Um membro do governo do distrito de Inhassunge, centro de Moçambique, contraiu ferimentos, depois de populares terem lançado pedras em protesto contra o processo de reassentamento para um projeto de exploração de areias pesadas, disse à Lusa fonte policial.
O porta-voz do comando da polícia na província da Zambézia, centro de Moçambique, Miguel Caetano, afirmou que o membro do governo distrital ficou ligeiramente ferido por pedras lançadas por populares durante um encontro.
"Algumas pessoas da comunidade não concordaram com os valores das compensações do processo de reassentamento para uma zona segura, porque onde a população está agora será zona de exploração de areias pesadas", disse Caetano.
A área em causa foi concessionada a uma empresa chinesa, que vai extrair areias pesadas para a exploração de ilmenite e zircão, minerais usados na aviação.
A empresa desenvolve a mesma atividade no distrito de Chinde, também na província da Zambézia, acrescentou Miguel Caetano.
A exploração de recursos naturais em Moçambique tem sido marcada por tensões entre as multinacionais e as comunidades, que alegam que tiram poucos benefícios com a atividade.
LUSA – 05.07.2018
A opacidade e o esplendor
A diplomacia e o Governo portugueses estão entre a espada e a parede. Por um lado, Moçambique representa a opacidade. É o país que há dois anos não dá respostas satisfatórias e transparentes sobre o que sabe e o que fez para encontrar Américo Sebastião, um empresário português raptado na Beira, no centro de Moçambique, em Julho de 2016, ignorando de forma sistemática e ostensiva os pedidos de informação enviados por todos os níveis da hierarquia portuguesa, … ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. E é o país que fez desaparecer dois mil milhões de dólares dos cofres públicos, sem que tal tenha até hoje provocado consequências na Justiça
Por outro lado, Moçambique representa o esplendor futuro ou, pelo menos, a possibilidade de um esplendor. As propostas de investimento nos hidrocarbonetos estão há anos num pára-arranca, mas são reais e representam negócios de biliões. Já não há o entusiasmo que se sentia quando foram descobertas reservas de gás no Norte do país e gigantes como a Anadarko, em “negociações avançadas” com o Governo para começar a exploração desde 2014, acabam de adiar “as decisões de investimento” para 2019. Mas muitos países estão atentos e ainda não desistiram. “Portugal tem de posicionar-se, não pode estar eternamente de costas voltadas para Moçambique”, diz um diplomata
Por isso, também, acabou por concordar com a cimeira, muito impulsionada por Moçambique, particularmente interessado em normalizar as relações, como parte do esforço para recuperar alguma reputação internacional
Para Portugal, há três grandes preocupações em relação a esta ex-colónia: o ambiente de negócios (pouca credibilidade e previsibilidade, frágil sistema de Justiça e funcionamento deficitário das alfândegas); as finanças públicas (que vai além do escândalo da dívida pública oculta); e a segurança da comunidade portuguesa
Neste último aspecto, é previsível que António Costa faça perguntas a Nyusi e Basílio Monteiro sobre o desaparecimento do empresário Américo Sebastião, cuja mulher, residente em Portugal, disse esta semana ter “uma esperança muito grande” no diálogo entre os líderes políticos. “Não vai ser uma cimeira business as usual”, diz um diplomata. “Há festa, mas a festa não é como dantes. O momento é de contenção.”
Por outro lado, Moçambique representa o esplendor futuro ou, pelo menos, a possibilidade de um esplendor. As propostas de investimento nos hidrocarbonetos estão há anos num pára-arranca, mas são reais e representam negócios de biliões. Já não há o entusiasmo que se sentia quando foram descobertas reservas de gás no Norte do país e gigantes como a Anadarko, em “negociações avançadas” com o Governo para começar a exploração desde 2014, acabam de adiar “as decisões de investimento” para 2019. Mas muitos países estão atentos e ainda não desistiram. “Portugal tem de posicionar-se, não pode estar eternamente de costas voltadas para Moçambique”, diz um diplomata
Por isso, também, acabou por concordar com a cimeira, muito impulsionada por Moçambique, particularmente interessado em normalizar as relações, como parte do esforço para recuperar alguma reputação internacional
Para Portugal, há três grandes preocupações em relação a esta ex-colónia: o ambiente de negócios (pouca credibilidade e previsibilidade, frágil sistema de Justiça e funcionamento deficitário das alfândegas); as finanças públicas (que vai além do escândalo da dívida pública oculta); e a segurança da comunidade portuguesa
Neste último aspecto, é previsível que António Costa faça perguntas a Nyusi e Basílio Monteiro sobre o desaparecimento do empresário Américo Sebastião, cuja mulher, residente em Portugal, disse esta semana ter “uma esperança muito grande” no diálogo entre os líderes políticos. “Não vai ser uma cimeira business as usual”, diz um diplomata. “Há festa, mas a festa não é como dantes. O momento é de contenção.”
PÚBLICO(Lisboa) - 05.07.2018
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