Renamo diz que PR de Moçambique está a ser desautorizado na retirada das tropas
A Renamo disse que o Governo não retirou nenhuma posição militar do centro do país, considerando que o Presidente de Moçambique, com quem foi negociada a saída das tropas, está a ser desautorizado.
A Renamo disse esta terça-feira que o Governo não retirou nenhuma posição militar do centro do país, considerando que o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, com quem foi negociada a saída das tropas, está a ser desautorizado.
“Um Presidente da República não pode ser desobedecido pelos seus subordinados (…). Não vi o ministro da Defesa a cumprir com o que o PR lhe disse para fazer”, referiu António Muchanga, porta-voz da Renamo, principal partido da oposição, em conferência de imprensa, em Maputo.
O responsável referiu que a retirada para os quartéis até 30 de junho das 26 posições militares junto à serra da Gorongosa faz parte do acordo estabelecido no final de abril entre Nyusi e Afonso Dhlakama, líder da Renamo, que por sua vez anunciou uma trégua ilimitada, faz hoje dois meses.
Desde então, referiu, houve movimentações de uns locais para outros, mas as 26 posições mantêm-se junto aquela que terá sido a principal base do braço armado Renamo nos confrontos com tropas do Estado em 2015 e 2016 e onde se supõe que Dhlakama continua refugiado. A informação contrasta com aquela que foi prestada pelo ministro da Defesa de Moçambique, Salvador M’Tumuke, no sábado, citado pela Agência de Informação de Moçambique (AIM).
Segundo o governante, a retirada já aconteceu e abrangeu oito posições que tinham sido ocupadas “durante a perseguição aos homens armados da Renamo” e que constam de uma lista. O ministro disse que as posições das tropas antes da operação de busca não estão contempladas no plano de retirada, declarações que desagradaram à Renamo.
“O que o ministro disse foi além do que os dois presidentes [Nyusi e Dhlakama, presidente da Renamo] trataram”, referiu hoje António Muchanga. O porta-voz do partido pediu a Nyusi que esclareça o que se passa.
Muchanga não impôs qualquer prazo e esclareceu, numa resposta à Lusa, que o ambiente de paz não está em causa, mas a palavra do Presidente da República, sim. “O que se exige é que se cumpra o entendimento. Se há dificuldades, que se diga”, para que os dois dirigentes encontrem solução, dado que “a não saída [das tropas] põe em causa a palavra do comandante em chefe das Forças de Defesa e Segurança”, referiu.
O porta-voz disse ainda que “a parte que diz respeito ao presidente da Renamo está feita, declarou trégua sem prazo. As forças da Renamo estão a cumprir. As forças que não estão a cumprir estão sob comando do Presidente Nyusi”, a quem cabe “esclarecer o que está a acontecer, Qual é a dificuldade”, questionou. “A Renamo vai persistir, a chamar à razão, para que o Presidente da República mande fazer o que prometeu que ia mandar fazer, porque tem instrumentos bastantes para isso”, concluiu.