso não soube explicar o que teria acontecido.
— Ele não auxiliou nessa questão. Acabou não colaborando, não trazendo nada novo.
De acordo com a polícia, entre 10 e 20 seguranças atuavam no local, divididos entre o monitoramento da pista de dança e a porta da boate. Nesta semana, outros seguranças que trabalhavam na Kiss também serão ouvidos, alguns deles estão internados e só após receberem alta poderão prestar depoimento.
Incêndio
O incêndio dentro da boate Kiss no centro de Santa Maria, cidade a 290 km da capital, Porto Alegre, aconteceu na madrugada de 27 de janeiro, durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira. Segundo testemunhas, durante o show foi utilizado um sinalizador — uma espécie de fogo de artifício chamado "sputnik" — que ao ser lançado atingiu a espuma do isolamento acústico, no teto da boate. O fogo se espalhou em poucos minutos.
A casa noturna estava cheia na hora que o fogo começou. Cerca de mil pessoas estariam no local. O incêndio provocou pânico e muitas pessoas não conseguiram acessar a saída de emergência. Os donos não tinham qualquer autorização do Corpo de Bombeiros para organizar um show pirotécnico na casa noturna. O alvará da boate estava vencido desde agosto de 2012, afirmou o Corpo de Bombeiros.
Ao entrar na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, para socorrer as vítimas do incêndio ocorrido na madrugada deste domingo (27), os bombeiros se depararam com uma barreira de corpos.
O comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul, coronel Guido Pedroso de Melo, descreveu a situação.
— Os soldados tiveram que abrir caminho no meio dos corpos para tentar chegar às pessoas que ainda estavam agonizando.
Lotada
A casa noturna estava superlotada na noite da tragédia, segundo o Corpo de Bombeiros. Cerca de mil pessoas ocupariam o local. O incêndio provocou pânico e muitos não conseguiram acessar a única saída da boate. Os proprietários do estabelecimento não tinham autorização para organizar um show pirotécnico no local. Além disto, o alvará da casa estava vencido desde agosto de 2012.
Prisões
Os empresários Mauro Hoffmann e Elissandro Spohr, proprietários da casa noturna, e os músicos Marcelo dos Santos e Luciano Leão, integrantes da banda Gurizada Fandangueira, tiveram a prisão temporária. Na sexta-feira (1°) o pedido da prisão foi renovado por mais 30 dias. Spohr está internado, mas sob custódia policial.
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