Desde que o "doutor jurista" (que virou web celeb da semana) escreveu aquele texto, supostamente a desmascarar algo que, para ele não estava a ser feito conforme, e vendo as reações daqui da rede, tenho sentido que perceber o que move o racional do debate (e da indignação colectiva) do Indico é missão hercúlea.
Passamos tanto tempo, e com razão, a fazer chacota de malta TVM, Notícias, porque são órgãos comprometidos com o status-quo, que nos contam apenas um lado das estórias que fazem a história. Daí, celebramos que em boa hora tenham aparecido malta Canal, Savana, etc etc para nos oferecerem a devida contrabalança nas informações que nos chegam no dia-a-dia.
Bastou o "doutor" escrever o seu lado da estória, que estamos revoltados. Mas revoltados por que? Porque alguém nos trouxe a outra versão dos factos longamente relatados sob um único e exclusivo prisma; hoje estamos a fazer chacota de alguém que nos permitiu (para o bem ou mal) ter bases informativas (e até técnicas) sobre um processo que mexe com nossa sensibilidade presente e futura; hoje estamos a esnobar alguém que (finalmente) nos dá informação que nos permite fazer o tão prestigioso check and balance de relatos que nos chegavam sob um único e exclusivo ângulo, que tal como uma broda daqui disse, eram informações veiculadas respeitando a "linha editorial".
Então, está a nos se assim tão difícil analisar as outras informações, e com calma e moderação, construirmos a narrativa possível do caso?
Fora de teorias de conspiração (e.g., aquele libanês é CIApaio que estava ao serviço; que tudo foi armação para nos desestabilizar; que o CIP seja apenas uma "Organização Olho na Grana", daí os relatos supostamente de um editorial alinhado; que o nosso jurista seja um agente espião infiltrado que estava em serviço, etc etc, como já vi aqui na rede), acho que devíamos encontrar alguma coisa para aprender, e debater calmamente, do julgamento dos States. Uma delas é que convicções e vontades pessoais ou de um grupo, não são de todo verdades absolutas. E mais: em tribunal, não devia valer apalpar, não devia valer pena pedagógica (pena para ensinar aos outros). Ou se prova, ou se prova e se condena, ou não se prova, e se manda ir embora. Não se respeitando isso, não haveria necessidade de julgamento algum. E como qualquer pinguim deve saber, na falta de certeza absoluta (a tal a ser aferida por meio da prova cabal), o benefício vai para quem tem mais a perder com a acção. Forçar entendimentos é típico de esfomeados como nós aqui na periferia dos processos.
Em outras palavras, não adianta, agora que nossas aspirações foram goradas pelos Yankees, virarmos para nós aos insultos. Não. Isso não nos levará a lado algum. Percebo que precisamos virar para nós, nos concentrarmos em perceber o que aconteceu de verdade, e o que podemos aprender com esta tramóia toda, desde o início, até ao presente, incluindo o que será amanhã. Precisamos explorar o processo todo, e não nos concentrarmos nas pessoas como tal. Não estou a dizer vamos "boustanizar" (dizem que esse é o novo sinônimo moçambicano de ilibar, inocentar) as pessoas possivelmente com envolvimento criminal nisto tudo. Não. É cero que cada um deve ser responsável e responsabilizado pelos seus actos cometidos de forma consciente, e deliberada. Estou sim a dizer, que tal, como sociedade que somos, usarmos essa energia, essa inteligência para esmiuçarmos está trama, buscando perceber seus contornos? Assim como a gente tem dito e com razão que aqueles só fizeram o que fizeram porque encontraram em Moz um campo fértil, também não é menos verdade que se a agenda é nós desestabilizar e desunir como povo, tal está a surtir resultado. Andamos todos tesos, aos berros. Até o mais douto, já sabe quem são culpados, até o mais douto, não se dá espaço para pensar na trama toda, e sim, nas cabeças das pessoas.
Como é que um outro Boustani não vai chegar à pérola assim? E não será só e só por via do governo e suas garantias soberanas. A verdade nós ensina que isto está cheio de Boustanis, cada um atrelado a algum stakeholder. E esses gajos já vem com a lição piamente estudada, e o nosso campo é fértil.
Passamos tanto tempo, e com razão, a fazer chacota de malta TVM, Notícias, porque são órgãos comprometidos com o status-quo, que nos contam apenas um lado das estórias que fazem a história. Daí, celebramos que em boa hora tenham aparecido malta Canal, Savana, etc etc para nos oferecerem a devida contrabalança nas informações que nos chegam no dia-a-dia.
Bastou o "doutor" escrever o seu lado da estória, que estamos revoltados. Mas revoltados por que? Porque alguém nos trouxe a outra versão dos factos longamente relatados sob um único e exclusivo prisma; hoje estamos a fazer chacota de alguém que nos permitiu (para o bem ou mal) ter bases informativas (e até técnicas) sobre um processo que mexe com nossa sensibilidade presente e futura; hoje estamos a esnobar alguém que (finalmente) nos dá informação que nos permite fazer o tão prestigioso check and balance de relatos que nos chegavam sob um único e exclusivo ângulo, que tal como uma broda daqui disse, eram informações veiculadas respeitando a "linha editorial".
Então, está a nos se assim tão difícil analisar as outras informações, e com calma e moderação, construirmos a narrativa possível do caso?
Fora de teorias de conspiração (e.g., aquele libanês é CIApaio que estava ao serviço; que tudo foi armação para nos desestabilizar; que o CIP seja apenas uma "Organização Olho na Grana", daí os relatos supostamente de um editorial alinhado; que o nosso jurista seja um agente espião infiltrado que estava em serviço, etc etc, como já vi aqui na rede), acho que devíamos encontrar alguma coisa para aprender, e debater calmamente, do julgamento dos States. Uma delas é que convicções e vontades pessoais ou de um grupo, não são de todo verdades absolutas. E mais: em tribunal, não devia valer apalpar, não devia valer pena pedagógica (pena para ensinar aos outros). Ou se prova, ou se prova e se condena, ou não se prova, e se manda ir embora. Não se respeitando isso, não haveria necessidade de julgamento algum. E como qualquer pinguim deve saber, na falta de certeza absoluta (a tal a ser aferida por meio da prova cabal), o benefício vai para quem tem mais a perder com a acção. Forçar entendimentos é típico de esfomeados como nós aqui na periferia dos processos.
Em outras palavras, não adianta, agora que nossas aspirações foram goradas pelos Yankees, virarmos para nós aos insultos. Não. Isso não nos levará a lado algum. Percebo que precisamos virar para nós, nos concentrarmos em perceber o que aconteceu de verdade, e o que podemos aprender com esta tramóia toda, desde o início, até ao presente, incluindo o que será amanhã. Precisamos explorar o processo todo, e não nos concentrarmos nas pessoas como tal. Não estou a dizer vamos "boustanizar" (dizem que esse é o novo sinônimo moçambicano de ilibar, inocentar) as pessoas possivelmente com envolvimento criminal nisto tudo. Não. É cero que cada um deve ser responsável e responsabilizado pelos seus actos cometidos de forma consciente, e deliberada. Estou sim a dizer, que tal, como sociedade que somos, usarmos essa energia, essa inteligência para esmiuçarmos está trama, buscando perceber seus contornos? Assim como a gente tem dito e com razão que aqueles só fizeram o que fizeram porque encontraram em Moz um campo fértil, também não é menos verdade que se a agenda é nós desestabilizar e desunir como povo, tal está a surtir resultado. Andamos todos tesos, aos berros. Até o mais douto, já sabe quem são culpados, até o mais douto, não se dá espaço para pensar na trama toda, e sim, nas cabeças das pessoas.
Como é que um outro Boustani não vai chegar à pérola assim? E não será só e só por via do governo e suas garantias soberanas. A verdade nós ensina que isto está cheio de Boustanis, cada um atrelado a algum stakeholder. E esses gajos já vem com a lição piamente estudada, e o nosso campo é fértil.
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