- Por Miguel Luís
Repugno com veemência actos pessimistas, porém, como em todos os casos, dou lugar a excepções quando os mesmos são carregados de realidade. Razão pela qual vos convido a não olhar esta reflexão como um mero acto pessimista, mas sim, como uma análise que colocando acima de tudo a realidade, desemboca nesse fulano que o chamamos pessimismo.
O mês que se encontra no fim foi repleto de muita boa nova para o povo moçambicano no que diz respeito à temática da paz. As negociações entre o Chefe de Estado e o líder da RENAMO têm resultado em avanços notáveis dentre os quais se destaca o anúncio de uma trégua sem prazos, o Chefe de Estado anunciou a retirada das Forças de Defesa e Segurança da serra de Gorongosa (algo que até agora foi apenas palavra dita) e o mais surpreendente de toda esta novela é mesmo a nova face de Dhlakama, um irmão que se decidiu reconciliar com os seus opositores e pedir aos Moçambicanos que esqueçam os diferendos com a FRELIMO, colocar o passado de lado, perdoar esse irmão pecador e ter paciência com ele, isto até me soa como um cristão católico que decidiu pôr em prática a mensagem evangelizadora que a Igreja Católica pregou no Ano da Misericórdia.
Desculpem-me chamar-vos à razão, nada disto constitui novidade nesta novela na qual todos fazemos parte.
Queria eu que isto tudo fosse realidade, que a palavra fosse acção, que a política fosse um campo digno de confiança. Mas com os acontecimentos passados, a minha petulante consciência não me permite ter sossego nem plena confiança em boa parte das palavras e acções que sejam do domínio político.
Para além do mais, parece que quando se fala de paz neste país vivemos num ciclo repetitivo cujas fazes são: Instabilidade político-militar; Acordos; Eleições; Instabilidade Político-militar; O que me serve de garantia que um ciclo que já leva muito tempo será interrompido desta vez?
Da última vez o líder da Renamo ainda foi recebido em apoteose, encheu comícios, prometeu fazer jogo limpo, mas o ciclo não foi interrompido. Em véspera de eleições somos todos irmãos, vivemos um cenário de normalidade política, a Assembleia da República recebe projectos novos de leis eleitorais, as reivindicações da Renamo são atendidas, mas após as eleições tudo volta ao mesmo ponto. E se Dhlakama não ganhar de novo?
Proponho ao fim desta pequena reflexão um desafio aos principais intervenientes deste processo, tenham a bondade de envergonhar estes pobres pessimistas que vivem dizendo que isto será mesma coisa e deem paz a este povo!
Por Miguel Luís
@VERDADE - 30.05.2017
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