segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Uso de computador nos exames dificulta obtenção da carta de condução


Associação das escolas de condução de Moçambique apela governo a reparar falta de conhecimento da tecnologia
Fazer exame de condução no computador constitui um entrave na obtenção da carta de condução para muitas pessoas.
Nas ruas, são muitas as reclamações sobre reprovações dos alunos em quase todas as escolas. E as maiores dificuldades são das pessoas que não têm um nível de escolaridade considerável.
Em algumas zonas rurais, ainda é novidade falar de informática, daí que certas pessoas defendem que deveria existir um meio-termo para que todos que pretendam ter a carta de condução tenham a possibilidade de frequentar a escola e fazer as devidas avaliações.
O País percorreu as ruas da cidade de Maputo, onde conversou com algumas pessoas e as opiniões são unânimes. “A tecnologia de usar computador para fazer exame veio de certa forma vedar a alguma camada social a obtenção da carta de condução. Olhemos para aquelas pessoas sem conhecimento de informática, obviamente que tem sido complicado. As tecnologias só beneficiam os académicos, os não académicos ficam excluídos. Acho que o governo devia procurar um meio-termo para incluir todos”, disse Ancha Macie, que acabava de fazer o exame.
Domingas Chachuaio, outro aluno que acabava de fazer o exame, referiu que se torna “difícil que alguém, sem conhecer o computador, consiga fazer o exame, uma vez que não conhece o funcionamento da máquina, mesmo que tenha tido uma explicação durante as aulas”.
Há relatos de alunos que reprovaram por não saber usar a máquina. Um cidadão que não quis revelar a sua identidade disse ao O País que, no dia do exame, viu colegas seus serem expulsos da sala de exame pelo pessoal técnico por não saberem sequer ligar o computador. O mesmo diz ser necessário que haja oportunidade para todas as pessoas, daí que o Governo deve procurar formas de incluir todas as pessoas.
As dificuldades também são enfrentadas pelos técnicos encarregues da instrução e avaliação dos alunos nas salas de aula, visto que são eles que carregam a responsabilidade da aprovação ou reprovação dos alunos que buscam a carta de condução.
“Passamos dificuldades, sim, porque, a partir do momento que iniciou o uso do computador, constitui barreira para certas pessoas que não conseguem usá-lo”, disse Hilário Mavie, director técnico de uma das escolas de condução de Maputo, que sugere o regresso ao exame escrito, para se evitar as reprovações.
A Associação das escolas de condução de Moçambique apela ao governo para reparar o problema.

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