Gerir
Que tal se acordarmos um dia e nos dermos conta de que não virá todo o dinheiro que esperamos que venha do gás?
Temos algum plano B, digo, para tudo: a nossa economia, as nossas relações económicas externas, os nossos parceiros estratégicos, o jogo de poder interno, as perspectivas de desenvolvimento económico, etc.?
Pode parecer uma provocação inconsequente, mas não é. O cenário do mercado do gás nos próximos tempos não é tão favorável como se pensou há anos. O maior exportador mundial actual, o Qatar, está com planos de aumentar a sua produção. Com a revolução do shale gas, os Estados Unidos deixaram de ser importadores para se tranformarem em exportadores líquidos de gás. A Austrália, a segunda maior exportadora actualmente, vai terminar daqui a pouco os seus projectos de aumento de produção de LNG e também se projecta como o maior exportador de LNG do mundo nos próximos tempos. A Rússia fechou um acordo de fornecimento de gás à China com provavelmente mais vantagens do que outras fontes alternativas. É claro que um país sempre deve ter fontes alternativas de fornecedores, por uma questão estratégica. Para alguns analistas, essa é a visão estratégica do Japão nos seus acordos com Moçambique: assegurar um fornecimento alternativo, não que não possa encontrar gás no mercado para suprir as suas necessidades.
Portanto, além dos atrasos nas decisões finais de investimento dos nossos principais projectos de LNG, o que é um risco, porque a potencial quota de mercado pode ser ocupada por outros, a curto prazo prevê-se no mundo um excesso de oferta de gás.
Não é tempo de começarmos a pensar em cenários alternativos do nosso desenvolvimento económico e do nosso futuro, um Moçambique 2050 com cenários com e sem as receitas do gás e sem a ajuda externa? Sinto que a expectativa de alguns dos nossos políticos, de que o gas será um "game changer" em termos políticos e económicos, é baseada em premissas simplistas. Pelo menos no que tem sido público até aqui.
Temos algum plano B, digo, para tudo: a nossa economia, as nossas relações económicas externas, os nossos parceiros estratégicos, o jogo de poder interno, as perspectivas de desenvolvimento económico, etc.?
Pode parecer uma provocação inconsequente, mas não é. O cenário do mercado do gás nos próximos tempos não é tão favorável como se pensou há anos. O maior exportador mundial actual, o Qatar, está com planos de aumentar a sua produção. Com a revolução do shale gas, os Estados Unidos deixaram de ser importadores para se tranformarem em exportadores líquidos de gás. A Austrália, a segunda maior exportadora actualmente, vai terminar daqui a pouco os seus projectos de aumento de produção de LNG e também se projecta como o maior exportador de LNG do mundo nos próximos tempos. A Rússia fechou um acordo de fornecimento de gás à China com provavelmente mais vantagens do que outras fontes alternativas. É claro que um país sempre deve ter fontes alternativas de fornecedores, por uma questão estratégica. Para alguns analistas, essa é a visão estratégica do Japão nos seus acordos com Moçambique: assegurar um fornecimento alternativo, não que não possa encontrar gás no mercado para suprir as suas necessidades.
Portanto, além dos atrasos nas decisões finais de investimento dos nossos principais projectos de LNG, o que é um risco, porque a potencial quota de mercado pode ser ocupada por outros, a curto prazo prevê-se no mundo um excesso de oferta de gás.
Não é tempo de começarmos a pensar em cenários alternativos do nosso desenvolvimento económico e do nosso futuro, um Moçambique 2050 com cenários com e sem as receitas do gás e sem a ajuda externa? Sinto que a expectativa de alguns dos nossos políticos, de que o gas será um "game changer" em termos políticos e económicos, é baseada em premissas simplistas. Pelo menos no que tem sido público até aqui.
Comentários
Nelson Manhisse Não se aprendeu nada com a história do carvão.
Gerir
Jorge Matine E
sem falar do sudao, Irao e Egipto como players da industria energetica
com potencial enorme. O potencial de mocambique podera estar nos
"valores", ser um pais normal que funciona nao é favor será um must se
queremos atrair investimentos. Nao se pode
diversificar a economia como uma economia politica que assenta numa
alianca trivial com o capital, os rubis, o gas da sasol, o carvão
mostram que nao sera por ai. Por onde sera? Esse é o debate que falta
fazer e a pressa é inimiga da perfeição mas a nossa elite esta com
muita pressa...
Gerir
Ben Hur Cavelane Porque
nao ter pressa se nao ha certezas de continuidade no poder?
Infelizmente a nossa elite politica nao tem uma visao holistica, de
desenvolvimento de toda uma nacao. Esta simplismente concentrada numa
nata extremamente reduzida em comparacao com os 27 milhoes de
mocambicanos que tambem sao donos da riqueza que o pais ofeere.
Gerir
Fatima Mimbire Jorge,
o problema de Moçambique não são concorrentes africanos, mas os outros
do mundo com grandes reservas e que são potências no fornecimento do há e
que podem negociar bons termos com os compradores pq não teem
estrutura de custos que temos.
É preciso pensar estrategicamente como se pensa o desenvolvimento do país usando esses recursos e não só na lógica de exportação.
Os EUA há "tomates" que exploram o gas e optaram por não vender/exportar e adicionaram valor e hoje até lareiras nos hotéis são a gás. Qual é o nosso pensamento?
Aqui falta pensamento estratégico e como disse o ilustre José Jaime Macuane, qual é o nosso plano B?
Também não podemos oferecer de bandeja, há que olhar para outras alternativas, os novos polos como o Vietname e tais.
GerirÉ preciso pensar estrategicamente como se pensa o desenvolvimento do país usando esses recursos e não só na lógica de exportação.
Os EUA há "tomates" que exploram o gas e optaram por não vender/exportar e adicionaram valor e hoje até lareiras nos hotéis são a gás. Qual é o nosso pensamento?
Aqui falta pensamento estratégico e como disse o ilustre José Jaime Macuane, qual é o nosso plano B?
Também não podemos oferecer de bandeja, há que olhar para outras alternativas, os novos polos como o Vietname e tais.
Lenon Arnaldo Boa
reflexão! Mas, a solução sempre foi a agricultura ..... não nos actuais
moldes. Temos que dar o salto para a mecanização para permitir primeiro
abastecer o nosso mercado e uma vez consolidado, criarmos condições
para exportar. A segunda fonte sustentável
se bem trabalhado, é a indústria do turismo, que tudo indica já haver
sinais de algo (não bastante) a ser feito, começando pela abolição da
patética decisão administrativa de não concessão de visto de fronteira.
Terceiro se não a mais importante, a estabilidade política/paz.
Estes para mim, são os planos "bes"
GerirEstes para mim, são os planos "bes"
Ramalho Edson Paris Este
assunto è muito interessante e acredito haver uma necessidade de se
debater a larga escala. E importante parar de contar com um ovo ainda no
interior da galinha
Gerir
Inocencio Macuacua Gostei
Dr. Isto é o que deviamos debater. Mocambique devia tentar diversificar
a sua base produtiva e peemitir ligacoes entee varios sectores da
economia e nao esperar pelo gas e petroleo. Ha varios estudos feitos
sobre isso e licoes nefastas sobre as economias extractivas. Por exwmplo
para mim para alem da Agricultura deveriamos fazer alguma coisa no
turismo.
Gerir
José Jaime Macuane Caro Inocencio Macuacua, o Lenon Arnaldo
fala disso acima. A questão é se existe uma estratégia clara de
ligações entre esses sectores e de como financiar essa estratégia?
Gerir
Inocencio Macuacua Caro
Dr. Como bem dizes mais a baixo isso tem a ver com as questões de
natureza de economia politica. Mas como disse antes muito ja foi escrito
sobre o financiamento às estrategias de desenvolvimento em Mocambique. O
que impede a sua implementacao?
Gerir
Carlos Nuno Castel-Branco Este
tem sido o assunto central da secção económica da série Desafios para
Moçambique desde o seu primeiro número em 2010. Este foi o tem de fundo
dos módulos sobre economia na II Conferência do IESE, em 2009. Este foi o
alerta dado em Março de 2003, numa
apresentação feita na VII CASP, na presença de JC, então PR, e de AEG,
então SG - na altura os mega projectos do complexo mineral-energetico
eram a Mozal, em operação há 3 anos, e a Sasol em Inhambane, a iniciar a
operação. A grande questão é a da economia política de acumulação de
capital num contexto de financiarização global do capitalismo. Não é
apenas uma questão de bom senso, nunca foi. Bom senso nunca vai ter
oportunidade de dominar a não ser em crises profundas quando as opções
ao bom senso forem piores que o bom senso.
Gerir
José Jaime Macuane Lenon Arnaldo,
a ideia de diversificação sempre existiu, pelo menos a nível do
discurso político e nos documentos oficiais de políticas. Mas como se
financia essa diversificação e como o plano B pode ser articulado? O que
apresenta é uma solução já acabada, que
precisa ainda de uma caminho para se chegar à ela. Mas a questão de
partida é sobre os pressupostos de que as receitas do gás serão de um
certo nível, que pode não se realizar, devido às circuntâncias descritas
e outras. Um exemplo muito simples, a recente compra de 25% da
participação da ENI no bloco de Rovuma pela Exxon Mobil se tivesse sido
há anos quanto teria sido e quanto teria rendido aos cofres do Estado?
Podemos chegar à essas contas comparando transações similares. A
resposta é de que seria provavelmente maior. Isso é um indício de como
as receitas esperadas podem ser menores. E como isso se desdobra em
termos das estratégias, mesmo as de diversificação da economia, baseadas
num nível de receitas que pode não se realizar conforme esperado?
Existiriam receitas alternativas para o plano B. Seria através das tais
ligações que sugeres? A economia política do nosso desenvolvimento está
estruturada e tem uma dinâmica conduciva à criação dessas ligações? Como
se colocam os interesses de curto e longo prazo dentro dessa economia
política e em que medida criam espaço para uma estratégia de
desenvolvimento robusta? Ou simplesmente as minhas premissas de que se
espera que o gás impulsione o desenvolvimento futuro estão erradas?
Gerir
Lenon Arnaldo Sem
desprezar a importância de debates repetidos sobre a dívida
pública"oculta", transparência e corrupção ainda que seja
debates/incursões necessárias, na minha modesta opinião, vcs fazedores
da opinião pública e as diversas OSC é este tipo de debat...Ver mais
Gerir
José Jaime Macuane Lenon Arnaldo,
obrigado. Entendo que quis dizer que a necessidade do debate do tema
seja consensual e não o debate em si. Bom, não creio que seja necessário
que seja consensual, mas isso não nos deve impedir de debater um
assunto que seja tido como importante
para um certo grupo da sociedade. e isto se liga ao que diz sobre o que
sociedade civil e "opinion makers" discutem, que considero expressão de
liberdade de expressão num espaço público. Ninguém deve determinar a
outro o que se deve discutir. Se há assuntos que interessam a um certo
grupo, que o traga à arena pública e se discuta e mesmo assim os
assuntos poderão não interessar a todos. Nem todos os assuntos que a
sociedade civil debate interessam a todos.
Gerir
Muhamad Yassine Meu
amigo para ver nessa vertente tem que se olhar para esse mesmo gás como
pertença de todos como um povo. Enquanto a visão for umbilical .......
Gerir
Vazio Inconformado É
preciso olhar também a gestao da coisa publica! Me parece ser o pano de
fundo. Moçambique é rico em varios tipos de recursos, se a sua gestao
fosse transparente e não pra a minoria, Moçambique seria um País de
referencia International!
Gerir
Carlos Quembo Caro José Jaime Macuane,
excellent visao. A diversificacao da economia e a melhor abordagem
contra choques economicos. Esta e a musica que os nossos renomados
economistas vem cantando faz decadas. Mas, os detentores do poder em
Mocambique fazem ouvidos de mercador.
Para alem da diversificacao que evocas, e necessario tambem alterar o
padrao da Nossa economia. A semelhanca do periodo colonial, Mocambique
ainda continua com uma economia arrendaataria. Isso nao so reproduz a
nossa dependencia, mesmo tendo recursos, Como diminui significativamente
os ganhos que teriamos com os recursos de que o pais dispoe. Essa e uma
daquelas recomendacoes que ja esta careca. A pergunta seria: o que e
que impede os nossos governantes de materialozarem esta abordagem. Ai
talvez o debate ganhe novo impeto.
Gerir
José Jaime Macuane Aí está a questão da economia política do desenvolvimento, caro Carlos Quembo.
Como se articulam os interesses, o contexto e os incentivos para a
definição de uma estratégia robusta. Há espaço para isso e se não
houver, como se cria?
Gerir
Jaime Langa Bom exemplo: Angola sofreu e quase entrou em colapso no passado recente com a baixa do preço do petroleo
Gerir
Moiane Telma da Gloria Boa
reflexão, acho que eles envez de ver essa alerta como ameaça deviam
usar pra projectar o futuro da economia do país e o plano B. Plantar
hoje pra colher amanhã. Mas eles vê as coisas a curto prazo e benefícios
do momento
Gerir
Imerson Lucas A geração actual no poder só pensa em produzir para ela...e nunca para as próximas gerações
Gerir
Jaime Langa Meu filho José Jaime Macuane
essa é uma excelente chamada de atenção mas não esqueça que nós não
iremos vender gaz pois esses acordos que se referiu no post irão vender o
nosso gaz ate porque são eles que estao a se instalar aqui para
explorar e alguns com vantagens competitivas de preço pela nossa
localizaçao geografica. Nos teremos somente os 20% que serao vendidos
localmente.
Gerir
José Jaime Macuane Mas papai Jaime Langa,
não importa quem venda o gás, as nossas receitas, pelo menos algumas
delas, dependem da produção que naturalmente dependerá da venda. Logo,
as concessionárias venderão o gás sim, mas disso dependerão as nossas
receitas.
Gerir
Auto-Critica Mozambique O melhor recurso ade ser sempre o capital humano.
Gerir
Hilario Agostinho Mabota Excelente
observação. A nossa economia parece o de "faz de contas". Acordamos
sempre tarde. No entanto , os sectores chave da economia precisam
tomar uma nova atitude e estarem abertas para a crítica. Não se pode
aceitar que um país com vários economistas continue na periferia da
periferia. Alternativas existem. porém, precisamos de governantes
abertos para a contribuição.
Gerir
Filipe Nhalungo Não só simplistas, mas também indexadas às simpatias politicas para angariação do voto nos proximos tempos.
Gerir
José Jaime Macuane Isso torna-as mais simplistas ainda. :-)
Gerir
Carlos Nuno Castel-Branco José Jaime Macuane,
este assunto já foi abordado muitas vezes e de cada vez vem sempre a
ideia de que nós moçambicanos sabemos melhor que todos os outros. Por
exemplo, o preço do gás em bruto afecta o preço dos produtos do gás?
Claro. Se o preço do gás for afectado
pelo problema das mudanças climáticas - que é muito mais sério do que
aquilo que se considera em Moçambique - vai haver uma tendência das
oportunidades comerciais dos hidrocarbonetos piorarem? Claro. Além
disso, o stock da dívida pública está a 125% do PIB, metade da qual é
comercial com juros altos. Portanto, em breve estaremos a pagar 700
milhões de USD anuais somente em juros, ou um bilião de USD, ou mais,
anuais em serviço de dívida (incluindo juros e amortização do
principal). Com os calotes actuais, os juros vão subir e estes valores
vão acumular, mesmo se não contrairmos mais dívidas. Os depósitos a
prazo em toda a banca comercial em Moçambique andam por volta de 2
biliões de USD. Se recorremos a dívida interna para financiar o défice
fiscal tornamos os bancos mais ricos e o resto da economia mais pobre.
Neste momento, títulos de dívida pública já representam tanto no crédito
bancário como a totalidade do crédito que vai para os sectores
produtivos. No entanto, continuando com a abordagem de garantir, pelo
estado, a protecção do grande capital e do grande investimento em
hidrocarbonetos e minerais, estamos a contrair mais dívida e afunilar
ainda mais as opções económicas. Então, a questão que colocas é cada vez
mais pertinente. A primeira vez que vi essa questão articulada
economicamente e claramente posta num artigo foi em 2009. Desde aí já
surgiu inúmeras vezes. Até o FMI, que foi tão relutante em colocar
qualquer dúvida sobre o modelo económico moçambicano, levantou este
problema muito claramente num estudo detalhado feito em 2015 sobre a
sustentabilidade financeira e fiscal da aposta moçambicana nos
hidrocarbonetos. Há dois pontos adicionais que são os seguintes: um,
depois de pagar as dívidas, quanto sobra para desenvolver o resto do
país? As dívidas com o projecto mineral-energetico já ascendem a 11
biliões de USD, aproximadamente. Quer dizer, é bem possível que o gás se
pague a si próprio e nada mais. Dois, quando é que tais receitas vão
começar a fluir, e poderá a economia aguentar até lá, continuando no
mesmo percurso?
Estes têm sido os assuntos centrais da secção económica da série Desafios para Moçambique desde o seu primeiro número em 2010. Estes foram od temas de fundo dos módulos sobre economia na II Conferência do IESE, em 2009. Este foi o alerta dado em Março de 2003, numa apresentação feita na VII CASP, na presença de JC, então PR, e de AEG, então SG - na altura os mega projectos do complexo mineral-energetico eram a Mozal, em operação há 3 anos, e a Sasol em Inhambane, a iniciar a operação. A grande questão é a da economia política de acumulação de capital num contexto de financiarização global do capitalismo. Não é apenas uma questão de bom senso, nunca foi. Bom senso nunca vai ter oportunidade de dominar a não ser em crises profundas quando as opções ao bom senso forem piores que o bom senso.
Claro que há sempre quem vai dizer que nós sabemos melhor e temos tudo calculado. O único problema é que a evidência, até aqui, não apoia esse argumento.
GerirEstes têm sido os assuntos centrais da secção económica da série Desafios para Moçambique desde o seu primeiro número em 2010. Estes foram od temas de fundo dos módulos sobre economia na II Conferência do IESE, em 2009. Este foi o alerta dado em Março de 2003, numa apresentação feita na VII CASP, na presença de JC, então PR, e de AEG, então SG - na altura os mega projectos do complexo mineral-energetico eram a Mozal, em operação há 3 anos, e a Sasol em Inhambane, a iniciar a operação. A grande questão é a da economia política de acumulação de capital num contexto de financiarização global do capitalismo. Não é apenas uma questão de bom senso, nunca foi. Bom senso nunca vai ter oportunidade de dominar a não ser em crises profundas quando as opções ao bom senso forem piores que o bom senso.
Claro que há sempre quem vai dizer que nós sabemos melhor e temos tudo calculado. O único problema é que a evidência, até aqui, não apoia esse argumento.
José Jaime Macuane Carlos Nuno Castel-Branco,
obrigado pela sua achega. Em suma, neste contexto que descreve não
parecem existir cenários alternativos de financiamento para um plano B. A
poupança interna voltada potencialmente ao financiamento da dívida
pública (?), se é que lhe entendi, e as
receitas do gás para pagarem os seus próprios investimentos finaciados
pela via do endividamento público. Duas questões: a) o que tornaria
atractivo aos bancos comerciais continuarem a conceder crédito a um
estado caloteiro: menos riscos que o crédito ao sector privado, devido
potencialmente às perspectivas de receitas do gás, ou a ideia (errada no
meu entender) de que um estado nunca entra na falência? b) que
alternativas restam ao financiamento da economia num cenário como este e
no actual contexto da economia política moçambicana (aí falo também dos
cálculo político inerente às escolhas de estratégias alternativas de
desenvolvimento).
Gerir
Nelson Jose da Silva Uma verdadeira aula com 2 académicos que admiro muito (Economista e Politólogo) em simultâneo.
Gerir
Carlos Nuno Castel-Branco José Jaime Macuane,
vou mandar uma série de links com artigos que discutem as questões que
colocas aí. Agora estou em reuniões na Universidade, mas quando estiver
livre mando. Abraços
Gerir
José Jaime Macuane Carlos Nuno Castel-Branco ok, aguardo. Obrigado.
Gerir
Carlos Nuno Castel-Branco A
lista acima, exaustiva, inclui artigos diversos - uns curtos, uns
longos, que problematizam e discutem as questões tratadas neste post. A
maioria dos artigos foi produzida nos últimos 7 anos. Há dois livros que
vão ser lançados na conferência do IESE,
em Setembro deste ano, Desafios para Moçambique 2017 e Emprego e
Transformação Económica e Social em Moçambique, que contêm muito
material útil para este este debate, e material actualizado. A questão
sobre porque que é que os problemas estruturais persistem e se
reproduzem ao longo das décadas é debatida e respondida, em termos de
economia política, nesses dois livros. Estejam atentos a estas
publicações.
Gerir
José Jaime Macuane Carlos Nuno Castel-Branco
obrigado. Uma vasta bibliografia, uma substancial contribuição ao
debate, sem dúvida. Alguns dos artigos que aqui estão já os li.
Gerir
Sérgio Wíliamo Dr. José Jaime Macuane
a unica logica do ponto de vista economico p ganhos sustentaveis de
longo prazo p recursos nao renovaveis (gas, carvao, petroleo, etc) eh
canalizar os rendimentos advenientes de tais recursos nas areas de
agricultura (mecanizando-a) e na
industria transformadora (produtos finais). Se nada disto for feito,
daqui ha alguns anitos o paiis so vai herdar burracos nos locais onde
esses recursos estao a ser explorados...
Gerir
José Jaime Macuane Sérgio Wíliamo,
isso é o ideal e creio que todos estão cientes disso. Mas deve lembrar
que a discussão da criação de um Fundo Soberano ficou em águas de
bacalhau e dividiu os tecnocratas das finanças, com o antigo presidente
da ATM, Rosário Fernandes, a defender a
criação deste fundo e o Governo e Chang a privilegiarem o financiamento
do défice orçamental. Isso foi com as mais-valias. Pergunto-me se alguém
já se deu ao trabalho de perguntar o que se fez com as mais-valias até
aqui.
Gerir
Jose Adriano Fernandes Sérgio,
mecanizar é fácil! É só comprar as máquinas... o problema fundamental
é, como alguém refere acima, o nosso capital humano o qual continuamos a
negligenciar (qtd sem qualidade). O processo de criar CH, iniciado por
Samora, tb morreu em Mbuzine. Infelizmente.
Gerir
Herminio Artur Muchanga Um
país que não tem capacidade de formular e implementar as suas próprias
políticas públicas é um país capturado, e um país onde a vontade
política subordina-se aos interesses pessoais de uma minoria corupta,
tudo vira um filme de cinema.
Gerir
Felisberto Luis Machava OS POLITICOS SO PENÇAM O PRESENT O FUTURO N É COM ELES PORK JA TEM O SUFICIENTE PRA TODA FAMILIA DELES.
Gerir
Ajm Selemane Espero k os sempre dominantes k dispensam opinioes dos academicos sejam cspazes sem apontar armas de responderem esta questao.
Gerir
Sergio Gomes Uma
das coisas que tenho aprendido sobre o sector energético é a
dificuldade de se fazer projeção de longo prazo. Essa dificuldade é
ainda maior no mercado do Gas onde o comportamento da demanda e dos
preços está indexado ao comportamento do mercado do
petróleo. A par do cenário crítico que o post levanta existem também
perspectivas positivas ligadas a preocupação com questões ambientais na
Europa que pode aumentar a procura pelo gás. Por exemplo neste momento
circula uma proposta no Reino Unido visando eliminar a venda de veículos
movidos a Diesel e gasolina a partir de 2040. Essa tendência pode se
alastrar pela Europa. O Gás é responsável por apenas 22% do mercado
energético global e acredita -se que essa percentagem irá aumentar. Até
pode crescer a fovor do Shale gás mas também temos de ter em
consideração que a exploração do Shale gás não é ambientalmente
sustentável. Apenas para mostrar que existem também cenários positivos
sem negar a necessidade de Diversificação.
A Diversificação é um dos princípios de segurança energética na Perspectiva do produtor. Existem vários princípios para a segurança energética. Permitem de facto suportar períodos de desempenho menos favorável do mercado do gás. Mas para diversificar é preciso ter rendimentos que se acredita virão do sector do gás. Ora para além de Pande/Temane, os ditos projetos game changer ainda estão na fase de desenvolvimento, não obstante já terem permitido algum encaixe financeiro.
Por isso vejo esta necessidade de Diversificação como mais uma devida chamada de atenção para o que se deve fazer uma vez com as rendas fluindo. Faz tempo que se tem alertado para isso. Agricultura e Turismo são opções viáveis mas duvido que neste momento se possa fazer mais do que se tem feito. Aí está o paradoxo. Precisamos do dinheiro do gás para investir na diversificação. Se o dinheiro do gás não chegar??? Ficamos como estamos, com os investimentos rotineiros que produzem os resultados que temos assistido tanto na Agricultura como no Turismo.
GerirA Diversificação é um dos princípios de segurança energética na Perspectiva do produtor. Existem vários princípios para a segurança energética. Permitem de facto suportar períodos de desempenho menos favorável do mercado do gás. Mas para diversificar é preciso ter rendimentos que se acredita virão do sector do gás. Ora para além de Pande/Temane, os ditos projetos game changer ainda estão na fase de desenvolvimento, não obstante já terem permitido algum encaixe financeiro.
Por isso vejo esta necessidade de Diversificação como mais uma devida chamada de atenção para o que se deve fazer uma vez com as rendas fluindo. Faz tempo que se tem alertado para isso. Agricultura e Turismo são opções viáveis mas duvido que neste momento se possa fazer mais do que se tem feito. Aí está o paradoxo. Precisamos do dinheiro do gás para investir na diversificação. Se o dinheiro do gás não chegar??? Ficamos como estamos, com os investimentos rotineiros que produzem os resultados que temos assistido tanto na Agricultura como no Turismo.
José Jaime Macuane Sergio
Gomes, obrigado pelo seu input na perspectiva do sector de energia. Mas
como analisa o efeito do Acordo de Paris COP 21 - para a redução do
aquecimento global, que aponta para a necessidade de redução do uso dos
combustíveis fósseis, na demanda futura?
Gerir
José Jaime Macuane Jaime Langa sem Trump talvez. :-)
Gerir
Hilario Agostinho Mabota Era
exactamente aí que queria apontar. O facto de o shale gás não ser
ambientalmente sustentável na sua exploração e o facto de a América do
Trump ter rejeitado os compromissos. Logo, os EUA vão continuar a fazer
valer sua economia. estamos perante uma
economia cuja acção preocupa o ocidente. A diversificação da nossa
economia deve ser feita olhando para outros sectores que não dependam
directamente do gás. Hipotecar economia no gás é erro grave. As
energias não renováveis não devem garantir a sustentabilidade de um
país, nem pode se dar esse luxo
Gerir
Sergio Gomes Na
verdade acho que vamos falar das preocupações do COP 21 nos próximos
100 Anos. E o gás é o menos poluente de todos os fósseis. o problema
está na extração do Shale gas e não necessariamente no uso
Gerir
José Jaime Macuane Caros
Hilário e Sérgio. O shale gas há alguns anos era visto como
comercialmente inviável, mas o progresso tecnológico melhorou a sua
rentabilidade e hoje em dia se fala de uma verdadeira revolução do shale
nos EUA. Pode ser que se substitua o fracking
por uma outra tecnologia menos nociva ao ambiente. Aliás, como sabem,
as próprias reservas mundiais de hidrocarbonetos descobertas aumentaram
nos últimos tempos devido ao progresso tecnológico que permitiu a
exploração em águas ultra-profundas, quando antes se apontavam ao fim
do ciclo do gás como próximo. Há tempos citei num meu post a frase de um
ex-ministro saudita do petróleo que dizia algo como "a idade de pedra
não terminou por falta de pedras e a idade do petróleo não vai terminar
por falta de petróleo". Há estudos que indicam por volta da década de
2040 como o início do fim do ciclo do petróleo. bom, pode ser
apocalíptico e exagerado, não sabemos. Em suma, existem vários factores
que podem determinar a mudanças neste mercado em qualquer dos sentidos
(fim ou continuidade): tanto factores internos à própria indústria como
externos à ela. Geopolítica, clima, etc.
Gerir
Josué Tambara Se
seguirmos a linha de COP-21 melhor pegarmos enxadas, parece o Celso
Correia começou bem a implementar o LUCF na decisão sobre madeira. Como
alternativa econômica, no meu ponto de vista, agricultura olhando e
potenciar as vantagens comparativas de cada
província seria melhor opção porque assim poderia impulsionar o
processamento. No Malawi tem o ADMARC que me parece ser um modelo muito
interessante para seguirmos do que fixar nossos olhos nas águas turvas
sem mercado.
Gerir
Sergio Gomes Completamente de Acordo José Jaime Macuane.
O Que esgota é a tecnologia e não o recurso. Também fiz um post há dias
em que indicava como os operadores do sector de Shale Gás conseguiram
recalibrar os custos de produção a ponto de serem eficientemente p...Ver mais
Gerir
José Jaime Macuane Sergio Gomes
claro. Concordo que a perspectiva positiva deve estar presente nas
nossas estratégias, por isso a sua contribuição ao debate é pertinente.
Mas o post é exactamente a favor de se pensar numa visão menos
optimista, na qual nos acomodamos demasiadamente. Os riscos maiores
estão no cenário negativo do que no positivo, daí a necessidade do plano
B.
Gerir
Dinis Nhancume Colocou
o dedāo no feridāo...corremos o risco de pegar a doença holandesa, a
semelhança dos nossos irmāos angolanos que amargam uma crise pior que a
nossa.
O potencial do nosso país está aí patente, Tudo que precisamos é concentraçāo e vontade política...
GerirO potencial do nosso país está aí patente, Tudo que precisamos é concentraçāo e vontade política...
Buene Boaventura Paulo O problema é que nunca aprendemos.
Gerir
Ad Leite Leite De olho no futuro.
Há quem defende que a falta de uma estratégia nacional de desenvolvimento constitui entrave para uma visão 2050.
Enquanto os libertadores não deixarem de se comportar como estrangeiro que estão aqui para pilhar, sabotar para depois se mandarem será difícil esta visão 2050.
Não estou sendo pessimista mas eles se dividem pela riquezas deste belo país!
O Fim deste cenário será mesmo com um exercício de cidadania activa
GerirHá quem defende que a falta de uma estratégia nacional de desenvolvimento constitui entrave para uma visão 2050.
Enquanto os libertadores não deixarem de se comportar como estrangeiro que estão aqui para pilhar, sabotar para depois se mandarem será difícil esta visão 2050.
Não estou sendo pessimista mas eles se dividem pela riquezas deste belo país!
O Fim deste cenário será mesmo com um exercício de cidadania activa
José Jaime Macuane Ad
Leite, na verdade o país tem uma Estratégia Nacional de Desenvolvimento
2015-2035 (END). Pode encontrá-la no site do MEF. A questão é se ela
está a ser implementada e as escolhas que estão a ser feitas tendo como
base as rendas dos recursos naturais.
Estas são equações diferentes. Por isso, insisto na economia política
deste processo. Aprovar estratégias e dizer que vai haver diversificação
da economia, e uma abordagem holística, como diz a END, é uma coisa,
outra é como isso se articula e é implementado na realidade, tendo em
vista a prática recente.
Gerir
Alfredo Macuácua Concordo com a visão do Sr José Jaime Macuane;
realmente temos que ter algum plano alternativo na manga, no caso de o
gás "não dar certo"... e, aliás, de recursos alternativos está este país
prenhe; para além da sempre falada agricultura, tanta terra arável,
temos uma costa excepcional para pesca e a indústria do momento, o
TURISMO; um outro recurso é a localização nossa em relação aos países
vizinhos nossos do interior que dependem dos nossos portos para
import/export; etc... Mesmo que o gás "dê certo", é importante que os
dividendos que daí advirão sejam geridos com transparência para
benefício do país e não para alguma elite... Que o gás não se torne em
maldição, mas algo para melhorar a vida do povo, a vida de todos nós...
Gerir
José Jaime Macuane Alfredo Macuácua,
isso tudo na verdade já está nas estratégias existentes. Por exemplo, a
Estratégia Nacional de Desenvolvimento 2015-2035, o Plano integrado do
Sector de Transportes, etc. Mas as escolhas e práticas recentes sugerem
que as práticas são outras. E que a
confiança nas receitas do sector extractivo tem sido o mote das escolhas
estratégicas que o país tem tomado. A questão é como desenvolver uma
visão e práticas alternativas não assentes as potenciais receitas dos
recursos naturais, que dada a sua volatilidade expõem o país a riscos
económicos e seus desdobramentos políticos e sociais.
Gerir
Francisco Simango Essa
reflexão merece uma bajulação, é uma reflexão inteligente e proactiva.
Você que afirma ser assessor económico de alguém, ciente de que se diz
Moz está de volta, ainda há tempo de mudar aquele discurso.
Gerir
Nelson Jose da Silva A
questão faz me recordar no sr que acordou de um sonho e pensou que a
alternativa para tornar-se rico seria endividar-se com a banca para
construir um condomínio e depois pô-lo a arrendar para os futuros
funcionários que estariam a trabalhar no barragem
de Moamba- Major, veio o lava jato e as obras de construção de barragem
tiveram outros contornos. O condomínio já foi construído, o sr deve
pagar a dívida ao banco e a renda imobiliária depreciou com a crise.
Solução entregar o investimento ao banco e continuar a dormir para que
apareça um outro sonho se calhar mais promissor.
Gerir
José Jaime Macuane Este e outro perigo destes sonhos. Tete tem um pouco destas estórias.
Gerir
José Jaime Macuane Ad
Leite, na verdade o país tem uma Estratégia Nacional de Desenvolvimento
2015-2035 (END). Pode encontrá-la no site do MEF. A questão é se ela
está a ser implementada e as escolhas que estão a ser feitas tendo como
base as rendas dos recursos naturais.
Estas são equações diferentes. Por isso, insisto na economia política
deste processo. Aprovar estratégias e dizer que vai haver diversificação
da economia, e uma abordagem holística, como diz a END, é uma coisa,
outra é como isso se articula e é implementado na realidade, tendo em
vista a prática recente.
Gerir
Zé Martins o chamado '... contar com o ovo no cu da galinha!" se a galinha virar canja...
Gerir
Nelson Tivane Há que concordar aqui com o professor Carlos Nuno Castel-Branco,
tem alias sido este o assunto chave das suas pesquisas e debates. O
problema desse perigos dentro da economia, obviamente se situa nos
padroes de acumulacao e na volatilidade da deste mesmo padrao.
O professor Carlos Quembo está a propor a mudança deste padrao (o que nao é novidade) colonial, muitas vezes caracterizada por deformacoes, segundo o professor Luis de Brito.
Nós ja sabemos de antemao que essa economia de prestacao de servicos, baseado em exportacao de recusos e forncimento de servicos, é colonial e nao foi mudado em ambas reformas que seguiram o periodo pos-colonia, o que quer dizer que a balanca de pagamento continua dificilitaria.
Prof Jaime José Jaime Macuane a minha pergunta é entao, estamos nós estruturalmente preparados para mudar esse padrao, considerando principalmte que nao produzimos o suficiente p consumo interno, e principalmente que ha uma classe cujo intereses vao pra alem dos interesses na maioria?
Não seria entao interessante e mais sugestivo se, ao assumirmos que a economia está minada de problemas circuviciosos, pegarmos em um dos problemas existente e resolvermos? tal como alias propos o professor Castel-Branco em uma conferencia em Maputo em 2013?
GerirO professor Carlos Quembo está a propor a mudança deste padrao (o que nao é novidade) colonial, muitas vezes caracterizada por deformacoes, segundo o professor Luis de Brito.
Nós ja sabemos de antemao que essa economia de prestacao de servicos, baseado em exportacao de recusos e forncimento de servicos, é colonial e nao foi mudado em ambas reformas que seguiram o periodo pos-colonia, o que quer dizer que a balanca de pagamento continua dificilitaria.
Prof Jaime José Jaime Macuane a minha pergunta é entao, estamos nós estruturalmente preparados para mudar esse padrao, considerando principalmte que nao produzimos o suficiente p consumo interno, e principalmente que ha uma classe cujo intereses vao pra alem dos interesses na maioria?
Não seria entao interessante e mais sugestivo se, ao assumirmos que a economia está minada de problemas circuviciosos, pegarmos em um dos problemas existente e resolvermos? tal como alias propos o professor Castel-Branco em uma conferencia em Maputo em 2013?
José Jaime Macuane Caro
Nelson Tivane, a minha questão da economia política está exactamente
aí: porquê este padrões são mantidos mesmo sendo manifestamente
ineficazes sob o ponto de vista de desenvolvimento, talvez mais
eficientes a curto prazo sob o ponto de vista de poder politico e como é
que se pode reverter esses padrões e se definir e implementar uma
estratégia de longo prazo mais robusta , que equaciona todos esses
riscos?
Gerir
Nelson Tivane Para
quem diz que a solução está na agricultura, qual? Não tem sido este o
debate desde da operação produção e sob PPI. Para quem diz Indústria, a
questão permanece, não foi ela definida, em 77, como factor
impulsionador do sector Agrário? Estava eu a ler
as duas obras de Goran Hyden ( no shortcut to progress & uncaptured
peasantry), em fim, Segundo ele, por causa da lógica funcional de
produção e reprodução da economia do campesinato africano, e outros
factores principalmente cultural-antropólogico, este resiste em inserir e
fazer depender os seus modos de produção aos modos capitalistas. O que
quer dizer que o campesinato África não se vai deixar, por factores
intricicos a si, modernizar ou sair da condição de subsistência.
Mecanização (está já falhou por uma década)? Agronegócios? no contexto
in-country, João Mosca, J. Hanlon (e outros) dizem que grandes projectos
não são o caminho. Quando a assunto são mega projectos, o debate é
esse, eles não diversificam a economia e muito menos criam ligações
produtivas. Não que eu esteja concordando com um grupo ou com o outro,
mas é facto que em termos de recursos, diferentemente do período
pos-colonial (tal como assumiu Samora), agora temos capital humano,
temos recursos florestais e energético, etc...
Então, quanto a sua pergunta professor José Jaime Macuane eu penso que temos, pelo menos, importants assets que possam paulatinamente impulsionar o desenvolvimeto (diferente do cresciemento, ja nao existente) economico. Mas, sim, ainda mantemos este padrao volatil, que alias ja trouxe aquilo que o professo Carlos Nuno Castel-Branco chamou de "bolha economica". porque que nao mudamos o padrao, porque que nao tracamos uma politica de longo prazo e mais robusta? talvez o professor tenha razao, talvez sob ponto de vista dos interesses politicos, do status quo e dos beneficos relacionados, isso nao seja viavel...
mas, mais do que essa resposta ... porque nao propor algo diferente. Em 2015, estava eu, professor Castel-Branco e o Jeremias Vunjanhe em uma conferencia nas instalacoes da TDM, o professo CB propos que levassemos os forum de debate para fora do FB, o que seria algo de mais valia. Sei que voces tem feito isso, mas é da vossa influencia, ideia e ideias que precisamos. neste caso seria encontros de geracaoes, nao precisa ser uma conferencias, precisam de ser "conferencias", encontros em cafes e ruas, em centros e praças onde esses assuntos seriam debatidos e lancados para debate (nao foram esses focos de conversas e protestos pacificos que nos 73 e 74 enchiam os cafes?, ouvi que eram e voces tiveram resultado, a independencia veio). A ideia nao é instalar uma revolucao politica, é alias instalar uma revolucao de ideias, trazer o governo para pensarmos juntos, mesmos em contextos informais, porque nao?
ha aqui jovens incluindo eu que precisamos disso, conheco a Emmanuel De Oliveira Cortês, Dércio Tsandzana, a Géssica Macamo, Egas Daniel somos frutos do vosso ensino e penso que queremos continuar sendo fruntos da vossa influencia.
GerirEntão, quanto a sua pergunta professor José Jaime Macuane eu penso que temos, pelo menos, importants assets que possam paulatinamente impulsionar o desenvolvimeto (diferente do cresciemento, ja nao existente) economico. Mas, sim, ainda mantemos este padrao volatil, que alias ja trouxe aquilo que o professo Carlos Nuno Castel-Branco chamou de "bolha economica". porque que nao mudamos o padrao, porque que nao tracamos uma politica de longo prazo e mais robusta? talvez o professor tenha razao, talvez sob ponto de vista dos interesses politicos, do status quo e dos beneficos relacionados, isso nao seja viavel...
mas, mais do que essa resposta ... porque nao propor algo diferente. Em 2015, estava eu, professor Castel-Branco e o Jeremias Vunjanhe em uma conferencia nas instalacoes da TDM, o professo CB propos que levassemos os forum de debate para fora do FB, o que seria algo de mais valia. Sei que voces tem feito isso, mas é da vossa influencia, ideia e ideias que precisamos. neste caso seria encontros de geracaoes, nao precisa ser uma conferencias, precisam de ser "conferencias", encontros em cafes e ruas, em centros e praças onde esses assuntos seriam debatidos e lancados para debate (nao foram esses focos de conversas e protestos pacificos que nos 73 e 74 enchiam os cafes?, ouvi que eram e voces tiveram resultado, a independencia veio). A ideia nao é instalar uma revolucao politica, é alias instalar uma revolucao de ideias, trazer o governo para pensarmos juntos, mesmos em contextos informais, porque nao?
ha aqui jovens incluindo eu que precisamos disso, conheco a Emmanuel De Oliveira Cortês, Dércio Tsandzana, a Géssica Macamo, Egas Daniel somos frutos do vosso ensino e penso que queremos continuar sendo fruntos da vossa influencia.
Jose Adriano Fernandes Que
factores intrínsecos!? Discordo que o nosso campesinato esteja
"amarrado" a factores antropológicos e culturais. Não somos diferentes
de outros povos... em minha opinião isso é preconceito implantado em
nós. Entre os grandes projectos e a enxada de
cabo curto e a chuva sazonal há um grande intervalo. Para mim, a
alavanca está no CH que não temos: multiplicamos as instituições
superiores e negligenciamos o ensino técnico básico e médio. Como dar o
"salto" sem o famoso "saber fazer" que é responsabilidade do ensino
técnico?
Gerir
Nelson Tivane Jose
Fernandes, a Ideia do Hyden está ainda em construção nas minhas
pesquisas, mas se olharmos a toda estrutura agrária em Tanzânia (e
Malawi), a resposta às reformas ... talvez esta teoria, no contexto
colonial, tenha um razão de existir. O facto é que,
diferente do desta tese, em Moz acontece o oposto, há escassos
incentivos ao campesinato "tradicional"/produtores de subsistrncia ou
pequenos produtores agrários (desculpe os nomes, com o tempo este foi
mudando de forma e nunca da realidade Marc Waits), e contrariamente este
é a class que mais responde a demanda do mercado, aliás foi a classe
que mais produziu no boom dos anos 1973.
A minha questão não é concordar ou discordar com o Hyden, pelo contrário, eu só quero afirmar que temos importantes recursos hoje para avançar para mudanças, temos até este CH, pois embora não suficiente para responder está transformação, por exemplo, do sector Agrário. Mas vamos assumir que em relação ao período pós-colonial, temos algum e se não temos o suficiente é por muitos factores incluindo políticas deformadas. Por exemplo, assumimos que a agricultura é era o factor chave, mas deixamos que todos saíssem do campo p cidade no pois 75.
O que proponho e volto a dizer é, a juntar com este debate aqui, vamos tirá-lo para fora deste fórum ... vamos colocar juntos gerações para discutir problemas da economia política de Moçambique, mesmo que isso involve um fórum informal
GerirA minha questão não é concordar ou discordar com o Hyden, pelo contrário, eu só quero afirmar que temos importantes recursos hoje para avançar para mudanças, temos até este CH, pois embora não suficiente para responder está transformação, por exemplo, do sector Agrário. Mas vamos assumir que em relação ao período pós-colonial, temos algum e se não temos o suficiente é por muitos factores incluindo políticas deformadas. Por exemplo, assumimos que a agricultura é era o factor chave, mas deixamos que todos saíssem do campo p cidade no pois 75.
O que proponho e volto a dizer é, a juntar com este debate aqui, vamos tirá-lo para fora deste fórum ... vamos colocar juntos gerações para discutir problemas da economia política de Moçambique, mesmo que isso involve um fórum informal
José Jaime Macuane Caro
Nelson Tivane, a grande questão é mesmo termos esse debate fora do
facebook, mas sobretudo temos uma clara consciência do contexto. Tanto
de onde vai decorrer o debate em si, assim como das condições que fazem
com que Moçambique seja cronicamente um país de soluções que nunca são
implementadas.
Gerir
Domingos Dimande De
acordo com o cenário exposto por Macuiane, que não é de desprezar, por
casos havidos no pais de megaprojectos como por exemplo alumínio e
carvão, a extração de gás não vai beneficiar o mais simples e pacato
cidadão moçambicano e consequentemente não
é o gás que vai impulsionar o desenvolvimento do país mas sim o pais
precisa repensar honestamente como gerir e desenvolver projectos
agroindustriais usando receitas de gás e de outros megaprojectos.
Gerir
José Jaime Macuane Domingos Dimande, meu nome não tem "i".
Gerir
Nelsoncarlos Tamele Deviamos
equilibrar o investimento em sectores como industria energetica, de
transformacao, agricultura e turismo. Penso eu serem estrategicos para o
desenvolvimento sustentavel de qualquer pais. E Moçambique tem o
potencial nessas areas.
Gerir
Tomas Mario Visões
de longo prazo são sempre sacrificadas pelo modelo de projecto de cinco
anos, determinado pelo pensamento eleitoralista. Alguém ligou à Visão
20-25,que bem nos alertou para o perigo de retorno ao conflito armado e à
violencia? Ninguem! E aqii estamos no chove-nao-molha desde 2012!
Gerir
Gabriel Muthisse Ninguém,
mesmo? A probabilidade do retorno à conflitualidade armadas foi sempre
considerada. Os factores imediatos para o conflito sempre estiveram
presentes: (i) discurso musculado; (ii) partido político com milícia
armada privada; (iii) falta de confiança
nos processos e estruturas eleitorais... os factores mediatos ainda não
foram debelados, como por exemplo, a existência de uma imensa massa
humana sem nada a perder, do ponto de vista económico, social e
político.
A probabilidade de reinício de conflitualidade foi sempre tida em conta pelos decisores políticos
GerirA probabilidade de reinício de conflitualidade foi sempre tida em conta pelos decisores políticos
Tomas Mario Na
minha opinião nao! Os factores que menciona são reais, mas considero
que se esqueceu do mais importante: a exclusão politica e económica. Se
é verdade que todos estes factores foram sempre conhecidos, a verdade é
eles não foram debelados....
Gerir
Gabriel Muthisse Tomas Mario,
quando falo da existência de uma imensa massa humana sem nada a perder,
do ponto de vista económico, social e político" refiro-me, exactamente,
ao que você chama exclusão política e econômica. Esta não se debela por
decreto. A exclusão política econômica
existirá enquanto formos pobres e subdesenvolvidos. Mesmo nos tempos
áureos do socialismo tínhamos exclusão política econômica. Ela está
presente em, praticamente, todos os países africanos numa escala
inadmissível. E continuará a subsistir por longos anos.
E só um político ingênuo pode desconhecer que este é um factor de conflito. Só que essa consciência, de per si, não é condição suficiente para elimina-la. Seriam necessárias, entre outras, condições económicas que nenhum país africano possui.
GerirE só um político ingênuo pode desconhecer que este é um factor de conflito. Só que essa consciência, de per si, não é condição suficiente para elimina-la. Seriam necessárias, entre outras, condições económicas que nenhum país africano possui.
José Jaime Macuane Caro Dr. Grabriel Gabriel Muthisse,
seriam apenas as condições económicas que determinariam a eliminação
dos factores para a tendência a conflitualidade? Onde fica o factor
político, o papel da liderança (política), na definição e condução de
uma estratégia, principalmente num
contexto em que estamos cientes de que a solução económica será de médio
e provavelmente longo prazo. Aliás, como se mobiliza a sociedade para a
tal solução económica de médio de longo prazo, num contexto com o
nosso, em que manifestamente a visão estratégica tende a ser refém dos
ciclos políticos ou de liderança, no meu entender, do partido no poder?
Gerir
Gabriel Muthisse Tem
razão Professor. O factor político e as questões de liderança são
importantes. Mas, talvez devido à minha educação Marxista, tendo a
encarar os factores económicos como fundamentais. Sem os quais não
haveria nenhum tipo de inclusão. Quando cerca de
50% dos moçambicanos vivem debaixo do limiar da pobreza, não há como
integra-los eficazmente nos processos políticos e sociais. Pode-se, isso
sim, integrar pretensas elites que proclamam falar em nome dessas
massas destituídas.
O segredo é mobilizar essa massa para a transformação. E ter políticas e estratégias produzidas por cima da FRElIMO ou por cima de qualquer outro Partido. Aí também concordo consigo. Onde se articulam essas políticas e estratégias? É necessário definir isso. No Parlamento? Por um Comité de Sábios como, como na Estratégia 20-25,-referida por Tomas Mario? Concorda com esses formatos de Comitês de Sábios? São um factor de inclusão, como a reclamamos?
Considero importante definir o que queremos dizer com algumas das nossas formulações. Por exemplo, quando falamos de visão estratégica que não esteja refém dos ciclos políticos, ou de liderança de um único Partido. Como chegamos lá sem alienar o objectivo da inclusão?
GerirO segredo é mobilizar essa massa para a transformação. E ter políticas e estratégias produzidas por cima da FRElIMO ou por cima de qualquer outro Partido. Aí também concordo consigo. Onde se articulam essas políticas e estratégias? É necessário definir isso. No Parlamento? Por um Comité de Sábios como, como na Estratégia 20-25,-referida por Tomas Mario? Concorda com esses formatos de Comitês de Sábios? São um factor de inclusão, como a reclamamos?
Considero importante definir o que queremos dizer com algumas das nossas formulações. Por exemplo, quando falamos de visão estratégica que não esteja refém dos ciclos políticos, ou de liderança de um único Partido. Como chegamos lá sem alienar o objectivo da inclusão?
Carlos Edvandro Assis Um
dos sectores em que a diversificacao da nossa economia deve ter como
aposta (primazia), advindo dos resultados da producao e venda
(internacionalmente) do gas deve ser a formacao do homem para responder
eficazmente aos desafios de momento. Para termos
uma agricultura e turismo de qualidade dependemos tamanhamente desta
qualidade na forca de trabalho. Continuamos a produzir com a nossa
deficitaria educacao forca de trabalho tambem deficitaria e ai a nossa
expectativa eh que esta forca de trabaho deficitaria venha a produzir e
em escalas (productividade). This is completely wrong! Tenho varias
vezes ouvido falar dos nossos dirigentes em um termo bastante usado aqui
na perola do indico "VAMOS CONSTRUIR SALAS DE AULAS". Quando vamos
falar em construir escolas? Uma escola eh um espaco com todas as
infraestructuras necessarias para a formacao do homem e isso eh
inexistente quando falamos de contrucao de salas. Ate no nosso proprio
OE tem la esta rubrica que consta a "CONSTRUCAO DE SALAS". Temos que
comecar a pensar seriamente na forca de trabalho (mao de obra) para ser
util no processo do desenvolvimento deste pais.
Gerir
Gabriel Muthisse Interessante esta questão que levantas, José Jaime Macuane.
As questões que devemos discutir, também, nesta questão seriam, talvez,
as seguintes, entre outras? Qual é a driving force da diversificação? É
o Estado? É o sector privado nacional? É o sector privado estrangeiro? São todos eles? Quais são as áreas preferenciais de actuação de cada um deles?
E, quiçá, uma pergunta fundamental: onde cada um deles vai buscar os recursos de que se necessita?
Há uma discussão fácil que todos nós podemos fazer. Aquela que parte do princípio de que os políticos não querem a diversificação. Ou de que não a fazem porque são corruptos (vi aqui nesta discussão esta asserção). Ou de que não a fazem porque estão vendidos ao capital estrangeiro (vi também alguma sugestão nesse sentido. Pareceu -me). Será só isso?
Sabe, Professor, algumas vezes, quando discutimos esta questão, parece que é uma questão de o Estado comprar tractores, por exemplo, para a agricultura. Cabe ao Estado comprar tractores? Se cabe aos privados, o que concretamente o Estado deveria fazer para que os privados os comprem? Esta questão é válida para o turismo ou para a industrialização. E há, neste momento, condições para o Estado propiciar a compra de tractores?
E é só uma questão de adquirir tractores ou máquinas? Nunca se fez isso? Há mercado interno robusto? Como se estimularia esse mercado? Podemos exportar os bens e serviços que prodiziriamos? Somos competitivos? O que se deveria fazer para sermos competitivos? Depende só dos privados? Depende do Estado? Depende da maneira como a economia e o mercado internacionais estão estruturados? Até onde podemos avançar sozinhos, como país. Quais são aquelas questões em que dependemos dos outros, na região e no mundo?
Ignorar todos aqueles condicionalismos condizir-nos-ia, talvez, ao voluntarismo. Discutir os limites de actuação de cada actor, os desafios que cada um deles terá de enfrentar, os constrangimentos objectivos e subjetivos... tudo isso enriquece e torna útil a discussão.
A experiência que tenho nestas matérias indica-me que não deve existir ninguém que não queira a famosa diversificação. Então, porque não ocorre?
GerirE, quiçá, uma pergunta fundamental: onde cada um deles vai buscar os recursos de que se necessita?
Há uma discussão fácil que todos nós podemos fazer. Aquela que parte do princípio de que os políticos não querem a diversificação. Ou de que não a fazem porque são corruptos (vi aqui nesta discussão esta asserção). Ou de que não a fazem porque estão vendidos ao capital estrangeiro (vi também alguma sugestão nesse sentido. Pareceu -me). Será só isso?
Sabe, Professor, algumas vezes, quando discutimos esta questão, parece que é uma questão de o Estado comprar tractores, por exemplo, para a agricultura. Cabe ao Estado comprar tractores? Se cabe aos privados, o que concretamente o Estado deveria fazer para que os privados os comprem? Esta questão é válida para o turismo ou para a industrialização. E há, neste momento, condições para o Estado propiciar a compra de tractores?
E é só uma questão de adquirir tractores ou máquinas? Nunca se fez isso? Há mercado interno robusto? Como se estimularia esse mercado? Podemos exportar os bens e serviços que prodiziriamos? Somos competitivos? O que se deveria fazer para sermos competitivos? Depende só dos privados? Depende do Estado? Depende da maneira como a economia e o mercado internacionais estão estruturados? Até onde podemos avançar sozinhos, como país. Quais são aquelas questões em que dependemos dos outros, na região e no mundo?
Ignorar todos aqueles condicionalismos condizir-nos-ia, talvez, ao voluntarismo. Discutir os limites de actuação de cada actor, os desafios que cada um deles terá de enfrentar, os constrangimentos objectivos e subjetivos... tudo isso enriquece e torna útil a discussão.
A experiência que tenho nestas matérias indica-me que não deve existir ninguém que não queira a famosa diversificação. Então, porque não ocorre?
Carlos Edvandro Assis A resposta a sua pergunta é simples e já fiz referência ai acima!
Gerir
Gabriel Muthisse Capital humano, por si só, não é condição suficiente para a diversificação, ou para o desenvolvimento económico.
O Zimbabwe tem um capital humano dos mais fortes de África. Creio que a Nigéria também. Mas isso não está a ser suficiente para catapultar esses dois países para níveis superiores de desenvolvimento
GerirO Zimbabwe tem um capital humano dos mais fortes de África. Creio que a Nigéria também. Mas isso não está a ser suficiente para catapultar esses dois países para níveis superiores de desenvolvimento
José Jaime Macuane Concordo com a complexidade de se partir das intenções para as soluções, caro Gabriel Muthisse,
é aquilo que reiteradamente chamei da economia política desse processo.
Por exemplo, porquê um país com enorme potencial agrícola como o nosso,
ainda é importador dos alimentos
básicos? Será porque os nosso agricultores são incompetentes? Mesmo que
sejam ou o tenham sido, não poderiam aprender? Porquê temos estratégias,
como a agenda 2025 como referiu o Tomas Mario
e mesmo a END 2015-2035 mas depois se tornam letra morta? Porquê com
tanta educação e cada vez um maior nível de educação nas esferas de
decisão e um manancial de experiências por onde nos inspirarmos e
aproveitarmos o que pode ser relevante, assim mesmo ainda claudicamos
nas nossas estratégias de desenvolvimento. Há muitas questões que
concordo que não têm respostas fáceis, como muitas vezes somos tentados a
dar. Mas este exercício de reflexão endógena e os caminhos que nos
levam da reflexão a prática, deveria ser algo a cultivar, até porque não
creio que tenhamos outra solução, pois duvido que alguém de fora nos vá
trazer soluções para os nossos problemas crónicos.
Gerir
Gabriel Muthisse Concordo, Professor José Jaime Macuane.
O debate pode ajudar-nos a fazer as perguntas certas. Na verdade, mais
do que a pressa em responder, nos nossos debates teremos de aprender a
fazer perguntas. Abraço
Gerir
Carlos Edvandro Assis Gabriel Muthisse
concordo. Mas no entanto inversamente a estes paises, existem outros,
que fizeram o boost das suas economias com o potential no capital
humano. As Filipinas e a Malasia estao a crescer galopantemente porque
sap tidos como um pool de capital humano
e este mesmo capital eh usado por grandes empresas no mundo em
offshoring (tercializacao) de algumas actividades especializadas. Temos
exemplo de Japao que apostou muito nisso e hoje eh uma potencia. A
pergunta que eu daria eh: Sera que o nosso capital humano esta
suficientemente preparado para os desafios a luz do dia? A maior parte
das multinacionais que temos em mocambique sao dirigidas por
expatriados. A melhor mao de obra ate de niveis nao seniores tambem sao
executados por expatriados. Eh isso que desejamos tanto a curto, medio e
longo prazo?
Gerir
Gabriel Muthisse Claro que não, Carlos Edvandro Assis.
Isso que descreve é errado e deve ser corrigido. O debate não está
nesse ponto. O que afirmo é que diversificação e desenvolvimento não se
alcançam somente com ter capital humano. Suspeito até que, de tão
complexas, ninguém conheça as fórmulas que levam ao desenvolvimento.
Incluem uma multiplicidade de factores, alguns endógenos, e outros
exogenos
Gerir
Carlos Edvandro Assis Gabriel Muthisse
concordo. Mas o primordial esta no capital humano. No entanto, nao so
na sua formacao tecnica mas tambem no seu impeto socio-antropologico
onde se buscam os valores de vida e da sociedade.
Gerir
Gabriel Muthisse Capital
humano pode, em parte, ser adquirido. É o que os USA fazem ainda hoje.
Europeus, indianos, japoneses, africanos, chineses... reforçam todos os
anos o stock de capital humano daquele país. Uma elevadíssima
percentagem de estrangeiros que vão estudar
aos Estados Unidos não regressa aos seus países de origem. Eles
adquirem o capital humano deficitário porque eles possuem as outras
múltiplas condições para o progresso
Gerir
Carlos Edvandro Assis Gabriel Muthisse
perfeitamente! Mas eh preciso percebermos que o capital humano eh
formado desde a tenra idade (escola primaria com todas as condicoes) e
nao simplesmente quando ingressam ao ensino superior. Eh exactamente o
defice que temos em Mocambique em que as
pessoas so buscam o ideal ja mais tarde no ensino superior enquanto que
as bases (primario e secundario) ficam sem alicerces nesta educacao
deste individuo. USA esta preucupado em resultados e investe neste
sentido para o momento. Nos temos que pensar e repensar em geracoes que
devem cuidar deste pais. O Zimbabwe de que deste exemplo mais ali por
cima forma o seu capital humano desde o ensino primario. Uma crianca na 4
classe no zimbabwe ja aprende a fazer um canteiro e sabe dizer quais
sao a dimensoes de um canteiro, as interlinhas, o espacamento de uma
planta para outra etc etc e cresce aprendendo. Uma pessoa educada no
zimbabwe so vai ao ensino superior para cimentar o conhecimento ja
solido que busca no primario e secundario e a estes o superior nao os
faz falta porque o conhecimento ja adquirido aprior eh bastante
suficiente para produzir bem.
Gerir
Carlos Edvandro Assis Veja
que intuitivamente ontem debrucamos bastante na questao da formacao do
capital humano. E hoje, no programa "BOM DIA MOCAMBIQUE" da TVM passa
uma reportagem em que cobria uma cerimonia de graduacao na Faculdade de
Hotelaria e Turismo da UEM em Inhambane. O melhor aluno (notas e
comportamento) desta graduacao foi um Tanzaniano. Quais sao as licoes
que devemos tirar disso??
Gerir
Gabriel Muthisse Em Cuba costumávamos tirar melhores notas que os nacionais. Por motivos óbvios: tínhamos menos farras
Gerir
Carlos Edvandro Assis Gabriel Muthisse,
apropósito do que haviamos falado num pretérito perfeito, os EUA
embarcaram numa nova medida em relação a emigração do capital humano via
chamado "GREEN CARD". Agora só pessoas que saibam falar Inglês, que
tenham skills (habilidades) e tenham ensino aceitavel é que são
legivéis, isso como politica de proteção domestica de americanos com
poucas habilidades (skills).
Gerir
Gabriel Muthisse E
é só uma questão de adquirir tractores ou máquinas? Nunca se fez isso?
Há mercado interno robusto? Como se estimularia esse mercado? Podemos
exportar os bens e serviços que prodiziriamos? Somos competitivos? O que
se deveria fazer para sermos competitivos?
Depende só dos privados? Depende do Estado? Depende da maneira como a
economia e o mercado internacionais estão estruturados? Até onde podemos
avançar sozinhos, como país. Quais são aquelas questões em que
dependemos dos outros, na região e no mundo?
Ignorar todos aqueles condicionalismos condizir-nos-ia, talvez, ao voluntarismo.
GerirIgnorar todos aqueles condicionalismos condizir-nos-ia, talvez, ao voluntarismo.
Domingos Dimande A
colocação feita por Muthisse é deveras interessante, para mim, ele
coloca questões com que se deparou já que fez ou ainda faz parte
daqueles que participaram na tomada de decisões das politicas
governamentais em diversos prismos da vida da nação, nós
como cidadãos comuns nos incumbe questionar e muitas vezes no nosso
questionamento caimos no ridiculo(?) de que o governo não faz nada para
desenvolver o pais! Gostaria imenso de ouvir alguém do Ministério da
Agricultura que podesse 'dissertar' porque até hoje as politicas no
campo da agricultura têm sido infrutíferas.
Gerir
José Jaime Macuane Domingos Dimande
eu iria mais longe ainda: será que a ideia de política pública não se
aplica a nossa prática governativa? Que tipo de estratégia ou abordagem
estratégica para acção seria mais adequada para passarmos das intenções,
lamentações à prática bem-sucedida?
Penso que quando descobrirmos a chave de como idealizamos e passamos a
acção teremos resolvido uma parte substancial dos nossos problemas. Deve
haver alguma chave, algum elo perdido nesse processo do nosso
autoconhecimento que ainda nos escapa.
Gerir
Domingos Dimande Pessoalmente
acho que o paradigma político nacional abocanhou a classe intelectual a
ponto dos políticos se servirem dos intelectuais para atingirem os seus
objectivos, de outra maneira diria, que quando temos boas políticas
económicas que "morrem" nas gavetas das instituições públicas porque
politicamente não são correctas estamos em presença da primazia política
ante "intelectual"!
Gerir
Armistício Mulande Pode ser um pouco mais do que isso, Domingos Dimande. Professor José Jaime Macuane,
será mesmo que existe essa chave? Será o desenvolvimento algo
programado ou é apenas um resultado de muitas acções desconexas que, por
algum acaso do destino, resultam nisso?
E será que os países que ainda não são desenvolvidos, com a actual
economia política global podem aspirar a tal situação? E se sim, será
que isso vai acontecer de forma planificada e previsível como andamos a
propalar? As questões que o Gabriel Muthisse levanta nos comentários acima são pertinentes.
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