Friday, July 28, 2017

“Dialogar é moralmente arriscado”


Filipe Nyusi entende que é momento de fortalecer a coesão interna do partido Frelimo
O presidente da Frelimo abriu, ontem, a VI sessão do Comité Central do partido lançando recados para os “camaradas” e também para os críticos de fora daquela organização política. Filipe Nyusi falou do diálogo político com a Renamo e disse, sem dar detalhes, que “dialogar é moralmente arriscado”, mas comprometeu-se a continuar.
A cerca de dois meses do 11º congresso da Frelimo, Filipe Nyusi entende que é momento de fortalecer a coesão interna, mas está ciente de que há vozes que tentam desestabilizar o partido. Entretanto, recorreu a uma linguagem metafórica para reduzir alguns adversários: “Quem se faz a uma cotada para caçar legalmente uma impala não se preocupa em lançar pedras a pássaros.”
A sessão termina hoje, tendo como principal agenda a discussão da proposta de revisão dos estatutos do partido e afinação do programa do 11º congresso.
Diálogo político com a Renamo
“Continuamos a levar avante a incumbência da sessão do Comité Central que nos orientou para trabalharmos no ‘dossier’ da paz. Temos a consciência de que não é tarefa fácil, e não tem sido. Dialogar é moralmente arriscado, mas acreditamos que é a coisa certa que temos estado a fazer. A Frelimo afastou sempre a visão de que o diálogo significaria alienar os valores e princípios fundamentais. Demonstrámos isso em Lusaka, na Zâmbia. Sentámos à mesma mesa com o governo português, assim como em Nkomati, com o regime de Apartheid da África do Sul. Para a Frelimo, o diálogo não significa uma oportunidade para a legitimação de violência ou promover o diálogo com quem se opõe ao que está legislado. Também provámos esse patriotismo quando, em Roma, sentámos à mesma mesa com a Renamo. Encorajados pelos militantes do nosso partido e pelo povo moçambicano, continuaremos a dialogar, considerando esta a forma mais acertada para manter uma posição pragmática sobre o futuro deste país. Apelamos a toda a sociedade e a todas as confissões religiosas a aderirem a este movimento sem que esperem pelo convite formal, porque o que se pretende é encurtar o período de espera pela paz. O que se pretende é a paz e não a projecção de quem a construiu. A paz pertence ao povo. Os próximos dias deverão ser decisivos para todos nós, porque o diálogo sobre a paz é uma perspectiva ética clara que se baseia em preceitos humanísticos que colocam a defesa de vida e a cessação de derramamento de sangue como prioridade.”
Foco nos problemas do partido
“Vamos orientar os nossos olhos e a nossa imaginação dentro do nosso foco e não no foco dos outros. Quem se faz a uma cotada para caçar legalmente uma impala não se preocupa em lançar pedras a pássaros. Nós temos prioridades, temos grandes desafios pela frente. O nosso foco devem ser esses desafios: fortalecer o nosso partido, ganhar etapas e contribuir para o desenvolvimento de Moçambique uno e indivisível. O que demarca a nossa Frelimo de outras organizações nacionais é a nossa disciplina e firmeza comprovadas em mais de 50 anos.”
Recados aos críticos
“Os vários adversários do país e da Frelimo tentarão explorar ao máximo estes momentos em que discutimos a vida da Frelimo e do país, para tentarem nos fragilizar nos próximos dias. Estejamos atentos e preparados, pois este não é o problema maior. Já fizeram no passado, tentarão fazer desta vez com recurso a novas tácticas, incluindo a instigação à desunião interna. Recordemos, mais uma vez, que o único segredo que manteve a Frelimo vitoriosa ao longo do tempo é a sua unidade, por isso, devemos redobrar a nossa vigilância individual e colectiva a novas manifestações de instigação à desunião interna.”

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