sábado, 5 de agosto de 2017

Ia chamar-se Mateus, quase morreu aos quatro meses, foi pai aos 19 anos: bem-vindo ao mundo de Neymar


Ia chamar-se Mateus, quase morreu aos quatro meses, foi pai aos 19 anos: bem-vindo ao mundo de Neymar

05 Agosto 2017
Aos 25 anos foi a maior transferência de sempre. A Neymarmania tem Paris como epicentro mas continua assente na família. Este é o universo do miúdo nascido em Mogi das Cruzes que quer dominar o mundo.
Neymar tem como super-herói preferido o Batman mas sentia-se uma espécie de Robin em Barcelona e aceitou transformar o mundo do futebol com a maior transferência de sempre para passar a ser um protagonista principal. Foram 222 milhões de euros por um jogador que é muito mais do que isso: é um ícone, uma máquina de fazer dinheiro em publicidade, o menino querido do Brasil que só vai descansar quando for campeão mundial pelo seu país. Mas que continua a ser também o miúdo que não faz nada sem perguntar antes ao progenitor e que coloca a família acima de tudo, no papel de filho, irmão e pai.
A Neymarmania tem agora o seu epicentro em Paris, onde chegou como um verdadeiro herói do novo clube e da própria cidade. Aos 25 anos, está no Parque dos Príncipes para ser rei. Como Pelé, o maior brasileiro de sempre. E esta é a história do protagonista do maior negócio no desporto mundial em 25 capítulos.

Ficou Neymar Jr., tratam-no por Juninho mas ia ser registado Mateus

O pai de Neymar, Neymar Silva Santos, já admitiu em algumas entrevistas que às vezes demora algum tempo a tomar decisões, mas a partir do momento em que sabe o que quer, não há volta a dar. Tem sido sempre assim mas há 25 anos abriu uma exceção e, hoje, o jogador que assinou pelo PSG seria o… Mateus. E porquê?
Na altura em que o jogador nasceu, Neymar e Nadine, a mulher, ainda não sabiam se seria rapaz ou rapariga. Estavam em casa, foram para o hospital e nasceu um rapaz, que a progenitora queria que se chamasse Mateus. A verdade é que o bebé esteve uma semana sem nome e, na altura da escolha, ficou mesmo Neymar, tal como o pai, que ainda hoje trata o filho mais velho (tem uma rapariga mais nova também, Rafaela) por Juninho.

Quase morreu no acidente que deixou o pai quatro meses de cama

Quando Neymar tinha quatro meses, a família viu-se envolvida num grave acidente de viação que podia ter sido bem mais trágico. Após um jogo (o pai estava na altura no União Mogi), o casal e a criança iam visitar familiares quando sofreram um despiste a descer a serra num dia de chuva. O carro ficou descontrolado, o pai sentiu desde logo a perna a deslocar-se pelo embate e chorava de dores na zona da bacia quando começou a procurar, com a mãe, o filho, que viajava numa cadeirinha no banco de trás.
O impacto acabou por projetar Neymar para baixo do banco da frente. Valeu-lhes a ajuda célere de pessoas que estavam ali a passar e que começaram a tentar retirá-los da viatura, que estava perto de um precipício. O bebé estava coberto de sangue mas afinal tinha apenas um pequeno corte na cabeça; o pai acabou por ficar dez dias no hospital e mais quatro meses em casa, o que viria mais tarde a obrigar a um fim precoce no futebol.
Na altura em que o jogador nasceu, Neymar e Nadine, a mulher, ainda não sabiam se seria rapaz ou rapariga. Estavam em casa, foram para o hospital e nasceu um rapaz, que a progenitora queria que se chamasse Mateus. A verdade é que o bebé esteve uma semana sem nome e, na altura da escolha, ficou mesmo Neymar, tal como o pai, que ainda hoje trata o filho mais velho por Juninho.

Deu nas vistas no dia em que correu mais do que jogou

Betinho, já ouviu falar? Foi este técnico/olheiro do Santos, de nome Roberto dos Santos, que um dia viu Neymar nas bancadas, aos seis anos. Mais do que jogar, até porque nesse dia, com seis anos, andava mais distraído a saltar degraus do que outra coisa, impressionou-o a forma como a criança tocava na bola. Tinha sido ele a descobrir também Robinho e viu ali algo especial. Tinha o estilo de craque, a beleza dos predestinados.
Nunca mais deixou de seguir os seus passos, quando atuava, com sete anos, na equipa de futsal do Grêmio Recreativo dos Metalúrgicos de Santos. Neymar foi acompanhado desde cedo pelo Santos, que quis levá-lo para o clube através do antigo jogador Zito, aos dez anos. Mas a primeira observação não correu bem: não era dia de Neymar, jogou pouquinho. Mas mais tarde, sabendo que estava a ser seguido nesse encontro, brilhou de tal forma que o clube criou mesmo categorias abaixo dos 13 anos (que não tinha) para “encaixar” o miúdo.

Como fazer das dificuldades uma oportunidade para ser melhor

Neymar teve a sua primeira bola de futebol como prenda quando fez dois anos, mas o ‘bichinho’ já vinha do pai, que foi pedreiro, vendedor de purificador de água, mecânico e técnico de manutenção enquanto jogava futebol em equipas de menor dimensão. Quando a família se mudou para São Vicente, não tinha casa própria e acabou por ficar com os avôs de Neymar, num espaço pequeno e humilde. Ele, os pais e Rafaela, a irmã, dormiam no mesmo quarto.
Mas hoje o brasileiro olha para trás e recorda outra perspetiva desses tempos: como a habitação era pequena, colocava ainda mais umas cadeiras no corredor para dificultar a tarefa e treinava assim a sua técnica. O avô paterno era um grande adepto do Santos como o seu pai e o avô materno também jogou futebol.

Recebeu 1 milhão de reais para não assinar pelo Real Madrid

A era dos galáticos do Real Madrid estava a chegar ao fim e o domínio do Barcelona começava a ser mais do que percetível. Era preciso algo para mexer com o mundo merengue, uma referência a médio/longo prazo que fizesse a diferença. E Neymar entrou no radar dos blancos, apesar das proteções apertadas que o Santos foi tentando manter à volta da maior pérola que tinha passado pelas escolas do clube. Na altura em que Robinho chegou ao Real como o novo Pelé, Neymar passou 19 dias na capital espanhola, a viver um sonho e a fazer sonhar todos os que o viam jogar.
Chegou mesmo a ter ficha de inscrição como jogador dos merengues, aos 14 anos, uma ficha que deu entrada na Federação Madrilena de Futebol. No entanto, sentiu que a falta da família dos amigos, com aquela idade, era demasiado dura. E voltou ao Brasil. Mais tarde, o pai do jogador assinou um vínculo com Emilio Butrageño e Carlos Martínez de Albornoz, que entre outros pontos previa o pagamento de cerca de 5.000 euros por cada jogo com pelo menos 45 minutos que fizesse, mas a saída de Florentino Pérez da presidência acabou por deixar cair o negócio. No meio da confusão, o Santos chegou-se à frente com um milhão de reais (360 mil euros na altura) para ficar. E ficou.

Podia gastar 15 mil reais por mês. Mais, só com autorização do pai

Já faturava como um graúdo, dentro e fora de campo, mas continuava a ter despesas de miúdo. E como o pai sempre quis incutir rigor nas contas e evitar gastos desnecessários, tinha um valor fixo para gastar todos os meses: 15 mil reais (cerca de 5.400 euros), que eram depositados em cartões de débito e de crédito.
Grande parte do dinheiro ficava para jantares com amigos, de sushi ou mesmo no McDonald’s, compras no centro comercial (perfumes, brincos e relógios, as suas grandes paixões) e festas de pagode. Quando queria fazer um investimento maior, tinha de andar a chatear o pai durante semanas e semanas…
Na altura em que Robinho se transferiu para o Real Madrid como o novo Pelé, Neymar esteve também duas semanas em Espanha e chegou mesmo a ter ficha de inscrição como jogador dos merengues, aos 14 anos, uma ficha que deu entrada na Federação Madrilena de Futebol. No entanto, as saudades da família e dos amigos falaram mais alto e voltou ao Brasil.

A conversa com o pastor que conseguiu colocá-lo na linha

Em 2010, as pessoas mais próximas de Neymar sentiram pela primeira vez o jogador a resvalar para caminhos mais perigosos, num episódio que ficou conhecido como o início do fim de Dorival Júnior como treinador do Santos. E porquê? Depois de ter ido a um concerto de Chris Brown com três companheiros, o avançado decidiu aproveitar a onda e seguir para uma festa privada num hotel e atrasou-se na concentração do dia seguinte. A coisa não andava fácil e o treinador também não “ajudou”, impedindo o jogador de marcar um penálti num jogo.
As reações de Neymar levaram Dorival a suspender o craque por atos de disciplina (durante um período de duas semanas), mas seria o treinador a sair. Ainda assim, um pastor da Igreja Batista Peniel, que o craque frequentava contribuindo com 40 mil reais todos os meses, chamou-o à terra. Neymar pediu desculpa pelo sucedido e ficou mais calmo… mas sem nunca ter retirado o boné nem os olhos do chão durante essa reprimenda.

A celebração do primeiro golo que o colocou ao nível de Pelé

O Santos teve sempre grande preocupação na tentativa de proteger a sua maior pérola de eventuais ataques de outro clube e foi por isso que, quando completou 17 anos, assinou logo contrato profissional com uma cláusula que na altura se pensava proibitiva (antes estava apenas com contrato de formação, por causa da idade).
Em paralelo, deixou de haver razão para subir o último degrau e estreou-se na equipa principal, em 2009. Mas seria o primeiro golo pelos seniores do Santos, frente ao Mogi Mirimi, a ficar para a história: na celebração, o avançado deu o salto e o murro no ar que Pelé fazia quando marcava um golo.

O interesse do Chelsea, uma sala escura e aquela cadeira vazia

O interesse no brasileiro vinha de todo o lado (até comçou pelo West Ham) e o Chelsea atravessou-se com uma proposta de 35 milhões de euros pelo passe do avançado. No entanto, o Santos não queria perder o avançado e, ao mesmo tempo, considerava que era demasiado cedo para dar o salto para a Europa.
Luís Álvaro Oliveira, presidente do clube, chamou Neymar e o pai para uma reunião. A certa altura, apagou a luz e apontou para uma cadeira vazia. “Essa é a cadeira do grande ídolo do desporto nacional, que está vazia desde a morte de Ayrton Senna. Se aceitar ficar no Santos e recusar o Chelsea, vai dar o primeiro passo para sentar-se nela”, disse. De seguida, o telefone ligou e era Pelé, que esteve 15 minutos à conversa com o jogador. Neymar ficou mesmo.

Ganhou o primeiro Porsche numa aposta mas o carro foi apreendido

A Justiça parece ter um gosto especial em andar de volta do jogador, que também teve problemas por causa do primeiro Porsche Panamera que teve e que ganhou… numa aposta ao pai. A aposta era a seguinte: Neymar tinha de ser o melhor marcador do Torneio Sul-Americano Sub-20 e apontar dois golos na final, com o Uruguai.
Cumpriu ambas: nove golos ao longo da competição, bis no encontro decisivo. E teve direito a um Panamera que era inicialmente branco mas passou para as mãos do avançado já amarelo. Problema: o Fisco Brasileiro alegou que a compra, feita pela Neymar Sport e Marketing (uma das empresas do jogador) através da First, alegadamente burlava a legislação aduaneira. O carro foi apreendido em 2014 e a empresa teve mesmo de pagar uma multa…
Luís Álvaro Oliveira, presidente do clube, chamou Neymar e o pai para uma reunião. A certa altura, apagou a luz e apontou para uma cadeira vazia. “Essa é a cadeira do grande ídolo do desporto nacional, que está vazia desde a morte de Ayrton Senna. Se aceitar ficar no Santos e recusar o Chelsea, vai dar o primeiro passo para sentar-se nela”, disse. De seguida, o telefone ligou e era Pelé, que esteve 15 minutos à conversa com o jogador. Neymar ficou mesmo.

A relação com Ganso, que foi operado ao joelho. E se…?

A vitória na Taça dos Libertadores foi o gatilho para fazer disparar de vez as comparações entre Neymar e Pelé. Mas o mais curioso é que o avançado, na altura com 19 anos, vivia no Centro de Estágios do clube com o amigo Paulo Ganso. E como era o seu quarto? Normal para um miúdo da idade, com bolachas, chocolates, cromos e muitas, muitas cartas e peluches que as fãs iam enviando. A primeira grande amizade de Neymar foi com Ganso, outra das pérolas da formação do Santos. Quando se falava de um, falava-se de outro. Iam dominar o mundo em conjunto.
Até que o médio ofensivo teve uma grave lesão no joelho e foi operado, parando seis meses. Vários jornalistas brasileiros dizem que nunca mais foi o mesmo, sendo que a partir daí passou a estar na sombra dos êxitos de Neymar e não ao lado dos êxitos de Neymar, como era suposto. Como teria sido sem esse problema?

Um departamento de marketing criado apenas para um jogador

Foi também nessa altura, em 2011, que se começavam a aglomerar interessados em termos publicitários no avançado. E muitos deles acabaram por ser rejeitados porque não iam acrescentar nada à imagem do jogador. Com toda essa cobiça, sabendo-se que os clubes a tentar contratar Neymar eram cada vez mais, o clube decidiu criar um departamento de marketing que tratava apenas das coisas do prodígio, liderado pelo especialista Eduardo Musa.
Além disso, havia ainda uma parceira com a 9ine, um projeto do antigo avançado Ronaldo Fenómeno na área do marketing desportivo. E já tinha sido fundada a NR Sports, a empresa da família que tem o pai na liderança e que gere os direitos de imagem do jogador com outras variantes como o imobiliário, o comércio eletrónico ou o Instituto Projeto Neymar Jr.. Era um mundo em torno de uma só pessoa.

Uma imagem de marca com aulas de dicção, inglês, espanhol e media training

Desde cedo que Neymar começou a construir uma imagem de marca. Que agora tem muito a ver com os brincos e as inúmeras tatuagens, mas que começou com o cabelo e com a versão moicano com que se apresentou nos primeiros anos de futebolista (e que lhe valia alcunhas como o “avatar” ou “catatua”). Era um estilo muito próprio, sem estar a pensar no que os outros diziam, apesar de ser gozado pelos companheiros por depilar as pernas e arranjar as unhas.
Ainda assim, aconselhado pelo pai e pelas pessoas que o rodeavam em termos comerciais, foi aprendendo para estar à altura quando desse o salto para a Europa: teve cursos de media training para lidar com a imprensa e o assédio, aulas de inglês e espanhol, um professor de dicção. E um toque que ainda se mantém: o cheiro abundante a perfume.

Ser pai aos 19 anos. Ser homem a partir dos 19 anos

Se houve conversa que o pai de Neymar teve muitas vezes com o filho foi a das relações. Nunca o proibiu de namorar, até porque sabia que fazia as delícias de dezenas e dezenas de fãs que o esperavam à porta do estádio após os treinos e os jogos, mas pediu-lhe cuidado para não ser pai cedo. Mas foi isso mesmo que aconteceu: aos 19 anos, e para evitar polémicas, o próprio jogador foi o primeiro a assumir que iria ter uma criança (na altura não falou da mãe, que mais tarde se soube ser Carol Dantas, então com 17 e o sonho de entrar na faculdade para seguir medicina).
Teve medo, chorou nas primeiras noites por não saber ao certo o que fazer, mas a verdade é que tem uma relação muito cúmplice com o pequeno Davi Lucca. Os pais da criança nunca chegaram a ter uma relação assumida mas dão-se bem, o que facilita também o convívio entre todos. São muitas as conquistas de Neymar, mas aos 25 anos teve apenas um namoro assumido, com a atriz Bruna Marquezine. Está agora solteiro.
O avançado foi pai aos 19 anos. Teve medo, chorou nas primeiras noites por não saber ao certo o que fazer, mas a verdade é que tem uma relação muito cúmplice com o pequeno Davi Lucca. Os pais da criança nunca chegaram a ter uma relação assumida mas dão-se bem, o que facilita também o convívio entre todos. São muitas as conquistas de Neymar, mas aos 25 anos teve apenas um namoro assumido, com a atriz Bruna Marquezine. Está agora solteiro.

Da Neymarmania à cena do xXx com Samuel L. Jackson

O fenómeno da Neymarmania explodiu de vez em 2010 e começou a ser presença regular de capas de revista e na televisão. Foi também nessa fase que começou a participar em algumas séries, como Aline ou Malhação, da TV Globo. Foi ainda convidado dos maiores programas do país, como o Faustão, o Xuxa ou o Caldeirão do Hulk.
Mais tarde, entrou nas novelas Amor à Vida e na Regra do Jogo, além das presenças nos vídeoclipes de amigos como Alexandre Pires ou Thiaguinho. O seu ponto mais alto foi a cena com Samuel L. Jackson no filme xXx, que tinha Van Diesel como principal protagonista. Will Smith é o ator preferido do brasileiro.

Dois Homens e Meio, Tropa de Elite, Gotham e Guerra dos Tronos

Quando lhe pedem para escolher um livro, não esquece o ‘Transformando Suor em Ouro’ de Bernardinho, o mítico técnico que passou anos a fio no comando técnico da seleção brasileira de voleibol. Neymar é uma pessoa como outra qualquer, mesmo quando não parece, e também tem os seus gostos: seguia a série ‘Dois Homens e Meio’, que contou com Charlie Sheen e Ashton Kutcher, antes começar a acompanhar ‘Guerra dos Tronos’ e ‘Gotham’; adora ouvir pagode; ficou marcado pelo filme ‘Tropa de Elite 2’; coleciona relógios e perfumes; não prescinde de jogar FIFA na PlayStation; e tem comida preferida arroz, feijão, bife, ovo e batatas fritas.
Ainda na recente digressão do Barcelona pelos Estados Unidos se conseguiu ver também as celebridades que se deslocam de propósito aos estádios ou restaurantes da zona onde está para conhecê-lo, como aconteceu com Demi Lovato, Floyd Mayweather, Tiger Woods, Jackie Chan ou Carmelo. E tem um super herói preferido: o Batman.

O fenómeno da Vila: 138 golos e aquela Taça dos Libertadores

Neymar acabou por alinhar quatro anos completos no Santos, saindo em 2013 para o Barcelona com apenas 24 jogos nessa temporada pelos brasileiros, grande parte no Campeonato Paulista. Foi um autêntico fenómeno com uma média superior a 45 encontros por época, terminando com um total de 138 golos e 65 assistências em 230 partidas.
Além do Sul-Americano Sub-20, da medalha de prata nos Jogos de Londres e da Taça das Confederações, ganhou três Campeonatos Paulistas, uma Copa do Brasil, uma Taça dos Libertadores (venceu na final o Peñarol por 2-1, após o nulo em Montevideu da primeira mão) e uma Supertaça Sul-Americana pelo Peixe.

O Instituto Projeto Neymar Jr. que consegue chegar a dez mil pessoas

É uma das meninas dos seus olhos e, mesmo não conseguindo dar o tempo que desejava no apoio à causa, vai tentando promover através de publicações nas suas redes sociais. O Instituto Projeto Neymar Jr., localizado no Jardim da Glória em Praia Grande (onde viveu muitos anos com a família), é uma associação sem fins lucrativos com causas sociais que envolve 2.400 crianças entre os sete e aos 17 anos e que consegue chegar, de forma direta ou indireta, a dez mil pessoas. Entre as várias metas a atingir e anunciadas publicamente, o Instituto pretende ajudar ao crescimento social e educativo de crianças mais carenciadas, focando também na sua responsabilidade social.
Atua em três grandes áreas: abandono escolar, renda familiar e saúde. Entre as várias infraestruturas disponíveis, destaque para um campo de futebol com bancada, uma pavilhão gimnodesportivo, um campo de voleibol de praia/fuvôlei e uma piscina, além de um grande edifício para todas as atividades de grupo com as crianças.
Foi um autêntico fenómeno no Santos, com uma média superior a 45 encontros por época. Terminou com um total de 138 golos e 65 assistências em 230 partidas. Além do Sul-Americano Sub-20, da medalha de prata nos Jogos de Londres e da Taça das Confederações, ganhou três Campeonatos Paulistas, uma Copa do Brasil, uma Taça dos Libertadores e uma Supertaça Sul-Americana.

O culto das tatuagens: são mais de 30, o meu pai só autorizou duas

Neymar tem mais de 30 tatuagens no corpo, uma das suas imagens de marca. E continua a aumentar, por mais pequenas que possam ser. O avançado garante que todas têm o mesmo significado, mas são essas mensagens que vai gravando no corpo que mostram um pouco de quem é o jogador mais caro do mundo. Exemplo: tem as palavras ousadia e alegria em cada um dos calcanhares, por serem duas palavras que o definem como pessoa e atleta.
Mas há mais, muito mais: uma bola de futebol com uma coroa por cima; a imagem de um miúdo no meio de uma comunidade a sonhar com um campo de futebol, uma casa própria e a Champions; um IV romano, a representar o número de familiares próximos; as imagens da irmã Rafaela e do filho Davi Lucca; várias passagens de epístolas e menções à relação com Deus; e, claro, frases para os pais. Curiosamente, o pai não acha piada nenhuma a tatuagens e apenas autorizou as duas primeiras: os nomes dos progenitores, em pequeno. A partir daí veio tudo o resto.

A apresentação com quase 60 mil e a transferência que vai a julgamento

A apresentação de Neymar em Barcelona foi uma autêntica loucura, com quase 60 mil pessoas presentes em Camp Nou (número que bateu as 50 mil que foram ver o primeiro dia de Ibrahimovic, em 2009). Os adeptos catalães viam no brasileiro uma espécie de segundo Deus que se iria juntar a Messi e abrir um ciclo de domínio dos blaugrana. Mas o avançado, dentro do discurso ambicioso e arrojado, caiu no goto de todos pela humildade com que se apresentou.
O passar dos meses e dos jogos confirmou essa empatia com o menino da Vila, que passou a ser adorado pelo Barcelona (agora tratam-no por traidor…), mas o pior estaria para vir: após uma investigação do Ministério Público de Espanha, a transferência não foi de 57,1 milhões, como tinha sido anunciado, mas sim de, pelo menos, 83,3 milhões. O processo acabou por levar o clube e o jogador, entre outros arguidos, a tribunal por fraude e corrupção.

Dez títulos, 105 golos e algo que mais ninguém fez no Barcelona

As análises dividiram-se quando foi confirmada a saída do Barcelona: afinal, era ou não assim tão importante? Os números não mentem: fosse pelo que contribuía para o famoso MSN (Messi, Suárez, Neymar), fosse pelos golos que foi apontando, o brasileiro era uma uma peça essencial no esquema dos catalães, tendo realizado um total de 105 golos em 185 jogos nas quatro épocas que esteve nos blaugrana (68 em 123 se olharmos apenas para a Liga).
Do individual para o coletivo, ganhou todas as provas entre 2013 e 2017: dois Campeonatos, três Taças do Rei, uma Supertaça, uma Champions e um Mundial de Clubes. Além disso, conseguiu um feito histórico: tornou-se o primeiro jogador a ganhar e marcar em finais da Taça dos Libertadores e da Liga dos Campeões.

O maior sonho por cumprir no futebol: ser campeão mundial pelo Brasil

Olhando para tudo o que se foi escrevendo sobre Neymar, sobretudo quando era ainda um fenómeno no Santos que encantava brasileiros e europeus, houve uma certa altura onde a carreira do avançado era quase comparada com o boom económico que o Brasil teve a certa altura, uma fase de alta pujança que coincidiu com as atribuições do Campeonato do Mundo de futebol de 2014 e os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016, entre outros pontos. Marcou presença, num e noutro, com sucessos distintos. Mas foi sobretudo a forma como sempre se “atravessou” para servir a seleção do seu país que colocou o povo brasileiro a seus pés a nível de admiração.
Já ganhou um Sul-Americano Sub-20, a medalha de ouro nos Jogos (depois da prata de 2012, em Londres), onde conseguiu marcar um golo logo aos 14 segundos, e uma Taça das Confederações, mas ainda lhe falta uma Copa América e um Campeonato do Mundo, depois da deceção de 2014 em que fraturou uma vértebra nos quartos (outra curiosidade: havia um episódio dos Simpsons que o colocava a sair lesionado num Mundial…).
Fez um total de 105 golos em 185 jogos nas quatro épocas que esteve no Barcelona (68 em 123 se olharmos apenas para a Liga). Do individual para o coletivo, ganhou todas as provas entre 2013 e 2017: dois Campeonatos, três Taças do Rei, uma Supertaça, uma Champions e um Mundial de Clubes. Além disso, conseguiu um feito histórico: tornou-se o primeiro jogador a ganhar e marcar em finais da Taça dos Libertadores e da Liga dos Campeões.

Uma máquina de fazer dinheiro. Mais fora do que dentro do futebol

Uma das maiores curiosidades da investigação denominada por Football Leaks esteve ligada a Neymar: no final de 2013, quando já estava em Barcelona, assinou um acordo com a Panini América para assinar 600 cromos pela módica quantia de 50 mil dólares. Ou seja, em resumo, cada assinatura por cromo era cobrada com 77 euros. Pode parecer muito para uns e pouco para outros, mas é o que é: estamos a falar do único jogador de futebol que, até à transferência para o PSG, ganhava mais pelos direitos de imagem e publicidade do que pelo contrato com o Barça.
No último ano, entre os 31,5 milhões que recebeu, 16 milhões (que podiam subir a 18,5 por objetivos) foram dos catalães… mas incluindo parte dos direitos de imagem. Nike, Gillette, Red Bull, Ga Ga, Beats by Dre, Replay, Police, Listerine e Hellar são as principais marcas associadas ao jogador, fora as campanhas pontuais que vai fazendo com outros gigantes como Panasonic, Konami, Rexona ou Volkswagen. Todos querem Neymar. E pagam (bem) por isso.

Não foi à primeira, foi à segunda: je suis PSG x 222

O Verão de 2016 teve a primeira abordagem do PSG a Neymar. E houve mesmo encontros entre responsáveis do clube francês e o pai do jogador. No entanto, o interesse nunca avançou (até porque o avançado estava mais focado nos Jogos Olímpicos do que noutra coisa) e acabou mesmo por renovar com o Barcelona. Agora, as coisas foram diferentes: no seguimento de uma época dececionante, em que os catalães venceram apenas a Taça do Rei, Neymar foi deixando sucessivas pistas de que poderia mesmo abandonar Camp Nou. E abandonou.
Estava sempre à sombra de Messi, ganhava mais em contratos publicitários do que pelos blaugrana, começou a ficar de cabeça perdida entre tanta pressão como se viu na confusão com Nélson Semedo no treino… Aceitou mesmo, a cláusula de rescisão de 222 milhões de euros foi liquidada e foi apresentado como se fosse um símbolo de Paris.

Porquê deixar Barcelona e assumir-se como super star em Paris?

Na apresentação em Paris, Neymar recusou por completo a ideia de procurar mais protagonismo para justificar a saída de Barcelona. E também fez questão de explicar que, se fosse por dinheiro, podia ter ido para outros clubes. Nesse caso, como se justifica deixar uma formação que é sempre candidata a ganhar todas as provas europeias? Especulou-se muito sobre essa questão, mas vamos aos factos: 1) enquanto houver Leo Messi, que ainda terá pelo menos cinco anos como número 1 no Barcelona, Neymar estaria sempre na sombra do argentino; 2) estando nos catalães, dificilmente desafiaria a dinastia Ronaldo-Messi na Bola de Ouro; 3) mesmo tendo uma boa relação com os pesos-pesados do balneário, foi perdendo os amigos mais próximos, como Dani Alves, Adriano ou Douglas.
Se a isto juntarmos o clã brasileiro no PSG (Dani Alves, Thiago Silva, Marquinhos, Lucas Moura…), um ordenado que quase duplica o que tinha em Espanha (30 milhões líquidos por ano) e um estatuto de super star na própria cidade, entende-se o porquê de ter saído. Se fez bem ou não, isso é algo que só o tempo conseguirá responder.

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