Canal de Opinião
Por: Borges Nhamirre
Maputo (Canalmoz) – Minha sobrinha de 17 anos concorreu este ano para ingressar na UEM. Queria cursar Engenharia Civil (1ª opção) ou Arquitectura e Planeamento Físico (2ª opção). Não conseguiu ser admitida em qualquer dos cursos, mas não só: tirou notas vergonhosas nos exames de admissão a que foi submetida. 7 valores no exame de Desenho; 4.5 valores no de Matemática e 4.1 no de Física.
A minha sobrinha acabou de dispensar a quase todas as disciplinas (excepto física) na 12ª classe em 2012. O que teria acontecido para que de excelente aluna em 2012 passasse a péssima concorrente à universidade em 2013?
(A minha sobrinha pode ter muitos defeitos pessoais associados à sua faixa etária – adolescente – mas à escola ela é muito dedicada. Ser admitida no ensino superior era a coisa que mais queria. E não lhe faltou motivação para se preparar. Se tivesse sido admitida, mudava-se já este Janeiro da Maxixe, onde nasceu e sempre viveu, para Maputo, onde iria prosseguir com os estudos. Isto por si só era uma grande motivação. Para não cair no precipício das generalizações, não vou falar de todas as províncias, mas posso afirmar com grande margem de certeza que quase todos os manhembanes como eu e a minha sobrinha dariam a vida para irem viver, estudar e trabalhar para Maputo. Mas não só, a minha sobrinha concluiu o nível médio sem nunca repetir uma classe ou disciplina sequer, não lhe devia faltar motivação nem inteligência para, pelo menos, conseguir 10 valores em cada exame que realizou).
Fiquei curioso e fui então à página web da UEM onde estão divulgados os resultados dos exames de admissão. Queria tirar uma amostra dos resultados para analisar as admissões, não-admissões e notas conseguidas pelos admitidos.
No campo de pesquisa optei pelo nome “João” – por ser muito popular, e Província de Maputo – por apresentar mais candidatos.
Os resultados
Nos resultados (pode vê-los neste link http://www.admissao.uem.mz/resultados/resultadosUEM.php, dos primeiros 100 nomes apresentados, de um total de 1234, apenas 8 candidatos foram admitidos aos cursos a que concorriam.
Destes 8 admitidos, apenas um (1) conseguiu tirar notas positivas em todos exames: 14.6 valores a Português e 13 valores a história.
Os restantes 7 foram admitidos ou com ambas notas negativas ou com pelo menos uma das notas negativas. Há casos mais gritantes como o de um candidato que foi admitido ao curso de Engenharia Civil com média de 6.4 valores. Conseguiu 7.3 valores no exame de Física e 5.5 valores no de Matemática.
Isto deixou-me mais preocupado, agora não só com a minha sobrinha, mas com toda a comunidade estudantil. Não conseguia e até agora não consigo entender como num universo de 100 candidatos apenas 8 são admitidos e destes apenas um consegue fazê-lo com mérito (tirar notas positivas em todos os exames).
Parece-me que muita coisa está errada no nosso sistema do ensino. Não é minha área de trabalho, por isso admito não conhecer muito bem como o processo de examinação dos alunos concorrentes ao ensino superior decorre, mas não me soa nada católico que em 100 candidatos apenas um consiga ser admitido com mérito: obter notas positivas.
Não sei se os dirigentes do sector de educação pensam nisto. Eu julgo que ou não existe uma ligação entre as direcções de Ensino Secundário, Técnico Médio-Profissional e Ensino Superior, lá no Ministério da Educação, ou 99% dos estudantes são incompetentes, o que me parece menos provável. Pois também não faz sentido que os alunos que concluem “com mérito” o ensino médio saiam envergonhados dos exames de admissão ao ensino superior. Ou será que o ensino secundário é uma fraude que se revela no péssimo aproveitamento dos seus graduados, quando estes tentam passar à outra fase: ensino superior?
Seja como for, quem recebe salário proveniente das contribuições dos moçambicanos, deve pensar e resolver isto. Estes dados são preocupantes. Isto são factos. Não se trata de suposições. (Borges Nhamirre)
2 comentários:
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Eu Nao diria que ha algo de errado com exames de admissao da UEM, mas sim algo de errado com a camada juvenil, as notas de admissao como o Sr constatou sao pessimas e isso é uma vergonha para nós como Sociedade assim como para o MIC. O caso da sua sobrinha nao estou a discutir a capacidade ou a inteligencia dela mas provou se que pelo menos para os testes que ela foi submetida nao se mostrou a a ltura de supera-los. Dispensar ensino medio nao na verdade grande coisa e tenho experiencia para falar isso com uma margem de incerteza muito infima.
Entao antes de criticar a UEM poderia perguntar-se por que os jovens que se consideram inteligentes nao conseguem tirar uma nota positiva nos exames da UEM?
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