Alegados membros da Frelimo filiam-se ao MDM
“São membros que estavam há 40 anos no partido Frelimo e que hoje vêm ao nosso partido para serem nossos homens de campo para as eleições autárquicas que se avizinham e já montamos bandeiras do (MDM) na casa do seu líder” – Manuel de Sousa, Delegado do MDM em Manica
Chimoio (Canalmoz) - Em pleno dia 03 de Fevereiro, sete membros do partido Frelimo anunciaram que abandonavam o partido Frelimo, que serviram durante quarenta anos, e agora passavam a ser membros do MDM (Movimento Democrático de Moçambique). Um deles diz, inclusive, que foi director nacional da Polícia entre os finais da década de 1970 e princípios da década de 1980, período do regime de partido único. Mas, agora, diz que a sua convicção ideológica mudou e optou por se filiar ao MDM.
Parece muita esmola para o santo… e na verdade estas adesões ao MDM estão a suscitar que se imagine tratar-se de infiltração de agentes dos serviços de espionagem nos partidos da oposição para destruí-los, mais do que propriamente uma viragem, ou uma real mudança de intensões.
A História tem registado alguns casos de alegados dirigentes da oposição que, na verdade, são agentes dos serviços secretos, e por isso esta viragem está a suscitar vários comentários pela opinião pública, mas o delegado do MDM, contactado pela nossa Reportagem, pronunciou-se e disse que todos os 7 membros seniores da Frelimo anunciaram a sua adesão ao MDM no dia 3 de Fevereiro, no distrito de Báruè, a norte da província de Manica. Estes novos membros do MDM são antigos membros da Frelimo e antigos combatentes da Luta Armada de Libertação de Moçambique e optaram por outra camiseta partidária, alegando estarem sem futuro no seio da antiga formação política que lhes viu a crescer na arena política.
Os 7 novos membros do MDM, que alegadamente desertaram da Frelimo, segundo o delegado político provincial do partido MDM em Manica, Manuel de Sousa, deverão trabalhar nas campanhas de sensibilização e propaganda do MDM ligadas às comunidades, com os olhos postos nas eleições autárquicas regulares que deverão ter lugar no último trimestre deste ano, inclusive no Município de Catandica, capital do Báruè.
“São membros que já estavam há 40 anos no partido Frelimo e que hoje vêm ao nosso partido (MDM) para serem nossos homens de campo para as eleições autárquicas que se avizinham”, disse Manuel de Sousa, delegado do MDM em Manica.
“Já estávamos cansados de ser enganados”
Miguel Alberto Tique, que diz ser um antigo director nacional da Polícia, ex-combatente da Luta Armada de Libertação de Moçambique e até então secretário do partido no povoado de Nhazonia, onde se deu em Agosto de 1976 um dos maiores massacres de África, até aqui esquecido pelo Governo de Moçambique, era chefe do círculo de Tongogara, no Báruè, e actualmente é líder do MDM em Nhazonia.
Ele revela que se mudou para o MDM, com os seus outros colegas, devido à falta de seriedade do partido no poder, onde, segundo ele, se prometem coisas que nunca são cumpridas.
“Fomos antigos combatentes registados e passados para as fileiras da Polícia da República de Moçambique. Saímos do exército em 1974, e mais tarde em 1983 fomos desmobilizados sem motivos, marginalizados e até hoje não temos os nossos subsídios de reforma”, disse o referido antigo director nacional da Polícia de 1978 a 1983, mas que acabou marginalizado pelo regime.
“Já estávamos na Frelimo há 40 anos, fomos antigos combatentes da Luta de Libertação Nacional. Fomos escolhidos para as fileiras da Polícia e eu era o antigo director nacional da Polícia nos anos de 1978 a 1983. Mas nada vimos até à data, do trabalho da Frelimo para nós, por isso saímos do Partido para vermos as mudanças em nossas vidas”, disse Miguel Alberto Tique.
Entretanto, no mesmo dia em que estes cidadãos eram apresentados, receberam de imediato camisetas, bonés e bandeiras do partido e cartões de membros do MDM.
Secretário da Frelimo não se alonga no assunto
Entretanto, contactado o secretário distrital do partido Frelimo, a nível do distrito de Báruè, Luciano Morais, disse apenas que conhece todos os sete membros que se filiaram ao MDM e que os mesmos pertenciam ao círculo eleitoral de Nhazonia, no distrito de Báruè. Mas não aceitou emitir opinião sobre a suposta deserção da Frelimo para se filiarem ao MDM.
“Não posso falar disto porque não estou autorizado pelos meus superiores, mas a única coisa que lhes posso avançar é que conheço estes membros e eram, sim, da Frelimo”, disse Luciano Morais. (José Jeco)
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