Por Armando Nenane
A Frelimo, através do Ministério dos Combatentes – Centro de Pesquisa da História da Luta de Libertação Nacional, realizou, esta quarta-feira, um encontro de estudo e reflexão das formas de coordenação sobre a pesquisa da História da Luta de Libertação Nacional. Trata-se de um encontro que deu o ponta pé de saída a caminho da institucionalização e oficialização da História em Moçambique.
Numa altura em que o debate histórico tende a incendiar polémicas devido ao surgimento de versões sobre factos que contrariam a história oficial da Frelimo, o partido está a trabalhar no sentido de coordenar a pesquisa da história da luta de libertação nacional, um processo que suscita dúvidas a alguns académicos no que diz respeito à demarcação da linha divisória entre a história oficial da Frelimo e a história oficial de Moçambique.
“É preciso incluir a história da luta armada nos manuais das nossas escolas, daí a importância desta pesquisa”, disse Carlos Jorge Silva, director do Centro de Pesquisa da História da Luta de Libertação Nacional.
Frelimo na linha da Frente
De acordo com o secretário para a mobilização e propaganda da Frelimo, Edson Macuacua, a Frelimo tem um papel fundamental a desempenhar na pesquisa e divulgação da história da luta de libertação nacional.
Nas suas palavras, a Frelimo, como partido maioritário na Assembleia da República, tem que estabelecer normas que regulam e impulsionam a pesquisa da história, enquanto que o governo do dia deve orientar esse processo, conforme foi aprovado no 9º Congresso.
Trata-se de um processo que pretende colocar no centro das pesquisas os combatentes da luta de libertação nacional por se entender que eles é que são os protagonistas daquele momento histórico, daí que eles devem ser as principais fontes de informação. Com efeito, coloca-se a questão das fontes primárias, designadamente fotografias, cartas, correspondências, acordos e outros documentos originais que circularam durante a luta de libertação nacional, com os quais os investigadores fazem o cruzamento com os discursos das fontes orais. Há muitos documentos desses que se encontram nos arquivos particulares de antigos combatentes, enquanto que outros se encontram em segredo, pois, por lei, ainda não passou o tempo para que sejam conhecidos.
Frelimo publica documentos
Edson Macuacua reagiu a essa inquietação referindo que a Frelimo irá lançar em breve um portal digital que terá muitos documentos copiados dos originais, como o caso do acordo de fusão entre os movimentos UNAMI, UDENAMO e UNAMO em FRELIMO, assinado a mão pelos respectivos dirigentes, sob liderança de Eduardo Mondlane.
Macuacuà referiu, com efeito, que há documentos que não serão divulgados por não ter ultrapassado o período que a lei define para a sua publicação.
O director do Arquivo Histórico de Moçambique, Joel das Neves Tembe, disse ao SAVANA que muitos documentos secretos da Frelimo, em poder da instituição que dirige, poderão ser de acesso público somente em 2012, altura em que a Frelimo faz 50 anos. “A lei é que manda”, disse.
Para Joel das Neves, não se pode criar confusão entre a história e os factos. “Os factos são factos, enquanto que a história, qualquer que seja, surge da interpretação desses factos”, referiu.
O encontro foi presidido pelo ministro dos combatentes, Mateus Kida, tendo contado com a presença de combatentes da luta de libertação nacional, académicos e investigadores.
SAVANA – 09.07.2010
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