Propriedade do Departamento de Informação
Sai as Quinta Feiras * Distribuição Gratuíta * Maputo, 18.05.2017 * Edição nº 211 Ano 4
Tete (12 de Maio) – Apesar da
trégua estabelecida entre o
Presidente da República, Filipe
Nyusi e o Presidente da RENAMO
Afonso Dhlakama, bem
como dos apelos para que os
membros da RENAMO regressem
a actividade política, continuam
as vagas de perseguições
e de incitamento ao ódio e a
violência contra os membros da
RENAMO na provincial de Tete.
São acções segundo relatos
apurados no terreno, que estão
a ser protagonizados por indiví-
duos identificados como sendo
membros da Frelimo, por um
lado, e por elementos da Polícia
da República de Moçambique
(PRM), por outro. Com efeito,
as autoridades do Governo do
distrito de Mutara, na provincia
de Tete, detiveram na manhã
do passado dia 03 de Maio, o
delegado Político da RENAMO
no Povoado de Muandua, sob
alegações de ter desobedecido
as ordens de um líder comunitário
de um dos bairros daquele
povoado.
Albino Wisky Lisboa, que agora
encontra-se preso na Penitenci-
ária Distrital de Mutarara, continua
a aguardar pela audição
do Ministério Público, segundo
informações fornecidas pela
Polícia. Informações que chegaram
daquele ponto da província
de Tete, dão conta que o mandante
da prisão do delegado
da RENAMO, chama-se Ramin
Bandaze, primeiro Secretário da
Frelimo no Posto Administrativo
de Charre. A detenção ocorreu,
quando Ramin Bandaze, na
companhia de outros elementos
da Frelimo tentavam impedir
que a RENAMO hasteasse a sua
bandeira naquele povoado.
Outras informações que apontam
que o mesmo grupo, também
destruiu três mastros nas
sedes da RENAMO nos povoados
de Sossono, Nhumbo e Jardim.
Essas ocorrências foram
registadas nos dias 04, 05 e 06
de Maio corrente, numa empreitada
que ainda continua em
curso. Também na província de
Tete, mas concretamente no distrito
de Sangano, dois homens
da Polícia da Unidade de Intervenção
Rápidas (UIR) escalaram
ao princípio da tarde do dia 10
de Maio, à residência do membro
da RENAMO e igualmente
da Assembleia Provincial local,
Simão Daniel Januário, não tendo-o
encontrado em casa.
No mesmo distrito de Tsangano,
o primeiro secretário distrital
do partido Frelimo, João Francisco
tem estado em discursos
dirigidos as populações a instigar
a violência e ao ódio contra
os membros da RENAMO. Nos
seus discursos, João Francisco
é citado a dizer que “nós é que
acabamos com a vida do membro
mais forte da RENAMO aqui
no distrito e vamos continuar a
eliminar todos os membros da
RENAMO aqui no distrito” numa
alusão ao assassinato recente
do chefe da Organização da RENAMO,
João Abrão. Em Marara,
indivíduos ligados à Frelimo e
que estão à monte, vandalizaram
mastros na sede da RENAMO
e levaram uma bandeira. Na
vila sede deste mesmo distrito,
os mesmos indivíduos incendiaram
cinco bancas de cidadãos
membros da RENAMO, por estes
terem se recusado a pagar
uma taxa diária de 50 meticais
pelo simples facto de serem
membros da RENAMO, contra
a real taxa de 10 meticais fixada
por dia.
A Delegação Política Provincial
da RENAMO em Tete, deu conta
de ter registado que no passado
dia 07 de Maio em curso, no
Povoado de Phole , Localidade
de Cazula, distrito de Chiuta, a
Polícia confiscou a bandeira da
RENAMO na sede do partido
para o Posto Policial local, sem
nenhuma justificação aparente.
O mesmo facto, ocorreu nas localidades
de Mualadzi e Cavua,
onde indivíduos que se identificaram
como tendo sido mandatados
pela Frelimo levaram bandeiras
também da RENAMO. As
bandeiras confiscadas nas sedes
da RENAMO, algumas continuam
nas mãos dos elementos da
Frelimo e outras da Polícia.
O país continua a viver momentos de
trégua agora “sem prazo” anunciada
pelos Presidentes Filipe Nyusi e Afonso
Dhlakama, para permitir por um lado,
um processo negocial tranquilo, por
outro, para garantir que os membros
da RENAMO regressem ao exercício da
actividade política sem medo de que
algum mal possa-lhes acontecer.
A iniciativa de prolongar a cessação
das hostilidades de toda índole por
tempo indeterminado, como princípio
para o estabelecimento de uma paz
efectiva, não só tem sido enconrajada
pela maioria dos moçambicanos, como
também pela Comunidade Internacional
e pelos investidores nacionais e
internacionais.
Mas pelos relatos que nos chegam
da provincia de Tete, parece que essa
declaração de que a guerra “está quase
no fim” ainda não foi transmitida aos
militantes da Frelimo naquela provincial,
se não querermos acreditar que estão
numa clara acção de desobediência ao
senhor Filipe Nyusi.
Custa-nos acreditar que as campanhas
de intimidações, perseguições, prisões
arbitrárias ainda estão em curso naquela
província, tendo como alvos elementos
da RENAMO que de forma obediente e
em observância as leis pretendem levar
a cabo as suas actividades políticas.
Espanta-nos ainda saber que existem
no seio da Frelimo e da Polícia da
República de Moçambique elementos
que estão contra a pacificação e ao
exercício da actividade política e até
comercial.
O que está a acontecer em Tete para
além de ser um atentado ao exercício
democrático e as liberdades dos
cidadão, constitui uma ameaça para
os investidores e a população no geral,
alguma que muito recentemente esteve
no Malawi na condição de refugiados.
Discursos como os do senhor João
Francisco que é citado a dizer que “nós
é que acabamos com a vida do membro
mais forte da RENAMO aqui no distrito
e vamos continuar a eliminar todos os
membros da RENAMO aqui no distrito”
devem ser energicamente condenados
e os seus autores responsabilizados.
Na verdade são discursos que
vêm confirmar que os raptos e os
assassinatos de membros da RENAMO
e de outros opositores foram sempre
obras do partido Frelimo.
Não podemos permitir que os interesses
da maioria pela Paz e harmonia estejam
reféns de pessoas sem escrúpulos e de
agentes inimigos.
Ficha técnica
Director:Jeronimo Malagueta;
Editor: Gilberto Chirindza;
Redacção:Natercia Lopez;
Colaboradores: Chefes regionais de informação;
Maquetização: Sede Nacional da Renamo
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Nº de Registo
07/GABINFO-DEC/2015
“A Semana em foco”
Um programa radiofónico que faz análise dos temas políticos e sociais de destaque semanal.
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Acompanhe em todos os sabádos das 11:00 às 12:00 horas
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3
continua na pág 4
QUARTA SESSÃO DO PARLAMENTO PAN AFRICANO, 15 DE MAIO DE 2017,
A JOVEM MULHER DEVE ESTAR NO CENTRO
DAS NOSSAS ATENÇÕES NA DEFINIÇÃO DE
POLÍTICAS
Estamos num continente
que é palco de muitos conflitos
armados e não só, em que
a principal vítima é a mulher,
sobretudo a mulher jovem,
que por sinal representa a
maioria da população. Por
isso, é importante abordarmos
as formas de como essa
camada populacional, a da
mulher jovem, pode e deve
participar dos assuntos políticos,
mormente da consolida-
ção da paz e segurança.
A pobreza, os conflitos étnico-religiosos,
a dependência
econômica, o desrespeito pelo
ordenamento jurídico, as lutas
políticas, as guerras, o terrorismo,
a corrupção e a existência
de instituições do Estado
fracas afectam a estabilidade
e impedem o desenvolvimento
das Nações africanas.
A mulher é quem mais sofre
de todos os males, não só
porque muitas vezes é negligenciada
a sua opinião, mas
também porque ela é excluída
dos processos de tomada de
decisão.
A jovem mulher não deixa
de ser antes de mais mulher,
daí existir uma ténue fronteira
da abordagem do papel da
jovem mulher e do papel da
mulher adulta.
Tendo comum o género feminimo,
muitas vezes o papel
de uma pode naturalmente
confundir-se com o papel da
outra. A jovem mulher constitui
uma das vítimas dos vários
conflitos armados e desastres
naturais que ocorrem no
Mundo, a par das crianças e
idosos.
É importante a participação
da própria mulher nos mecanismos
de Paz e Segurança,
uma vez ser ela quem sente na
carne os efeitos dos fenómenos
provocados pelo Homem,
fenómenos como as guerras,
as calamidades naturais resultantes
da acção humana,
que agravam as disparidades
entre mulheres e homens.
Nestes termos, porque vítima,
a jovem mulher é a mais indicada
para os mecanismos de
consolidação da paz e segurança.
Estatisticamente, as mulheres
têm menos recursos para
se proteger e, com as crian-
ças, frequentemente compõem
a maioria das popula-
ções deslocadas e refugiadas,
tornado-se vulneráveis aos
efeitos desses males com destaque
para a violência sexual
que tem sido usada como uma
das armas de grupos rivais em
guerras no Mundo, em geral,
e em África, em particular.
Actualmente, cada vez mais
mulheres lideram movimentos
de paz que lutam para
melhor integração das suas
comunidades em contextos de
pós-conflito,mas elas não são
factor presente nas respectivasnegociações
de paz, infelizmente.
A exclusão da mulher,
com destaque para a jovem
mulher,nos mecanismos de
reconstrução limita o acesso
a oportunidades de recuperação,
de obtenção de justiça
para os abusos dos direitos
humanos, e para participar na
formação das reformas das
leis e das instituições públicas.
A comunidade internacional
tem reconhecido que a
participação das mulheres é
fundamental para alcançar e
manter a paz. As mulheres são
agentes de mudança comprovadas
e são capazes de fazer
muito mais se tiverem a oportunidade
de se manifestar.
O ano 2000 constitui um
marco de nível global, quanto
a participação da mulher no
processo da sua reintegração
em momentos pós-conflito.
Foi no ano 2000 que o Conselho
de Segurança das Nações
Unidasaprovou a histórica Resolução
1325 sobre mulheres,
paz e segurança, que exige a
participação das mulheres na
construção da paz, a proteção
das violações dos direitos humanos,
e a promoção do acesso
à justiça e aos serviços para
enfrentar a discriminação.
Moçambique, meu País,
teve 10 anos de luta armada
pela independência do colonialismo
português e 16 anos
de luta pela instalação da democracia
multipartidária.
O país tem um perfil de
forte preocupação para com
o papel da jovem mulher no
pós-conflito uma vez que ela é
filha, irmã, futura mãe, geradora
da vida e educadora.
As medidas tomadas no
pós-conflito devem ter em
conta a
Decorreu em Midrand
na República da África
do Sul a sessão do Parlamento
Pan Africano, na
passada segunda feira, 15
de Maio de 2017, subordinado
ao tema: Participação
da Mulher Jovem
Envolvida na Política na
Consolidação da Paz e Segurança.
Esta reunião, que contou
com a participação da
delegação moçambicana,
encabeçada pela Dra.
Maria Ivone Soares, que
é ao mesmo tempo Primeira
Vice-Presidente da
Juventude no Parlamento
Pan Africano & Membro
da Comissão Permanente
de Justiça e Direitos
Humanos. Dirigindo-se
àquele organismo africano,
Ivone Soares proferiu
o discurso que abaixo
transcrevemos:
continuação da pág 3
4
UM ANO SEM O DOM JAIME E SEM
A PAZ
reintegração
social das vítimas e
fazedores da guerra, sob risco
da frustração se instalar e
eclodiren novos conflitos pelo
facto dos excluídos poderem
pensar que melhor seria continuar
com a guerra.
Dos vários aspectos equacionados
para a paz e segurança
sempre deve-se incorporar
a perspectiva de género,
ademais que a mulher é uma
influenciadora por tendência.
Ao nível das Nações Unidas,
a ONU Mulheres, entidade que
trata da incorporação da Mulher,
deve procurar reforçar os
mecanismos para a proteção
das mulheres defensoras dos
direitos humanos, que em
muitos casos são perseguidas
pelos governos ou por sindicatos
interessados em perpetuar
a exclusão da Mulher dos centros
de decisão.
A ONU Mulheres promove
a democracia paritária, um
regime democrático justo e
inclusivo que permite às mulheres
liderar e participar de
forma substantiva e igualitá-
ria da tomada de decisão, junto
com os homens, para contribuir
com a agenda pública
com perspectiva de gênero.
Por outro lado, em missões
de manutenção da paz promovidas
pelas Nações Unidas
e pela União Africana deve
haver atenção redobrada visto
que devido à pobreza como
já frisamos, as mulheres ficam
vulneráveis a prostituição,
trabalhos pesados e forçados.
Se globalmente existem as
resoluções que incentivam a
participação da Mulher nos
processos de tomada de decisão,
internamente cada Estado
membro da União Africana
deve promover Planos Nacionais
de Acção consentâneos
com os instrumentos jurídicos
internacionais e em particular
continentais de protecção da
Mulher.
As Mulheres devem ter um
papel cada vez maior nas ac-
ções de:
• capacitações e treinamentos
para missões humanitá-
rias, missões de paz e de manutenção
da paz;
• Parcerias para prevenção
de HIV/SIDA e luta contra a
violência sexual, violência doméstica
e de todas as formas
de discriminação das mulheres;
• Integração voluntária de
mais mulheres nas Forças Armadas,
desempenhando actividades
nos diversos ramos do
exército, sem discriminação
quanto a ocupação de cargos
de comando e de direcção;
• Plena igualdade de direitos
e oportunidades entre mulheres
e homens.
Decidimos trazer, nesta
abordagem, algumas questões
para que possais reflectir,
dado existirem sociedades
reformistas e conservadoras
que têm a sua forma de ver a
Mulher e de enquadrá-la.
Atendendo a que geograficamente,
há países que dão
lugar de destaque as mulheres
e outros há onde ela é vista,
por exemplo, como símbolo
de honra que deve ser preservada
para manter a moral
ficando longe dos “assuntos
político-militares e de paz”.
i) Como é que a Mulher é
vista na família, na comunidade,
a nível religioso, e étnico-
-tradicional em África?
ii) De que forma contribuís
para que a Mulher participe
activamente nos processos
cívicos, na política, nas opera-
ções de resgate de refugiados
ou presos políticos(nos países
onde existam), negociações
de paz, negociações de reféns,
na segurança das crianças,
dos idosos e das pessoas com
necessidades especiais?
iii) Que lugar é dado a Mulher
Civil?
iv) Que lugar ocupa a Mulher
militar dentro das Forças
de Defesa e Segurança de
cada país africano?
v) Como é aproveitado o
enorme potencial de influência
que a Mulher tem quer
seja na cozinha como na liderança
das várias instituições
que dirige?
vi) Que investimento está a
ser feito na educação da rapariga
como futuro de África e
do mundo?
vii) Que incentivos incluindo
monetários os Estados africanos
colocam a disposição da
Mulher para que ela desenvolva
iniciativas de consolidação
da Paz e Segurança em África
começando a partir da sua
própria comunidade?
viii) Qual é a qualidade da
fiscalização, levada a cabo pelos
Deputados africanos, dos
mecanismos de promoção das
políticas de género e da Resolução
1325 sobre mulheres,
paz e segurança das Nações
Unidas?
Reflictamos todos sobre o
que cada um de nós tem feito
para a educação e participa-
ção activa da Mulher Jovem
em África!
RESUMINDO:
Nos termos do princípio da
Igualdade do Género, no âmbito
dos Objectivos de Desenvolvimento
Sustentável
(ODS), sucessores dos Objectivos
de Desenvolvimento do
Milénio (ODMs):
É necessário garantir a participação
plena e efectiva das
mulheres e a igualdade de
oportunidades para a liderança
em todos os níveis de
tomada de decisão na vida
política, económica e pública,
adoptar e fortalecer políticas
sólidas e legislação aplicável
para a promoção da igualdade
de género e o empoderamento
de todas as mulheres
e meninas em todos os níveis.
Para a jovem mulher polí-
tica, uma oportunidade peculiar
surge visto que com
o acesso aos centros de decisão,
tais como os poderes
executivo e legislativo, ela
participa activamente na
adopção de medidas e legislação
promotora da igualdade
do género.
EM CONCLUSÃO
A jovem mulher deve estar
no centro das nossas aten-
ções na definição de políticas,
legislação, campanhas
de sensibilização e educação
cívica porque (como dissemos
no começo da nossa interven-
ção) ela representa a maioria
da população e é a principal
vítima dos conflitos armados
e não só, resultando em casamentos
prematuros e demais
violações de direitos humanos
da jovem mulher.
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