O Problema da Carrona e o Ataque do Governador Zandamela à Familiarização no BM
Num dos meus posts anteriores, argumentei que o amor pela fráude nas escolas, ou a fraca qualidade do que se forma podia ser uma reacção lógica aos sinais enviados pelo mercado do trabalho. Por um lado, a entrada e o sucesso no mercado do trabalho depende menos da competição, porque o lado da procura é quase monopsonista e dominado pelo Estado. Por isso, encontra-se menos exposto aos ventos da competição. Isto implica menos incentivos para os gestores de RH investirem tempo e recursos a procura do melhor que há no mercado de trabalho.
Por outro lado, os gestores dos recursos humanos em organizações públicas tem incentivos em andar a boleia das suas organizações e de toda a sociedade. Recrutam pessoas para servir o interesse de outros sectores ou o interesse geral. Estas pessoas são pagas por dinheiro que não é seu. O que significa que os custos das suas decisões erradas no recrutamento e promoção do pessoal sejam totalmente socializadas. É a sociedade que perde a alta produtividade dos candidatos preteridos e ainda tem que arranjar dinheiro para pagar os salários dos que entraram com baixa produtividade.
Num quadro igual é totalmente "racional"recrutar no circuito familiar. Desta forma não só reduzem os custos pessoais de investir tempo e recursos a procura do melhor num mercado que funciona com base em sinais que podem ser falsificados, como também ganha-se maximizando o bem-estar total da família dos gestores de RH. Se a coisa der mal com a produtividade do recrutado, a factura disso nunca será individualizada na pessoa do gestor de RH.
Parece-me que as notas recentes do governador Zandamela sobre a familiarização no BM vem confirmar a suspeita de que em geral os gestores de RH em Moz andam a boleia das suas organizações e de toda a sociedade. Com isso ganha o gestor e sua família. Mas perdem as organizações e a sociedade, pagando o que não devem e destruindo o quadro geral de normas desejáveis para uma sociedade mais produtiva.
As primeiras vítimas da Familiarização são os póprios jovens, os valores sociais, e a educação. As próprias organizações ficam corroidas por dentro, incapazes de se reformar, por que A tem ligação com B que tem ligação com C. Se a reforma atingir A, que é primo de B, gestor cimeiro, implica um custo familiar que pode não ser suportável para último, embora isso possa resultar num equilíbrio organizacional melhor.
Esperemos para ver o que a reforma de regulamentos defendida pelo Governador Zandamela vai dar. Por causa do alcance da medida, não se podem excluir reacções duras por parte dos que sempre se beneficiaram de coisas parecidas em tantos outros sectores, incluindo no sector privado. No entanto, parece-me certo que parte da equação sobre inclusão, meritocracia, escovismo, o anti-escovismo e a redução das desigualdades de oportunidades não pode ser feita sem pensar como o Governador Zandamela pensou ao seu nível.
I salute you Mr Governor. That is the way foward.
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