Friday, December 6, 2019

O país não vai aguentar muito mais este tipo de governação económica e social. Mas as opções de Guebuza e dos seus discípulos são inquestionáveis, não são? Ou já não são mais? O que queremos que seja o nosso futuro?

Sobre a “eficácia” e “eficiência” social e financeira da política económica do Governo – elementos sobre a dívida pública e as prioridades económicas e sociais
Ponte Chinesa
Extensão: 42Km
Custo Total: 2.4 Biliões de USD
Custo por Km: 57 milhões de USD
Ponte Catembe
Extensão: 3Km
Custo Total:725 milhões de USD
Custo por Km: 242milhões de USD
Se a ponte Chinesa fosse construida em Moçambique custaria 10.122 Biliões de USD. Se a ponte moçambicana fosse construida na China custaria 171 milhões de USD.
Outros dados comparativos: o custo da ponte chinesa foi equivalente a 0,02% do PIB e 0,05% das receitas fiscais na China. A ponte da Catembe terá um custo equivalente a 5% do PIB e 25% das receitas fiscais de Moçambique.
Juntando a dívida pública associada com a ponte da Catembe, a EMATUM, as acções da HCB e o estádio nacional do Zimpeto (apenas 4 projectos, qualquer um deles muito difícil de ser considearado prioritário para o país, dado o actual ambiente económico e social mocambicano), atinge-se o valor aproximado de US$ 2,7 biliões, isto é 90% das receitas fiscais e 18% do PIB de Moçambique.
Tomando em conta a informação pública sobre as condições dos empréstimos para estes projectos, só os juros do serviço desta dívida ascenderão a US$ 190 milhões por ano (excluindo a amortização do capital), o que é equivalente a aproximadamente 6% das receitas do Estado. Se a amortização do capital for também tomada em conta, o serviço de dívida destes 4 projectos não prioritários ascenderá a, aproximadamente, 13% das receitas do Estado. Este valor já equivale ao orçamento anual da educação ou saúde, ou é igual a 80 vezes o valor total do pacote de subsídios às pequenas e médias empresas aprovado para todo o mandato de 2010-2014.
Se juntarmos a esta a restante dívida acumulada e decorrente de outros projectos deste tipo, poderemos chegar à triste situação de cerca de 40% das receitas anuais do Estado serem para pagar a dívida de investimento público em projectos que nem são prioritários para o desenvolvimento alargado do país e para o combate à pobreza.
A estes valores podemos adicionar outros custos para a economia decorrentes da actual política fiscal do governo, que preconiza o financiamento directo da formação da grande burguesia financeira nacional em aliança com o grande capital multinacional. Primeiro, para manter a dívida dentro dos parâmetros acordados com o FMI, apenas na sequência do projecto EMATUM o governo já anunciou que vai cortar alguns projectos de investimentos: uma estrada, a grande barragem da Moamba e uma zona económica especial. Este é um arranjo de ultima hora, e sem mais informação é difícil decidir se o arranjo é melhor ou pior que o problema original. Que projectos foram ou serão cortados para dar lugar às outras dívidas? Segundo, doadores já anunciaram que estão a pensar cortar ajuda geral ao orçamento do Estado por causa da falta de transparência na contracção de dívida e planeamento da despesa pública. Alguns doadores interrogam-se sobre a necessidade e os riscos de o governo de Moçambique continuar a receber ajuda, que lhe permite entrar em arranjos financeiros duvidosos. Terceiro, parte considerável da dívida resulta dos subsídios fiscais a mega projectos, obrigando o governo a recorrer continuamente à venda de dívida pública na economia doméstica e no mundo. A venda de dívida na economia doméstica incentiva o instinto especulativo do sistema financeiro comercial e afasta-o da pequena e média empresa; contribui para manter as taxas de juro comerciais elevadas apesar de as taxas de referência baixarem, gerando uma inconsistência estrutural entre a política fiscal e a política monetária; torna o capital para a pequena e média empresa mais caro e mais escasso e desincentiva o investimento, a criação de emprego e a diversificação e alargamento da base produtiva e fiscal; e obriga as instituições públicas a pressionar o resto da economia e do rendimento nacional (excluindo multinacionais, claro) para aumentar a receita fiscal, o que pode ter impactos sérios nos níveis de poupança e investimento.
É letal, esta combinação de subsídios fiscais para o grande capital multinacional – associado ao capital financeiro emergente em Moçambique – com prioridades de despesa pública que servem esse capital financeiro mas não permitem alargar a base de desenvolvimento. Daqui resultam custos monumentais para o estado, benefícios mínimos para a sociedade, e lucros monumentais para o grande capital multinacional e o capital financeiro oligárquico nacional em emergência. Este é um resumo da natureza de classe da política económica vigente. Não admira, pois, que a economia cresça tão depressa, com tanto investimento, com a aceleração das exportações, mas com muito pouca eficácia na redução da pobreza, altos níveis de afunilamento, pouco emprego, bens e serviços básicos de má qualidade e caros (em especial os alimentares) e altos níveis de porosidade.
São precisamente estes governantes, que esbanjam o presente e o futuro do Estado e do País em projectos de autoestima ou de enriquecimento de oligarquias financeiras nacionais, que depois nos vêm dizer que os mega projectos ainda não produzem riqueza (apesar de já estarem a transferir o equivalente a 6%-9% do PIB anual de Moçambique para o exterior, em lucros e despesas de serviços), que não há rendimento para distribuir, que primeiro é preciso criar riqueza antes de a distribuir. Mas porque é que este moralismo financeiro não se aplica às multinacionais e às grandes obras de formação de oligarquias financeiras nacionais? Porque é que apenas as expectativas das classes de rendimento médio e baixo e das pequenas e médias empresas têm de ser geridas e controladas, enquanto as expectativas dos bancos, do capital multinacional e do capitalismo financeiro nacional são satisfeitas imediatamente?
A agravar tudo isto, nenhum destes projectos de luxo foi debatido a sério no Parlamento e outros fóruns democráticos. Estes projectos seguiram processos de aprovação que violam a Constituição e as regras orçamentais. O da EMATUM, então, foi de extremo secretismo – nem o Banco de Moçambique nem o FMI sabiam.
Penso que o governo pode ter errado (todos erram, pelo menos de vez em quando) ou sido enganado em alguns casos, mas em outros casos os números foram bem calculados para servirem os interesses capitalistas a que se associam. O problema é que eles têm interesse na dívida - uns são sócios dos proprietários e dos gestores da dívida ou das empresas construtoras, ou das empresas multinacionais que recebem subsídios fiscais que são parte da causa da dívida, do negócio dos bancos, e do acesso a acções nas empresas sem realizar o capital dessas acções. Mesmo que não fossem pessoalmente interessados, a ideologia que o actual governo segue, de nacionalismo económico, é focada na formação de classes capitalistas financeiras nacionais que possam ombrear com o capital multinacional. O Estado não representa os interesses do País, mas os destas classes em formação; e são estas classes que hoje se dizem representativas dos interesses nacionais. Eles não têm postura de Estado, mas de capitalistas financeiros; e o seu nacionalismo resume-se à sua nacionalidade, pois não se importam de vender as riquezas do País, mesmo que isso custe pobreza para muitos, ao capital multinacional e a baixo custo – a terra, as florestas, a água, os recursos minerais, o gás e o petróleo e, acima de tudo, os trabalhadores e as suas esperanças.
Nós todos vamos pagar esta dívida pública com sacrifícios assumidos pelas classes trabalhadoras (de rendimento médio e baixo) e pela pequena e média empresa: com más estradas, péssimos sistemas de transporte público (de pessoas e mercadorias), educação de baixa qualidade, centros de saúde sem medicamentos, funcionários públicos (incluindo pessoal da saúde e educação) desmotivados, falta de segurança pública, cortes de energia e água, deficientes sistemas sanitários, ausência de sistemas de serviços de apoio à produção mais alargada e diversificada, etc.
Tudo isto será justificado por o país "ser pobre" para fornecer esses serviços e motivar os seus funcionários, mas no entanto já é rico para subsidiar multinacionais e o capital financeiro nacional, e para desperdiçar dinheiro em obras de autoestima ou de promoção de acumulação capitalista primitiva improdutiva, que não resolvem (pelo contrário, agravam) os problemas da maioria pobre do nosso povo, embora enriqueçam os donos e gestores dessa dívida (imaginem o lucros a serem feitos pelos bancos que fazem a gestão desta dívida e do endividamento que se seguirá para pagar esta dívida).
Os que pensam que o nosso único problema é a guerra, e que finda a guerra podemos ter mais do mesmo tipo de governação económica, então tentem pensar nestes dados, oficiais, e nas implicações negativas que isto tem para a maioria da população e para o futuro do país. Tentem pensar nas muitas “guerras” e “revoltas” que podem surgir como consequência da injustiça social, económica e política, mesmo depois de a Frelimo e a Renamo consagrarem os seus acordos de não-agressão. Pode ser que deixemos de sofrer a ameaça de balas de chumbo da Renamo, mas vamos ficar ainda com a realidade da desesperança económica e social para a maioria dos moçambicanos, enquanto nos dizem que estamos a seguir o caminho da prosperidade para todos. E se estes moçambicanos se começarem a revoltar, as balas de chumbo vão voltar, desta vez da FIR e das Forças Armadas contra trabalhadores e pequenos e médios proprietários em crise.
Temos de reverter isto rapidamente para que os cidadãos possam tomar conta das suas finanças, das suas contas, das suas opções e dos seus destinos. Os deputados e os cidadãos têm de aprender o que devem discutir e como sobre as finanças públicas e, na sequência disso, aprender a ler os números e a fazer exigências concretas e fundamentadas relacionadas com a política económica e as prioridades nacionais. Temos que aprender a fazer isto, tanto sobre as receitas (como é que o Estado é financiado e porquê), como sobre as despesas (o que é que o Estado financia), bem como sobre a relação dinâmica e económica (não só contabilística) entre despesa e receita e entre o financiamento do Estado, as prioridades de despesa e a economia mais em geral.
As finanças públicas são PÚBLICAS, quer dizer, do povo. Quem não entende isso, não está em condições de governar com os cidadãos para os cidadãos.
O país não vai aguentar muito mais este tipo de governação económica e social. Mas as opções de Guebuza e dos seus discípulos são inquestionáveis, não são? Ou já não são mais? O que queremos que seja o nosso futuro?
Portanto, os que querem apresentar-se como alternativas, dentro ou fora da Frelimo, só o serão se responderem a estas questões e procurarem soluções para estes problemas. Ninguém é alternativa apenas por ter outro nome ou outras alianças políticas. Alternativas têm que ser para as grandes questões de governação económica, social e política. Vamos lá discutir estas questões.
Yorumlar
  • Carlos Nuno Castel-Branco Não posso ter a certeza porque os dados não estão divulgados em detalhe. Mas os custos de capital e as partilhas dos retornos na divida (e, provavelmente, alguma corrupção directa) podem ser causas bem importantes. Mas teria quw ter os dados em detalhe. Aliás, esta ponte é 10 vezes mais cara do que a do rio Zambeze.
  • Lyndo A. Mondlane q fosee alto se podia entender, tendo em conta que a maior parte dos materiais virao de fora..mas tanta diferenca.......uhhh
  • Carlos Nuno Castel-Branco E também vamos construir um hotel, no centro de conferências Joaquim Chissano, que vai custar US$ 250 milhões, quase um milhão de USD por quarto (serão quartos em ouro???). E a nova presidência da República, quanto cuatou? Isto num país onde os trabalhadores da saúde, educação e segurança pública não tem as mínimas condições de vida e de trabalho, o povo não tem transporte público minimamente condigno, o desemprego entre jovens é assustador, o rápido crescimento económico não reduz pobreza, o fornecimento de energia e água, mesmo nas grandes cidades, é instável, o saneamento urbano é terrivel, a comida básica é cara, as pequenas e médias empresas mal sobrevivem. Fica cada vez mais claro quais são as prioridades de classe do governo actual.
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  • Chande Puna Só pra agravar a minhs insatisfação. :(
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  • Gabriel Muthisse Carlos Nuno Castel-Branco nao se teraa esquecido de um detalhezinho? O hotel na Joaquim Chissano nao ee um empreendimento publico. Ee privado. E, nestas circunstancias, pode custar o que quiser, sem termos de nos intrometer. Dependendo da viabilidade calculada pelo promotor. Nao acho tambem que os investidor ees devessem parar de investir, atee vencermos os males que refere. Isso ee um contra senso. E parece-me um argumento demagogico o teu. Abraco
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  • Tony Ciprix Gonçalves Deixa-me entender: privatização do público em nome das ditas parcerias inteligentes, mano Gabriel Muthisse? Não é aumentar mais lenha na fogueira?
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  • Manuel J. P. Sumbana Bom, Gabriel, e quanto ao resto? O custo da ponte Maputo-Catembe? Castel-Branco, que tipo de ponte é a da China? Sô sabendo isso se pode dizer algo na comparação...
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  • Carlos Nuno Castel-Branco Gabriel Muthisse, primeiro, eu nao falei em investidores deixarem de investir, mas de dívida pública nas suas várias vertentes - como o estado é financiado, as prioridades de despesa, as ligações entre padrões de despesa e receita, e as ligações disto com a economia como um todo. Segundo, o estado pode, querendo, usar vários instrumentos de política para incentivar um tipo de investimento e desincentivar outro (o orçamento é um desses instrumentos de política). Não é por acaso que o administrador delegado de um dos mega projectos em Moçambique disse que o nosso país é excelente para investimento acima de 1 bilião de usd e péssimo para o resto (o 1 bilião é arbitrario, mas o que ele queria de facto referir era mega projectos). Terceiro, parcerias público privadas são também despesa e cometimento político público. Portanto, o meu argumento não é sobre paralisar a economia mas reorientar as suas prioridades. Demagógico é não discutir isto e focar num footnote (ainda por cima, a informação pública diz que o tal hotel é também uma parceria público privada; e a macroeconomia diz que investimentos desta magnitude, mesmo completamente privados, em economias pequenas, têm impactos macroeconómicos para o resto da economia, que podem não ser nada interessantes).
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  • Carlos Nuno Castel-Branco Manuel Sumbana, não sei o suficiente para comparar as pontes tecnicamente. Mas vou procurar e postar fotos aqui (a ponte Chinesa versus a maquete da ponte da Catembe). O meu post só começa com os dados da ponte, os iniciais, comparando dimensões e custo, obtidos do post de um amigo, Dário Camal. De todo o modo, o post é sobre a questão do endividamento público e economia politica da receita e despesa, mais do que sobre uma ponte e um hotel.
  • Manuel J. P. Sumbana Tambêm estou curioso. Mas por exemplo o custo por unidade (metro ou quilômetro) de uma ponte muito extensa é menor que o de uma pouco extensa. Os custos de mobilizaçâo sâo quase os mesmos. E o transporte de equipamento para aqui pode ser exorbitante...
  • Carlos Nuno Castel-Branco E há is custos de capital - empréstimos externos comerciais com juros mais altos. O meu argumento não é sobre corrupção - que alguém cobrou comissões pessoais tão altas que fez os custos disparar. Nem fiz esse argumento. O meu argumento é sobre opções de uso de recursos escassos. Além disso há dois aspectos a considerar. Um, os custos da ponte da Catembe são projecções; os da China são reais (já foi construída). Normalmente (não só em Moçambique) os custos das grandes obras excedem as previsões por uma margem significativa. Isto é tão normal que até é ensinado em cadeiras como análise de projectos. Portanto, é possível que a ponte da Catembe venha a custar mais do que o previsto. Segundo, a previsão do custo desta ponte é 10 vezes maior que o custo da ponte do Zambeze que foi inaugurada em 2009. Não sei quanto custou a ponte da Unidade (sobre o rio Rovuma). E qual é o benefício desse investimento para o alargamento, diversificação e articulação da base produtiva e redistribuição mais equitativa do rendimento nacional?
  • Lyndo A. Mondlane mas tem em conta que nos nao produzimos nem ferro, nem cemento (entenda-me suficiente, e com padroes de qualidade) nem pessoal tecnico, nem maquinaria..pelo que tudo haveria que levar de fora..em todo caso a diferença é exorbitante.......os custos reais quase sempre superam as previsoes professor Carlos Nuno Castel-Branco....veja-se o probrema de sacyr em panama..
  • Carlos Nuno Castel-Branco Veja o meu post acima que refere essas questões. O meu ponto não é que alguém "roubou" na questão da ponte. O meu post principal é sobre opções e prioridades. Dados recursos escassos, dadas prioridades em conflito, dados os custos, qual é o racional de priorizar a ponte da Catembe? Qual é o racional mais geral do endividamento público com projectos gigantes, caríssimos para o estado, marginalmente úteis para a sociedade em geral, mas altamente lucrativos para o grande capital financeiro? E quais são as implicações macroeconómicas e sociais mais gerais destas opções?
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  • Germano Milagre Li e achei sintomático ...e a dar razão aqueles que criticaram na época o custo da ponte !
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  • Lyndo A. Mondlane incongruencias....enquanto nos hospitais e escolas falta de tudo....
  • Gabriel Muthisse Sobre prioridades. Ha muitos outros factores, para alem dos puramente economicos, que sao importantes na definicao de prioridades. Por exemplo, os factores de urbanizacao. Maputo atingiu ja o limite na sua capacidade de oferecer espacos para a expansao habitacional e, mesmo, de servicos. Daqui a pouco se estaraa a construir a Moamba, em Boane ou na Manhica. Se ee que ja nao estaa a acontecer. Todavia, aqui ao lado existem reserves de espaco para o crescimento da cidade de Maputo. Que so nao sao aproveitadas devido aa barreira representada pela baia. Essa barreira so ee transposta pela ponte. Que criaraa mais oportunidades para melhorar o ordenamento territorial, a urbanizacao, criando deste modo espacos para a expansao urbanistica da cidade. Estou a tentar dizer que os argumentos economicistas de Castel Branco nao sao absolutos. Nao encerram a discussao. Devem ser confrontadas com outros, como o que agora apresnto. Ademais, viver muito longe do centro da cidade ee caro. E os mais pobres sao os que tendem, neste momento, a construir na Moamba ou na Manhica. Por ausencia total de espacos na Cidade de Maputo. Vamos tambem perguntar a esses se a ponte ee ou nao prioritaria.
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  • Lyndo A. Mondlane eu acho que a ponte é necessaria e prioritaria, se discutiria os costes, nunca me pus a calcular costes de obras civis, nao é minha area, mas quem sabe se podia haver optimizado mais....
  • Tony Ciprix Gonçalves Mano Gabriel Muthisse, somente agora é que a roda foi descoberta? Construção e expansão para quem? Acha mesmo que esse argumento em defesa da ponte foi o que realmente motivou a construção da ponte, cujos gastos estão sendo questionados? Porquê não se adopta a estratégia de expansão horizontal requalificando alguns bairros? E mais, quer convencer que Catembe é um deserto inabitado, logo quem para la for, com a ponte, ficará perto do Centro da cidade? São de facto os pobres que estão a construir lá longe? Prioridade mano é uma política de habitação consistente (( não Intaka) a custos acessíveis e não mirabolantes! Desculpe a ousadia!
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  • Carlos Nuno Castel-Branco Gabriel Muthisse, quando for preciso pagar as dividas, que argumentos vão ser usados? É óbvio que não há argumentos absolutos - aliás, torno isso claro no meu post. O que é caro para o estado é lucrativo para o capital financeiro e marginalmente útil para a sociedade em geral. Estou a falar de opções de classe. Logo, não são absolutas. Mas no fim, quando for para justificar os sacrifícios, quais vão ser os argumentos? E qual seria o uso alternativo dos mais de 700 milhões de usd que poderia ser mais útil à cidade e arredores? E porque há tantos carros privados na cidade e pouquíssimo tranaporte público? E porque continua a migração do campo para a cidade? Será que a ponte e os outros inveatiemntos do género vão resolver estes problemas? 720 milhões de usd é o equivalente a 20 anos de 7 milhões por distrito e 130 vezes o pacote de subsídios às pequenas e medias empresas para o mandato 2005-2014. Não seria possivel fazer algo melhor para a população em geral do que fazer eata ponte? E não é só esta ponte - o meu texto não é sobre a ponte mas sobre prioridades de política pública.
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  • Lyndo A. Mondlane dados: contruçao de metro Madrid € 60 milhoes/km, alta velocidade (equivalente INCE) madrid-barcelona €14,4 milhoes/km....autopista €4-10 milhoes/km....fonte El pais e Ecomovilidad.net....agora 242 milhoes/km ponte maputo-katembe??????.....algo nao esta bem
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  • Antonio A. S. Kawaria Há quase dois anos discutimos neste grupo sobre os custos e a prioridade da ponte Maputo-Katembe. Foi pena que não tinhamos no debate o Prof. Carlos Nuno Castel-Branco para nos ajudar com as contas. Eu ainda questiono a prioridade e os custos.
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  • Tony Ciprix Gonçalves Lindo A. Mondlane, estás a entender ne? Prioridade duvidavel com elevados custos para o Estado, em que os nossos descendentes já nascem devedores. Mesmo sendo prioridade, esses custos justificam essa empreitada? Depois é o mesmo governo de Estado que anda a propalar a construção de escolas com base no material local!
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  • Lyndo A. Mondlane é exorbitante..nao entendo......
  • Lyndo A. Mondlane ah..tambem, eu so me havia concentrado nos 3 km, esquecendo os restantes até ponta de ouro, parece..mesmo assim me parece excessivo..em todo caso esto de acordo com o amigo Gabriel Muthisse,..auqnto a necessidade da ponte
  • Carlos Nuno Castel-Branco Será que o problema da urbanização se resolve apenas com a expansão da cidade? Porquê? Quais são as bases económicas e sociais da aceleração do congestionamento urbano? Seria possível, com os 720 milhões de usd, fazer algo que beneficiasse mais gente e reduzisse o congeationamento, sem apenas envolver expansão da cidade?
  • Carlos Nuno Castel-Branco As economias que mais investiram na diversificação e desconcentração regional das actividades económicas, sociais e culturais, e que apostaram em serviços públicos a sério são as que menos congestionamentos têm e mais equidade social atingiram.
  • Lyndo A. Mondlane as circulares resolvem sim o trafico, aqui é o que mais se usa..dependendo do tamanho da cidade, pode haver 1 ou 2, até 4 aneis, ao redor da cidade..
  • Gabriel Muthisse Concordo, em parte, contigo, Joao Cabrita. As solucoes devem ser integradas. Ee necessario pensar urbanizacao tendo em conta outros varios factores, como o da mobilidade. Com tanto congestionamento, como o que agora se verifica na cidade de Maputo, torna-se ainda mais caro viver a 60 ou 80 kilo metros da cidade. Todas as medidas a tomar (ponte, circular e outras) devem, por exemplo, estar integradas em politicas publicas de transporte sustentaveis. E, de maneira aleivosa (kakakakaka) o Cabrita nos levou para o sector em que trabalho agora. Em que temos um transporte publico caotico, insustentavel (7 meticais ou 5 meticais por corrida nao viabiliza nenhum dos subsistemas de transporte publico, privado ou publico). O Governo teraa de encontrar rapidamente formas de viabilizar e tornar atractivo o transporte publico. Para reduzir o congestionamento. Esta "dissertacao" responde a parte dos desfios pertinentes lancados por Carlos Nuno Castel-Branco, especificamente quando indaga o porque de tantos carros privadaos nas nossas cidades
  • Carlos Nuno Castel-Branco Parece que as poucos estamos a começar a interrogar a situação actual, identificar desafios e ir para além de respostas defensivas (por resposta defensiva entendo aquela que não trata da causa mas apenas do sintoma do problema - por exemplo, mais uma estrada em vez de substituição do transporte privado motorizado por transporte público; ou mais área urbana em vez de desconcentração e diversificação da actividade prosutiva e de serviços). Isto pode começar a levar-nos a repensar prioridades na alocação de recursos.
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  • Gabriel Muthisse Carlos Nuno Castel-Branco pergunta qual seria o uso alternativo dos 700 milhoes. Ha sempre varios usos alternativos para qualquer opcao. Alguns melhores, e outros nem tanto. Creio que ninguem tem duvida de que teriamos varios usos alternativos para a ponte de Caia (Ponte Armando Emilio Guebuza), ou para a ponte de Negomano. Alguns com mais aplauso de alguns e outros com menos aplausos. Um decisor faz opcoes consciente desta realidade. E nao sera porque alguem, mais ou menos articulado, traz aa colacao outros usos alternativos que invalida a opcao tomada. O que estou a dizer, meu Camarada e amigo, ee que os teus argumentos, que sao validos, nao tornam estupida, ou necia, ou sem sentido, a decisao de construir a ponte. Ha muitos mocambicanos, cujas opinioes tambem sao relevantes, que acham excellente ideia construir a ponte. Note-se que nao estou a discutir custos, que para isso careco de elementos. Abraco
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  • Carlos Nuno Castel-Branco Eu não discordo, Gabriel Muthisse, que as opiniões sejam diferentes e até divergentes, e que isso não torna nemhuma delas inválida em si. O meu ponto é que nenhuma das opções/opiniões é apenas técnica, mas reflecte teorias sociais e interesses de classe. Evidentemente, o processo político é sobre estas questões - quais as opções e quem quer seguir o quê - e é daí que saem as escolhas políticas - em quem votar, etc. No meu post original, está claro que a opção da ponte é perfeitamente válida para certos grupos de interesse e inválida para outros. No fim, depende de quais questões queremos resolver, que perguntas nos colocamos e como queremos abordar os problemas e alocar os recursos. Quando a nossa sociedade começar a fazer escolhas políticas com base em debate deste tipo, aí podemos passar a um estado um pouco mais avançado de cidadania e democracia activa. Seria bom investigar as causas de tal custo - às vezes o custo torna a melhor ideia inviável. Mas a questão central do meu post é a questão mais geral do endividamento público, dos dois lados da questão, e as suas implicações macroeconómicas e sociais mais gerais. A questão desta ponte é apenas um caso de estudo nesse debate mais geral.
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  • Antonio A. S. Kawaria Agora me recordo. O debate sobre o investimento na ponte Maputo-KaTembe foi no grupo Diálogo sobre Mocambique. Nesse debate já falávamos de alternativa. Felizmente Gabriel Muthisse participou desse debate. No Marcacão tivemos a contribuicão de Paulo Zucula, ex-Ministro do pelouro.
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  • Lyndo A. Mondlane como medida temporal nao seria possivel criar itinerarios e ou calcadas somente para transporte publico e de emergencia???..enquanto se termina a circular..'e certo q 5 a 7 mtn, nao cobrem os gastos de transportes..em muitos sitios, o trsnaporte publico 'e subvencionado, por km ou por numero de usuarios, suponho que em mz, faltariam recursos..
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  • Gabriel Muthisse Amigos Lindo A. Mondlane, Joao Cabrita e Carlos Nuno Castel-Branco, espero que seja aprovada, brevemente, uma medida que vai tornar economicamente sustentavel o transporte urbano de passageiros. Esta medida pode vir a ser complementada, a medio prazo, por um Metro de superficie e por algo similar ao que sugere Lindo Mondlane ( Calcadas somente para transporte publico, entre noos conhecido por BRT. Algumas das medidas a que me refiro podem ser algo dolorosas. Afinal, ee preciso ir buscar dinheiro em algum lugar. Abracos
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  • Lyndo A. Mondlane entendo amigo @gabriel muthisse, afinal governar 'e isso, nao se pode agradar a todo mundo..forca e animo...
  • Antonio A. S. Kawaria Não li todos os comentários, mas amigo Gabriel Muthisse, achas mesmo que há problemas de espaços para a expansão habitacional? Se isso fosse verdade, o que diria a Holanda?
  • Gabriel Muthisse Sim, amigo Antonio A. S. Kawaria. Espacos habitacionais. A solucao nao ee, apenas, como alguns sugerem, construir em altura. E o patrimonio cultural e arquitectonico da cidade como fica? Continuar a destruir todos os sobrados? Continuar a destruir todas as casas de madeira-e-zinco? Destruir Mafalala porque ee canico e pobre? A resposta a estas perguntas ee complexa. Para uma resposta aceitavel, entram razoes economicas, urbanisticas, arquitectonicas, culturais, turisticas e muitissimas outras. Lidar com estas questoes envolve decisoes sempre dificeis.
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  • Gabriel Muthisse Amigo Joao Cabrita, mas, seja como for, ficou claro que, para alem das opinioes pessoais, todas elas ponderosas e validas, qualquer opcao envolve uma multiplicidade de complexos factores, que envolvem o urbanismo, a cultura, a arquitectura, a economia, a antropologia, o turismo.... E que sobrelevar um ou outro aspecto, ignorando os outros, leva-nos a um simplismo confrangedor nas nossas analyses. A minha conclusao, amigo Cabrita, ee que todos temos razao. Mas que, nessa nossa razao, devemos escutar as razoes dos outros.
  • Antonio A. S. Kawaria Eu entendo o que estás a dizer amigo Gabriel Muthisse, Tenho parado nos bairros de Maputo, Nampula e reflectir sobre isso e a complexidade de governar cidades mocambicanas senão africanas, pois que vi o mesmo em Dar-es-Salam. Mas eu penso que um dos problemas que temos é exactamente a capitalizacão do espaco. Se o dinheiro para a ponte fosse para construir prédios de pelo menos de 10 ou 15 andares?
    Apenas uma reflexão.
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  • Germano Milagre Caro Gabriel Muthisse eu sou a favor da construção da ponte da Catembe pois penso que é o melhor para as necessidades de crescimento de Maputo. O que questiono é a falta de transparência nos custos de uma obra pública desta dimensão financeira. É aí que reside a minha preocupação. Outra objeção que penso que o Prof até poderá esclarecer em pormenor. O amigo Gabriel refere que o hotel é uma obra privada e que o promotor pode gastar o que quiser. Mas há aqui dois detalhes a salientar. 1o pelo que percebi vai ser construído aonde está de momento o Centro Joaquim Chissano. Ora presumo que o estado tenha negociado a questão do espaço. Quais as contrapartidas aí ? Foi tornado público isso ? Segundo qualquer investimento deve interessar ao estado e muito a questão dos custos do projeto. Isto porque o investimento é depois dedutível dos lucros... ou seja se os investidores conseguirem inflacionar os custos artificialmente então isso irá sair dos lucros e é como uma isenção artificial de custos ... um hotel de 250 milhões de USD é uma obra monumental !
  • Carlos Nuno Castel-Branco A ponte, neste momento, não vai resolver nenhum problema central de urbanização. Além disso, a ponte é demasiado cara - com essea recursos é possivel fazer coisas para a cidade e arredores com muito maior impacto que a ponte. Prioridades, além de reflectirem opções sociais também reflectem recursos, pelo qur pofem mudar ao longo do tempo. Esta ponte hoje não faz sentido económico e social. Talvez daqui a 30 anos faça. Mas porque gastar tanto dinheiro num projecto tão limitado em termos de reprodução económica e social? As mesmas perguntas surgem sobre vários outros projectos e quando se começam a acumular - e a dívida começa a ficar perigosa - é preciso explicar porque é que estamos a ir nessa direcção. Neste momento há US$ 2,6 biliões cativos em 3 projectos que não atacam nenhum dos grandes problemas económicos e sociais. Admito que a minha analise seja simplista. Quando me vierem cobrar mais impostos para pagar essa dívida eu vou dizer à autoridade tributária que a análise deles é simplista, e o mesmo vou fazer quando os doentes reclamarem pelo mau funcionamento doa hospitais, os estudantes pela baixa qualidade das escolas, os passageiros pelo "my love", as vítimas do crime pela inoperância da polícia, etc.. Porquê optarmos pelo gigantismo agora quando não temos os recursos e temos muitos outros problemas?
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  • Joao Cabrita Gabriel Muthisse, ao digitar o seu nome nos comentários que tenho vindo a fazer, reparei que é economista no Ministério das Pescas. Uma vez que o estudo do Prof. Carlos Nuno Castel-Branco fala da EMATUM, gostaria de colocar-lhe uma simples questão.

    Qu
    ando era miúdo, quase sempre o tema da conversa ao mata-bicho, almoço e ao jantar era a pesca. O meu pai foi o primeiro a pescar na costa moçambicana pelo método de arrasto. Das coisas que assimilei – por repetidamente escutar – foi que a costa moçambicana é pobre em peixe. Comparada à costa angolana, a diferença é do dia para a noite. Entre as várias razões: a costa angolana é banhada por uma corrente fria (a Corrente de Benguela). A nossa é de águas mornas.

    O atum é um peixe de águas frias. Não há atum na nossa costa, mas albacora, uma espécie de atum – mas que não é atum. E há albacora, mas não em quantidades que justifiquem a frota encomendada pela EMATUM.

    Face aos pontos acima expostos (como disse, assimilados e não aprendidos em escolas e academias de pesca, daí a margem de erro ser grande) o Gabriel Muthisse podia explicar em que estudo/s é que o nosso governo se apoiou para avançar com o projecto desta magnitude, demonstrando a sua viabilidade em termos de captura de atum?
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  • Germano Milagre Prof Castel-Branco a questão de prioridades é sempre rebatível. Eu penso que a ponte faz sentido se por exemplo custasse 1/3 do valor projetado. Um dos grandes problemas sociais que temos é a dificuldade para os jovens encontrarem terrenos para construir. Bem sei que o que se passa com os terrenos para os lados de Chande - Marracuene é escandaloso pois estão todos tomados mas estão á venda ... e isso é preciso que o governo preste atenção e se evite o mesmo problema na Catembe. Mas os jovens tem q ir arranjar terrenos a 20 ou 30 kms dos centros aonde poderão encontrar trabalho e sem meios de transporte fiáveis ou até dignos. Eu penso que do ponto de vista de planeamento urbanístico de Maputo ( e aí é preciso pensar a 40 ou 50 anos ) a expansão faz sentido q seja para pela Catembe. Até por outra razão. A ponte está associada a uma estrada alcatroada para a Ponta do Ouro. isso também vai trazer importantes oportunidades e crescimento econômico e uma maior proximidade a província do Kwazulu/Natal etc. Eu penso que por aí não seria o problema, repito, se a ponte tivesse um custo razoável o que não me parece ser o caso.
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  • Carlos Nuno Castel-Branco Se não podemos fazer tudo ao mesmo tempo, o que fazemos primeiro? Turismo é muito interessante, mas qual é a base produtiva que o sustenta? Sem comida e transporte a baixo custo, e sem educacao de qualidade e motivada, qual é a competitividade da nossa força de trabalho? Claro que prioridades são sempre sociais, pelo que não há prioridades universalmente absolutas. Por isso, temos sempre que identificar que questões queremos resolver, e em que contexto socio económico, para definir prioridades. O outro ponto é que a ponte não tem 1/3 do custo, tem 3/3.
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  • Gabriel Muthisse Caro amigo Cabrita, eu sou nomada. Agora estou nos transportes. Nao sou naturalista. Por isso nao posso dar respostas rigorosas. Mas posso dizer-te que Angola e Namibia teem mais carapau. Pelas razoes que apontaste. Mas Mocambique e Madagascar teem mais camarao. Por razoes ambientais, ecologicas, que nao tenho ciencia suficiente para explicar. Tambem, o Sudeste do Indico tem mais atum do que o sudoeste de Africa ( Angola, Namibia e Africa do Sul). Por razoes que nao posso explicar por nao ser a minha area de conhecimento. Posso informar que, nas nossas aguas, pescam mais de 200 embarcacoes da Ue, Japao e China. Sem que isso tenha reflexos nas nossas contas. Quando estive nas Pescas, treatei de, com outros colegas, alterar este estado das coisas. A ideia era iniciar um processo tendente aa internalizacao da economia do atum. Estou seguro que esse esforco continua. A EMATUM nao ee a solucao. A solucao ee um conjunto de medidas, nas actuais a EMATUM se pode integrar. Essas medidas incluem atrair empresas nacionais e estrangeiras a investirem numa frota com bandeira nacional para pescar atum nas nossas aguas. Incluem ainda trabalhar no sentido de os nossos portos manusearem este produto, gerando uma economia de servicos e de emprego, ligadas ao atum. Incluem tambem estimular uma industria de processamento deste produto, como aquela que existe nas Seysheles. O Plano estrategico das Pescas, que noos desenhamos, inclui estes elementos todos. E estou seguro que ha um esforco no sentido de implementa-lo. Mas posso assgurar-te: ha atum nas nossas costas.
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  • Joao Cabrita Gabriel Muthisse, grato por todos esses valiosos dados – podendo acrescentar que o extreemo sudeste da costa africana banhada pelo Índico beneficia da corrente fria atlântica (Angola, Namíbia e África dos Sul).

    Mas em termos de índices de captura de a
    tum, os seus ex-colegas no Ministério das Pescas não nos poderiam elucidar para ajuizarmos da viabilidade do projecto EMATUM ? As mais de 200 embarcações a que se referiu dedicam-se à pesca do atum ?
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  • Antonio A. S. Kawaria Este debate devia ou deve-nos unir como mocambicanos. Questiono-me sobre quem define as nossas prioridades. FMI, China ou doadores? Não sou economista daí que sou pobre em argumentos. Mas a minha sensação´é de todos os que têm capital já querem ver Mocambique rico em recursos naturais, dependendo deles. Parar de Maputo e pensar numa ponte para Catembe e as Ilhas é lindo e melhor ainda para quem quer encontrar um investimento de lucros. Para eles o importante é LUCRO. Frequentemente recebo convites de bancos ou coisa igual para empréstimos ditos sem segurança. E será isso mesmo? Mentira. Se para assinatura de contrato telefónico vão vasculhar a minha economia, como é que eles dizem que podem me emprestar muito dinheiro sem exigência de segurança de que vou devolvê-lo?...
    O amigo Gabriel Muthisse,falou daquilo que é o nosso problema, o espaço e isso significa pensarmos na implicação da cidade cimento, aproveitando o espaço no ar...
    Na minha opinião não devem ser os que nos querem ver endividados que decidem no que devemos fazer ou não fazer. Temos que ter a nossa própria estratégia. Investir na educacão, na saúde e sobretudo infantil, na dita "unidade nacional" como forma de fortalecimento do Estado Mocambicano. Falo agora de unidade nacional porque ouvi que há intenção de uma cidadela dos parlamentares em Catembe. Que ideia anti-unidade nacional? Porquê näo se pensa em mudar a sede do parlamento para o centro ou norte do país?

    Nota: sem correcão
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  • Gabriel Muthisse Sim, Amigo Joao Cabrita. Pescam atum. A nossa zona ee rica em atum, que ee uma especie migratoria, diferentemente, por exemplo, do camarao. Por isso mesmo, a gestao dos stocks deste recurso nao ee de ambito nacional. Deve, isso sim, seguir regras estabelecidas por organismos nacionais/regionais. Vou tentar chamar os meus colegas das Pescas para contribuirem nesta materias. Paula Baloi (nao aceitou taggar), quer contribuir? (Quem for amigo da Paula Baloi, que a chame).
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  • Joao Cabrita Talvez um sms ?
  • Manuel J. P. Sumbana Este ê um dos melhores brainstorms que já testemunhei no FB. Parabêns a todos os intervenientes. P.arece-me um renascer.
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  • Chande Puna Muito interessante de acompanhar, aqui aprende se. Parabens ao intervenientes pela forma como rebatem as ideias e discordancias
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  • Manuel J. P. Sumbana Tenho um ponto de interrogação em relação a questâo da papel das Municipalidades. Nåo seria melhor dar-se total autonomias aos Municipes e Edis em relação a questões urbanisticas e da ponte da Katembe? Sou adepto ferrenho da descentralizaçâo.
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  • Adelson Rafael Somente um dado adicional. O valor em questão mencionado não diz somente respeito a construção da ponte Maputo – Ka Tembe, pois faz parte do projecto global, que inclui três troços principais a saber: [1] Maputo – Ka Tembe, com extensão aproximada de 22 quilómetros de estrada, onde se inclui ponte entre Maputo – Ka Tembe com 2.700 metros; [2] Estrada Ka Tembe – Ponta do Ouro, com extensão aproximada de 102 quilómetros. Destaca-se também neste troco a construção de duas pontes, respectivamente, sobre o rio futi, [3] Estrada Bela Vista – Boane, extensão aproximada de 63 quilómetros. Destaca-se também, a construção de uma ponte, sobre o rio umbeluzi.
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  • Lyndo A. Mondlane kakak, nem se os ocorra dar todo poder do urbanismo aos municipios..a crise que padece espanha, 'e por culpa dessa medida, a corrupcao, borbulha imobiliaria, gerentes de urbanismo com comissoes chorudas, conheco esse mundo sumbana..
  • Carlos Nuno Castel-Branco A construção e o negócio imobiliário são duas sas mais potentes fontes de acumulação (lícita e ilícita) de capital. China, EUA, Portugal, Eapanha, Grécia, Coreia do Sul, Japão, Brasil, FIFA, e por aí adiante. Em Moçambique também. Estive na conferência internacional dos investidores do corredor de Nacala (2003 ou 2004). Todos os discursos falavam de sinwrgias, pequenos e médios negócios, etc., mas só lá estavam empresas de construção, empresas de consultoria de engenharia civil e instituições financeiras internacionais. No fim, no discurso já prático - iniciado pelo governo sul africano - tudo se resumia à grande oportunidade de negócio para a indústria de construção com base em parcerias público privadas.
  • Joao Cabrita Bom dia Gabriel Muthisse,

    só um pequeno pormenor a ilustrar o que atrás disse sobre a espécie de atum existente na nossa costa. Por norma, associa-se o nome «atum» à espécie capturada nas águas frias do hemisfério norte, que em média mede 2 metros e p
    esa 250 kg. Efectivamente, esta espécie não existe na nossa costa. Na nossa costa o que há, como disse, é o albacora que em média pesa 39 kg.

    Uma vez que temos vindo a tratar de transportes, gostaria que o Gabriel Muthisse esclarecesse a seguinte questão. Um estudo encomendado pelo Banco Mundial recomendava que os postos de pesagem (básculas) ao longo das estradas nacionais fossem ‘operados’ (explorados) por entidades privadas. Isto, na lógica do estudo, para se assegurar uma gestão eficaz e transparente dos postos, salvaguardando-se assim os avultados investimentos que o governo tem feito no sector rodoviário.

    Gabriel Muthisse, julgo ter conhecimento de que, por excesso de peso de viaturas de transporte nacionais e estrangeiras, as nossas estradas estão a ser gradualmente danificadas. Soube, em conversa com camionistas, que estes, quer nacionais, quer estrangeiros, subornam as entidades de serviço nos postos de pesagem para permitir a livre circulação de camiões com excesso de carga. Disseram-me haver um «esquema» bem estruturado, envolvendo, para além dessas entidades, a polícia de trânsito.

    Duas perguntas:

    1. Porque é que o governo não acatou a recomendação contida no referido estudo ?

    2. Que posição é que o Ministério dos Transportes adoptou à luz dessas recomendações e, posteriormente, face à degradação das estradas?

    Na eventualidade do Gabriel Muthisse ter migrado da Agricultura para os Transportes já depois da decisão ter sido tomada, seria possível indagar junto de quem de direito nesse pelouro ?

    Obrigado.
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  • Germano Milagre Interessantíssimo João Cabrita. Não sabia de muito do que aqui expusestes. Caro Gabriel Muthisse concerteza terá informação para enriquecer ainda mais o exposto pelo Joao Cabrita ...
  • Tony Ciprix Gonçalves Gabriel Muthisse, acho que vc se contradiz quando afirma que construir em altura não ser uma das soluções para a habitação. Defendeu que morar longe é dispendioso para o pobre, certo? E como o pobre pode morar perto com a expansão horizontal que se assiste no país, reflexo de um individualismo extremo e com um sistema de transportes pessimo e vias de acesso inexistentes? Vivemos uma ruralização urbana e mesmo assim acha que verticalizar até 04 andares para a população de baixa e média renda em condomínios com 10 prédios não sai em conta que cada um ter um espaço de 50x50m somente para sua habitação?
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  • Lyndo A. Mondlane parece que estamos a imitar o urbanismo americao, grandes distancias, dependencia do trasporte a motor..o mau é que nao temos os meios dos norteamericanos..au acho que se pode e se deveria construir em altura, incluso urbanizar mafalala, me refiro como minimo ordenar, se nao mesmo recualificar, nao como pelotaço urbanistico, mas para classes humildes, e construir em altura..
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  • Bayano Valy 4.500/metro quadrado?
  • Chande Puna Hehehehe.....o custo que os nossos netos terão que pagar
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  • Manuel J. P. Sumbana Parece que o Gabriel Muthisse não está disponîvel. Deve estar a ser condecorado ma praça dos heróis,.;-)
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  • Eduardo Medeiros A ponte vai chamar-se Phong & Guebuza ?
  • Eduardo Medeiros Não sendo Moçambicano, nem vivendo ou tendo quaisquer interesses em África, vivi nessa colónia nos anos 50, onde frequentei a escola primária na Manga-BEIRA, mantenho uma certa nostalgia por esse país, que já visitei algumas vezes. As noticias que me chegam desse governo do Guebuza dão-me vontade de chorar.... ou são burros, ou são ladrões...
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  • Genitho Pinto Santana Não se pode inpugnar o projecto a luz dessa discrepância? Creio que acções cautelares podem ser um meio interessante para transparencia, digo eu.
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  • Germano Milagre Este foi dos melhores debates que até hoje vi por aqui ! Espero que assim possamos ter muitos mais. Sem insultos ou ironias despropositadas podemos aprender e contribuir :) Gostei !
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  • Adelson Rafael Subscrevo Germano Milagre!!! Disso que precisamos no grupo!
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  • Arry Cristo A guerra foi uma desculpa para dispersar a atenção dos Moçambicanos, para não perceberem os "podres" desta governação. <o que realmente me preocupa é como transformar este tipo de informação em "batata doce ou mandioca" é preciso discodificar e dessiminar...a todos os níveis da sociedade moçambicana.
  • Arry Cristo Que mecanismos legais temos como cidadãos para interpelar estes devaneios. Porque exactanente o problema foi ja identificado. E não faz falta nenhum worshop para ver o que esta mal. Muitos são septicos em relação ao uso destes mecanismos legais que a constituição nos atribui. Mas é necessário ser consistente. E insistindo se pode lograr melhores resultados que no passado. Estamos a assistir impotentes a degradação do país e de direitos adquiridos (liberdade de expressão...). Enganam se os que pesam que com as redes sociais estão a beneficiar destas liberdades. Isso só se vai concretizar se das questões aqui colocadas se transformarem em acções concretas e com resultados tangiveis. Fundanental em qualquer "guerra" é aliarse ao inimigo (fazendo jus a Mandela). Ao fundamentar o que vai mal é importante resaltar os feitos positivos embora que escassos. Porque se não, da a impressão que estamos só a contrariar...
  • Eduardo Medeiros Vocês moçambicanos e os portugueses são muito parecidos: falam, falam, falam... mas não fazem nada... por cá isto está entregue a um bando de malfeitores, e ninguém faz nada...
  • Manuel J. P. Sumbana Fraqueza da Sociedade Civil.
  • Tony Ciprix Gonçalves Lindo A. Mondlane, o nosso mano Gabriel Muthisse acha que essa construção em altura é mais cara que o projecto da ponte de Catembe. Por isso, melhor cada um ir construir na Catembe que, com a ponte, ficará perto do centro da Cidade.Não será necessário percorrer grandes distâncias. Então a classe humilde que saia da Mafala, Chamanculo e Urbanização e vá para Catembe....
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  • Carlos Nuno Castel-Branco Onde os terrenos já foram tomados pela classe não humilde
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  • Tony Ciprix Gonçalves Um autêntico paradoxo!
  • Arry Cristo Segue o link com um documento que ajuda a compreender a componente técnica do projecto, pode também ser encontrado no Site do consultor responsável pelo projecto: http://www.beta.co.mz/.../C-1016-11-P_EPDA_Maputo_Katembe...
  • Arry Cristo No enquadramento geral do projecto faz-se referencia que "serão criadas as condições para que o desenvolvimento de Maputo ocorra para Sul" e “criação de um novo desenvolvimento urbano na área da Ka Tembe”. Desta forma concordo com o prof. Castel-Branco na referência que faz ao “grande negócio de terras na Catembe em que são ricos que participam...” Não existe um objectivo e enquadramento deste projecto na actualidade tendo em conta a actual conjuntura.
  • Carlos Nuno Castel-Branco Lazaro Mabunda, Borges Nhamire, Fernanda Ailina Massarongo, Carlos Muianga, Mindoca Nelsa, Epifânia Langa, Carlos Nuno Castel-Branco, Ruth Kélia, Rosy Aly, Adriano Nuvunga, Sérgio Chichava, Marcelo Mosse, Antonio A. S. Kawaria, Jose Luis Cabaco, António Botelho de Melo,Joseph Hanlon, Paul Fauvet. Este debate teve lugar há 3 anos. Vejam o post e o debate que se seguiu e tirem as vossas conclusões, 3 anos depois.
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  • Antonio A. S. Kawaria Gostei por voltarmos a este tema. Tenho me recordado, mas não ainda não conseguia recuperar o post. Vou já reler todos os comentários.
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  • Juma Aiuba Obrigado pelo debate, caros compatriotas! Assim gosto. Há debate aqui
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  • Antonio A. S. Kawaria Houve um debate aqui e sobretudo neste tema Juma Aiuba. Mas acima de tudo este debate serve para tirar ilações.
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  • Juma Aiuba Muito civismo. Parece filme.
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  • Carlos Nuno Castel-Branco Reparem que este debate tem 3 anos. Entretanto confirmamos que a EMATUM era capa de algum negócio ainda não esclarecido e nada tinha que ver com pesca de atum - toda a discussão sobre atum era irrelevante. Também a economia entrou em crise por via da eDaha Fazlasını Gör
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  • Gabriel Muthisse Uma parte do que escreveste está certo, Carlos Nuno Castel-Branco: "... ainda ee cedo para escrever a história". Eu poderia acrescentar: Tudo o que julgamos que sabemos são fragmentos de uma Verdade que, algum dia, quiçá, havemos de conhecer numa maior plenitude. A história não se faz de maus e bons. Abraço e, embora tarde, feliz aniversário.
  • Carlos Nuno Castel-Branco Obrigado, Gabriel Muthisse, pelos votos de feliz aniversário.
  • Germano Milagre Esse post parece hoje uma descrição prévia do que vinha a seguir.
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  • Noe Nhantumbo Sapiência que nem oferecida é aproveitada. Também não é de admirar. Copia-se Angola. Sem papas na língua vamos dizer que são e foram uns grandes MBAVAS
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  • Eduardo Medeiros O Guebuza já está a vender os terrenos de Catembe ?
  • Carlos Nuno Castel-Branco Não sei se ainda há terrenos para vender na Catembe.
  • Eduardo Medeiros O Guebas ficou com todos ?
  • Noe Nhantumbo Isso de terrenos é o que se sabe e não se diz. A terra pertence aos donos de Moçambique do Rovuma ao Maputo. A Lei de Terras é um proforma, um expediente enquadrado no que se empoderamento .econômico negro....
  • Noe Nhantumbo No que se chama EEN. libertadores libertaram se
  • Antonio A. S. Kawaria Um debate para nos recordar. RIP Manuel J. P. Sumbana e Noe Nhantumbo
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