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A justiça argelina condenou, esta terça-feira, antigos dirigentes políticos – incluindo dois antigos primeiros-ministros - e empresários de renome a pesadas penas de prisão no âmbito de um processo por corrupção e abuso de poder.A sentença é conhecida dois dias antes das eleições presidenciais na Argélia, um escrutínio considerado como uma farsa pela população que continua a reclamar, nas ruas, uma mudança dos dirigentes políticos depois de ter conseguido a demissão do antigo presidente Abdelaziz Bouteflika, em Abril.
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Esta é a primeira vez, desde a independência em 1962, que foram julgados dirigentes de topo, considerados intocáveis há menos de um ano. No banco dos réus estavam 18 personalidades acusadas de corrupção na indústria automóvel e de financiamento ilegal da última campanha eleitoral do antigo Presidente Abdelaziz Bouteflika, candidato a um quinto mandato em Abril antes de ter sido obrigado a renunciar face à pressão dos protestos populares.
Ahmed Ouyahia foi, entre 1995 e 2019, quatro vezes primeiro-ministro, três das quais durante a presidência de Bouteflika. Foi condenado a 15 anos de prisão efectiva.
Abdelmalek Sellal dirigiu o governo entre 2014 e 2017 e liderou quatro campanhas eleitorais do ex-presidente. Foi condenado a 12 anos de cadeia.
Também os antigos ministros da Indústria Mahdjoub Bedda e Youcef Yousfi foram condenados a 10 anos de prisão e uma ex-governadora civil Nouria Yamina Zerhouni a cinco anos de cadeia.
O antigo presidente da principal organização patronal argelina, o Forum dos Chefes de Empresa, e CEO do líder do sector da construção civil, Ali Haddad, foi condenado a sete anos de prisão efectiva.
Outros três destacados homens de negócios, Ahmed Mazouz, Hassen Arbaoui e Mohamed Bairi, todos proprietários de fábricas de montagem de carros, também tiveram penas de 7, 6 e 3 anos de prisão.
Um alto funcionário do ministério de Justiça foi condenado a 5 anos e o antigo director de um banco público argelino a 3 anos.
A sentença foi conhecida dois dias antes das eleições presidenciais na Argélia, um escrutínio denunciado como uma continuação do regime anterior pelos manifestantes, cujos protestos levaram à demissão de Abdelaziz Bouteflika, em Abril, após várias semanas de contestação.
O procurador denunciou que a indústria automóvel teve importantes vantagens fiscais e que é um sector dominado pelo “nepotismo e favoritismo”. O escândalo neste sector teria provocado um rombo de 975 milhões de euros nos cofres do Estado e o alegado financiamento ilegal da última campanha eleitoral de Bouteflika teria provocado uma perda no Tesouro de cerca de 830 milhões de euros, ainda de acordo com o procurador.
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