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De acordo com a mídia norte-americana, o SEAL (fuzileiro da Marinha dos EUA) que durante uma operação especial matou o líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, não recebe pensão nem goza de assistência médica. Este é só um dos numerosos casos quando o governo dos EUA trai, em realidade, seus homens que, ao defenderem os interesses estadunidenses, fizeram um trabalho bem sujo.
A captura de Osama bin Laden foi uma questão de reputação para os EUA. Contra este pano de fundo, a recusa de Washington de pagar uma recompensa de 25 milhões de dólares prometida pela morte do terrorista aparenta especialmente desafiante. Esse dinheiro, o mais provável, não receberá ninguém – nem o próprio liquidador, nem outros membros de sua equipe, nem especialistas em matéria de inteligência que rastrearam o esconderijo do terrorista.
Não é necessário esclarecer que o marine é divorciado, pois em semelhantes circunstâncias da vida o fato de ter família é perigoso em todos os sentidos. Portanto, o quadro aparece mais que funesto: não há dinheiro, não há família, não há saúde. Se generalizarmos, não há futuro como tal.
O redator-chefe da revista Natsionalnaya Oborona (Defesa Nacional), Igor Korotchenko, apresenta à Voz da Rússia seu ponto de vista sobre o assunto:
“Qualquer burocracia tem postura de negligência para com as pessoas que garantem os interesses da segurança nacional de seu país. No tocante à situação que se está produzindo nos Estados Unidos, não quero dizer que é típica para outros países, mas sim se repete em muitas suas feições onde quer que seja. As atitudes desumanas que os burocratas de administrações de Estado demonstram em relação àqueles que arriscaram sua vida e saúde cumprindo missões especiais e participando em operações de combate, é um fenômeno bastante divulgado. E as pessoas fardadas apercebem tais posturas e atitudes, naturalmente, de maneira muito dolorosa.”
Segundo estatísticas, são significativamente mais frequentes os casos de os veteranos norte-americanos matarem a si mesmos do que outrem. Assim, em 2012 o Exército dos EUA perdeu mais vidas humanas por causa dos suicídios do que por participação em hostilidades reais. Existem dados de acordo com os quais neste entorno se registra um ato suicida cada 90 minutos. A Voz da Rússia entrevistou sobre esse particular Richard Sword, um dos co-autores do livro dedicado ao transtorno do estresse pós-traumático, uma espécie de doença profissional dos soldados que passaram por embates armados sangrentos:
“Entre os veteranos, o problema dos suicídios torna-se cada vez mais grave. Em parte, isso está relacionado com novas operações no estrangeiro. A instabilidade financeira dentro dos próprios EUA também joga um papel negativo. Há cem anos que os psicólogos vêm explicando este fenômeno por causas encerradas no passado: as pessoas, segundo eles, lembram-se de algumas coisas sucedidas no passado, que provocam neles o desejo de ajustarem contas com a vida. Porém, eu acho que o problema arraiga no futuro. As pessoas começam a pensar que não têm futuro ou que sua vida está andando de mal a pior.”
Naturalmente, os veteranos norte-americanos, igual que os de qualquer outro país desenvolvido do mundo, não ficam totalmente privados de assistência. No entanto, como vemos, essa assistência nem sempre é suficiente para que as pessoas, retornando do inferno ao “paraíso terrenal” norte-americano, sejam capazes de passar pelo purgatório.
Nos EUA, o exército é profissional, e a reforma é sempre um ponto de viragem no destino de todo militar. A profissão deles é a guerra, e é extremamente difícil vencer a si próprio, começando uma vida nova, inclusive quando o Estado lhe dá seu apoio. Portanto, o resultado é que muitos veteranos não alcançam enquadrar-se à vida pacífica.
Provavelmente, a razão da situação tão trágica dos veteranos consiste no pragmatismo tradicional norte-americano. O país das oportunidades iguais esquece aqueles que já perderam essas oportunidades.
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