terça-feira, 6 de novembro de 2012

América Latina acompanha eleição dos EUA com indiferença

 

06 de novembro de 2012 20h55 atualizado às 21h55
As eleições presidenciais desta terça-feira nos Estados Unidos não despertaram na América Latina o mesmo interesse que as de 2008, quando o então estreante Barack Obama, agora candidato à reeleição, gerou esperanças de uma mudança na relação de seu país com os vizinhos do sul.
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Quatro anos depois de eleito o primeiro presidente negro dos EUA, confirmação recebida com entusiasmo na América Latina, o duelo eleitoral entre o democrata e o republicano Mitt Romney não levanta as mesmas paixões na região. Segundo os analistas, porque as esperanças se viram frustradas ou porque se considera que, ganhe quem ganhar, não haverá mudanças significativas.
"Em geral, eu não acho que se possa perceber mudanças fundamentais em relação à América Latina", afirmou o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, em uma entrevista à emissora colombiana Caracol Radio. Insulza acredita, no entanto, que uma vitória de Romney poderia representar mudanças na política americana em relação a Cuba, uma vez que o "lobby" do país caribenho é "bastante influente no Congresso" e "fundamentalmente republicano".
Além disso, esse "lobby" é anticastrista e contrário a tudo o que signifique relaxar o embargo sobre Cuba, e por isso rejeitou medidas tomadas por Obama como a suspensão de restrições a viagens e envios dos EUA à ilha. Em Cuba as autoridades não fizeram comentários sobre as eleições deste ano e sobre o que pode acontecer se Obama não vencer, a quem o ex-presidente Fidel Castro uma vez se referiu como "um fanático crente do sistema capitalista imperialista imposto pelos EUA ao mundo".
Porém, os mais afetados se houver um novo inquilino na Casa Branca seriam, afirma Insulza, os latino-americanos que vivem nos EUA, pois "haveriam mudanças" em "temas de legalização de migrantes ilegais e educação". Além disso, "provavelmente (Mitt) Romney estaria menos comprometido a adotar uma legislação migratória", acrescentou ele em referência à reforma das leis relativas à imigração prometida por Obama na campanha de 2008 e, até agora, não concretizada.

Enquetes apontam que os hispânicos dos EUA - 51,9 milhões de pessoas, 16,7% da população, segundo o Censo de 2011 - podem ser determinantes para que Obama consiga a reeleição. De acordo com uma enquete da empresa Latin Decisions, publicada na segunda-feira, 73% dos hispânicos tem intenção de votar hoje em Obama e 24% em Romney. "Se os latinos forem às urnas nos níveis que estamos projetando, dariam Nevada, Colorado, Flórida e Virgínia para Obama", quatro estados-chave para o resultado da eleição, na opinião do pesquisador principal de Latin Decisions, Matt Barreto.
Ao analisar as consequências para a Argentina em seu site, o analista argentino Rosendo Fraga opina que "com uma vitória de Romney, o cenário da relação será mais difícil". Fraga considera provável que os afetados pela moratória da dívida soberana do país em 2001, e que reivindicam ações contra a Argentina, encontrem mais eco em um presidente republicano.
Além disso, "é provável que um presidente republicano tenha uma política mais hostil em relação a (Hugo) Chávez - como já antecipou Romney - e isso aconteceria no mesmo momento em que o governo argentino parece assumir cada vez mais coincidências com o modelo venezuelano", ressaltou Fraga.
Chávez, que considerou uma "fraude" o governo de Obama, afirmou há um ano que Mitt Romney "é um louco" que, "de repente", pode se transformar no presidente dos EUA, o que representaria o retorno da "extrema direita ao poder".
Americanos vão às urnas
Os americanos escolhem nesta terça-feira seu presidente. O atual mandatário, o democrata Barack Obama, disputa a preferência dos eleitores com o republicano Mitt Romney. Diferente do Brasil, as eleições americanas são indiretas. O candidato mais votado em cada Estado leva todos os seus delegados. No fim, o candidato com maior número de delegados - e não de votos - sai vencedor. O Terra, maior empresa latino-americana de mídia digital, faz a cobertura completa das eleições presidenciais nos EUA e acompanha a apuração de votos em tempo real.

EFE
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