quinta-feira, 5 de julho de 2018

Sobre Eneias Comiche, um erro de palmatória, um pedido de desculpas e a explicação da presença


Ontem cometi um tremendo erro. Anunciei a corrida de Eneias Comiche para a edilidade de Maputo, numa escolha da Comissão Politica da Frelimo. Quase uma hora depois desse anúncio, uma das minhas fontes disse-me que, afinal, não tinha havido uma reunião do politburo da Frelimo ontem e, por isso, a informação não se confirmava.
No calendário eleitoral para as autárquicas, hoje se iniciaria a submissão de candidaturas. Ontem ao longo do dia andei procurando buscar o perfil dos candidatos na disputa interna na Frelimo e a razão por que três meses antes da data aprazada para as eleições, em Outubro, a aposta do partido para Maputo ainda não tinha sido anunciada.
No fim do dia, um pouco antes de publicação de uma crónica com um titulo “Cinco Espigas para um Batuque”, traçando os perfis de cinco figuras que me foram apresentadas como sendo os candidatos nas “primárias” do partidão, uma das minhas fontes disse que já não fazia sentido falar dos cinco porque o nome de Eneias Comiche tinha vindo à baila como escolha final da Comissão Política.
Uma hora depois, a mesma fonte, impecável, reputada, altamente conectada, disse-me, afinal, a comissão politica não se tinha reunido ontem. E por isso não se podia falar numa sua escolha definida ontem. De seguida removi o texto do timeline e esta manha apaguei-o.
Hoje venho dar a mão à palmatoria e desculpar-me por eventuais transtornos. Este foi erro noticioso crasso. Ele decorre de um problema. Da tentação recorrente de resvalar para o noticiário. Quando decidi abrir esta página, minha pretensão não era essa. Nunca foi. Isto não pode ser um jornal. Não posso disputar o espaço do noticiário dos media mainstream. Se tiver que fazer isso, então o processo de trabalho terá de melhorar para acomodar as exigências necessárias.
Abri este espaço para fazer sobretudo comentário político. Haverá sempre o odor da notícia mas esse não é o meu desiderato de primeira instância. Procuro partilhar meus estados de alma, alguma poesia de permeio, expor nossas verdades mentirosas, com o mesmo registo do comentário político. É para isso que regresso depois de ter estado fora de portas. De certa forma minha ausência iluminou o estrabismo da presença. Curti o sabor da ausência espumada na volúpia da saudade.
O olhar distanciado permitiu aclarar as lentes para melhor colocar os acontecimentos em contexto, que é disto que se trata, do big picture. Regresso para prosseguir o combate contra a narrativa inquinada que tenta falsear nossa memória histórica colectiva. Regresso à mesma trincheira dos beligerantes das ideias, como já escrevi, apesar do Pogrom intelectual em curso (Gilles Cistak, Jose Macuane, Ericino Salema). Quero tentar-me opor ao estado cruel das coisas, expor os loopholes da nossa jovem democracia e expurgar os gatekeepers da mentira. Sem qualquer “Messiah complex” muito menos a pretensão de um Michelangelo alterando o tecto da capela sistina.
Não terei tempo para discussões sem norte – por isso, sobre meu erro, já disse tudo o que devia dizer no quadro da extrema consideração que nutro por todos vós e por mim mesmo. Respeitarei a diferença de opinião, o ponto de vista contrario, aquele que derruba meus fundamentos ou aqueloutro que me alarga a perspectiva, colocando muletas onde minha retórica caminha a pé coxinho. Eliminarei o comentário maliciosamente abjecto, o insulto expedito na falta de argumento, o vilipendio baixo, a verborreia de mau gosto, o plágio preguiçoso. Meu regresso talvez não seja definitivo. É uma rentrée de passagem. Estou-me transmutando para outros voos mais plenos longe da cultura ácida das redes sociais. Ainda não é certo o destino dessa viagem.


Eneas Comiche para edil de Maputo
Já é certo. A Frelimo vai apostar em Eneas Comiche para Presidente da Município de Maputo.

A decisão foi tomada hoje pela Comissão Política do partido, num dia em que a CNE adiou o processo de recepção de candidaturas para as eleições autárquicas previstas para Outubro. Porque há comandos legais que precisam ser chancelados na AR para que o processo avance normalmente. Um impasse nas negociações entre as hostes militares da Renamo e a liderança do Estado, na pessoa do PR Filipe Nyusi, relativamente a integração dos generais da oposição no exércitos, levou o Presidente a telefonar para Margarida Talapa (Comissão Permanente da AR) ordenando o cancelamento de uma sessão parlamentar destinada a aprovar tais comandos. 

A recepção de candidaturas começaria amanha. Se ganhar, Comiche vai devolver alguma dignidade a gestão da cidade. Sua indicação sugere que a Frelimo tenha sido atacada por uma assombro de lucidez. MM

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12 comentários
Comentários
Ernesto Stefane Isso é um ensaio para opinião pública
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Cassimo Cabir O pedido de desculpas parece que está direccionado a malta Nós Seus seguidores que depois porque nunca nos traíste acabamos espalhando a informação com amigos, em casa, nas barracas e hoje temos k voltar a dizer também que estávamos errados. Até aqui está percebido. E as desculpas são aceiteis. Mas acho que Comiche também merece um pedido de desculpas. Um abraço, wagaia.
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Helder Hugo Desculpas aceites caro Mosse. Esta claro que a sua causa é nobre e despida de bajulacoes políticas. Porém acredito que seria uma óptima aposta da FRELIMO.
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Vasquinho King Na frelimo qualquer pode ser vencedor
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Antonio Julio Xlhate E agora Marcelo Mosse? Tens que fazer o mesmo em relação ao Enéas Comiche ou tratava-se de uma desinteligência, Ou seja, avançar uma verdade para as redes sociais para que quem de direito faça outra escolha? 
Bem, o erro tá cometido. O pedido desculpas é aceite e continuo teu incondicional admirador. Um abraço e bom dia!

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Responder1 hEditado
Tomas Mario Na sua "idade" o Marcelo Mosse já não goza do direito a desculpas, porque, como bem o diz, já há muito que se deveria ter "reformado" dessa actividade de foca: a procura obsessiva de..." notícias", com o inevitável abuso de fontes anonimas! A "idade" do Mosse não é mais de "noticiar", mas sim de contextualizar, interpretar! É ou não é? Abraço.
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Paulo Simbine Meu Caro Tomas Mario...
Entendo o seu ponto de vista, mas o ilustre Marcelo Mosse, não é infalível.
😀

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Responder40 min
Tomas Mario Paulo Simbine 
Mas ele pode - e tem experiência que baste!- eliminar os riscos de falha: deixar de procurar ser o primeiro (noticiar)e usar fontes anonimas apenas muito excepcionalmente! Ele é um pesquisador experiente; por isso sabe de que estou a falar!

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Responder35 min
Hussein Nácir Rupava A tua grandeza reside aí Mosse. Errar não é de todo mau. O mau e fugir da responsabilidade dos actos. Forca
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Paulo Manso Serviu para medir o pulsar dos munícipes de Maputo!! Se não era opção, o TPC, embora informal, está feito!! Valeu MM.
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Kuyengany Produções Regressar com uma mentira c’est pas bien ça
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Donaldo Tovela Desculpas aceites mano. Estamos consigo nos highs e lows - eternamente sedentos e dependentes dos seus deliveries e approaches supremamente esculpidos.
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Mário Paiva Escrito na pedra xará
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Vasquinho King Nao há fumo sem fogo na minha sugestao era corrigir com uma errata o anterior post assim poderiamos ler os comentarios anteriores sobre a intencao ou os adeptos

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