Eduardo Knapp/Folhapress | ||
O presidente Michel Temer (PMDB) durante evento empresarial em São Paulo |
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A cada passo do estágio atual da crise política brasileira, Michel Temer
se torna uma figura progressivamente indissociável daquela de sua
antecessora, Dilma Rousseff (PT). O imbróglio da demissão e revolta
do ex-ministro Osmar Serraglio escancarou as dificuldades do
peemedebista em manter um plano coeso para recuperar a governabilidade
após o sismo decorrente da delação da JBS.
Se no estertor de seu mandato Dilma fez de tudo para tentar garantir o foro privilegiado para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fugir do juiz Sergio Moro, e de quebra transformá-lo numa espécie de primeiro-ministro para tentar pilotar uma saída da crise que afogava a petista, Temer avalia o mesmo mecanismo para algo bem mais prosaico: evitar que um investigado, Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), abra o bico.
E o que ele teria a dizer? Além de ter sido filmado com R$ 500 mil em propinas, já devolvidas em parcelas, oriundas da JBS, Loures é unha e carne com Temer. A expressão "carregador de mala", corrente em Brasília para designar assessores de confiança máxima, ganha contornos realistas no caso dele. Por mais que o presidente tente se afastar do aliado, o mundo político todo sabe da proximidade entre os dois.
Assim, a resistência de Serraglio de ser ejetado sem honras do Ministério da Justiça virou um pesadelo político. Com a volta do deputado à Câmara, já que recusou o posto honorífico de ministro da Transparência (algo tão brasileiro), Loures perde o foro (está afastado do cargo, mas voltaria a ser suplente) e pode ir cair na mão da turma de Curitiba capitaneada pelo juiz Sergio Moro.
Com a decisão do Supremo de manter Loures investigado no mesmo inquérito de Temer, por ora ele segue numa zona de conforto análoga à do foro. Mas ninguém garante que amanhã ele não seja investigado em alguma outra apuração, longe da lerdeza processual usual das cortes superiores. Claro que isso não garante ou evita uma delação premiada, mas dá a medida das coisas.
Mas a mera possibilidade de Loures ter de trocar foro por Moro apavorou o Planalto, que já busca alternativas para nomear para o supracitado ministério na bancada paranaense que pode ceder a vaga para Loures não voltar à suplência e perder as prerrogativas.
Parece desespero, e é. Por mais que a situação tenha melhorado por nebulosa, em favor de Temer, com a indicação de Torquato Jardim para a Justiça, o fato é que o Planalto do PMDB teme o impacto de qualquer vento; a proverbial pinguela do presidente pende por um fio.
Os casos são diferentes, mas cabe lembrar o que ocorreu há um eterno um ano: Dilma acabou impedida e Lula responde a processo sob acusação de obstrução de Justiça.
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