Os regimes de tirania comunista que se instalaram nas duas principais ex-províncias portuguesas em África deixaram um legado de corrupção, cleptocracia e desleixo que se mede por contrastes chocantes: ao lado da exibição de riqueza mais boçal, os sintomas da miséria mais pungente.
A desnutrição mata anualmente 26 por cento das crianças moçambicanas – apurou um estudo do Programa Mundial de Alimentação divulgado no final da semana passada em Maputo. Segundo o ‘Diário de Notícias’ da antiga Lourenço Marques, um em cada quatro casos de mortalidade infantil em Moçambique está associado à desnutrição. O problema, que tem graves consequências ao nível da saúde pública e da estrutura económica rural, custa anualmente ao país 1,6 mil milhões de dólares, o equivalente a 10,96 por cento do Produto Interno Bruto.
O estudo do Programa Mundial de Alimentação, intitulado “Custo da fome em África”, refere ainda que 42,7 por cento das crianças em Moçambique têm baixo crescimento e apenas 45,2 por cento das que registam índices de desnutrição recebem cuidados de saúde adequados.
“A maioria dos problemas de saúde associados à desnutrição ocorre antes que a criança atinja três anos de idade”, lê-se no estudo. A mortalidade infantil associada à desnutrição reduziu a força de trabalho de Moçambique em 10 por cento e 60,2 por cento da população adulta já sofreu de problemas de crescimento, quando era criança.
“As crianças afectadas por problemas de crescimento são mais propensas a abandonar a escola. Estima-se que apenas 12 por cento dos adultos afectados em Moçambique completaram a escola primária, em comparação com 84 por cento de pessoas com crescimento normal”, destaca o estudo.
A avaliação refere que um quarto da população do país é desnutrida, apesar de Moçambique ter atingido em 2015 o “Objectivo de Desenvolvimento do Milénio”, ao reduzir para metade o número de pessoas com fome. Por outro lado, cerca de um quarto da população sofre de insegurança alimentar crónica, o que significa que não sabe se terá uma refeição.
De acordo com o Programa Mundial de Alimentação, as taxas de desnutrição são persistentemente altas entre as crianças, devido aos elevados índices de doenças infecciosas, principalmente malária, e ao mau acesso aos serviços de saúde, água e saneamento.
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    Lusofonia: Denúncias no Comité Central deixam Frelimo de rastos


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    O ambiente de cortar à faca no órgão supremo do partido no poder em Moçambique desde 1975 obrigou a que a última reunião decorresse à porta fechada. Mas o que lá aconteceu acabou por transpirar… 
    Em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão. Assim parece estar a acontecer na Frelimo, o partido político que foi único em Moçambique até 1990 e que mesmo depois disso tem conseguido afastar do poder toda e qualquer oposição.
    O tempo da hegemonia, contudo, parece ter os dias contados. Na última reunião do Comité Central da omnipotente Frelimo, dirigentes históricos do partido confessaram abertamente as dificuldades crescentes que estão a enfrentar na captação das simpatias populares, sobretudo no Centro e Norte do país, onde a Renamo e os outros partidos da oposição encontram, pelo contrário, terreno cada vez mais favorável.
    O tom das críticas tornou-se insuportável para os actuais dirigentes da Frelimo e a reunião acabou por se realizar à porta fechada, apenas com a participação dos membros do Comité Central. Mas o descontentamento é tal que nem mesmo assim foi possível esconder as denúncias ali feitas.
    Segundo o jornal moçambicano ‘Mediafax’, as “indisfarçáveis cisões e consequentes construções de alas” na Frelimo reflectiram-se na reunião, destinada a analisar a “situação interna do partido governamental”, num momento em que se preparam já as próximas eleições: autárquicas em 2018 e legislativas em 2019.
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