terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Fechou-se o caminho do carvão

 


Linha de Sena está encerrada há duas semanas.
O carvão está bloqueado em Tete. Três descarrilamentos na linha de Sena forçaram a Rio Tinto e a Vale a travarem o escoamento. Se perguntar não ofende, é concebível que os CFM autorizem a utilização de uma linha mal feita, por si reabilitada, depois de afastar com punho o antigo construtor? A polémica já agita o Conselho de Administração da companhia ferroviária.
Não há caminho neste momento para levar o carvão de Tete aos mercados internacionais. A Vale e a Rio Tinto desistiram da linha de Sena, depois de três descarrilamentos entre os dias 20 e 29 de Janeiro passado e o mais recente na semana finda.
Os comboios saíram da linha e destruíram vagões e quantidades significativas de carvão. As mineradoras afirmam que não voltam a usar a via férrea de Sena sem que sejam feitas correcções pelos Caminhos de Ferro de Moçambique - CFM.
Os prejuízos com acidentes e paralisação das vendas já afectam a contabilidade e os compromissos das empresas, com contratos de compra e venda nos mercados indiano e chinês, só para citar alguns exemplos.
A Vale e a Rio Tinto movimentam importantes volumes de mercadoria. Até Dezembro do ano passado, a mineradora brasileira fez passar pela linha de Sena mil comboios com mais de dois milhões de toneladas, enquanto a Rio Tinto escoou na sua primeira operação 35 mil toneladas.
Só para se ter uma ideia, no terceiro trimestre de 2010, o preço médio de venda do carvão metalúrgico rondou os 200 dólares norte-americanos por tonelada métrica, sendo que o carvão térmico foi mais barato, com um custo de cerca de 100 dólares americanos. As carboníferas estão a perder dinheiro e querem que o governo encontre uma saída para o carvão.
Neste momento, os maquinistas da Vale estão estacionados nas estações ferroviárias de Kambulatsitse, Necungas, Chazia, Doa, Caia e Savane, sem nada para fazer.
Uma fonte da empresa adiantou que “o problema será tratado ao mais alto nível em breve”. Disse ainda que funcionários de peso da sede da mineradora no Brasil estão em Moçambique há uma semana e deverão confrontar o Presidente da República durante a sua visita à província de Tete. Eles também foram enviados para monitorar o processo no sentido de encontrar uma fórmula para abrir um caminho.
”Estão cá quadros brasileiros que vão manter encontros com o Chefe do Estado para manifestarem o seu desagrado sobre como as coisas estão sendo conduzidas. Se se recordam, no ano passado, tivemos que rever em baixa as nossas previsões de escoamento do carvão de Moatize e isto cria-nos grandes prejuízos financeiros”, disse a fonte.
Os descarrilamentos destruíram mais de 10Km da linha-férrea, tornado-a inoperacional. Técnicos dos CFM foram despachados ao campo para tentar repor a via. O administrador Operacional, Adelino Mesquita, também seguiu viagem a Tete para serenar os ânimos das mineradoras e acompanhar os trabalhos de reabilitação de perto.
“Sim, as mineradoras pararam”
Adelino Mesquita trabalha lado a lado com o director-executivo da linha de Sena, Cândido Jone, tendo se reunido com a Vale e a Rio Tinto na semana passada.
À saída do encontro, afirmou ao “O País” que as mineradoras informaram aos CFM que iriam travar o escoamento, devido à insegurança na linha de Sena. “Houve três descarrilamentos com comboios das mineradoras. Devido a isso, elas decidiram parar. Os CFM estão a fazer a reabilitação de emergência”, disse o responsável.
Leia mais na edição impressa do «Jornal O País»

Sem comentários: