Central analisa propostas
Moçambique Capitais concorre à recapitalização do Moza
Máfia no
HCM Pág. 6
Naíta Ussene
TEMA DA SEMANA 2 Savana 26-05-2017
da República onde detém a maioria
parlamentar.
Militares continuam na
Gorongosa
Afonso Dhlakama lamentou a demora
na retirada das posições militares
estacionadas à volta da serra da Gorongosa.
É que depois do Presidente
da República ter anunciado há três
semanas a retirada daqueles contingentes
e criação de dois centros conjuntos
de verificação e controlo da
pacificação do país, esperava o líder
da Renamo que o processo fosse cé-
lere, mas nada está a acontecer até ao
momento e continua sitiado pelas 26
posições que cercaram a serra.
“Acordamos que iriam sair algumas
posições das FADM e FIR que se
encontram ao redor da serra para
depois as restantes abandonarem as
suas posições pouco a pouco até à
conclusão do processo a 30 de Junho,
de momento não vejo nada. Aqueles
postos militares foram estabelecidos
para capturar-me ou matar-me, mas
falharam e agora devem regressar aos
quartéis porque não têm mais nada
por fazer”, disse Dhlakama, esperan-
çoso de que o processo chegará a um
bom porto.
Arranca esta sexta-feira, na
capital do país, a IV sessão
extraordinária do Comité
Central (CC) da Frelimo,
que vai iniciar o alinhamento de
posições rumo ao XI congresso do
partido que terá lugar em finais de
Setembro deste ano. O XI congresso
do partido governamental poderá ser
a reunião onde Filipe Nyusi iniciará
o controlo efectivo do partido ainda
dominado (Comité Central e Comissão
Política) pelo guebuzismo.
O encontro de dois dias, que vai juntar
cerca de 200 membros efectivos
daquele órgão deliberativo no intervalo
entre os congressos, tem em
cima da mesa três pontos de agenda.
Segundo deu a conhecer o porta-voz
da Frelimo, António Niquice, trata-
-se da proposta do plano de actividades
e orçamento para o presente ano,
a análise da situação política, econó-
mica, paz e social do país.
O terceiro tema abordará o ponto de
situação dos preparativos para ao XI
congresso que terá lugar de 26 de Setembro
a 1 de Outubro, na Escola do
Partido no município da Matola.
Niquice acrescentou que na reunião
será dado a conhecer o estágio das
conferências provinciais que arrancam
próximo mês, cujo objectivo é de
eleger os delegados e aprovação das
teses rumo ao congresso. Nas vésperas
do congresso, o CC deverá reunir-
-se em sessão ordinária para formalmente
homologar a agenda da mais
importante reunião partidária.
O congresso do partido governamental
é aguardado com muita expectativa,
pois, para além de dar um voto
de confiança a Filipe Nyusi como
candidato às presidenciais de 2019,
permitirá ao timoneiro do partido
fazer mexidas no xadrez de modo a
posicionar as suas pedras nos cargos
decisórios. Mas ao que apurámos, não
é líquido que Nyusi terá uma vida facilitada
no XI congresso.
Diferentemente de Guebuza, que foi
um “candidato natural” no Congresso
de Muxara, em 2012, há grupos-pró-
-guebuza que se estão a posicionar
para fazer emergir um segundo candidato.
“O camarada Guebuza não está a
dormir. Está vivo e ainda não engoliu
a humilhação que culminou com a
sua saída pela porta pequena da presidência
do partido em 2015”, frisou
uma importante fonte do partido governamental,
fazendo antever que a
vida não será fácil para Nyusi montar
o seu xadrez.
Guebuza tem tido uma conduta
considerada discreta, sendo os seus
posicionamentos habitualmente defendidos
pelos advogados Isálcio
Mahanjane, Alexandre Chivale e Armindo
Chavana, um antigo PCA da
televisão governamental. Os partidá-
rios de Guebuza tentam a todo o custo
isentá-lo de culpas no “escândalo
das dívidas escondidas”, um processo
considerado inconstitucional pelo
parlamento moçambicano.
O campo de Guebuza tem feito velados
ataques a Nyusi demonstrando o
seu envolvimento no endividamento
do país para a aquisição de um sistema
de protecção costeira e uma frota
de pesca ao atum. Depois de terem
sido vazados vários documentos do
gabinete de Nyusi enquanto ministro
da Defesa, foram colocados nas redes
sociais dois documentos forjados
grosseiramente, atribuindo-se a sua
autoria à PGR (Procuradoria Geral
da República).
Numa das falsificações Nyusi teria as
suas contas bancárias investigadas e,
na falsificação circulada esta semana,
a procuradora-geral “acusava” Nyusi
de bloquear as investigações a cabo
da empresa de auditoria forense,
Kroll.
Na verdade, o processo de reposição
das pedras e de compra de lealdades
já iniciou ao nível dos movimentos
sociais do partido. No passado mês
de Abril, a Associação dos Combatentes
de Luta pela Libertação Nacional
(ACLLIN) reconduziu o seu
controverso secretário-geral, Fernando
Faustino, que claramente já se
“contrabandeou” para o lado o actual
presidente. As “sortes” de Nyusi começaram
a mudar quando promoveu
o controverso general Lagos Lidimo
a chefe dos Serviços de Segurança
do Estado (SISE). A investigação
da Kroll progrediu, houve entendimentos
militares com Dhlakama e o
“campo Guebuza” foi posto na linha,
segundo explicação fornecida ao jornal.
Pontos fortes de Nyusi
Filipe Nyusi chega assim politicamente
reforçado à reunião do CC. O
reavivamento do diálogo directo com
o líder da Renamo, Afonso Dhlakama,
é visto em meios habilitados
como um ganho político de Filipe
Nyusi e com consequências plausí-
veis.
Observadores fazem notar que Nyusi
tem ganho as pressões internas, aparentemente
influenciadas por sentimentos
desconfortáveis, disseminadas
via redes sociais por agentes do
moribundo G-40, em relação ao espírito
de abertura no diálogo directo
com o líder da Renamo.
Um dos ataques recorrentes é que
Nyusi dá agora pouca importância
à Comissão Política da Frelimo. Os
apoiantes do presidente fazem notar
que, apesar de Nyusi dever lealdade
ao partido que o elegeu, o seu juramento
“foi feito sobre a Constituição
da República e não sobre os estatutos
do partido”.
O último Congresso da Frelimo,
onde Guebuza logrou garantir assentos
nos órgãos mais importantes do
partido, para muitos apaniguados, realizou-se
nos arredores da cidade de
Pemba, província de Cabo Delgado,
em 2012.
Além de ter visto sair em Muxara
alguns “incómodos” do CC, casos de
Jorge Rebelo, Guebuza também viu
serem eleitas para a Comissão Política
muitas figuras que lhe são incondicionalmente
afectas. Mas é no
XI Congresso, onde “a marrabenta
será substituída pelo mapiko”. É que,
orgulhosos do seu passado nacionalista,
pode ser que os “makondes” no
partido não permitam que se faça de
Filipe Nyusi um “bobo da corte” no
XI congresso.
Devido às obras de reabilitação da
Escola do partido na Matola, arrasado
por um vendaval, o CC extraordinário
da Frelimo vai realizar-se
no Centro de Conferências Joaquim
Chissano. Ao que apurámos, as obras
da reposição da sala na Matola estarão
concluídas nas vésperas do congresso.
Ali serão acomodados cerca
de três mil delegados e convidados.
Frelimo reúne-se com olhos postos no Congresso
Com um tom de voz acusando
desgaste com o rumo
das negociações que não
estão a trazer resultados
imediatos, Afonso Dhlakama falou
esta quarta-feira, via teleconferência,
aos membros do seu partido da província
de Maputo e não escondeu a
sua insatisfação com o processo.
O líder da Renamo desabafou perante
os quadros do partido que não
esperava tamanha lentidão nas negociações
e manifestou a sua preocupação,
principalmente, no que diz
respeito ao pacote da descentraliza-
ção que, no seu entender, deveria ter
entrado na Assembleia da República
antes do encerramento da V sessão
daquele órgão. O desagrado de
Dhlakama estende-se a não retirada
das posições militares à volta da serra
da Gorongosa, tal como acordado
com o presidente da República, Filipe
Nyusi. Apesar destas contrariedades,
diz estar convicto que a batalha será
ganha.
Os problemas de rede e técnicos no
eixo Gorongosa-Maputo atrasaram,
por cerca de 50 minutos, o início da
comunicação via telefone entre o lí-
der da Renamo, Afonso Dhlakama,
e os membros do seu partido a nível
da província de Maputo, que estava
prevista para arrancar às 10:00 horas.
Dhlakama começou por explicar que
continua na serra da Gorongosa para
dar seguimento à luta pela democracia,
daí que desta vez deu uma trégua
sem prazos, o que não significa que
a guerra terminou porque ainda não
foi assinado qualquer acordo formal.
É neste espírito que decorrem as
negociações entre o Governo e a
Renamo com vista a encontrar uma
solução para que os governadores
provinciais passem a ser eleitos, no
âmbito da descentralização da administração
do Estado.
A viabilização desta lei, segundo
Dhlakama, abre espaço para que
qualquer partido possa apresentar os
seus candidatos de modo a concorrerem
para a governação duma determinada
província.
O que acontece actualmente, de acordo
com Dhlakama, é que o Governo
central nomeia os seus governadores,
mesmo numa situação em que a referida
província tenha sido ganha por
um partido da oposição. Tal, acrescentou,
contrasta com os princípios
básicos de uma democracia pluralista.
Disse que desde as primeiras eleições
“Estou preocupado com a lentidão”
Por Argunaldo Nhampossa
presidenciais e legislativas em 1994
até às últimas de 2014, o seu partido
tem ganho com frequência as províncias
do centro e norte com excepção
de Cabo Delgado. Mas, em contrapartida,
o Governo da Frelimo tem
nomeado os seus homens para dirigem
os destinos daquelas províncias,
o que tem frustrado aquelas popula-
ções que pretendem ser dirigidas com
o manifesto que votaram.
“Neste percurso de exigir que a democracia
seja efectiva em Moçambique,
é preciso que o partido que
ganha governe onde ganhou. Se eu
lanço um manifesto, o eleitorado
gosta e vota no meu programa, porque
é que o Governo central tem de
arranjar um estranho para governar?
Isto é estranho à democracia e as sociedades
modernas já não permitem.
Só partidos comunistas admitem”,
apontou.
Assim, o líder da Renamo diz que é
no sentido de responder ao anseio das
populações que votam na Renamo
que está a negociar com o Governo
o pacote sobre a descentralização da
administração do Estado. Não escondeu
a sua insatisfação e revelou que o
processo está muito lento, pois, no seu
entender, aquele documento deveria
ter sido submetido à Assembleia da
República antes do encerramento da
V sessão da VIII legislatura a 11 de
Maio, do presente ano.
“Há lentidão e não é o que esperava
das negociações. Estou preocupado
com esta lentidão”, desabafou,
tendo de seguida dito que a história
obriga-o a compreender a demora do
processo porque está a trabalhar com
um regime resistente a mudanças.
Diz que é neste sentido que o Governo,
sustentado pela Frelimo, tem
marcado sucessivos passos face às
exigências da Renamo que tiveram o
seu auge na reprovação das propostas
de descentralização pela Assembleia
- Desabafa Afonso Dhlakama
Afonso Dhlakama
-Formalmente, três pontos compõem a reunião, mas há muitos militantes de dedo no gatilho
Por Argunaldo Nhampossa
Filipe Nyusi não terá vida facilitada até ao congresso
TEMA DA SEMANA Savana 26-05-2017 3
AMoçambique Capitais
(MC), accionista maioritária
do Moza Banco,
apresentou esta terça-
-feira uma proposta para a recapitalização
da instituição de cré-
dito intervencionada pelo Banco
de Moçambique desde Setembro
de 2016, depois de entrar em derrapagem
financeira, nomeadamente
falta de liquidez e quebra
do índice de solvabilidade fixado
pelo Banco Central.
O órgão regulador da banca estabeleceu
o prazo de 23 de Maio
para a apresentação de propostas
para a recapitalização do Moza,
depois de os accionistas do banco
(MC e os portugueses do Novo
Banco) terem falhado a 23 de
Março a entrega de garantias bancárias
para injectar cerca de 8.170
milhões de meticais no banco.
O SAVANA apurou que, conjuntamente
com a proposta dos
moçambicanos da MC, há mais
três propostas que deram entrada
no Banco Central. A imprensa
internacional mencionou
anteriormente os nomes do Barclays
Bank, da Societé Generale
de França e do Banco Africano
de Marrocos (propriedade da
BMCE).O grupo Atlas Mara é
referido como tendo desistido da
operação.
Quarta-feira, o SAVANA contactou
o BM para comentar em
torno das propostas recebidas. A
direcção do gabinete de imprensa
prometeu pronunciar-se, mas até
ao fecho da nossa edição o facto
ainda não se tinha materializado.
As propostas recebidas serão avaliadas
por uma comissão composta
por um representante do BM,
o PCA interino do Moza, João
Figueiredo, e um representante da
IFC (Internacional Finance Corporation
do grupo Banco Mundial).
É possível que o primeiro
pronunciamento da comissão seja
feito a 9 de Junho corrente.
Ao que o jornal conseguiu apurar,
os moçambicanos da MC concorrem
à recapitalização do Moza associados
a um fundo europeu com
experiências bem sucedidas em
bancos de dois países africanos.
Do fundo faz parte um grande
banco de referência internacional.
A expectativa é que a proposta
contribua para manter o Moza
com todas as suas valências, para
manter a sua força de trabalho
e ir de encontro às propostas de
consolidação do sector financeiro
moçambicano, conforme desejo
expresso pelo governador do BM,
Rogério Zandamela. A proposta
da MC traz novas valências técnicas
e diversifica o sector dominado
por capitais portugueses e sul-
-africanos. O músculo financeiro
dos novos parceiros permitirá ao
banco liquidar a assistência de liquidez
de emergência (ALE) que
vem acontecendo desde Setembro
de 2016.
A proposta da MC não é partilhada
pelo Novo Banco, mas os
accionistas portugueses continuam
a manifestar interesse em permanecer
na estrutura de capital
do banco.
É importante lembrar que, antes
da intervenção do BM, muito
pela mão do governador Rogério
Zandamela, que, na tarde de 30
de Setembro de 2016, suspendeu
todo o Conselho de Administra-
ção do Moza, os accionistas do
banco haviam decidido, também
em Assembleia Geral, na recapitalização
da instituição, mas não
houve condições para o cumprimento
da decisão.
Fundado em 2008 num mercado
bancário dominado por capitais
internacionais, o Moza, que se
afirmou como o primeiro banco
verdadeiramente moçambicano,
fora da esfera Frelimo, é participado
em 51% pela Moçambique
Capitais e em 49% pelo português
Novo Banco português.
Com uma quota de mercado de
7,2% no crédito, 7,68% nos depósitos
e 8,88% nos activos, em
2015, o Moza registou um resultado
líquido de 81,7 milhões de
meticais, abaixo dos 153 milhões
de meticais conseguidos no ano
anterior.
Com a intervenção, o BM nomeou
uma nova Comissão Executiva
(CE), presidida por João
Figueiredo, um accionista do concorrente
Banco Único, com o intuito
de estabilizar o Moza, num
prazo de seis meses, mas que já se
alastra por oitos meses. O antigo
CE era presidido por Prakash Ratilal.
De lá para cá, o BM injectou
cerca de oito mil milhões de Meticais,
para travar o que o governador
de Banco Central chamou de
“terramoto” no sistema financeiro
nacional, tendo em conta que o
Moza é um banco sistémico, ou
seja, a sua queda podia precipitar
o sistema financeiro moçambicano
para o terreno difícil.
Em cima do prazo dado pelo BM
Moçambique Capitais concorre à
recapitalização do Moza
Por Raul Senda
TEMA DA SEMANA 4 Savana 26-05-2017
Através de um comunicado,
tendencialmente,
enganoso, a Procuradoria-geral
da República
(PGR) convocou a comunicação
social, esta quarta-feira, para uma
conferência de imprensa que acabou
sendo fatal para a própria
instituição. Ao invés de amainar
os ânimos de um povo que, desesperadamente,
aguarda pela abertura
do intricado dossier sobre as
dívidas ocultas, a PGR veio colocar
mais achas na fogueira. E o
órgão dirigido por Beatriz Buchili
tem uma receita para a sociedade:
calma e serenidade. O SAVANA
soube que a Suécia, país que
financiou a auditoria e o Fundo
Monetário Internacional (FMI) já
fizeram, por escrito, comentários
sobre o relatório da Kroll.
Num sugestivo comunicado de imprensa,
a PGR chamou a comunicação
social para uma conferência
de imprensa subordinada à “prestação
de informações em torno do
Relatório da Auditoria Internacional,
realizado pela Kroll Associates
UK”.
Tratando-se do assunto do momento,
um batalhão de jornalistas,
de órgãos nacionais e internacionais,
acorreu à PGR para ouvir as
“informações em torno do relató-
rio”.
A expectativa era de, pelo menos,
ter-se as linhas preliminares do tão
aguardado relatório, se bem que
as conclusões mais fracturantes da
investigação, essas, poderão nunca
chegar ao conhecimento público.
Puro engano dos jornalistas e editores
que ali acorreram porque, ao
invés de partilhar o sumário executivo
do relatório, a PGR queria,
pura e simplesmente, distanciar-se
do que chama de ofícios e relató-
rios falsos que circulam nas redes
sociais.
“Na verdade, nós vamos fazer uma
comunicação restringida a algumas
informações que consideramos
úteis para o consumo público”, disse,
a começar, o novo porta-voz da
PGR, Orlando Generoso, um antigo
procurador provincial de Sofala.
Mas, na verdade, tratava-se de uma
demarcação de posição por parte
da PGR em relação a informações
que têm vindo a circular nas redes
sociais, com autoria atribuída à
Procuradoria e dando conta do envolvimento
do actual presidente da
República, Filipe Nyusi, no negó-
cio das dívidas ocultas, contraídas
na altura em que era ministro da
Defesa.
Aliás, na noite anterior, terça-feira,
um comunicado, claramente, falso,
foi vazado nas redes sociais, em
nome da PGR, indicando que a
principal dificuldade na investiga-
ção das dívidas tem que ver com o
envolvimento de Filipe Nyusi em
todo o processo, acrescentando que,
para além de envolvido, o então ministro
da Defesa foi um dos conceptores
das dívidas que empurraram
o país à actual crise económica.
Ao invés de uma conferência de
imprensa de “distanciamento”, o
tiro acabou saindo pela culatra e
contra a própria PGR.
Depois de ter recebido, no passado
dia 12, o relatório às dívidas ocultas,
no âmbito do processo-crime
em curso visando a Empresa Mo-
çambicana de Atum (EMATUM),
Mozambique Asset Manadgement
(MAM) e Proindicus, a PGR diz
que tem estado a acompanhar a
publicação, nas redes sociais, de supostos
ofícios e relatórios da PGR
sobre a auditoria.
São ofícios e relatórios que, de
acordo com o porta-voz do órgão,
são uma clara manipulação da opinião
pública sobre a matéria, para
além de porem em causa a imagem
e o bom nome de entidades exercendo
cargos públicos e cidadãos
neles referenciados, insinuando
documentos assinados pela procuradora-geral
da República (Beatriz
Buchili) e com a menção do chefe
de Estado (Filipe Nyusi).
“A Procuradoria-geral da Repú-
blica pretende, mais uma vez, por
intermédio dos órgãos de comunicação
social, distanciar-se desses
supostos ofícios e relatórios que
circulam nas redes sociais”, afirmou
Orlando Generoso.
Infracções criminais
Por outro lado, disse que a publicação
e circulação de documentos
dessa natureza, conferindo-lhes
o teor e características oficiais
de instituições, com objectivo de
desvirtuar a verdade, podem consubstanciar
infracções de natureza
criminal.
Por isso, fez saber que está em curso
uma investigação visando a identi-
ficação e responsabilização dos seus
autores, contando com a colabora-
ção de instituições congéneres estrangeiras
e outras especializadas
em matérias das tecnologias de informação
e comunicação.
Mas alguns desses documentos
estão a ser vazados por Nini Satar,
procurado pela própria procuradoria,
que, inclusivamente, já instaurou
um mandato de captura.
Confrontado com a questão, o
porta-voz respondeu: “o propósito
que queríamos partilhar é o conteúdo
das informações que serão
doravante partilhadas com o pú-
blico por via desses órgãos de comunicação
social. Outras matérias
são objecto de investigação”, disse,
acrescentando que toda a informa-
ção sobre a auditoria, que não for
comunicada ao público por via de
conferências de imprensa, deve ser
considerada irrelevante.
PGR põe mais achas na fogueira com…
Aantiga embaixadora da Suécia (país
financiador da auditoria), em Mo-
çambique, Irina Nyoni, baseando-se
nos Termos de Referência (TdR), havia
dito ao SAVANA, em Março último, que
após a entrega, pela Kroll, do relatório, a PGR
publicaria, imediatamente, um sumário executivo,
para, 90 dias depois, publicar o relatório na
íntegra.
Mas sobre o conteúdo do relatório, que é o que
todo o mundo espera, ansiosamente, o porta-
-voz da PGR foi, simplesmente, vago quanto ao
timing para a publicação do sumário executivo.
“Na verdade, no que se refere ao relatório da
auditoria realizada pela Kroll, importa asseverar
que, efectivamente, a Procuradoria-geral da
República e os auditores da Kroll estão, neste
momento, a analisar o relatório para aferir a sua
conformidade com os termos de referência, após
o que, como oportunamente foi adiantado, em
comunicado de imprensa, a Procuradoria-geral
da República, oportunamente, irá partilhar com
o público, por intermédio dos órgãos de comunicação
social, os resultados da auditoria”, disse
Orlando Generoso.
À expectativa dos cidadãos, há uma receita: calma
e serenidade. “A Procuradoria-geral da República
está ciente da expectativa que paira na
sociedade em torno dos resultados da auditoria
e apela à calma e serenidade”, precisou Generoso.
Segundo o porta-voz, os resultados da auditoria
são de maior interesse para a PGR para o
prosseguimento da investigação que está sendo
levada a cabo pelo órgão.
Questionado sobre o que já foi feito até então,
em termos de análise do relatório recebido no
passado dia 12, a fonte sublinhou não ser oportuno
partilhar o que está sendo feito, neste momento,
sobre um assunto cujo objecto está ainda
em investigação.
E o SAVANA quis saber da estimativa do tempo
para a publicação do sumário executivo. “É
um trabalho aturado. As equipas conjuntas da
Procuradoria-geral da República e dos auditores
estão, neste momento, a trabalhar, e esperemos
pelo progresso dos resultados desse trabalho”,
respondeu.
“Este ou próximo mês?”, insistimos, ao que respondeu:
“esperemos pelo progresso dos resultados”.
Inconformados, perguntamos ainda ao porta-
-voz sobre as ilações preliminares da avaliação
em curso sobre o relatório, mas a única diferen-
ça foi das palavras empregues. “A Procuradoria-
-geral da República, oportunamente, irá partilhar
por ter consciência que esta é matéria de
interesse público”, disse.
Sobre os resultados da quebra de sigilo bancário
à empresa Jocira Internacional e a 19 personalidades,
que incluem o antigo presidente, Armando
Guebuza e seus próximos, incluindo filhos,
Generoso reiterou: “é do interesse da Procuradoria-geral
da República a finalização deste relatório
para depois se encontrar as conexões que
eventualmente possam ser procuradas”.
Questionado sobre a publicação do relatório na
íntegra, incluindo os nomes, respondeu que o
documento será publicado em respeito aos termos
de referência que, entretanto, publicamente,
são desconhecidos.
Mas sabe-se que, mesmo que a PGR partilhe,
nos próximos dias, o sumário executivo, não haverá
nomes, sob alegação de que o processo está
ainda em fase de instrução preparatória.
Aliás, num exclusivo a este semanário, ainda
este ano, a antiga embaixadora sueca, Irina
Nyoni, explicou que, no seguimento dos TdR,
não serão divulgados os nomes dos implicados
no escândalo das dívidas ocultas estimadas em
mais de USD 2 mil milhões e contraídos na recta
final do reinado de Armando Guebuza.
O Centro de Integridade Pública (CIP) entende
que a reacção da PGR por causa de um
comunicado que envolve o presidente da República,
quando há muitos casos graves sobre
os quais o público espera que a PGR venha se
explicar, mas não o faz, é descabida e reforça a
ideia de que a justiça moçambicana está a reboque
do poder executivo.
E Orlando Generoso reage, afirmando: “a PGR
não se guia em função das percepções. Está vinculada
a critérios que estão, detalhadamente,
especificados na lei. Nós estamos a cumprir a
nossa missão”.
No final da conferência, o SAVANA interpelou
o porta-voz para saber do ponto de situação
sobre o desaparecimento, mês passado, de dois
reclusos cujo carro policial que os transportava
foi metralhado em plena zona nobre do país.
Mas Generoso voltou a repetir que a PGR está
ainda à espera do relatório da medicina legal
para apurar se os corpos encontrados nas matas
da Moamba são ou não de José Countinho e
Alfredo Muchanga.
Relatório? Não, obrigado!
Pronunciamentos impróprios para cardíacos
Por Armando Nhantumbo
Apelamos à calma e serenidade quanto aos resultados da auditoria, Orlando Generoso, porta-voz da PGR, falando numa
conferência de imprensa bastante concorrida
TEMA DA SEMANA Savana 26-05-2017 5
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6 Savana 26-05-2017 SOCIEDADE
Aeuforia gerada com a introdução,
há cerca de três
anos, de controladores
electrónicos visando imprimir
maior transparência e flexibilidade
no atendimento ao nível
do Hospital Central de Maputo
(HCM) está a transformar-se em
frustração. Funcionários do Hospital,
entre outro pessoal ali afecto,
estão, simplesmente, a contornar a
tecnologia para perpetuar o velho
esquema de cobranças ilícitas aos
doentes que acorrem àquela que é a
maior unidade sanitária do país. É a
acção humana em vias de comprometer
um projecto que, caso o cerco
não seja apertado, poderá transformar-se
num investimento falhado.
Na verdade, mais um.
O sistema de controladores electrónicos
foi, oficialmente, inaugurado, em
fase piloto, em princípios de 2014,
na principal farmácia do hospital e,
paulatinamente, foi introduzido nos
Serviços de Urgência e Reanimação
(SUR), incluindo nas urgências de
Pediatria.
Da Unidade Gestora e Executora
das Aquisições (UGEA) à Direcção
Administrativa do HCM, o SAVANA
apurou que, ao todo, a instalação
daquele sistema de gestão de atendimento
custou 223.387 Meticais.
Mas a factura sobe com a manuten-
ção. São 10.250 Meticais por aparelho,
em cada mês. O resto é aritmética.
A manutenção dos três aparelhos
custa, ao todo, uma factura mensal de
cerca de 30.750 Meticais.
Assim, de Abril de 2014 a esta parte,
só o controlador da principal farmá-
cia do HCM consumiu cerca de 369
Mil Meticais. Ainda na casa dos 300
Mil está a factura do controlador das
urgências da Pediatria, que foi inaugurado
cerca de três meses depois.
Por sua vez, o controlador do SUR,
inaugurado em Abril de 2015, tem
uma factura de cerca de 246 Mil Meticais.
Trata-se de despesas que não
incluem as reparações dos sistemas
em casos de avarias.
Sabotagem
Na hora da introdução dos sistemas,
a direcção do HCM justificou a inovação,
dentre vários objectivos, com a
necessidade de reduzir ao mínimo o
tempo de espera dos pacientes, privilegiar
a transparência e desencorajar
cobranças ilícitas.
Mas três anos depois, nem a transparência,
muito menos a redução de
cobranças ilícitas, desapareceram no
HCM. E o cenário mais dramático
vive-se ao nível dos Serviços de Urgências.
Aqui, a triagem dos doentes é feita a
três níveis. O primeiro é da senha A,
que é a mais prioritária de todas e é
atribuída aos doentes muito graves,
a necessitarem de um atendimento
de emergência. A senha B é correspondente
aos doentes com urgência
média, que podem esperar pelo atendimento
dos doentes da senha A.
A senha C é atribuída ao doente sem
critério de urgência, que pode esperar
pelo atendimento dos doentes com as
duas primeiras senhas.
A ideia era para eliminar o critério
anterior no atendimento, que se baseava
na ordem de chegada dos pacientes.
Assim, com o sistema de triagem,
o doente é recebido na aceitação
e, numa média de até 10/15 minutos,
é observado por um médico triador
que, em função do diagnóstico, atribui
ao paciente a senha correspondente
ao estado em que se encontra.
Significa que, por mais tarde que
chegue, o doente em estado grave
tem direito de ser atendido primeiro
comparativamente ao doente das senhas
B e C. Até aí tudo bem.
Mas não é, exactamente, isso que
acontece no HCM. Uma rede de
funcionários do hospital e outros ali
afectos está a contornar os controladores
electrónicos para efectuar cobranças
ilícitas aos doentes.
Desde técnicos administrativos até
profissionais de saúde, passando por
agentes de segurança privada ali afectos,
estão envolvidos no esquema.
Os pacientes que ali acorrem são cobrados,
ilicitamente, valores que partem
de 200 meticais, só de consulta, e
podem ascender aos 400 em caso de
algum exame laboratorial.
O que sucede é que, por mais que o
seu estado de saúde diga respeito à
senha C, ou seja, um doente não urgente,
basta pagar aos “facilitadores”
para ter prioridade no atendimento.
E, quanto mais alto paga, mais VIP o
tratamento é.
E a longa espera fica para os pacientes
sem recursos para entrar no
esquema que, depois da triagem, chegam
a permanecer na sala de espera
por cerca de quatro horas.
São, diariamente, dezenas de pacientes
que, aflitos, têm pouca margem de
manobra e acabam caindo nas garras
do sindicato que opera no hospital de
Funcionários contornam controladores electrónicos para cobrar dinheiro aos doentes
0iÀDQR+&0
Por Armando Nhantumbo
batas, fatos e equipamento de empresas
privadas de segurança.
E o HCM reconhece a forte interferência
do factor humano no atendimento
aos doentes.
“Claro que nem tudo é mar de rosas.
O sistema tem as suas falhas. A selec-
ção continua sendo humana e, porque
a selecção é feita pelos médicos,
uma e outra coisa pode falhar”, reage
o porta-voz do HCM, Raúl Cossa.
Mas Raúl Cossa, que também é director
do Banco de Socorros do
HCM, diz que, no geral, valeu a pena
o investimento feito para a instalação
do sistema electrónico de triagem.
“Valeu a pena porque aquela confusão
que tínhamos de que ´eu cheguei
primeiro, mas não fui atendido
enquanto aquele chegou depois e já
foi atendido´, isso praticamente, eliminados”
considera.
Cossa diz ainda que com o sistema
conseguiu-se reduzir, drasticamente,
o tempo de espera para o atendimento,
mas o SAVANA constatou que
os pacientes continuam a ficar até
quatro horas.
O familiar que não era
O SAVANA reconstitui o caso de
um doente que, a 17 de Abril do corrente
ano, procurou os serviços do
HCM, padecendo de malária, duas
cruzes.
Dirigiu-se ao hospital para uma consulta
de urgência. Logo na porta de
entrada do banco de socorros, um
agente de segurança predispõe-se a
“agilizar o processo”, mediante o pagamento
de 150 Meticais.
Recusou-se e, sentindo-se incomodado,
o agente preferiu trocar a posição
com um dos seus colegas.
Dirigiu-se à “aceitação”, onde um
funcionário administrativo mandou-
-lhe esperar pelo atendimento. Depois
de cobrar 200 Meticais referentes
à consulta, esse, por sua vez,
informou que seriam necessários
outros 200 Meticais caso o médico
pedisse exame laboratorial.
Quando o paciente disse que não tinha
outro dinheiro, o funcionário do
HCM, de fato e gravata, respondeu:
“não há problemas, se exigirem aná-
lises venha ter comigo”. E assim foi.
Autenticou o documento da “aceita-
ção” com o carimbo “não pago” e com
as letras “FP”. Trata-se de um código
interno que os funcionários usam
para isentar os seus familiares ao pagamento
de qualquer taxa no hospital,
aliado ao carimbo “não pago”. É
na base desse código que os funcionários
cobram dinheiros aos doentes
que depois são tratados como se de
seus familiares se tratasse.
“Se o médico te perguntar porquê
não pagas, diga que meu primo trabalha
aqui”, recomendou o funcioná-
rio ao doente.
Dito e feito, a médica da triagem
“complicou” o doente, até que o falso
primo interveio, alegando ser primo
do doente.
Na sala de colheita de sangue para
as análises, o técnico de laboratório
também só atendeu o doente depois
de saber quem era o suposto “funcionário
familiar”.
E é essa rede que partilha os valores
ilicitamente cobrados aos doentes.
A possível solução
Por outro lado, Raúl Cossa admite a
subjectividade da avaliação do médico
de triagem.
“Pode chegar lá a dizer que tem dores
de cabeça e o médico dizer que é
grave e uma outra pessoa chegar com
a mesma dor de cabeça e o mesmo
médico dizer que não é grave”, reconhece.
Assim, uma das soluções passa pela
introdução do sistema que reduz a
interferência humana.
Trata-se do sistema de selecção dos
doentes de “Manchester”, que selecciona
os doentes, automaticamente.
O “manchester” já é aplicado em alguns
países do mundo. Na Comunidade
de Países de Língua Oficial
Portuguesa (CPLP), por exemplo, o
sistema já é usado em países como
Portugal, Cabo Verde e Angola.
Com o “manchester”, o médico faz
entrevista médica ao doente e, em
função das respostas, vai introduzindo
no sistema que, automaticamente,
diz qual o estado do doente, se é grave
ou não. Assim, em vez da subjectividade
humana, passa a ser o sistema
a determinar o estado do paciente.
“É aí onde nós queremos chegar”,
diz Cossa para quem a selecção dos
doentes vai ser muito melhor do que
agora. Questionado até quando a introdução
do novo sistema, Cossa não
precisa de datas, mas diz que para
breve e o Serviço de Urgências vai ser
o piloto nessa fase da informatização
do hospital.
“Tudo depende muito das obras de
reabilitação que dentro em breve vão
acontecer dentro dos serviços de urgência”,
disse Cossa, acreditando que
a introdução do sistema poderá ser
ainda este ano.
SOCIEDADE Savana 26-05-2017 7
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Um desespero abalou os
últimos dias os idosos, sobretudo
com carecas, no
distrito de Milange, noroeste
da província da Zambézia, com
o “surto” de rapto de homens-careca,
para fins satânicos, o que forçou
o desaparecimento de circulação de
muitos homens vistos como sinónimo
de riqueza, para não se tornarem
presas dos raptores, o mesmo
grupo que aprecia albinos.
Ao que o SAVANA apurou, algumas
sapatarias e alfaiatarias - geralmente
as profissões exercidas por
homens-carecas- ficaram fechadas
desde a quinta-feira da semana
passada nas principais esquinas
de mercados de Milange, após a
“apreciação” das carecas – calvícies
hereditárias tradicionalmente tidas
como sinónimo de riqueza – quando
seus órgãos passaram a substituir
os de albinos nos rituais satânicos
para enriquecimento ilícito.
“Xiii…nunca vi isto desde que nasci.
Meu avó era careca, meu pai era
careca, mas nunca mesmo ouvi histórias
assim. Assim eu ser apreciado
como mercadoria”, disse indignado
ao SAVANA Felisberto Muende,
um homem que está a ponderar
circular de peruca, que, no entanto,
reconhece que pode denunciar a sua
situação.
Milange, um distrito da Zambézia,
que faz fronteira com Niassa e Malawi,
assistiu o novo fenómeno com
espanto.
“É espantoso isso. Os velhotes de
balalaicas que desfilavam aqui desapareceram
das ruas de Milange
neste intervalo de três dias que ficou
famoso o rapto de homens carecas”,
disse Matias Faztudo, um morador
local, que pediu um trabalho cerado
da Polícia para contornar a situação,
sustentando que muitos idosos com
carecas são vulneráveis aos raptos
devido à insegurança.
Raptos
A polícia da Zambézia continua a
investigar dois casos de raptos, com
um homicídio de pessoas com calví-
cie, que a corporação suspeita estarem
relacionados com superstições.
Os dois raptos aconteceram no distrito
de Milange, na província da
Zambézia, e um suspeito de homicídio
num dos casos foi detido pela
Polícia, disse ao SAVANA, Miguel
Caetano, porta-voz do comando
provincial da PRM da Zambézia.
Os ataques a pessoas carecas são
classificados como um novo fenó-
meno, referiu.
Segundo o responsável, tudo indica
que sejam casos ligados a “superstições”,
à semelhança dos actos de
violência contra “pessoas albinas”.
“Há raptos e assassinos de pessoas
com calvinismo. A partir do caso
que conseguimos esclarecer, é mais
para caso de superstição, à semelhança
do que faziam com pessoas
albinas”, explicou Caetano.
As pessoas com calvície hereditária,
tal como as albinas, são tradicionalmente
tidas como sinónimo de riqueza
e os seus órgãos procurados
para praticar rituais, acrescentou.
Uma pessoa está detida por suspeita
de ter assassinado uma pessoa calva
para extrair parte dos órgãos, estando
a investigação do caso ainda em
curso para encontrar os mandantes
do crime.
“Detivemos um autor material, mas
ainda estamos a trabalhar na investigação
para deter o mandante. Estamos
a seguir pistas de indivíduos da
Tanzânia e do Malawi (tidos como
maiores compradores dos órgãos)”,
precisou Miguel Caetano, adiantando
que a Polícia já tem informações
cruciais sobre o novo fenómeno.
Troca de estratégia?
A nova onda de rapto de pessoas
calvas surge alguns meses após
abrandar a “chacina” de pessoas
portadoras de albinismo em Mo-
çambique, cujo número de rapto e
perseguição caiu significativamente,
apesar de continuar a preocupação
com a sua segurança.
Enquanto a OIM, Organização
Internacional para as Migrações e
a Procuradoria moçambicana, reuniam
na quinta-feira, 18, especialistas
nacionais, além de peritos do
Malawi e da Tanzânia, para discutir,
em Cabo Delgado, o rapto de albinos,
o primeiro caso de rapto de
pessoa calva era reportado na Zambézia.
Refira-se que dados fornecidos pela
Procuradoria-Geral da República
indicam que, em 2016, foram movimentados
em Moçambique um
total de 19 processos relacionados
com casos de tráfico humano, no
geral, dos quais sete tinham como
vítimas cidadãos com problemas de
albinismo.
Em 2015, dos 38 processos de trá-
fico humano movimentados pela
justiça moçambicana, 15 tinham
relação com albinos. E, desses 15,
10 foram acusados, três arquivados
e dois ainda estão em instrução, nos
tribunais.
O rapto, perseguição e assassinatos
de pessoas calvas, tanto de albinos,
em Moçambique, são motivados
por crenças e superstições, segundo
as quais essas pessoas são fonte de
riqueza.
Novo fenómeno desespera idosos que viram sua calvície valorizada para a desgraça
&DoD VHFDUHFDVHP0LODQJH
Por André Catueira
Savana 26-05-2017
9
PUBLICIDADE SOCIEDADE
10 Savana 26-05-2017 SOCIEDADE
Cerca de um mês depois de
o SAVANA ter avançado,
em primeira mão, a iminente
rescisão do contrato
entre o Governo da República de
Moçambique e a Semlex, o executivo
de Filipe Nyusi já lançou o
concurso público para a contratação
daquele que será o substituto da actual
empresa responsável pela emissão
de documentos de identificação
civil.
É o começo do fim de um casamento
iniciado em 2009, quando o Governo
moçambicano, violando a lei de
procurement, assinou, sem concurso
público, com a Semlex, empresa com
registo belga, um contrato sob forma
de parceria público-privada (PPP)
para a emissão de documentos de
identificação civil.
Entretanto, no concurso lançado a
15 de Maio corrente, pela Unidade
Gestora Executora das Aquisições
(UGEA) do Ministério do Interior
(MINT), o Governo refere apenas
que está à procura de uma empresa
para a Instalação e Fornecimento
de Sistemas de Produção de Documentos
de Identificação Civil, de
Viagem, Vistos e de Controlo do
Movimento Migratório.
“(O Governo, representado pelo
MINT) convida pessoas singulares
ou colectivas, nacionais ou estrangeiras,
interessadas e que reúnam os
requisitos de elegibilidade, a apresentarem
propostas fechadas, com
vista à selecção de uma empresa
para, em regime de concessão, assegurar
a realização dos serviços acima
descritos”, lê-se no anúncio publicado
no semanário “Domingo” de 14
de Maio.
Mas, o que Governo está a fazer é
nada mais, nada menos que procurar
o substituto da Semlex que, oito
anos depois, vai perder o polémico
negócio rubricado na escuridão da
madrugada.
E, dentre vários “pecados” que levam
o Governo de Filipe Nyusi a
rescindir um contrato celebrado na
“era Guebuza”, está uma alegada
desordem e anarquia na emissão de
documentos por parte da actual concessionária.
Efectivamente, há suspeitas de que a
soberania nacional está a ser vendida
por um sindicato mafioso, composto
por quadros da Semlex, maioritariamente,
sírios e turcos, que terão
criado esquemas fraudulentos de
produção de documentos de identi-
ficação civil, que são posteriormente
vendidos ou distribuídos para familiares,
amigos entre tantas pessoas
próximas, todas maioritariamente
estrangeiras.
Ao que o SAVANA apurou, só este
ano, cerca de 1500 pessoas terão
cruzado a fronteira para a África do
Sul, em apenas uma semana, ostentando
passaportes diplomáticos e de
serviço, um número extremamente
elevado para um país onde só uma
pequena elite política tem direito a
passaportes especiais.
Os sul-africanos alertaram as autoridades
moçambicanas sobre esta
estranha movimentação, o que fez
tocar as campainhas do Governo,
sobre a possibilidade de um sindicato
mafioso no sector.
Uma fonte governamental garantiu
ao SAVANA que o assunto foi levantado
em Conselho de Ministros,
órgão que recomendou a anulação
do contrato com a Semlex, ao mesmo
tempo que recomendou que o
processo devia ser totalmente controlado
pelo Estado.
Outra situação que apoquenta o
Governo, e que resulta da violação
dos termos contratuais, é que a Semlex
está a acumular dinheiro e não
faz nenhum investimento, deixando
todos os encargos para o executivo.
Oficialmente, o Documento de
Identificação de Residente Estrangeiro
(DIRE) custa ao cidadão
19.200 meticais, o Passaporte
normal 2.400 meticais, enquanto
o Bilhete de Identidade (BI) custa
180 meticais. Porém, dos 19.200 do
DIRE, o Estado recebe apenas 1200
meticais e os restantes 18 mil vão
para a Semlex.
Dos 2400 meticais do Passaporte, o
Estado recebe apenas 600 meticais e
os restantes 1800 meticais vão para
o concessionário. O mesmo acontece
no BI, onde dos 180 meticais, o
executivo recebe apenas 30 meticais.
Apesar do Estado receber migalhas,
resultante de um contrato mal
negociado em 2009, é ele o responsável
pelo pagamento de salários de
funcionários que emitem os documentos,
pessoal da fábrica dos documentos,
água, energia bem como
manutenção de infra-estruturas.
Depois de, em Abril último, o Ministério
do Interior se ter recusado
pronunciar sobre o assunto, o certo é
que, cerca de um mês depois, lançou
um concurso público para a substituição
da Semlex.
Detalhadamente, o concurso compreende
o Fornecimento e Instala-
ção de uma Solução para Produção
e Emissão do Bilhete de Identidade,
Disponibilização de Serviços para
Emissão do Bilhete de Identidade,
Fornecimento e Instalação de uma
Solução para Produção e Emissão
do Passaporte Electrónico e de Autorizações
de Residência, Disponibilização
de Serviços para Emissão
do Passaporte Electrónico e das Autorizações
de Residência, Fornecimento
e Instalação de uma Solução
para Produção e Emissão de Vistos,
Disponibilização de Serviços para
Emissão de Vistos, Implementação
de um Sistema Nacional de Gestão
do Movimento Migratório, bem
como Formação e Assistência Técnica.
Trata-se de um objecto que, simplesmente,
coincide com o da Semlex.
Os concorrentes devem apresentar
uma garantia mínima de 108
milhões de Meticais, num prazo de
120 dias contados da data da publicação
do concurso.
A contratação de um novo operador
na área de documentos de identifi-
cação civil acontece numa altura em
que o Governo, através do Conselho
de Ministros, acaba de aprovar uma
proposta de Lei para alterar o actual
Bilhete de Identidade (BI), poucos
anos depois da introdução do actual
documento biométrico.
A ser submetida ao Parlamento, a
proposta visa aferir mais segurança
e fiabilidade do BI, adequando-o ao
actual cenário das Tecnologias de
Informação e Comunicação (TICs),
segundo justificou o porta-voz do
Conselho de Ministros, Mouzinho
Saíde, no fim da 14ª sessão ordinária
do Conselho de Ministros.
(PLVVmRGHGRFXPHQWRVGHLGHQWLÀFDomRFLYLO
Governo já à procura do substituto da Semlex
3RU$UPDQGR1KDQWXPER
Savana 26-05-2017 11 PUBLICIDADE SOCIEDADE
UNFPA, Fundo das Nações Unidas para Popula-
ção, é uma agência internacional de desenvolvimento
que trabalha em prol de um mundo onde
cada gravidez é desejada, cada parto é seguro e
o potencial de cada jovem é realizado. O UNFPA
solicita candidaturas de cidadãos moçambicanos
TXDOLÀFDGRVHH[SHULHQWHVSDUDDVVHJXLQWHVYD
-
gas:
Posto # e título: Posto nº 9965, Coordenador de
Programa para Província de
Nampula, NOD
Tipo de contrato, nível: Temporary
Appointment, nível NOD
Local de Trabalho: Nampula
Duração: 364 dias e possibilidade de
renovação dependendo da
avaliação de desempenho
Prazo da candidatura: A data de submissão
das candidaturas
até 30 de Maio de 2017
Requisitos Gerais: Mestrado em desenvolvimento
social, saúde pública, ciências sociais e /
RX RXWUDV iUHDV DÀQV 6HWH DQRV GH H[SHULrQFLD
SURÀVVLRQDOSUHIHUHQFLDOPHQWHQDJHVWmRGHSUR
-
gramas / projetos no setor público ou privado
QRVSDtVHVHPGHVHQYROYLPHQWR ([SHULrQFLDHP
trabalhar com instituições governamentais e não-
JRYHUQDPHQWDLVH RX1Do}HV8QLGDV ([SHUL
-
rQFLDQDiUHDGHVD~GHVH[XDOHUHSURGXWLYD )OX
-
ência em Português e em Inglês (oral e escrito);
&RPSHWrQFLDVLQIRUPiWLFDV DSOLFDo}HV2FH
3DUDPDLVLQIRUPDo}HVUHODFLRQDGDVFRPRV WHU
-
PRVGHUHIHUrQFLD RVLQWHUHVVDGRVSRGHPWr ODV
através do website usado para as candidaturas:
KWWS ZZZ XQISD RUJ MREV QDWLRQDO SRVW SUR
-
gramme-coordinator-nampula-mozambique-
-nod-temporary-appointment
Como se candidatar: As aplicações/candidaturas
devem ser submetidas através do website acima
mencionado posto nº 9965 Coordenador de
Programa, Nampula. Não há nenhuma cobrança
GHWD[DGHFDQGLGDWXUD SURFHVVDPHQWRRXGHRX
-
tra natureza. O UNFPA não solicita ou procura
REWHULQIRUPDo}HVGRVFDQGLGDWRVTXDQWRDRVHX
HVWDGR GH +,9 RX 6,'$ H QmR GLVFULPLQD FRP
EDVHQDVLWXDomRGH+,9H6,'$
UNFPA, Fundo das Nações Unidas
para População
Av. Julius Nyerere, 1419, PO Box 4595,
Maputo, Mozambique
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Coordenador de Programa
para Nampula
12 Savana 26-05-2017 SOCIEDADE SOCIEDADE
T
al como Armando Guebuza
viu em 2009 o seu
nome a ser atribuído à
ponte sobre o Rio Zambeze,
Filipe Nyusi também acaba
de ver algo semelhante. A
Assembleia Municipal de Maputo
aprovou, esta semana, com
o voto maioritário da bancada da
Frelimo, a alteração do topónimo
da Escola Primária Completa
Unidade 30 para Escola Primária
Completa Filipe Jacinto
Nyusi.
O topónimo, apresentado e apreciado
durante a quinquagésima
nona reunião plenária, decorrida
na última quarta-feira, foi
proposto, segundo o vereador
do Planeamento Urbano e Ambiente,
pelos munícipes de 25 de
Junho B, bairro onde se localiza
a escola.
Luís Nhaca afirma que o topó-
nimo Filipe Nyusi foi atribuído
àquele estabelecimento de ensino
como reconhecimento do trabalho
do Presidente da República
“em prol do restabelecimento da
paz efectiva no país”.
Nhaca acrescenta ainda que os
residentes daquele bairro do Distrito
Municipal KaMubukwana
escolheram o topónimo do Presidente
da República pelo facto de
ser o patrono daquela escola.
A atribuição deste topónimo
àquela escola mereceu um debate
aceso na plenária, com os deputados
do Movimento Democrático
de Moçambique (MDM), com
27 membros na assembleia, a
questionarem os critérios usados
para escolha do nome do Chefe
de Estado.
O Chefe da bancada, Ismael
Nhacucue, disse que “não se pode
atribuir topónimos de forma Ad
Hoc”, sendo necessário “fazer-se
um levantamento anual das ruas,
escolas e outras instituições pú-
blicas que se pretende alterar os
topónimos”.
“Temos artistas, académicos,
desportistas que merecem ser
reconhecidos. Temos de parar de
satisfazer todo o presidente que
chega ao poder”, disse.
Por sua vez, a Frelimo (tem 37
membros) considera a proposta
de oportuna, pois mostra o reconhecimento
do trabalho do Presidente
da República.
“Os munícipes de 25 de Junho
manifestaram a sua vontade de
homenagear o Presidente da República
pelo brioso trabalho realizado
em frente dos destinos do
país. Em dois anos, o Presidente
Nyusi devolveu-nos a paz”, justificou
Serafim Macamo.
Uma das questões levantadas
pela bancada da oposição, durante
o debate, prende-se com a
realização da referida reunião de
auscultação, assim como da participação
das crianças.
Sónia Mboa, membro do MDM,
diz ser residente do bairro 25 de
Junho, mas revela que não foi
convocada para a reunião. Questiona
ainda a validade e seriedade
da Acta da Reunião, onde constam
assinaturas de crianças.
A Frelimo rebate a questão, afirmando
que Mboa não foi convidada
para a reunião pelo facto de
não pertencer àquele bairro (afirma
ser do bairro 25 de Junho A)
e que as crianças assinaram por
“se sentirem felizes com a proposta”.
“Durante a campanha eleitoral
(em 2014), várias crianças cantavam
bem alto o nome do nosso
presidente: ‘Nyusi, eu confio em
ti’. Isso mostra o carinho que têm
pelo Chefe de Estado”, acrescentou
Artur Jordão, Secretário da
Assembleia Municipal.
A atribuição de topónimos a
Chefes de Estado, ainda em exercício,
não é uma novidade. Em
2009, a Ponte sobre o Rio Zambeze
foi baptizada com o nome
do então Presidente da Repú-
blica, Armando Guebuza, facto
também muito criticado.
Refira-se que, para além da alteração
do topónimo da EPC
Unidade 30, os membros da assembleia
municipal de Maputo
aprovaram também os topónimos
da futura Portagem de Mapulene
(na Circular de Maputo)
e da Ponte da Costa do Sol.
Nova Postura para
construção
Ainda na quinquagésima nona
sessão da Assembleia Municipal
de Maputo, o executivo de David
Simango apresentou a proposta
para a actualização da Postura
sobre as Construções e Edifica-
ções.
Composta por 10 capítulos e 158
artigos, a Postura estabelece, entre
outras normas, que a responsabilidade
das obras passa a recair
não só sobre o Empreiteiro e o
Fiscal, mas todos os assinantes
do projecto.
O Vereador de Infra-estruturas
nesta urbe, Victor Fonseca, disse
que a postura é resultado, entre
outros factores, do desenquadramento
dos instrumentos de
apoio ao licenciamento com nova
dinâmica de crescimento da cidade;
e do fraco envolvimento das
instituições de tutela de infra-
-estruturas no processo de licenciamento.
Sublinhe-se que a sessão desta
quarta-feira serviu também para
a apresentação do Informe Perió-
dico do Presidente do Município
referente ao primeiro trimestre.
Em jeito de balanço, David SiCulto
de personalidade na Assembleia Municipal de Maputo
Escola Unidade 30 já é Filipe Nyusi
Por Abílio Maolela
mango disse que o seu executivo
elaborou, neste período, Planos
Estratégicos das Administrações
Distritais; concedeu 209 novos
DUAT’s, prorrogando 620; e
efectuou 709 novas ligações, pelo
que considera-o de positivo porque
“estas acções têm um impacto
directo na vida dos munícipe”.
Savana 26-05-2017 13 SOCIEDADE SOCIEDADE
T
eve lugar, na cidade de Maputo,
a Conferência Internacional
sobre os Casamentos
Prematuros, um evento
organizado pelo Fórum Nacional de
Rádios Comunitárias (FORCOM),
que juntou académicos, activistas
sociais e jornalistas para discutir as
formas de combate a esta problemá-
tica.
Com o lema “Casar? Só depois dos
18 anos”, o encontro juntou, em dois
dias, mais de 200 pessoas, entre nacionais
e estrangeiras, que debateram,
entre vários temas, as causas e
consequências dos casamentos prematuros;
abordagem deste problema
na comunicação social; e o papel
do Governo, do Parlamento e das
Organizações da Sociedade Civil
(OSC) no combate do que chamam
de “pandemia”.
Coube à Ministra do Género, Crian-
ça e Acção Social, Cidália Chaúque,
a sua abertura, tendo destacado a organização
desta que, na sua óptica,
mostrou a preocupação do país pelo
futuro das crianças.
Apoiando-se nos dados do Índice
Demográfico de Saúde (IDS-2011),
que colocam Moçambique na lista
dos países com maior índice de casamentos
prematuros no continente
(7° lugar) e no mundo (10° lugar),
Chaúque disse: “é tempo de agirmos
e redobrarmos os esforços”, de modo
a reduzirmos o mal que periga o futuro
das futuras gerações.
A governante sublinhou as acções
do executivo, visando prevenir e
combater este fenómeno, realçando
a adopção da legislação que protege
a criança e a ratificação de instrumentos
legais internacionais (incluindo
regionais) sobre os direitos
humanos, a prestação da assistência
multiforme às crianças vivendo em
situação de vulnerabilidade e dos
seus agregados familiares, através
dos programas de segurança social
e básica.
De acordo com o IDS-2011, 14%
das mulheres, entre 20 e 24 anos
de idade, casaram-se antes dos 15
anos e 48% casaram-se antes dos 18
anos. As zonas centro e norte são as
mais afectadas, com destaque para as
províncias de Nampula, Zambézia,
Cabo Delgado, Tete e Manica.
Embora os dados sejam antigos, o
facto é que o cenário ainda continua
o mesmo. O testemunho é dado por
Mariamo Abasse, uma adolescente
de 17 anos de idade, natural de Angoche,
província de Nampula, norte
de Moçambique.
Convidada para o evento, Abasse
contou que foi obrigada, pelos pais,
a casar-se aos 15 anos de idade com
um homem de 35 anos, com a promessa
de uma vida melhor, que nunca
a viveu.
“Passava dias sem comer e quando
perguntava ele me ameaçava. Deixei
de estudar porque tinha de cuidar da
casa”, revelou, com lágrimas.
A adolescente afirma que foi através
de uma rádio local que se fez ouvir e
esta levou-a ao Gabinete de Atendimento
de Famílias e Menores Vítimas
de Violência (GAFMVV).
O vice-Presidente do FORCOM,
Olívio Cartela, disse, na cerimónia
de abertura, que o programa “Casar?
Só depois do 18 anos” registou, no
seu primeiro ano de implementa-
ção (2016), 200 participações, sendo
que 44 foram submetidas aos GAFMVV),
17 às procuradorias distritais,
24 aos líderes comunitários e
as restantes estão sendo tramitadas,
devido à resistência dos pais.
A pressão económica é tida como a
principal razão da maior parte deste
fenómeno. Chamada a partilhar a
Ecos da Conferência Internacional sobre Casamentos Prematuros
sua opinião, no painel que discutiu
as “Causas e Consequências dos Casamentos
Prematuros: Desafios para
a prevenção e combate”, no primeiro
dia de trabalho, Maria Artur, da
WLSA, refutou esta tese.
Segundo Artur, os casamentos prematuros
surgem, primeiro, da abordagem
desigual ou sexuada dos direitos
da criança, na medida em que
as raparigas são relegadas para o segundo
plano que os rapazes.
Em segundo lugar, constata a fonte,
deve-se às dificuldades que a mulher
tem de controlar o seu corpo, pois,
por exemplo, a natalidade é definida
pelo homem e não pela mulher.
Portanto, a representante da WLSA
no evento sugere a igualdade de tratamento
das crianças, como primeiro
passo para a eliminação deste mal.
“Gravidezes precoces são problemas
de saúde pública”, Páscoa Wate
Os casamentos prematuros originam,
entre outras consequências,
gravidezes precoces que, segundo
Páscoa Wate, Chefe do Departamento
de Saúde da Mulher e Crian-
ça, no Ministério da Saúde (MISAU),
tornaram-se num “problema
de saúde pública”, devido às suas
consequências.
“As gravidezes precoces originam
partos inseguros; provocam problemas
de saúde nas ‘mães-bebés’ mesmo
que o parto tenha sido normal;
e a maior parte dos bebés são prematuros,
que dificilmente sobrevivem”,
destacou, revelando que uma
em cada duas mulheres que morrem,
os problemas derivam-se das gravidezes.
Neste sentido, Wate explica que o
MISAU tem privilegiado o planeamento
familiar como arma para
o combate às gravidezes precoces.
Salienta que estas acções são desenvolvidas
em coordenação com o Ministério
da Educação e Desenvolvimento
Humano (MEDH), porém,
realça que não se trata de um incentivo
à vida sexual, mas de acções que
visam preservar a saúde reprodutiva
das raparigas.
A Embaixadora de Boa Vontade
na campanha contra os casamentos
prematuros, na União Africana,
Nyaradzayi Gumbonzvanda, advoga
que mais do que estratégias, o nosso
país precisa de planos nacionais para
o combate deste fenómeno.
Convidada a partilhar a sua visão,
na cerimónia de abertura, a zimbabueana
disse que os planos são mais
operativos que as estratégias e acrescentou
que para o combate aos casamentos
prematuros é preciso que
a comunicação social “dê cara e voz
aos autores destes crimes”, pois, “não
é possível combatê-los sem os prevaricadores”.
Por Abílio Maolela e Elisa Comé
Acompanhia australiana
Syrah manifestou junto
dos seus investidores
garantias de que o Conselho
de Ministros moçambicano
vai avalizar nas próximas semanas
o início do seu projecto de exploração
de grafite.
“O acordo mineiro está em andamento,
através das vias governamentais
de aprovação, e não há
aspectos por alterar”, informou a
empresa, num encontro com investidores,
citada pelo portal de
notícias Zitamar.
O processo de autorização do
início da actividade na mina de
grafite em Balama, província de
Cabo Delgado, estará na agenda
do Conselho de Ministros nas
próximas semanas, disse à Zitamar
o director da Syrah em Mo-
çambique, Dinis Napido.
A companhia teve autorização
das autoridades moçambicanas
para construir um aqueduto, que
sai da barragem de Chipembe até
à mina em Balama.
O projecto da mina de grafite
de Balama está a chegar aos 80%
de preparação e espera-se que a
produção atinja 140 mil toneladas
de concentrado de grafite nos
primeiros 12 meses de actividade,
incrementando 250.
A companhia sul-africana Grindrod
ganhou o concurso para o
transporte de grafite, de Balama
para o porto de Nacala.
Segundo a Zitamar, a empresa já
comunicou que 90% da produção
do primeiro ano já tem mercado,
tendo firmado acordos com a Marubeni
e com a Chalieco, para os
três primeiros anos.
A Syrah tem duas licenças em
Balama, uma concessão mineira
e uma concessão para prospecção.
Australiana Syrah diz que Governo
dá aval nas próximas semanas
*UDÀWHGH%DODPD
Um encontro com o mesmo discurso
14 Savana 26-05-2017 Savana 26 -05-2017 15
NO CENTRO DO FURACÃO
esteve envolvido no abate clandestino
de madeira para alimentar operadores
furtivos.
Disse que a madeira que hoje é declarada
como abandonada resulta das acções
de fiscalização das comunidades do seu
regulado na medida em que, quando
os furtivos se apercebem de que foram
descobertos, fogem e deixam o produto
nas matas.
Porém, reconheceu que devido à pobreza
que graça a comunidade do seu
regulado, muitos jovens deixam-se aliciar
pelos furtivos e abatem clandestinamente
as árvores.
No passado dia 05 de Maio, uma viatura
de marca Nissan UD, transportando
de forma ilegal 19 toros de madeira da
primeira classe de espécie umbila, correspondentes
a 10 metros cúbicos, foi
apreendida no distrito de Memba.
A madeira em alusão tinha sido abatida
nas matas daquele distrito, em pleno período
de defeso.
Segundo fontes próximas do processo,
a viatura foi neutralizada por uma brigada
móvel dos Serviços Provinciais de
Florestas quando a mesma se encontrava
imobilizada devido à avaria junto à
ponte sobre o rio Mecubúri, no distrito
de Memba.
Os 19 toros de madeira eram transportados
sem licença, guia de trânsito e a
lista de especificação.
A viatura e a madeira em alusão encontram-se
parqueadas no Comando Distrital
da Polícia da República de Mo-
çambique (PRM) ao nível do distrito
de Memba, aguardando pelos procedimentos
judiciais e aos infractores foram
aplicadas multas de 515 mil meticais.
O SAVANA escalou também alguns
estaleiros visitados aquando da Operação
Tronco nas cidades de Nampula
e Nacala e verificou que continuam a
operar normalmente. Ninguém aceitou
falar ao jornal sobre o assunto, alegando
que o processo ainda está a correr seus
trâmites em instâncias competentes.
Manobras judiciais
Outra situação que inquieta as autoridades
florestais ao nível da província
de Nampula é o facto de todos os processos
relacionados com a apreensão de
madeira terem desfecho após a decisão
judicial.
É que devido à demanda processual ao
nível das instituições de administração
da justiça, os crimes ambientais não
constituem prioridade e o julgamento
de casos relacionados com a exploração
ilegal de madeira leva muito tempo.
Os furtivos já se aperceberam dessa
morosidade e, em caso de serem neutralizados
e o seu produto apreendido,
recorrem à justiça para atrasar o processo
e desenhar melhores estratégias para
recuperar o produto apreendido.
O exemplo concreto vem das medidas
tomadas aquando da Operação Tronco
naquela província.
A missão que escalou Nampula visitou
16 estaleiros e aplicou 13 multas no valor
de 2.270 mil meticais e apreendidas
cerca de 25 mil metros cúbicos de madeira
ilegal em toros.
Contudo, dos mais de dois milhões de
meticais que foram aplicados como
multas e que deviam ser pagos dentro
de 15 dias, a contar da data de aplica-
ção, até ao momento, dois meses depois,
foram liquidados apenas 200 mil meticais
e os restantes recorreram da decisão
junto ao Tribunal Administrativo (TA).
Luís Sande, chefe dos Serviços Provinciais
de Florestas e Fauna Bravia
(SPFFB) na província de Nampula,
contou-nos que mesmo os que não recorreram,
porém não pagaram as multas,
a sua instituição nada pode fazer,
porque sob ponto de vista legal não tem
poder de exigir o retorno do direito violado.
De acordo com Sande, em todos os
casos de infractores que não cumprem
com as sanções, os SPFFB são obrigados
a recorrer ao tribunal para exigir o
pagamento das multas ou ordenar a execução
dos seus bens para compensar os
danos provocados.
E, enquanto o tribunal não decide sobre
o produto apreendido, o Estado não
pode fazer nada, o que é prejudicial, já
que, muitas vezes, a madeira é deixada
em locais abertos expostos ao sol e chuva,
baixando de qualidade.
O nosso entrevistado apela à revisão da
lei e se atribuir mais poderes ao sector
florestal no sentido de que, uma vez
apreendida a madeira, se o infractor não
regularizar a situação dentro dum espa-
ço do tempo, defina o seu destino e o
tribunal tratar de questões relacionadas
com as execuções fiscais.
Guarnecer tesouro com fome
Quando se fala de contrabando e exploração
ilegal dos recursos florestais
aponta-se o sector de fiscalização como
o epicentro dos esquemas.
Aliás, a fragilidade na área de fiscalização
foi reconhecida por Luís Sande,
sublinhando que, depois da Operação
Tronco, o seu sector apercebeu-se da
necessidade de redobrar esforços com
a actividade de fiscalização através da
organização e movimentação de fiscais.
Contudo, a tese de que a fiscalização é
o epicentro dos esquemas de corrupção
não agrada os agentes afectos a esta área.
Em conversa com o SAVANA, fiscais
que optaram por não se identificar contaram
que estão cientes de que o seu
trabalho é de vasculhar matas e fechar
as rotas de movimentação dos furtivos
a fim de preservar os recursos naturais.
Contudo, dizem que o Governo também
deve mostrar sinais de respeito pelas
suas actividades, porque o que está a
acontecer com eles é o mesmo que guarnecer
um tesouro com fome.
Dizem que ao contrário de outros servi-
ços onde o Estado garante habitação, no
caso concreto dos fiscais florestais não
há esse direito.
Quando um fiscal é transferido dum
ponto para o outro recebe apenas guia
de transferência. O resto cabe ao agente
transferido.
Apelam que no mínimo o Governo disponibilize
o subsídio de integração no
novo posto, mas que isso também não
se verifica.
Contam as nossas fontes que o grosso
dos fiscais florestais tem nível de educação
básico o que faz com o que o seu
salário não vá para além de seis mil meticais,
incluindo subsídios.
É deste valor que devem sustentar suas
famílias, arrendar residência para viver
no local de trabalho e ainda alimentar-
-se.
Ademais, contam que o regulamento
interno estabelece que parte do dinheiro
aplicado na multa, para cada furtivo
apreendido, vai para os fiscais, em forma
emolumentos. No entanto, desde Dezembro
de 2016 que os fiscais florestais,
pelo menos ao nível de Nampula, não
recebem o valor.
Esta situação é reconhecida pelo chefe
dos SPFFB de Nampula, mas que nada
pode fazer porque são questões muito
acima das suas competências.
Sobre o pagamento dos emolumentos,
Luís Sande referiu que as reclamações
dos colegas são constantes e, por várias
vezes, já canalizou o assunto ao nível
central em Maputo, mas que o problema
nunca é desbloqueado.
Sobre a movimentação de fiscais para
locais longe das suas zonas de residência
habitual sem condições básicas de
integração, o nosso interlocutor referiu
que, desde a formação, os fiscais florestais
sabem que o seu local de trabalho é
nos postos de controlo espalhados pela
província. Também sabem que o Estado
ainda não está em condições de garantir
residências para todos. Porém, os mesmos
deviam ter no mínimo um adiantamento
de três meses de salário para
integração, mas devido às condições
conjunturais do país não está a ser fácil
libertar esse valor.
Para além das condições de trabalho, os
fiscais queixam-se da localização dos
postos de controlo que estão totalmente
descontinuados com a realidade. Os
postos de fiscalização foram instalados
num contexto em que a densidade populacional
nas cidades era menor. Com
o crescimento da população e o surgimento
dos bairros de expansão, os postos
de fiscalização ficaram dentro das cidades,
o que permite que os operadores
ilegais tenham vias alternativas, dentro
dos bairros, para contornar as estradas
principais e, consequentemente, esquivar
da fiscalização.
Mudança de mentalidade
Luísa Offman, directora executiva da
Fórum Terra, uma organização não governamental
que trabalha na área florestal
em Nampula, referiu que durante
muito tempo os recursos florestais eram
explorados de forma desgovernada e
perante um olhar impávido das autoridades
competentes. Isso porque algumas
entidades que tinham como missão
fazer valer a lei tinham interesses nos
negócios ilícitos de madeira.
Porém, graças ao barulho das organiza-
ções da sociedade civil, nota-se alguma
vontade política da parte das autoridades
governamentais em combater o mal.
Sublinha que, no princípio, advogar o
sector dos recursos florestais era bastante
complicado e arriscado porque
todas as partes interessadas, mormente:
os operadores florestais e sujeitos
da administração pública encaravam a
sociedade civil como inimigos, pessoas
que queriam perturbar o seu negócio e
as ameaças eram enormes.
Porém, como a causa era nobre, a persistência
prevaleceu e os resultados já são
visíveis.
Sublinha que, embora não seja na totalidade,
a sociedade civil já é envolvida em
matérias relacionadas com a governação
florestal. Muitas vezes, nas suas acções,
o Governo pede a sua contribuição.
Offman diz que a vontade política que
os membros do Governo têm de combater
os crimes ambientais é louvável,
contudo, não está completa, na medida
em que todas as acções alastram-se até
à apreensão do produto. Ainda não chegaram
à componente de responsabiliza-
ção dos autores.
Falando concretamente da Operação
Troco, a nossa interlocutora referiu que,
apesar de o Governo não ter envolvido a
sociedade civil, a mesma veio disciplinar
o sector madeireiro, mas também pós a
nu a podridão dentro do sistema.
Sublinha que, desde que o Governo
central desencadeou a operação, a situação
minimizou-se, mas os focos de
contrabando de madeira continuam.
Luísa Offman apela às autoridades para
serem mais rígidas no controlo das actividades
que estão a ser desenvolvidas
a coberto das excepções do diploma
ministerial número 38/2017 de 10 de
Abril, o instrumento que prorrogou o
período de defeso por mais três meses.
Conta a nossa entrevistada que, mesmo
ao nível do porto de Nacala, o movimento
de madeira também diminuiu de
forma significativa e, nos últimos dias, a
madeira que é formalmente exportada é
a que obedece os termos legais estabelecidos
para a sua exportação.
Dois meses depois do Governo desencadear a Operação Tronco, o SAVANA escalou Nampula e conclui que há avanços, mas
)DOWDVRÀVWLFDURVPRGHORVGHFRQWUROR
$SUHFDULHGDGHGDVFRQGLo}HVGHWUDEDOKRGRVÀVFDLVÁRUHVWDLV DSREUH]DQRVHLRGDVFRPXQLGDGHVUXUDLVHDIDOWDGHFRRUGHQDomRLQVWLWXFLRQDOWDPEpPSRGHPIUDJLOL]DUDRIHQVLYDJRYHUQDPHQWDOUXPRjSUHVHUYDomRGRVUHFXUVRVÁRUHVWDLV
6HUVDFULÀFDGRSRUFXOSDGRV
outros
Domingos Caetano, presidente da Associação
dos Madeireiros de Nampula,
aplaude a medida tomada pelo executivo
de suspender o corte de madeira para
reorganizar o sector.
Porém, diz que o tempo em que foi tomada
a decisão não foi adequado, para
além de que sacrifica operadores honestos,
porque os furtivos têm pouco a
perder, para além de que continuam, de
forma esporádica, com as suas incursões.
Caetano diz que há mais de cinco meses
que os operadores com licenças não podem
cortar madeira e isso traz consigo
algumas consequências.
Entende que, na realidade, quem está a
devastar os recursos florestais são operadores
furtivos porque, nas suas acções,
não olham para zonas onde operam e
muito menos o tipo ou idade da árvore
a abater. Só querem o produto para
vender.
No entanto, Caetano espera que esta
decisão mude o rumo das coisas porque
o desejo de todos é mudar a situação
para melhor.
Medidas após Operação
Tronco
Com uma área florestal de 2.771.400
hectares, a província de Nampula possui
um potencial faunístico invejável. Nas
florestas de Nampula abundam espécies
como jambirre, messassa, metil, Chanfuta,
pau-ferro, pau-preto e umbila.
A província conta um total de 61 fiscais
dos 92 necessários. Em 2016, foram
emitidas 68 licenças simples e seis concessões
florestais. Para 2017, foram emitidas
41 licenças simples e três concessões,
mas que ainda não operam devido
à prorrogação do período do defeso.
Segundo Luís Sande, a madeira apreendida
aquando da Operação Tronco
ainda aguarda pela decisão judicial e a
mesma encontra-se armazenada nos estaleiros
dos operadores sancionados.
Para garantir a conservação do produto
foi destacado um grupo de fiscais que de
forma constante faz a monitoria e veri-
ficação da madeira.
Lamenta a redução das receitas em
virtude da paragem do licenciamento
florestal, mas que graças às acções desenvolvidas
após a operação foi possível
a localização e identificação de rotas
usadas pelos furtivos para a movimenta-
ção da madeira ilegal e um dos grandes
ganhos é que: “hoje, os compradores de
madeira, antes de comprar o produto,
consultam as autoridades se é legal ou
não”.
ser contentorizado sem aval das entidades
responsáveis pelo sector.
Novas medidas, novos
truques
Na deslocação que o SAVANA fez à
província Nampula foi possível notar
que, apesar do esforço governamental
com vista a controlar o contrabando
da madeira, os operadores também não
param de sofisticar os seus métodos de
acção. Para tal, socorrem-se de vários
truques e, nalguns casos, contam com a
assessoria técnica de agentes do Estado.
Para além de falsas declarações, o outro
truque usado pelos furtivos para conseguir
seus intentos, neste período de
defeso, consiste no aliciamento das comunidades
e líderes comunitários para
abater árvores e depois declarar-se como
madeira abandonada. Dias depois, os
furtivos submetem pedidos de arrasto e
compra e os líderes comunitários fazem
o testemunho a favor dos interessados.
O sucesso destas incursões resulta das
excepções abertas pelo Governo aquando
da suspensão da exploração florestal.
É que, nos termos do artigo 2 do diploma
ministerial 28/2017 de 10 Abril, o
executivo determinou que a suspensão
decretada nos termos do diploma acima
citado não se aplica aos operadores florestais
que possuem unidades de processamento
instaladas e operacionais.
Assim, com esta liberdade, os operadores
florestais ignoram outros condicionalismos
impostos pelo diploma, como
por exemplo a declaração, juntos às direcções
provinciais que tutelam a área de
florestas, da quantidade de madeira de
que necessitam para manter as suas unidades
produtivas durante o período de
defeso e aproveitam-se para introduzir a
madeira nas serrações.
Este tipo manobras foi testemunhado
pela reportagem do SAVANA, no regulado
de Namilu, posto administrativo
de Chalaua, distrito de Moma, em
Nampula.
O SAVANA soube de fontes próximas
aos SPFFB de Nampula que um operador
florestal sediado no distrito de
Mogovolas requereu junto àqueles serviços
a compra de cerca de 350 toros de
madeira da primeira classe abandonada
naquelas matas.
A existência da referida madeira foi
também confirmada pelo régulo de Namini,
Almeida Francisco Artur, localmente
conhecido por rei Namini.
Porém, antes da aquisição da referida
madeira, os SPFFB de Nampula deslocaram
uma equipa de fiscais e alguns
membros da sociedade civil para verifi-
car e fazer a peritagem da aludida madeira.
No terreno, quer o régulo bem como
o operador florestal não conseguiram
mostrar os 350 toros requeridos. Apresentaram
às autoridades apenas 125,
alegando que os restantes estavam em
zonas de difícil acesso e seriam exibidos
a posterior.
Em Namini, o SAVANA soube que
essa tem sido a artimanha dos operadores
florestais. Quase todas as vezes que
as equipas dos SPFFB vão ao terreno
para fazer vistoria da madeira abandonada,
dificilmente, chegam ao local ou,
se chegam, é com enormes dificuldades
devido às condições de acesso. Isto é,
corta-se a madeira, espalha-se em diversos
pontos de acesso quase impossível
por uma viatura normal, escolhem alguma
amostra para perto da estrada e depois
recorrem aos SPFFB para vistoria
e, uma vez autorizados, usam a mesma
licença para retirar o resto da madeira
para as serrações.
No caso concreto do regulado de Namini,
o SAVANA testemunhou alguns
casos de madeira supostamente abandonada,
mas que mostrava sinais de ter
sido recentemente cortada.
Em contacto com a nossa reportagem,
Almeida Francisco Artur negou que
e na base desta se priorizaria a constru-
ção de carteiras escolares, enquanto o
valor das multas seria destinado ao reforço
da capacidade de fiscalização e em
benefício das comunidades locais.
Contudo, devido à falta de condições
logísticas para a conservação da madeira
apreendida, o executivo confiou aos infractores
a guarda do produto enquanto
decorrem os restantes procedimentos
processuais.
Dois meses depois da prorrogação excepcional
do período de defeso florestal,
o SAVANA escalou a província de
Nampula, a fim de acompanhar o processo
de implementação das medidas
tomadas aquando da decisão de suspensão
da exploração florestal e constatou
que, apesar do aperto das autoridades
governamentais, esquemas com vista ao
abate e retirada ilegal da madeira continuam.
Casos são vários e o exemplo concreto
da violação do diploma ministerial
23/2017 da parte dos operadores florestais
foi a apreensão, nesta semana, no
porto de Nacala, de três contentores de
madeira da primeira classe, o equivalente
a 90 metros cúbicos, denominada pau
ferro, prestes a embarcar para China.
Recorde-se que o corte e a exploração
de pau ferro está legalmente proibido
desde Dezembro de 2015.
A madeira tinha sido declarada como
castanha de caju.
Para conseguir seus intentos, os furtivos
falsificaram documentos das autoridades
de agricultura e aduaneiras e
investigações preliminares indicam que
se trata duma operação do crime organizado.
Ademais, quando o executivo decidiu
suspender a exploração florestal, deliberou
que todo o produto florestal que
fosse excepcionalmente autorizado, o
seu processamento devia ser antes comunicado
às autoridades para a devida
fiscalização e o transporte não deveria
Afim de disciplinar o sector
florestal, altamente controlado
pelas gangues do crime
organizado em conluio com
alguns agentes da administração pú-
blica, o Governo, através do Ministério
da Terra, Meio Ambiente e Desenvolvimento
Rural (MITADER),
desencadeou, em Março passado, uma
mega investida, denominada Opera-
ção Tronco. A acção governamental,
desenhada e montada a partir da capital
do país, colocou em evidência a
delapidação do património florestal
por parte de alguns operadores que
actuam à margem da lei.
A ofensiva resultou na apreensão de
mais de 150 mil metros cúbicos de madeira
em toros em situação ilegal nas
províncias de Cabo Delgado, Nampula,
Zambézia, Tete, Manica e Sofala. Ainda
no capítulo punitivo, o Governo aplicou
multas aos infractores num valor acima
de 100 milhões de meticais, para além
de aplicação de sanções disciplinares a
cerca de uma dezena de funcionários
afectos ao sector de fiscalização das florestas
e fauna bravia.
Depois da descoberta dessa triste realidade,
que em parte foi forçada pela
pressão das organizações da sociedade
civil, o Governo decretou a suspensão
da emissão de licenças de exploração
florestal madeireira em todo o país, para
todos os operadores florestais em regime
de licença simples e concessão florestal,
por um período de 90 dias.
Estampada no diploma ministerial nú-
mero 28/2017 de 10 de Abril, o Governo
justificou a medida referindo que havia
necessidade de garantir a protecção
e conservação dos recursos florestais e a
reorganização do sector florestal.
Na mesma ocasião, o executivo, representado
por Celso Correia, ministro da
Terra, Meio Ambiente e Desenvolvimento
Rural, determinou que a madeira
apreendida reverteria a favor do Estado
Por Raul Senda
Luísa Offman, directora Executiva do
Fórum Terra
Toros de umbila apreendidos junto ao posto de controlo de Rapele, na cidade de Nampula
Madeira contentorizada e prestes a partir ilegalmente do Porto de Nacala numa
DOWXUDHPTXHRJRYHUQRSURLELXDH[SORUDomRÁRUHVWDO
Rei Namini, régulo de Namini exibindo
madeira supostamente abandonada
pelos furtivos
16 Savana 26-05-2017 PUBLICIDADE
1. Este Pedido segue-se ao anúncio geral de licita-
ção para este Projecto, publicado na página das Na-
ções Unidas “Development Business” a 1 de Julho
de 2013 e no Jornal Noticias de 4 de Julho de 2013.
2. O Governo de Moçambique recebeu um Crédito
da Associação Internacional de Desenvolvimento
– IDA (Banco Mundial) para cobrir parte do custo
referente a implementação do Projecto de Pólos Integrados
de Crescimento (PPIC) ao abrigo da nova
Estratégia de Parceria do Banco Mundial (CPS, 2013-
2019). O PPIC tem por objecto apoiar intervenções
selectivas, orientadas e integradas para melhorar o
ambiente de negócios, o acesso a infra-estruturas e
capacitação das PMEs no Vale do Zambeze e Corredor
de Nacala.
3. O Ministério da Economia e Finanças, através da
Unidade de Coordenação do Projecto (UCP), está
a coordenar a implementação do Projecto Pólos e
conta com as seguintes Unidades de Implementa-
ção: GAZEDA; ADVZ; ANE, FIPAG, DASP, DEEF
e, o Consórcio BMB Mott MacDonald/Nomad Socio-Economic
Management and Consulting (Pty)
Ltd. and Eurolatina Mozambique Lda., contratada
pelo Projecto Pólos para gerir a Subcomponente do
Fundo Catalítico para Inovação e Demonstração
(FCID).
4. O FCID comunica que está aberto o concurso para
a segunda ronda de candidaturas ou submissão de
propostas para o acesso ao Financiamento.
5. O Projecto Pólos Integrados de Crescimento, através
do FCID pretende aplicar parte dos fundos para
R ÀQDQFLDPHQWR GH SURSRVWDV GH 6XESURMHFWR TXH
visem impulsionar o crescimento económico e acelerar
a criação de emprego, nas regiões do Vale do
Zambeze e Corredor de Nacala, com vida útil de 24
meses.
6. O Projecto Pólos Integrados de Crescimento, através
do FCID, convida as Empresas privadas, Cooperativas,
Associações e Instituições Públicas dotadas
de personalidade jurídica em Moçambique
para manifestarem o seu interesse no acesso ao Financiamento
do FCID.
7. Os Proponentes serão seleccionados de acordo
com os critérios constantes no Manual Operacional
do FCID. Os Requisitos são os seguintes: (i) A empresa
ou a entidade deve ter no mínimo 3 anos de
existência; (ii) Uma contabilidade organizada; (iii)
Um volume de negócios anual igual ou superior a
12 milhões de Meticais ou equivalentes, de acordo o
Decreto 44/2011 de 21 de Setembro; (iv) Documentos
submetidos em língua portuguesa.
8.As Manifestações de Interesse devem ser submetidas
através do Formulário que pode ser descarregado
da página website do FCID: www.fundocatalitico.co.mz
(página Documentos), ou solicitar
através do endereço electrónico: apoio@fundocatalitico.co.mz
até ao dia 20 de Junho de 2017. Todas
as manifestações que entrarem depois desta data
VHUmRGHVTXDOLÀFDGDVSDUDHVWDURQGD SRGHQGRVHU
consideradas na ronda seguinte. Apenas Proponentes
pré-seleccionados serão contactados.
9.Mais informações podem ser obtidas através do
E-mail: apoio@fundocatalitico.co.mz ou visite:
www.fundocatalitico.co.mz e www.polos,gov.mz
Data: 18/05/2017
Crédito No. IDA52370; Projecto No. P127303
Concurso: EOI – 01/FCID/PPIC/MEF/2017
Submissão de Propostas para o Acesso ao Financiamento do Fundo Catalítico
para Inovação e Demonstração
PEDIDO DE MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE
(Empresas)
República de Moçambique
Ministério da Economia e Finanças
PROJECTO PÓLOS INTEGRADOS DE CRESCIMENTO
FUNDO CATALÍTICO PARA INOVAÇÃO E DEMONSTRAÇÃO
Savana 26-05-2017 17 INTERNACIONAL
O “GEF Small Grants Programme (SGP)” pretende produzir benefícios ambientais
globais nas áreas estratégicas do GEF (Facilidade Mundial para o Ambiente). O
*() 6*3SURPRYHRGHVHQYROYLPHQWRVXVWHQWiYHO SURYLGHQFLDQGRDSRLRÀQDQceiro
e técnico para micro-projectos, que preservem e reabilitem o meio natural,
enquanto melhoram as condições de vida das populações. É implementado pelo
PNUD em colaboração com o MITADER e executado pela UNOPS.
Elegibilidade
Projectos cujas actividades incluem a demonstração de tecnologias inovativas, o
desenvolvimento de capacidades organizacionais no uso e maneio dos recursos
naturais, a partilha de conhecimentos e advocacia, e a pesquisa aplicada. Apoio a
actividades de base comunitária reconhecendo a importância do conhecimento traGLFLRQDODOLDGRjSUiFWLFDVFLHQWtÀFDV PRGHUQDVHLQRYDWLYDV 'HVHQYROYLPHQWRGH
uma abordagem participativa e integrada que tome em consideração os aspectos
de equilíbrio de género, pobreza, vulnerabilidade e demais aspectos transversais.
A calendarização das actividades dos projectos deve ter uma duração entre 6 à 18
meses.
Condições de acesso aos fundos
Cobertura de uma ou mais das áreas estratégicas do GEF de biodiversidade, mudanças
climáticas, degradação de terras, águas internacionais, poluentes orgânicos
SHUVLVWHQWHVHTXtPLFRV JHVWmRVXVWHQWiYHOGHÁRUHVWDVHGHVHQYROYLPHQWRGHFDpacidades
organizacionais em OSCs (ONGs - Organizações Não Governamentais
e OBCs - Organizações de Base Comunitária). Enfoque temático na melhoria das
FRQGLo}HVGHYLGDGDVFRPXQLGDGHV (QIRTXHJHRJUiÀFRFREULQGRiUHDVGHVLJQL-
ÀFkQFLDDPELHQWDOQDFLRQDO GHÀQLGDVQDHVWUDWpJLDQDFLRQDO TXHFRQWULEXDPSDUD
a protecção do meio ambiente global.
Nicho de enfoque dos projectos
a) Conservação comunitária de paisagens terrestres, água-doce e costeiro-marinhas
no sentido de protecção de biodiversidade (nas regiões do Rovuma, Lago
Niassa, Bacia do Zambeze, Arquipélago das Primeiras e Segundas, Arquipélago
do Bazaruto);
b) Actividades inovativas de agro-ecologia, na vertente de mudanças climáticas
SDUDSUHVHUYDomRGHSDLVDJHQV SURGXFWLYLGDGHDJUtFRODHÁRUHVWDO LQFOXLQGRSHVca,
e incremento da educação ambiental (âmbito nacional com incidência para a
região centro);
The GEF Small Grants Programme (Programa de Pequenas Subvenções do GEF)
Ciclo de Candidatura de Projectos
c) Desenvolvimento de capital humano para promoção de economia verde, advocacia
e diálogos, preservação de recursos transfronteiriços (aquíferos) e promoção de servi-
ços de ecossistemas (melhoria da resiliência dos sistemas naturais);
d) Melhoria do acesso a energias limpas e renováveis, bem como de co-benefícios adjaFHQWHV
UHGXomRGRVHIHLWRVGDVPXGDQoDVFOLPiWLFDV FRQWUROHGRGHÁRUHVWDPHQWR DXmento
dos stocks de carbono, redução de emissões, melhoria da segurança alimentar,
adopção de políticas de adaptação e alívio à pobreaza);
e) Promoção de alianças no controle de poluentes químicos, sobretudo adubos, fertilizantes,
plásticos e metais pesados (reciclagem, melhoria do manuseio e armazanamento,
eliminação de uso quando adequado, redução de intoxicações, e consciencialização
sobre os impactos adversos);
f) Promoção de plataformas de diálogo entre OSCs-Governo (incremento da participação
das organizações da sociedade civil na implementação dos acordos ambientais
internacionais);
g) Inclusão social na redução da pobreza e vulnerabilidade (promoção da equidade de
género, inclusão de grupos juvenis e criança, e populações indígenas);
h) Promoção de plataformas de troca de conhecimento, diálogos e cooperação (criação
de bases de dados, partilha de conhecimentos, forum de OSCs, cooperação sul-sul e
norte-sul).
Calendário
De 26 de Maio à 12 de Junho de 2017: recepção de candidatura de propostas de projectos
De 13 à 26 de Junho de 2017: avaliação das propostas de projectos
27 de Junho de 2017: divulgação de resultados
6REUHRÀQDQFLDPHQWR
O acesso aos fundos do SGP está apénas aberto à OSCs (ONGs e OBCs) nacionais deviGDPHQWHUHJLVWDGDV 2YDORUPi[LPRGHÀQDQFLDPHQWRpGRHTXLYDOHQWHj PLO86'
contudo terão preferência as propostas que não excedam os 25 mil USD. Os custos administrativos
(pessoal e escritório) não devem exceder à 25% do custo total do projecto.
2VSURSRQHQWHVRXEHQHÀFLiULRVGHYHPFRPSDUWLFLSDUÀQDQFHLUDPHQWHHPGLQKHLURRX
em espécie num rácio de 1:1 em relação ao valor solicitado ao GEF.
Contactos
úQIRUPDo}HV DGLFLRQDLV H IRUPXOiULR GH FDQGLGDWXUD SRGHUmR VHU REWLGRV DWUDYpV GR
endereço abaixo.
GEF UNDP/ Small Grants Programme - Rua Kibiriti Diwane, nº 322 - Maputo –
Mozambique – Caixa Postal 4595 - Tel.: +258 21499857 - Fax: +258 21491695 - E-mail:
augusto.correia@undp.org ou paula.boane@undp.org - Web-page: www.undp.org/sgp
MOZAMBIQUE
Uma caçada a elefantes, no Zimbabwe, acabou de
forma trágica para o sul-africano Theunis Botha. O
homem de 51 anos morreu esmagado, na sexta-feira,
19, por um elefante que tinha sido atingido a tiro por
um dos membros do grupo.
Theunis Botha, um dos mais conhecidos caçadores de elefantes
em todo o mundo, liderava um grupo num Safari em Gwai, que
perseguia elefantes, incluindo algumas fêmeas gestantes.
Três dos animais que estavam a ser seguidos pelo grupo correram
na sua direcção. Foi então que Theunis abriu fogo com a espingarda,
mas acabou por ser atacado por um quarto animal que o
levantou com a tromba.
De acordo com o Netwerk24, um dos membros do grupo disparou
contra o animal, que colapsou em cima de Theunis. O homem não
resistiu aos ferimentos e morreu.
O caçador, casado e pai de cinco filhos, é conhecido internacionalmente
por liderar caçadas a leões e leopardos com a ajuda
de cães, no sul do continente africano. Viaja regularmente para
os EUA de forma a angariar clientes para as suas actividades.
Na página de Facebook da mulher, onde foi comunicada a morte,
vários colegas manifestaram as suas condolências. Mas também há
comentários menos positivos de pessoas que não concordam com
este tipo de actividade.
Zimbabwe
Caçador esmagado mortalmente
por elefante abatido em safari Agrava-se a contestação ao
Presidente brasileiro. Esta
quarta-feira, edifícios ministeriais
foram pilhados
e incendiados em Brasília.
O Presidente do Brasil, Michel Temer,
ordenou a intervenção das Forças
Armadas na zona da Esplanada dos
Ministérios, em Brasília, onde manifestantes
atacaram e incendiaram edifí-
cios governamentais esta quarta-feira.
Os confrontos ocorreram no final de
um protesto que mobilizou milhares de
pessoas na capital. O Ministério da Agricultura,
o Ministério dos Transportes
e o Ministério do Planeamento foram
alguns dos edifícios atingidos.
O protesto tinha arrancado de forma
pacífica, mas degenerou em violência
por volta das 13h30 locais (19h30 em
Moçambique), quando os manifestantes
tentaram aproximar-se do Congresso.
Perante o agravamento dos confrontos,
todos os edifícios da Esplanada dos
Ministério foram evacuados. De acordo
com a Folha de São Paulo, o ministro da
Defesa, Raul Jungmann, classificou os
episódios de “vandalismo, desrespeito,
agressão e ameaça”.
Os organizadores do protesto, as frentes
Brasil Popular e Povo Sem Medo,
União Geral dos Trabalhadores (UGT)
e Nova Central Sindical de Trabalhadores
(NCST), afirmam que pelo
menos 150 mil pessoas saíram às ruas
em Brasília. Segundo o jornal Globo, a
Polícia Militar brasileira informou que
seis dos seus agentes ficaram feridos nos
confrontos.
A manifestação fora, inicialmente, convocada
para contestar as reformas do
Governo de Temer, mas, nos últimos
dias, a exigência passou a ser também
a destituição de Temer, envolto num
escândalo de corrupção que atinge,
praticamente, toda a classe política brasileira,
e a realização de eleições directas
no país.
Cerca das 18h locais, a situação nas ruas
de Brasília tinha acalmado. À mesma
hora, no entanto, ocorriam confrontos
no Rio de Janeiro, também num protesto
contra Temer.
Ainda na capital, e no interior do
Congresso, após ter sido decretada a
intervenção do exército, a confusão
instalou-se também entre os deputados,
registando-se confrontos entre
parlamentares apoiantes e opositores de
Temer.
O melhor do Público no email
A mobilização do exército é criticada
por vários senadores. “Não tem cabimento
chamar as Forças Armadas”,
afirma o senador Randolfe Rodrigues,
associando o recurso às práticas da ditadura
militar. “O uso das Forças Armadas
cabe quando todos os mecanismos
policiais de segurança tiverem sido esgotados.
Mas não é o caso”, acrescentou.
Outro senador, Humberto Costa, referiu
que “o Presidente da República extrapolou
as suas competências e tomou
uma decisão que compromete a democracia
brasileira”.
Entretanto, e perante o agravamento
da crise política no Brasil, os partidos
que apoiam o actual chefe de Estado
começam a preparar-se para o
cenário de uma destituição e terão já
escolhido os candidatos à Presidência
e vice-presidência. Segundo noticia
a Folha de São Paulo, o Partido do
Movimento Democrático Brasileiro
(PMBD), de Temer, e o Partido da
Social Democracia Brasileira (PSDB)
conduzem negociações de bastidores,
tendo criado já uma lista de potenciais
candidatos. Os favoritos serão Nelson
Jobim, do PMBD, e Tasso Jereissati,
do PSDB, apontados como candidatos
a Presidente e vice-presidente, respectivamente.
(Público.pt e Redacção/SAVANA)
Manifestantes atacam edifícios do Governo
Temer mobiliza Forças Armadas
18 Savana 26-05-2017 OPINIÃO
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EDITORIAL Cartoon
C
orre nas redes sociais uma
gravação de Welwitschea José
dos Santos “Tchizé”, em que
esta alega que o presidente
está muito bem de saúde, gozando a
sua vida normal em Barcelona. Para
maior eficácia, Tchizé recorre ao seu
filho José Eduardo, de três anos, que
“nos dá conta” do estado do avô.
Analisemos o testemunho de Tchizé
dos Santos, deputada e membro do
Comité Central do MPLA, que abaixo
transcrevemos na íntegra.
“Oh amigo, essa gente é demais, pá.
Então tu já viste, até um bebé de três
anos, que é o meu filho José Eduardo,
conseguiram, não sei como, fazer crer
que o avô estava muito doente e muito
mal, porque, portanto, o miúdo estava
em Londres, não sei como, o certo é
que vai à Barcelona ver o avô. Quando
chega a Barcelona, vê o avô sentado
a ver o telejornal e a fazer a sua vida
normal como sempre, aponta para o
avô e disse ‘Olha já viste, olha o vovô
ele está bom, não está nada doente.’
Até uma criança de três anos, esses
rumores conseguiram afectar. Isso até
é triste.”
A primeira questão que o depoimento
de Tchizé levanta é o recurso, até à
data inédito, a um “bebé” para informar
a nação sobre o estado de saúde
do presidente. Quer os Serviços de
Apoio do Presidente da República,
por via do seu porta-voz, Manuel
Rabelais, quer o Bureau Político do
MPLA preferem manter-se de bico
calado sobre as verdadeiras razões da
ausência de José Eduardo dos Santos,
que se encontra fora do país há mais
de 15 dias.
O Maka Angola divulgou, em primeira
mão, que o presidente foi transportado
na noite 1 de Maio passado, em estado
de saúde preocupante, para a Base
Aérea Militar e depois para o exterior
do país. Nessa notícia, referimos que
acompanharam o presidente a primeira-dama,
Ana Paula dos Santos, o general
Kopelipa, o brigadeiro Kubanza,
o seu médico pessoal e mais quatro
médicos da Clínica Multiperfil (afecta
à Casa de Segurança do PR).
Segunda questão: se o presidente está
bem de saúde, como nos diz o neto de
três anos, o que faz ele em Barcelona
a ver televisão? Angola vive um momento
muito grave, com a economia
colapsada e a três meses das eleições,
pelo que se impõe muito trabalho por
parte do presidente.
Terceira questão: Tchizé dos Santos
é membro do Comité Central do
MPLA e deputada à Assembleia Nacional,
um órgão de soberania. Nessa
qualidade, poderia ter diligenciado
junto do Palácio Presidencial, do Presidente
da Assembleia Nacional e do
vice-presidente do MPLA e sucessor
escolhido pelo pai, João Lourenço,
para se assumir como porta-voz ad-
-hoc e, em conferência de imprensa,
esclarecer a sociedade sobre o pai-
-presidente, informando que este está
muito bem de saúde. Ou será que só o
menino de três anos viu o avô?
Tchizé dos Santos é muita activa no
uso das redes sociais, sobretudo, Facebook
e Instagram, onde publica regularmente
as fotografias das festas que
frequenta. Não teria sido mais interessante
publicar a foto do pai-presidente
com o neto ao colo, a verem juntos o
telejornal? Certamente teria acabado
com os rumores e conquistado inúmeros
seguidores.
Quarta questão: será que o presidente
José Eduardo dos Santos é insensível
e distante do povo angolano ao ponto
de não se preocupar em explicar, de
viva voz, que está em Barcelona “a levar
a sua vida normal”?
Em Cuba, país que se mantém comunista
e totalitário, sempre que havia
rumores sobre a morte de Fidel
Castro, este fazia-se fotografar com
um exemplar do jornal diário Granma,
com a data bem visível, de modo
a provar que estava vivinho da silva,
mesmo aparentando um estado de
saúde frágil. Fidel Castro nunca saiu
de Cuba para se tratar porque criou no
seu país todas as condições de saúde
necessárias para que pudesse submeter-se
aos serviços médicos nacionais.
Foi um ditador que, sem recursos, investiu
na saúde e na educação de qualidade
para o seu povo.
Quinta questão: supondo que o presidente
se encontra bem de saúde e
não está de férias, é imperativo que
venha a público desfazer os rumores.
Pode até continuar “a fazer a sua vida
normal” em Barcelona, mas que faça
prova de vida. Bastam umas breves
palavras à Rádio Nacional de Angola
ou à Televisão Pública de Angola, que
são órgãos de propaganda do MPLA.
Por certo, não falta saldo ao presidente
para fazer uma chamada a partir
do estrangeiro. Ele que envie também
uma foto, em que sorria com a
primeira-dama e segure um jornal do
dia. Assim, não haverá mais conversa.
Uma moçambicana, ao ouvir o áudio
de Tchizé, afirmou simplesmente: “O
vosso país é uma comédia.”
A família Dos Santos não pode nem
deve continuar a tirar partido do
“deixa-andar” e do servilismo dos angolanos.
Que uma criança de três anos
seja usada para (des)informar sobre o
mais importante assunto de Estado
do momento – a saúde do presidente
– ultrapassa os limites do que podemos
aturar. Tudo chega ao fim, até a
paciência.
*www.makaangola.org
Fazer justiça às vítimas é o principal
ingrediente para uma paz duradoura
Tchizé: Saúde do Presidente
explicada por neto de três anos
Por Rafael Marques de Morais*
É
totalmente
você
Q
uase todos os conflitos armados têm uma característica que
lhes é comum. Acabam sempre com os beligerantes sentados
um de cada lado da mesma mesa, assinando um documento
que detalha as condições que cada uma das partes se compromete
a cumprir para pôr fim às hostilidades.
Raramente este tipo de conflitos termina com a vitória de qualquer
uma das partes, muito embora uma ou outra possa estar mais forte ou
mais fraca. Mas regra geral, ninguém aceita depor as armas e capitular
somente em razão de se sentir fragilizado. Como se costuma dizer na
linguagem do belicismo, “lutaremos até ao último homem”.
As negociações para o fim de uma situação de hostilidades militares
impõem concessões de parte a parte, não menos importante das quais
o reconhecimento da legitimidade dos beligerantes e das suas respectivas
reivindicações.
Quando em 1990, o Governo e a Renamo se sentaram à mesa das negociações
que culminaram com o Acordo Geral de Paz em 1992, uma
das mais importantes concessões que o Governo fez foi reconhecer a
Renamo como um movimento legitimamente moçambicano e com
inquietações cuja resolução exigia uma abordagem política.
Como compensação, a Renamo viu-se obrigada a reconhecer a legitimidade
do então Governo de Moçambique, liderado pela Frelimo.
Ultrapassadas estas questões formais prévias, as duas partes mergulharam
naquilo que era a substância do seu conflito. A Renamo exigindo
a introdução de uma nova ordem política e integração das suas
forças, em troca de um cessar-fogo.
Acautelam-se os interesses das forças em conflito, mas vezes sem
conta ignora-se o facto de a guerra ter produzido vítimas inocentes.
A história tende a repetir-se e, mais uma vez, nas actuais negociações
para a paz em Moçambique, as vítimas voltarão a ser esquecidas.
O actual conflito foi de uma relativa baixa intensidade e, contrariamente
à guerra dos 16 anos, mais localizado na região centro do país.
Mas esta baixa intensidade e a natureza localizada do conflito não foram
o suficiente para poupar vítimas. As confrontações armadas nas
matas da Gorongosa foram acompanhadas por uma vasta campanha
de repressão contra civis identificados como apoiantes de uma ou de
outra parte no conflito. Muitos cidadãos foram raptados e, em alguns
casos, torturados até à morte. Outros tiveram os seus bens destruídos.
Houve relatos de valas comuns cuja investigação para se apurar a veracidade
dos factos foi literalmente sabotada por uma comissão parlamentar
de inquérito que agindo com um cinismo assustador, logo à
partida não quis admitir a possibilidade da existência de atrocidades
cometidas contra civis. O que a referida comissão não conseguiu esconder
foram os corpos encontrados debaixo de uma ponte, algures
na província de Sofala. Mas mesmo assim, tentou desviar as atenções
com actos de intimidação contra jornalistas que no cumprimento do
seu dever de informar, andavam à procura da verdade. Não pode haver
tamanho desrespeito pela vida.
Por causa dessas acções obstrucionistas, todos aqueles que sofreram
como consequência da guerra correm o risco de serem identificados
apenas pela designação colectiva de vítimas, deslocados ou refugiados;
sem rostos, sem uma identidade individual própria e sem direito
a qualquer tipo de compensação. Contrariamente aos fazedores da
guerra, que terão direito à integração numa vida normal, com direito
de acesso a fundos especialmente estabelecidos para esse fim.
Esta será mais uma paz entre os beligerantes, mas sem justiça e sem
a verdadeira reconciliação. Uma paz em que os beligerantes trocam
entre si benefícios como incentivo para deixarem de se guerrear, mas
onde as principais vítimas serão apenas um colectivo, sem qualquer
tipo de recompensa que as ajude a recompor as suas vidas, rompidas
sem o seu consentimento, mesmo que qualquer das partes tenha cometido
essas violações em seu nome. Nenhum registo foi feito sobre
as vítimas e tudo ficará convenientemente armazenado no acervo do
esquecimento colectivo.
Uma forma de se fazer justiça a estas almas injustiçadas da sociedade
seria que ao procurar encontrar as formas de se pôr fim ao conflito,
seja prevista uma legislação que permita às vítimas da guerra ou seus
próximos algum mecanismo de compensação que as ajude a aliviar o
sofrimento por que tenham passado nas mãos das forças beligerantes.
Só assim é que se pode falar de uma reconciliação efectiva, o principal
ingrediente para uma paz duradoura.
Savana 26-05-2017 19 OPINIÃO
529
Email: carlosserra_maputo@yahoo.com
Portal: http://oficinadesociologia.blogspot.com
F
oi, tanto quanto se lembre,
uma das piores noites pelas
quais passou o João Carlos
Quincardete Jr. Tinha chegado
dois dias antes à casa paterna,
vindo de Chimoio, onde tinha concluído
o curso pré-universitário no
Instituto Médio Agrário. Foi com
orgulho que o seu pai – principalmente
ele – recebeu o diploma. Mas
o que se passava com o filho ele nem
poderia advinhar, e naquela noite
Quincardete Jr. estava acossado por
uma tempestade cerebral violenta,
dividido quanto ao passo que teria
necessariamente de dar no dia seguinte,
para comunicar o que lhe ia
na alma. E o que lhe ia na alma não
era fácil, porque entrava em choque
frontal com o projecto que o pai tinha
para ele.
O pai pretendia, embora não o dissesse,
ou talvez nem o reconhecesse
conscientemente, que o filho fosse o
prolongamento natural daquilo que
tinha sido o seu sonho em jovem.
Na verdade, Quincardete pai tinha
feito parte do primeiro grupo de
regentes agrícolas formados no então
Instituto Médio Agrário de Vila
Pery. Uns poucos anos depois de ter
entrado em trabalhos de terreno,
viu-se – no quadro das movimenta-
ções feitas depois da independência
– a trabalhar no Complexo Agro-
-Industrial de Angónia. Foram anos
de trabalho intenso, sob uma ainda
mais intensa, forte componente de
stress, por entre a guerra em curso e
a ameaça permanente de um ataque
que poderia vir de qualquer lado.
Quando se livrou dessa situação,
voltou para Quelimane, mas estava
tão destruído que não conseguiu
levar avante o seu projecto de vir a
tornar-se um engenheiro agrónomo.
Tentava agora que esse sonho fosse
realizado através do filho.
Acontece que Quincardete Jr. não
estava nem minimamente interessado
em seguir essa carreira. E
concluir o ensino pré-universitário
no Instituto Médio Agrário de
Chimoio, muito a contragosto, só o
fez na verdade para ganhar tempo e
ver como é que poderia contornar
e partir o galho de dizer ao pai, fi-
nalmente, qual era o seu verdadeiro
sonho. Naquela noite, em particular,
debatia-se entre essa necessidade,
que sabia que iria deixar o seu pai
em desespero, e também a vontade
de não querer sujeitar-se a uma vida
que para ele não teria significado.
Mas tinha que ser.
E no meio daquela tormenta, naquela
noite, o que lhe vinha recorrentemente
ao cérebro eram os
versos daquele poema cantado que
ouvira várias vezes durante o internato,
de Emílio Santiago, que a certa
altura perguntava: “... Mas o que é
a vida afinal? // Será que é fazer o que
o mestre mandou? / É comer o pão que
o diabo amassou / Perdendo da vida
o que tem de melhor?” Ele tinha que
responder a essa pergunta, resposta,
aliás, que já conhecia de há tempos,
diria mesmo desde a sua nascença.
O seu sonho era seguir a carreira de
cozinheiro, vir a ser um dia qualquer,
aos 50 ou 60 anos, um chef capaz de
fazer maravilhas e criar obras de arte
com simples recurso a legumes, hortaliças,
carnes, peixes, ovos, coisas
que tais, porque sempre considerara
– e continuava a considerar, talvez
por influência da avó materna – que
cozinhar era a arte suprema da vida,
e que o prazer de dar o produto dessa
arte a experimentar, a degustar,
era sem dúvida um dos maiores que
se poderiam conceber. Tinha que
dizer isto ao pai, e tinha que ser no
dia seguinte. Previa um encontro
dificílimo, talvez mesmo podendo
descambar num desencontro total e
definitivo. Mas tinha que ser.
Foi uma noite terrível, mas os versos
não lhe saíam da cabeça – e para
apaziguar o fogo que lhe ardia no
peito e queimava recorria aos versos
desse mesmo poema, onde o poeta
cantador, apaziguador, dizia: “...
Senta, se acomoda / À vontade, tá em
casa / Toma um copo, dá um tempo /
Que a tristeza vai passar / Deixa pra
amanhã / Tem muito tempo / O que
vale é o sentimento / E o amor que a
gente / Tem no coração”. E ele, na verdade,
nutria um sentimento de muito
respeito e simpatia pelo pai< mas,
ao mesmo tempo, sentia um amor
profundo por aquilo que considerava,
e tinha certeza de que era, a sua
verdadeira paixão na vida: a cozinha,
e tudo o que nela se podia fazer.
Quando amanheceu, depois da noite
toda passada em branco, tinha
tomado a sua decisão: ia desfazer o
nó, desse por onde desse. Depois do
pequeno-almoço – estava a família
com aquele ar festivo, de saber que o
filho primogénito estava bem e bem
encaminhado –, ele virou-se para
o pai e disse – “Pai e mãe, minhas
irmãs, quero comunicar-vos aquilo
que me dói na alma, que é a minha
suprema decisão: fiz o Curso Médio
Agrário em Chimoio para vos dar a
satisfação de saber que tenho capacidade
de o fazer, mas não tenciono
seguir a carreira de Engenharia
Agronómica. Pretendo seguir a carreira
que mais felicidade me trará: a
gastronómica. E é essa que seguirei.”
O pai disse, contrariando tudo que
seriam as expectativas de todos,
principalmente do próprio filho –
“Eu já tinha notado que tu não tens
nada do meu sangue nas tuas arté-
rias. Tinha notado, de cada vez que
vinhas de férias do Instituto Médio
Agrário, que estares lá a frequentar
o curso de Agronomia era pela
mera vontade de satisfazer o que eu
sei que é, no fundo, apenas a continuação
do meu próprio sonho. Se
eu próprio não consegui realizá-lo,
não tenho o direito de exigir que tu
o faças. Segue o teu caminho e sê
feliz! Espero que um dia nos possas
vir preparar uma matapa com caranguejo
condimentada com especiarias
francesas.”
O nó
E
m Maio de 2017, assinalam-se
em Angola 40 anos do início
de um terrível processo de repressão
política que culminou
na morte de largos milhares de angolanos.
Resultou daí uma fractura social
que perdura até aos nossos dias,
pois vivemos numa sociedade que
não conhece o paradeiro de milhares
de jovens patriotas, que serviam e
acreditavam no MPLA e que a partir
de 27 de Maio de 1977, num intervalo
que se arrastou por cerca de dois
anos, foram engolidos pela máquina
de terror comandada pelo primeiro
Presidente de Angola.
Excelência,
Uma parte dos filhos desses jovens
combatentes somos nós, órfãos do 27
de Maio de 1977. Passados 40 anos,
não havendo qualquer explicação ou
inquérito oficial do Estado Angolano
sobre estes trágicos acontecimentos,
estamos convictos da necessidade
em dirigir a Vossa Excelência, pela
primeira vez em conjunto, algumas
palavras que expressam o nosso sentimento
de profunda mágoa.
Na nossa memória permanecem bem
vivas as conversas no seio das nossas
famílias de que a sua nomeação em
1979 para Presidente da República
iria abrir uma nova janela à esperan-
ça mais legítima: a esperança de que
quem tinha ordenado e participado
nas torturas mais bárbaras, no desaparecimento
sistemático e nas execuções
em massa entre 1977 e 1979,
poderia ser julgado pelos seus crimes.
Para além disso, a esperança de que
seriam facultadas informações concretas
aos familiares dos desaparecidos
acerca do destino dado a estes.
As expectativas que depositaram
em Vossa Exa eram de facto elevadas.
Eram expectativas de quem o
viu como um companheiro de luta
dos nossos pais. De alguém que iria
promover condições necessárias para
o início de um julgamento que fosse
justo e com todas as garantias e
prerrogativas que foram negadas aos
nossos pais. Tragicamente, 40 anos
volvidos, somos confrontados com a
memória dessa ferida e com a dura
realidade de termos alcançado da
Presidência da República e do Estado
Angolano uma única coisa: o
SILÊNCIO.
Essa parte do passado que foi o 27 de
Maio de 1977 foi apagada da nossa
história pela imposição forçada da
amnésia colectiva. Das vítimas e das
circunstâncias em torno da sua morte
o país pouco sabe. Quando e como
foram assassinados? Porque não tiveram
garantias mínimas de defesa em
tribunal, de maneira a responderem
às acusações que lhes eram imputadas?
Quem foram e onde estão os
seus algozes? São perguntas como
estas, entre muitas outras, que exigem
ainda hoje um necessário esclarecimento.
Diante destes factos, pretendemos
evocar a memória das vítimas
do 27 de Maio e apelar a Vossa Exa
para que, em consciência, se digne
diligenciar no sentido de que sejam
tomadas medidas que visem:
1. A constituição de uma lista com os
desaparecidos do 27 de Maio;
2. A realização de exames de ADN
às ossadas das vítimas e a sua restituição
às famílias para que lhes
possam dar sepultura digna;
3. A emissão de certidões de óbito e
respectiva entrega às famílias, em
conformidade com a declaração do
Bureau Político do MPLA datada
de 26 de Maio de 2002;
4. A criação em Luanda de um memorial
de homenagem às vítimas;
5. O reconhecimento civil dos progenitores
de todos os órfãos no seu
bilhete de identidade, em conformidade
com a declaração citada no
ponto 3.
A ferida do 27 de Maio de 1977 continua
bem aberta pelo país. Definitivamente,
será esta a derradeira ocasião
que teremos para nos dirigirmos
a Vossa Excelência enquanto órfãos
deste tenebroso período. Colocados
nesta condição há 40 anos, entendemos
que o destino de Angola vai estar
totalmente ligado à compreensão
e superação da sua história. Por isso,
manteremos a nossa fé de que o país
celebrará, em tempo útil, o passado
digno daquelas mulheres e homens
que, com lealdade à Pátria, procuraram
edificar uma sociedade melhor.
Luanda, aos 17 de Maio de 2017
Lista de assinantes
1. João Ernesto Valles Van Dunem
2. Epiménides de Kuame Catraio
Pereira
3. Luís Carlos Filipe Fortunato
4. Josina da Silva Valentim
5. Frederico Penaguião Valles
6. Rui Tukayana Ferreira Coelho
7. Ulika Gisela da Paixão Franco
dos Santos
8. Henda Evangelista Rasgado
9. Nelson Henriques de Barros
Vieira Lope
10. Songuile Nekruma Delfino Kassange
11. Morais Pakisse Bessa Saiundo
12. Cláudio Patrício de Fontes Pereira
13. Vladimir Henriques Monteiro
Vieira Lopes
14. Aníbal José Rasgado
15. Kiluanje Liberdade Jorge Policarpo
16. Ivan Mombassa Eduardo dos
Santos
17. Vladimir Diogo da Silva Valentim
18. Vânia Cristina Soares dos Reis
Mendes
19. Jesus de Martina Rasgado
20. Sahamy Rasgado
21. Magog Társis do Nascimento
Pereira
22. Kussi Emanuel de Santana Bernardo
23. João Jorge Monteiro de Almeida
24. Álvaro Nandajoy de Martina
Rasgado
Cc: Ministro da Justiça e dos Direitos
Humanos
Procurador-Geral da República
Presidente do Tribunal Constitucional
Presidente do Tribunal Supremo
Provedor de Justiça
Sobre o 27 de Maio de 1977 em Angola
Abaixo Assinado a JES
Q
uando mais pequenas
as terras, quanto
menos povoadas de
espectáculos, mais
gente aflui aos comícios, lá
onde o candidato se multiplica
na produção de promessas,
de gestos e de símbolos, num
quadro cerimonial feérico.
Saídas do espectáculo de um
candidato, as sequiosas gentes
logo passam a outro, sempre
transversais, rodando de candidato
em candidato, de espectáculo
em espectáculo, das
camisetes de um aos bonés de
outro, dos sacos plásticos de
um aos porta-chaves de outro.
Os candidatos tentam ser puro
espectáculo, produtores de esperança
e euforia, mecanismo
compensatório para a mesmice
e os horizontes tacanhos.
E sendo isso, eles-próprios se
sentem outros em seu messianismo,
em suas promessas de
parusia terrena, eles-próprios
acreditam no que tentam fazer
acreditar, eles-próprios se sentem
multidão. Por isso acreditam
que vencerão as eleições,
que até já as venceram antes de
se realizarem.
Campanhas eleitorais
20 Savana 26-05-2017 OPINIÃO
SACO AZUL Por Luís Guevane
J
á alguém me perguntava sobre a
dimensão e o carácter do Estado
Islâmico (E. I.) ou Daesh, pondo
no pico da questão a razoabilidade
das acções deste movimento. Mas não
são só essas questões. Há um leque de
preocupações que apoquentam não só os
governos dos vários países como a sua
respectiva população. Onde ocorrerá o
atentado seguinte? Em que país, em que
continente? Como se manifestará? Está
claro que os atentados têm tendência a
continuar mais para o Ocidente. Não
bastaram os de Paris, em Janeiro e Novembro
de 2015; o da Tunísia, no mesmo
ano, contra um hotel; a queda do
airbus russo no Egipto; os de Califórnia
nos EUA…Em 2016 seguiram-se outros
atentados na Turquia, em Istambul;
na Bélgica, em Bruxelas; nos EUA, na
Flórida; na França, na Alemanha, etc.
De atentado em atentado
No presente ano a frequência dos atentados
voltou a tirar sono aos europeus: o “breaking
news” mostrava mortos e feridos em Paris
(Fr.), Londres e Manchester (Reino Unido);
notícias de última hora que não eram outra
coisa senão a exibição real do actual está-
gio civilizacional do mundo. Tornaram-se
nota de abertura nos telejornais mundiais.
Invariavelmente, os alvos mais imediatos e
preferenciais foram sempre as pessoas, independentemente
da idade e do sexo. Daqui
podemos aferir que, indirectamente, os
“infiéis” são o alvo final, o alvo desejado, o
Ocidente.
As notícias sobre os atentados na Europa,
e em outras localizações do mundo, vão-se
somando. O “E. I.” surge sempre a revindicar
a autoria dos mesmos. Faz parte do jogo
desde que o impacto justifique essa suposta
apropriação da responsabilidade. Enquanto
isso, presos ao conceito clássico de “Estado”,
vamos dizendo que o “E. I.” não existe. No
entanto, a cada atentado se globaliza o Daesh,
o acrónimo árabe de Estado Islâmico.
É neste sentido que o conceito de “Estado”
tem vindo a evoluir por força das circunstâncias
políticas. O “E. I.” procura espalhar a
fé, procura engolir “outros” Estados, mesmo
em situação de fraqueza na sua capacidade
de mastigá-los. O seu carácter aparentemente
terrorista, na acepção unânime do
mundo civilizado, chama à atenção para a
questão da razoabilidade das suas acções.
Quem é menos fiel, os combatidos ou os
que combatem?
Como olhar para a “razoabilidade” das ac-
ções do “E.I.” quando não se percebe muito
bem quais as suas reais intenções? Como
discutir a “razoabilidade” quando as vítimas
são pessoas inocentes, jovens e até mesmo
crianças? É o poder do dinheiro ou o capital
de intolerância religiosa e política que perfazem
o rosto, a dimensão e o carácter
do “E. I”? Como converter um infiel
através da morte? Não há resposta. Os
ataques sucedem-se. Mais crianças, mais
homens e mulheres, enfim, mais seres
humanos vão pagando com as suas vidas
as dificuldades de interpretação ideal do
conceito de civilização. A intolerância
pode ser uma questão de percepção das
diferenças existentes entre os seres humanos.
O dito mundo civilizado parece coexistir
com um outro mundo onde conceito
de civilização é diferente do primeiro.
Nestes dois mundos o conceito de terrorismo
tem valências próprias produzidas
pelos respectivos percursos da história. É
como se os dois se encontrassem e, em
simultâneo, se acusassem mutuamente
de terrorismo. Qual é o hemisfério do
cérebro que acciona o terrorismo?
Hoje, a economia venezuelana é um
desastre total, com o colapso do
crescimento e a quase hiperinfla-
ção a provocarem um grande sofrimento
humano.
Há uma certa ironia nas notícias recentes
que dão conta que a Venezuela doou meio
milhão de dólares para a tomada de posse
de Donald Trump, através da Petróleos de
Venezuela (PDVSA), a petrolífera estatal.
Claro que a Venezuela, que é um país em
sério incumprimento, tendo incumprido
mais vezes que quase qualquer outro país
nos últimos dois séculos.
Recentemente, o governo socialista despó-
tico da Venezuela tem estado desesperado
para evitar outro incumprimento (que seria
o 11º. do país desde a Independência) até
porque hipotecou as suas joias da coroa industriais,
incluindo a refinaria Citgo - que
tem a sede nos EUA - aos russos e aos chineses.
(A marca Citgo é especialmente conhecida
na minha cidade Natal de Boston,
Massachusetts, onde o símbolo da companhia
se tornou uma marca nos arredores do
Fenway Park, onde joga a equipa de basebol
dos Red Sox).
Não é totalmente claro porque motivo está
o presidente Nicolás Maduro tão desesperado
por evitar um incumprimento do país,
em termos de dívida externa, ao ponto de
fazer com que a sua própria população passe
fome, de uma forma muito parecida com
o que fez o ditador romeno, Nicolae Ceausescu,
na década de 1980. Com a grave
escassez alimentar e de medicamentos bá-
sicos, há poucas dúvidas que, se e quando, o
autocrata for finalmente deposto, vão existir
algumas histórias familiares de horror e
assustadoras.
Retratar a tragédia venezuelana como
uma história inacreditável do que acontece
quando um país cai nas mãos de populistas
de esquerda é simplista. Os governos de
direita da década de 1980 e de 1990 eram
também corruptos. E, enquanto os rendimentos
nacionais cresceram, a distribuição
dos rendimentos estava entre as mais desiguais
do mundo. Mas é verdade que o actual
espectáculo de horror da Venezuela é um
produto da desgovernação de esquerda das
duas últimas décadas.
Houve uma época em que uma contribui-
ção como a que a Venezuela fez, era uma
mera ninharia num orçamento de ajuda
muito maior. Sob a governação do antigo
presidente, o carismático Hugo Chávez, a
Venezuela dispersou o seu dinheiro oriundo
do petróleo de forma ampla, em grande
parte para apoiar outro governos populistas
e anti-Estados Unidos na região. Chávez
chegou mesmo a financiar combustíveis
para algumas famílias com baixos rendimentos
nos EUA, um programa que ficou
conhecido pelos anúncios publicitários e
pelo antigo representante norte-americano,
Joe Kennedy, em 2006.
Esse financiamento ocorreu quando os
preços do petróleo, elevados e em crescimento,
ajudavam a manter as receitas da
Venezuela apesar da má gestão económica,
que fez com que a produção petrolífera entrasse
numa espiral descendente. Tenham
em mente que a Venezuela nunca foi tão
rica como os EUA, por isso, o seu orçamento
de ajuda era como dar dinheiro aos
pobres. Sendo que esse dinheiro foi retirado
aos ainda mais pobres.
Os preços do petróleo caíram de forma
dramática desde a morte de Chávez, em
2013, com cancro. O seu sucessor, que é
um homem do partido sem carisma, tem
Porque é que Trump aceitou o dinheiro da
Venezuela?
de seguir em frente sem as mesmas receitas
fáceis. E apesar de Chávez ser também
autocrata, ele provavelmente ganhou as
eleições.
Em contraste, na eleição de Maduro em
2013, ele teve um resultado renhido, que
muitos questionaram. Apesar de acadé-
micos norte-americanos insistirem que
Maduro ganhou de forma justa, não foi
dado nenhum espaço televisivo à oposi-
ção. É compreensível que os académicos
de esquerda considerem que algumas das
políticas de redistribuição e de educação do
governo socialista sejam apelativas, como
apontou o Nobel Joseph Stiglitz quando
visitou Caracas, a capital, em 2007. Mas a
vontade da esquerda de não ver o desmantelamento
de instituições democráticas na
Venezuela faz lembrar as relações dos economistas
da escola de Chicago, de direita,
com os ditadores da América Latina, na
década de 1970.
Hoje, a economia venezuelana é um desastre
total, com o colapso do crescimento
e a quase hiperinflação a provocarem um
grande sofrimento humano. Em tais circunstâncias,
pode ser expectável um golpe
militar tradicional na América Latina. A
ausência de um golpe militar na Venezuela
dificilmente é o reflexo de instituições democráticas
fortes. Em vez disso, o Governo
dá liberdade aos militares para gerirem a
venda de drogas, o que faz com que muitos
generais e oficiais se tornem muito ricos – e
com capacidade para comprarem a lealdade
de tropas importantes.
E isto leva-nos novamente ao espectáculo
bizarro deste país, desesperado em termos
económicos, que está a ajudar a financiar as
festividades associadas à tomada de posse
de Trump. Como Joe Kennedy II, os organizadores
de Trump podem alegar que,
se a Venezuela quer gastar o seu dinheiro a
tornar a vida do seu vizinho do norte muito
mais rico, quem são eles para dizerem
que não?
Em ambos os casos, os EUA deviam ter
dito: apesar da ajuda ser transparente, o
simbolismo de um país rico a ficar com
dinheiro do seu vizinho pobre, onde milhões
de pessoas sofrem, dificilmente é
atraente. E é particularmente bizarro que,
ainda que as políticas norte-americanas
em relação ao México tenham aumentado
substancialmente as hipóteses de um presidente
anti-americano ao estilo de Chávez
assumir o poder, as autoridades estejam a
dar uma publicidade positiva a um governo
que é a caricatura de uma governação
desastrosa.
O antecessor de Trump, Barack Obama,
tinha uma posição de princípio nas negociações
entre os EUA e a Venezuela, tendo
imposto sanções com o objectivo de tentar
colocar rédeas num comportamento trapaceiro
- uma política que contou com o
apoio dos dois grande partidos. A administração
Trump tem de manter-se nesta
trajectória, em especial dado que os baixos
preços do petróleo enfraqueceram o governo
venezuelano. Em vez de atacar a Amé-
rica Latina, os EUA têm de mostrar que
podem ser um amigo leal e que não vão ser
demovidos por subornos de qualquer tipo.
*Kenneth Rogoff, antigo economista-chefe
do FMI, é professor de Economia e Políticas
Públicas na Universidade de Harvard.
Por Kenneth Rogoff*
Savana 26-05-2017 21 PUBLICIDADE
22 Savana 26-05-2017 DESPORTO
O
Ferroviário da Beira conquistou,
esta terça-feira,
o seu primeiro ponto na
fase de grupos da Liga
dos Campeões Africanos, em futebol,
ao empatar, em casa, com o
Al Hilal do Sudão sem abertura
de contagem.
Num jogo sem emoção, os sudaneses
foram a equipa mais esclarecida,
tendo tido oportunidades
claras de golos, enquanto os campeões
nacionais demonstravam
inexperiência, imaturidade e falta
de vontade.
Com a derrota, na primeira jornada,
diante do Étoile du Sahel, os
campeões nacionais eram obrigados
a ganhar para não deixar escapar
o pelotão da frente, mas a
equipa não conseguiu corresponder
às expectativas.
Mais do que ganhar o Al Hilal,
os “locomotivas” da Beira tinham,
primeiro, a missão de superar a
barreira de jogar fora de casa, Estádio
Nacional do Zimepto, facto
nunca assumido por aquela equipa.
Esse factor verificou-se nas vésperas
da partida, quando na conferência
de imprensa de antevisão
do jogo, o treinador da equipa,
Ferroviário da Beira empata sem golos com o Al Hilal e falha o assalto ao segundo lugar
Quando se joga sem vontade...
Por Abílio Maolela
Aleixo Fumo, afirmou que jogar,
em Maputo, não teria a mesma
adrenalina que na Beira, um discurso
não recomendável nas vésperas
do jogo.
Embora o público tenha estado
em número reduzido, devido à
hora do jogo (15 horas da terça-
-feira), o facto é que os cerca de
oito mil adeptos que estiveram
presentes no local fizeram-se ouvir.
Aliás, o Ferroviário da Beira só
se pode queixar do número de
adeptos, pois, a maior animação
do ENZ partia das bancadas que
do campo, com a claque beirense
a brindar os presentes com batucadas
e trombetas do primeiro ao
último minuto.
No fim do jogo, Aleixo Fumo
reconheceu a justeza do resultado,
afirmando que faltou “clarividência,
calma e serenidade” a sua
equipa. Explicou ainda que os
“locomotivas” do Chiveve preparam
o jogo sem o devido conhecimento
do adversário, factor que
também contribuiu para aquele
desempenho.
Outro factor que na óptica de
Aleixo Fumo terá contribuído
para aquele desempenho é a sobrecarga
de jogos a que a sua equipa
tem sido submetida. Em 14
dias, o Ferroviário da Beira realizou
quatro partidas (duas na Liga
dos Campeões, uma na Taça de
Moçambique e outra no campeonato),
tendo perdido três e empatado
um (com o Al Hilal). Aliás,
este facto valeu a eliminação dos
“locomotivas” da Beira na Taça de
Moçambique, fase provincial.
“O Ferroviário da Beira foi submetido
a uma situação desumana.
Os jogadores não sabem o que é
descansar. Há quatro semanas que
não treinamos”, revelou o técnico,
antes de atirar:
“O estrago já foi feito. Aprendemos
a lição. Espero que nos pró-
ximos jogos estejamos mais organizados
(do Ferroviário da Beira,
Federação e Liga Moçambicanas
de Futebol)”.
“O desgaste foi maior e fez-se
sentir nestes jogos. Também tí-
nhamos poucas soluções porque
alguns colegas tinham problemas
de documentação”, frisou Maninho,
capitão da equipa.
Entretanto, este facto mereceu
comentário por parte do técnico
do Al Hilal, tendo dito que a sua
equipa ainda goza de “férias” devido
ao Ramadan, mas assim que
terminar, terão de fazer jogos ao
meio da semana.
Com este resultado, os “locomotivas”
de Chiveve perderam a oportunidade
de ascender ao segundo
lugar, visto que o Al-Merrikh,
próximo adversário da equipa mo-
çambicana, perdeu por uma bola a
zero diante do Étoile du Sahel.
Sendo assim, o grupo é comandado
pelos tunisinos do Étoile du
Sahel com seis pontos, seguidos
pelo Al Hilal com dois pontos. O
combinado nacional ocupa a última
posição com um ponto, atrás
do Al-Merrikh.
A falta de clarividência, calma e serenidade retirou a oportunidade do Ferroviário
da Beira ascender ao segundo lugar
O
Clube de Chibuto anunciou,
esta semana, a contratação
de Artur Semedo
como novo treinador
da equipa principal de futebol,
em substituição de Daniel Portela,
demitido último fim-de-
-semana, por alegados maus resultados.
O contrato, válido por meia época,
com mais uma de opção, foi
rubricado 48 horas depois da
demissão do técnico português,
Daniel Portela, despedido após
a derrota caseira diante do Costa
do Sol por duas bolas a uma.
Tirado de Portugal para dar o
primeiro título nacional ao “Império
de Gaza”, Daniel Portela
muito cedo “irritou” a massa associativa,
que até à sexta jornada
(derrota com o Chingale por 1-0)
sentia-se “burlada”.
Com a insatisfação dos adeptos,
a direcção daquela colectividade
decidiu, ao fim de 13 jornadas,
romper o vínculo contratual que
o ligava ao técnico português, que
deixa a equipa na oitava posição,
com 17 pontos, fruto de quatro
vitórias, igual número de derrotas
Clube de Chibuto anuncia Artur Semedo e totaliza nove treinadores em seis épocas
A obsessão pelo título!
Por Abílio Maolela
e cinco empates.
Assim, Artur Semedo, que se
encontrava desempregado desde
Novembro de 2016 (altura da sua
demissão na União Desportiva
do Songo) tem a difícil missão de
satisfazer a fome de títulos que
agudiza aquele clube.
Nono treinador em seis
épocas
Desta forma, Artur Semedo tornou-se
no nono treinador a desembarcar
no Império de Gaza,
desde que a equipa se estreou na
primeira divisão, em 2012.
O primeiro treinador dos “guerreiros”
de Gaza chama-se Abdul
Omar, que logo na primeira volta
teve a ousadia de colocar esta
equipa na segunda posição, tendo
ficado a dois pontos do então lí-
der Ferroviário de Maputo.
Entretanto, uma sequência de
derrotas na segunda volta levou
a direcção, então liderada por Simão
Cossa, a rescindir o contrato
com o técnico.
Como alternativa, o Clube de
Chibuto pegou o avião para Leiria,
em Portugal, onde foi buscar
Vítor Pontes, o primeiro treinador
estrangeiro do clube, tendo
conseguido manter a equipa na
primeira divisão.
Com o objectivo conseguido,
Pontes foi convidado a renovar o
contrato, em 2013, mas a quatro
jornadas do fim do campeonato
foi demitido por maus resultados,
porém, seria readmitido mediante
a pressão do governo provincial e
dos patrocinadores, visto que tinha
colocado a equipa na primeira
final da Taça de Moçambique.
Sublinhe-se que, entre a demissão
e a readmissão de Pontes, Mussá
Osman orientou a equipa.
Instalado mau clima entre a direcção
e o técnico, Vítor Pontes
rumou, em 2014, para o Ferrovi-
ário de Maputo, tendo sido substituído
por João Eusébio, outro
técnico português, demitido após
duas derrotas, em igual número
de jogos no Moçambola.
Para fechar a vacatura, o clube
que tem na direcção o empresá-
rio do ramo de transportes, Junneid
Lalgy, considerado dono do
clube, chamou Carlos Manuel
(Caló), mas também não resistiu.
Em 2015, o até então único representante
de Gaza na primeira
divisão começou a época com
mais um treinador português,
desta vez Vítor Urbano, porém,
o casamento duraria 10 jornadas,
tendo sido substituído por Lucas
Barrarijo.
Aliás, Barrarijo foi o treinador
que mais tempo levou naquele
clube, tendo entrado em Maio de
2015 e saído em Novembro de
2016.
Assim, para substituir o homem
que revolucionou o Ferroviário da
Beira, o Clube de Chibuto voltou
a recorrer ao mercado português,
tendo buscado Daniel Portela,
que ao fim de 13 jornadas arruma
as malas de volta a sua terra.
Com a entrada de Artur Semedo,
o Clube de Chibuto totaliza
nove treinadores, em seis épocas,
uma média de 1,5 treinadores por
época. Ou seja, os “guerreiros” de
Gaza contratam mais de um treinador
por época.
A cada demissão, a direcção esquiva-se
nos adeptos, afirmando
que estes é que a têm pressionado
no sentido de demitir os técnicos.
Sendo assim, várias questões se
colocam à volta da contratação de
Artur Semedo. Uma delas é por
quanto tempo o treinador mais
crítico do futebol nacional estará
no “Império de Gaza”.
Outra é sobre o número de treinadores
que aquela direcção precisa
contratar ou despedir para
encontrar o homem certo, capaz
de lhes dar o título.
Refira-se que, nesta quarta-feira,
o Clube de Chibuto perdeu por
duas bolas a zero diante da União
Desportiva do Songo, resultado
que lhe empurrou para o décimo
lugar com os mesmos 17 pontos.
Artur Semedo é o nono treinador do
Clube de Chibuto
Savana 26-05-2017 23 PUBLICIDADE DESPORTO
A Fundação Fernando Leite Couto é uma instituição cultural criada em 2015 para contribuir para o desenvolvimento
da cultura em Moçambique. Elegeu, para o seu funcionamento e materialização dos seus propósitos, o trabalho
com os mais diversos actores na literatura e nas artes.
A Fundação foi criada pela família de Fernando Leite Couto, impulsionador da literatura e do jornalismo em Moçambique
falecido em 2013. Sob os préstimos deste poeta e editor muitos autores moçambicanos puderam materializar
o sonho de ter obras publicadas, ao mesmo tempo que várias gerações de moçambicanos puderam entrar em
contacto com histórias e estórias de Moçambique e do mundo.
A Fundação trabalha para perpetuar a obra de Fernando Leite Couto e, no domínio específico da literatura,
pretende manter o estímulo que o seu patrono sempre concedeu para o aparecimento de novos valores no país.
Neste sentido, a Fundação decidiu criar o Prémio Literário Fernando Leite Couto, que anualmente distinguirá um
novo autor nos domínios da prosa de ficção e da poesia. O concurso reger-se-á pelas regras que se seguem:
1. O Prémio Literário Fernando Leite Couto é instituído pela Fundação Fernando Leite Couto, em parceria com a
Trassus Mobiliária, para estimular a produção de obras literárias, nos domínios da prosa de ficção (romance,
novela, crónica, conto e ensaio literário) e da poesia, em língua portuguesa, da autoria de novos escritores moçambicanos;
2. Para efeitos desta distinção são considerados novos talentos todos os autores sem obra publicada ou com
apenas uma no espaço de dois anos até à data de entrega do Prémio Literário Fernando Leite Couto;
3. O prémio terá uma periodicidade anual, alternando-se entre a poesia e a prosa de ficção;
4. As obras submetidas a concurso devem ser inéditas e apresentadas em três cópias em papel no formato A4,
tipo de letra Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento 1,5, acompanhadas de gravação em suporte digital
(“flash drive” ou CD), à excepção do estilo literário poesia, em que a formatação ficará ao critério do autor de forma
a obter uma melhor leitura e/ou exposição dos poemas;
5. A submissão de originais para concurso deve ser acompanhada por uma carta fechada de onde constem a
identidade do autor, os contactos e uma fotocópia do bilhete de identidade;
6. As obras devem ser assinadas com um pseudónimo, estando deste modo vetada qualquer referência ao nome
do autor em toda a extensão da obra submetida a concurso;
7. Os originais deverão ser submetidos, nas condições já estabelecidas no número 4 deste regulamento, na
Fundação Fernando Leite Couto, sita na avenida Kim Il Sung, nr. 961, até à data limite anunciada pelos organizadores;
8. Os candidatos de fora da cidade de Maputo poderão enviar as obras através de serviços de correio, sem,
porém, prejuízo dos prazos estabelecidos. O atraso na chegada de candidaturas não será imputável aos organizadores
do Prémio Literário Fernando Leite Couto;
9. Os candidatos devem declarar, sob compromisso de honra, serem os autores exclusivos das obras que submetem
a concurso, que ela é inédita e que não foi objecto de qualquer prémio ou menção em qualquer outro concurso
ou iniciativa similar e que não se encontre em avaliação também em qualquer competição;
10. O incumprimento do dispostos nos números quatro a nove do presente regulamento implicará a exclusão do
concorrente;
11. Encontram-se excluídos do concurso os colaboradores e familiares directos de responsáveis e colaboradores
da Fundação Fernando Leite Couto e da Trassus, Lda;
12. Findo o prazo das inscrições, a Fundação Fernando Leite Couto e a Trassus, Lda. constituirão um júri formado
por cinco elementos, que avaliará as obras e deliberará sobre o vencedor do Prémio Literário Fernando Leite Couto;
13. Ao indicar o vencedor, o júri fundamentará a sua escolha através de uma acta a ser lida na cerimónia de entrega
do prémio;
14. O anúncio público do vencedor do Prémio Literário Fernando Leite Couto ocorrerá durante uma cerimónia para
o efeito organizada e na presença dos organizadores e aberta ao público;
15. As candidaturas ao Prémio Literário Fernando Leite Couto estarão abertas no período entre 20 de Abril de 2017
a 31 de Julho de 2017, devendo o vencedor ser anunciado em data a indicar durante o mês de Setembro de 2017;
16. O lançamento do livro vencedor do concurso deverá ocorrer em Novembro de 2017;
17. Ao vencedor cabe, como prémio, o valor pecuniário 150.000,00 Mt e a edição da sua obra pela Fundação
Fernando Leite Couto;
18. O original distinguido será editado em formato de livro pela Fundação Fernando Leite Couto de acordo com os
critérios editoriais em vigor nesta Instituição;
19. As obras submetidas a concurso serão depositadas no acervo da Biblioteca da Fundação, podendo ser
disponibilizadas para consulta e/ou usadas acções de formação que a Fundação Fernando Leite Couto promove,
ao exemplo das oficinas literárias.
PRÉMIO LITERÁRIO
FERNANDO LEITE COUTO
com o apoio de:
24 Savana 26-05-2017 CULTURA
O
Movimento Literário
Kuphaluxa assinala a passagem
dos 95 anos de nascimento
do maior poeta de
Moçambique, primeiro africano
vencedor do mais importante pré-
mio literário da lusofonia, o Pré-
mio Camões, através de um sarau
cultural denominado “José Craveirinha:
95 anos de Palavra Viva”.
O Sarau Cultural em homenagem
a José Craveirinha terá lugar na
sexta-feira, 26 de Maio de 2017,
às 17 horas, no Centro Cultural
Brasil–Moçambique, em Maputo,
e contará com participações
de vários artistas da palavra, entre
poetas, declamadores, músicos,
académicos, com destaque para o
poeta e sociólogo Filimone Meigos
e o professor de literatura, Aurélio
Ginja, que vão partilhar a sua visão
sobre o poeta José Craveirinha e a
“José Craveirinha: 95 anos de Palavra Viva”
sua influência na actual poesia mo-
çambicana. “É preciso manter viva
a memória do poeta José Craveirinha
e outros escritores que fazem
parte do surgimento da literatura
moçambicana”, apela Zeca Craveirinha,
filho do poeta.
Além destas presenças, o evento
tem como convidado principal a
família do poeta-mor. O evento é
aberto a todo o público interessado,
com espaço para intervenções de
todos os participantes, quer por via
de leitura de textos ou manifestação
por via de qualquer género artístico.
Para já, pretende-se erguer um
monumento com vista a manter
vivo o nome e obra do meu pai. O
objectivo é que sirva de um local de
estudos sobre os trabalhos do poeta
de apresentação de suas teses sobre
o legado de José Craveirinha trazer
novas ideias sobre este homem da
cultura nacional”, destaca o filho do
poeta.
O Movimento Literário Kuphaluxa,
recorde-se, foi fundado sob
influência do pensamento de Craveirinha,
tendo, em 2012, num sarau
na residência do poeta, em acto
simbólico, recebido um testemunho
passado pelo filho e fiel depositário
do espólio do poeta, para a difusão
da obra daquele que é considerado
maior poeta de todos os tempos
em Moçambique. Sendo assim, o
evento que comemora os 95 anos
do poeta, nascido aos 28 de Maio
de 1922, é parte do prosseguimento
das promessas feitas à família,
de mover acções pela valorização e
reconhecimento do percurso e obra
literária deste que é herói nacional.
No seguimento das acções de homenagem,
para além do sarau desta
sexta-feira no Centro Cultural
Brasil-Moçambique, o Kuphaluxa
e outros artistas irão acompanhar
a família Craveirinha na deposição
de flores na praça dos heróis mo-
çambicanos, no verdadeiro dia em
que nasce o poeta, domingo 28 de
Maio, às 8h30. Curiosamente, no
presente ano o aniversário do poeta
Craveirinha é assinalado num
domingo, coincidindo com o nome
com que foi apelidado na infância
pela sua avó, “Sontuana” (mesmo
que “Dominguinho”) por ter nascido
num domingo.
A.S
A
capital moçambicana será,
de 02 a 03 de Junho pró-
ximo, a capital da música
africana. Em palco estarão
artistas de vários países da região
austral de África que, durante dois
dias, vão protagonizar aquela que
se espera que seja a primeira parada
de música, essencialmente, africana
no país.
Não é para menos. São esperados,
em Maputo, homens e mulheres fazedores
da cultura africana. Os organizadores
explicam ao SAVANA
que o evento, denominado “Festival
de Música da África Austral”, surge
para proporcionar uma experiência
diferente ao público moçambicano,
muitas vezes bombardeado com
músicas de fora do continente.
Explicam que muitos eventos musicais
que acontecem no país têm,
predominantemente, tido como
Artistas africanos
em palco na capital
figuras de cartazes artistas de fora
da mãe-África e de realidades que
pouco dizem respeito aos moçambicanos.
“Mas as pessoas querem ouvir mú-
sica diferente, música de África”
precisou Tando Chacate, promotor
do evento.
Trata-se, portanto, de um evento
eminentemente africano no país,
sob lema “Unindo os Africanos
através da Música e da Moda”.
Mister Bow, o artista sensação
do momento, Katia Agy, Matilde
Condjo, Team Sabawana, são
alguns dos artistas moçambicanos
que, de acordo com Chacate,
já confirmaram a sua presença no
evento que terá lugar, próxima semana,
no Cocunuts.
Mas para além de Moçambique,
artistas sul-africanos, namibianos,
zambianos e do Lesotho e Suazilândia
também confirmaram a presença.
A.S
José Craveirinha
Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1220 DE MAIO DE 2017
2 Savana 26-05-2017 SUPLEMENTO Savana 26-05-2017 3
Savana 26-05-2017 27 OPINIÃO Abdul Sulemane (Texto) Ilec Vilanculo (Fotos) P
elos olhares com que muitas vezes nos encaramos no nosso dia-a-dia tentamos decifrar
o que vai na cabeça das pessoas visadas. Sabemos que é algo difícil, mas mesmo
assim tentamos. A mente é assim, sempre à procura de soluções.
Esta questão dos olhares vem-nos à mente devido à primeira imagem deste informal.
O que notamos é que todos que se encontram neste evento têm os seus olhares fixados
para um ponto. Isso não quer dizer que estejam a pensar a mesma coisa. A mente é livre
de pensar o que bem entender. Como sabemos na mente só prevalecem as informações
mais importantes. Primeiros são as preocupações, depois vêm outros assuntos da nossa vida
social e profissional.
Referimo-nos ao segundo vice-Presidente da Assembleia da República, Yonusse Amad,
com o olhar ligeiramente para cima, a Governadora da Cidade de Maputo, Iolanda Cintura,
é flagrada com os olhos afinados, de tal maneira que não conseguimos apurar se agiu desta
forma devido ao que escutava e via. Agora o líder parlamentar do MDM, na Assembleia da
República, Lutero Simango, fixou o olhar e a pose para fotografia, o Ministro da Economia,
e Finanças, Adriano Maleiane, optou por desviar o olhar para a máquina fotográfica, sinal
de não ter disposição para fotografia. Deve ser pela magnitude dos assuntos que tem por
resolver. Nessa senda, o deputado da Frelimo na AR, Eneas Comiche, desvia o olhar para
o foco e escuta atentamente.
Olhar e escutar são virtudes. E usar essas virtudes para aumentar o nosso horizonte de
conhecimento é sempre agradável para quem usufrui dessas virtudes humanas. Pelos vistos
é o que faz o jornalista Lázaro Mabunda, ao ouvir o Presidente do Conselho Superior de
Comunicação Social, Tomás Viera Mário. Pelo olhar fixo, deve estar a ouvir algo novo.
Há quem diz que os artistas têm uma vida boémia. Muitas vezes, os que não têm esse
conhecimento pensam que os artistas não têm preocupações na vida. Outras vezes quando
admiramos o trabalho de um artista o idolatramos. De alguma forma gostaríamos de ter
as capacidades que esse artista admirado tem. Isso dizemos devido a esta terceira imagem
onde aparece o escritor Ungulani numa tertúlia e bebedeira com Luís Cezerilo. Pelo encantado
olhar de Cezerilo, parece um aluno admirando o seu mestre. Sabemos que este esta a
tentar singrar no mundo da literatura.
Não é novidade para ninguém que as artes e cultura nacionais estão muito longe do desejado.
Recentemente, o Presidente da República, Filipe Nyusi, exortou os artistas para não optar
por reclamações. Este mesmo discurso deve estar a ser enfatizado pelo músico Roberto
Chitsondzo, ao actor de teatro Nelson Maquile, que pelo semblante parece não concordar.
Dizem as más línguas que nesta última imagem está o casal do ano. Não sei porquê. A única
coisa que posso dizer é que temos de lutar com todas as armas para alcançar a felicidade. É o
que fez a líder da bancada da Renamo na AR, Ivone Soares, ao lado do investigador, Tomás
Sulemane, num passo de dança. Talvez estão a celebrar a felicidade.
Olhares discordantes
IMAGEM DA SEMANA
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz EF .BJP EF t "/0 99*7 t /o
1220 Diz-se... Diz-se
OGoverno moçambicano
voltou a falhar esta semana,
pela segunda vez
consecutiva, o pagamento
das prestações da dívida da empresa
Mozambique Asset Management
(MAM). O Governo justifica o incumprimento
com a falta de desfecho
das negociações com credores,
num processo iniciado ano passado,
com o qual espera renegociar todo o
valor das chamadas dívidas ocultas
avaliadas em USD 2.2 mil milhões.
Como já era previsível, depois de nos
meses de Janeiro e Março ter falhado
o pagamento das prestações referenUFT
ËT EÓWJEBT EB &."56. F 1SP-
Índicus respectivamente, esta terça-
-feira, o Governo voltou a cair no
JODVNQSJNFOUP EB EÓWJEB EB .".
/VN FTQBÎP EF NFTFT
FTUB Ï B
segunda vez que o executivo de Maputo
não cumpre com os comproNJTTPT
BTTVNJEPT DPN PT DSFEPSFT
" QSJNFJSB QSFTUBÎÍP EF NJMIÜFT
EF EØMBSFT EB EÓWJEB EB .". EFveria
ter sido paga a 23 de Maio de
F OÍP GPJ QPTTÓWFM /BT WÏTQFSBT
desta data, o ministro da Economia
F 'JOBOÎBT
"ESJBOP .BMFJBOF DPNVnicou
durante a audição parlamentar
OB $PNJTTÍP EF 1MBOP F 0SÎBNFOUP
que o Governo não iria conseguir pagar
aquela prestação por falta de verCBT "MFHPV .BMFJBOF RVF B FNQSFTB
não estava a gerar receitas, pelo que
não estava em condições de honrar
com os seus compromissos e, como
solução, apontava a renegociação dos
NPOUBOUFT 7PMWJEP VN BOP
P DFOÈ-
rio voltou a repetir-se, o Governo
fracassou na liquidação da prestação
EF 64% NJMIÜFT B EF .BJP
EF
%FUJEB FN QFMB (*14 FNQSFTB
EP 4FSWJÎP EF *OGPSNBÎÜFT F 4FHVSBOÎB
EP &TUBEP
1SP¶OEJDVT F
&."56. DPN DBEB
B .".
foi criada em 2014 e beneficiou de
VN FNQSÏTUJNP EF 64% NJMIÜFT
KVOUP EP CBODP SVTTP 75#
DPN HBSBOUJBT EP &TUBEP " mSNB
está vocacionada para serviços nas
áreas petrolíferas, mineira, portuária
e possui licenças para construir estaMFJSPT
OBWBJT FN 1FNCB F DJEBEF EF
.BQVUP
NBT BUÏ BP NPNFOUP BJOEB
OÍP mSNPV OFOIVN DPOUSBUP
Negociações em curso
0 (PWFSOP BWBOÎB DPNP TPMVÎÍP
destes incumprimentos a renegociação
dos títulos das dívidas juntos
dos credores, tendo para o efeito contratado
dois consultores a White &
$BTF --1 F -B[BSE 'SÒSFT
QBSB RVF
FTUBCFMFÎBN P EJÈMPHP DPN DSFEPSFT
Em contacto com o SAVANA, o
QPSUB WP[ EP NJOJTUÏSJP EBT 'JOBO-
ÎBT
3PHÏSJP /LPNP
FYQMJDPV RVF BT
negociações encabeçadas pelos dois
consultores estão bem encaminhadas
e que dentro em breve haverá noviEBEFT
2VFTUJPOBEP TPCSF P QBHBNFOUP PV OÍP EP NPOUBOUF EF 64%
NJMIÜFT
/LPNP QSFDJTPV RVF P
pagamento da dívida cabe à própria
empresa enquanto beneficiária do
FNQSÏTUJNP
TFOEP RVF P (PWFSOP
FNJUJV HBSBOUJBT BQFOBT %FTUF NPEP
remeteu-nos à direcção da empresa
para saber se o montante foi pago ou
OÍP
*OTJTUJNPT
QFSHVOUBOEP QPSRVF P
Governo está a renegociar uma dívida
que não vai pagar, ao que retorquiu
RVF Ï SFTQPOTBCJMJEBEF EP (PWFSOP
FOUBOUP RVF HBSBOUF EP QBHBNFOUP
5FOUBUJWBT EF FOUSBS FN DPOUBDUP DPN
P 1$" EBT FNQSFTBT &."56.
.". F 1SP¶OEJDVT
"OUØOJP $BSMPT
EP 3PTÈSJP
SFEVOEBSBN OP GSBDBTTP
&N +BOFJSP
P NJOJTUÏSJP EF &DPOPmia
e Finanças deu a conhecer, atraWÏT EF VN DPNVOJDBEP
iRVF B EFHSBdação
da situação macroeconómica e
a situação fiscal da República afectou
severamente as finanças públicas do
1BÓT 3FTVMUB RVF B DBQBDJEBEF EF
QBHBNFOUP Ï OFTUF TFOUJEP CBTUBOUF
limitada em 2017 e não permite que
a República tenha espaço fiscal para
proceder ao referido pagamento dos
KVSPT EPT 5ÓUVMPT FN EÓWJEBw
KVTUJmcou
o Governo a falha no pagamento
dos juros da dívida da Ematum que
BDBCBWBN EF TFS SFOFHPDJBEPT
/VNB EBT TFTTÜFT UVSCVMFOUBT EB
"TTFNCMFJB EB 3FQÞCMJDB
B CBODBEB
parlamentar da Frelimo aprovou a
JOTDSJÎÍP EBT EÓWJEBT EB .". F EB
1SP¶OEJDVT OB $POUB (FSBM EP &TUBEP
BUJUVEF RVF MFWPV B CBODBEB
parlamentar da Renamo a abandonar
B TBMB
1BSB P (PWFSOP
B JOTDSJÎÍP EBRVFlas
verbas visa permitir o controlo,
acompanhamento e fiscalização dos
SFGFSJEPT FNQSÏTUJNPT QPS QBSUF EP
5SJCVOBM "ENJOJTUSBUJWP
VNB WJTÍP
RVF OÍP Ï DPNVOHBEB Qelas bancadas
EB 3FOBNP F EP NPWJNFOUP %FNPDSÈUJDP EF .PÎBNCJRVF
.%.
RVF
de seguida solicitaram ao Conselho
Constitucional a declaração de inconstitucionalidade
da Conta Geral
t $POUSB WFOUPT F NBSÏT
PT BDDJPOJTUBT EB QBSUF NPÎBNCJDBOB OP .P[B
MÈ DPOTFHVJSBN NFUFS PT QBQÏJT OFDFTTÈSJPT OB EF 4FUFNCSP QBSB
serem concorrentes à recapitalização do banco onde tinham voz maioSJUÈSJB BUÏ EF 4FUFNCSP EF $PN UPEPT PT KPHPT EF DPSSFEPS
regras de procedimento duvidosas e lobbies poderosos em acção, resta
saber se os parceiros a quem os mozas se associaram nesta fase têm as
DSFEFODJBJT OFDFTTÈSJBT QBSB JNQSFTTJPOBS P YFSJGF EP #BODP $FOUSBM
t 2VFN TF EFJYB JNQSFTTJPOBS GBDJMNFOUF Ï NBEBNF #VDIJMJ ² B TFHVOda
vez que, por causa de documentos grosseiramente forjados, toca os
TJOPT B SFCBUF QBSB EFOVODJBS NBJT VN BUBRVF BP EBNP NBJT RVF UPEPT
4FSÈ RVF P TFV HBCJOFUF OÍP UFN VSHÐODJBT NBJT VSHFOUFT QBSB USBUBS
t /BEB EF JNQSFTTJPOBS P EFCBUF RVF B FTQBMIBGBUPTB QSPNPWFV GB[FOdo
serviço público para sabermos das ideias dos dois candidatos ao
DMVCF EPT FNQSFTÈSJPT /P mN EP EJB
BQFOBT B DPOWJDÎÍP RVF BJOEB
OÍP Ï EFTUB RVF B $5" TBJ EB ØSCJUB GSFM QBSB TF QSPKFDUBS DPNP VNB
organização independente ao serviço do empresariado operando em
.PÎBNCJRVF
t 0T EPJT DBOEJEBUPT GPSBN ËT DÉNBSBT EF UFMFWJTÍP EBS B SFDFJUB EF DPNP
TF GB[ VNB DBNQBOIB EF NVJUP CBJYB KBF[ $PN BT DBSUBT KPHBEBT DPNP
foram jogadas nesta campanha, só mesmo os menos avisados podem
FTQFSBS QPS EJBT NFMIPSFT EJBT MÈ QFMBT CBOEBT EB 1BUSJDF -VNVNCB
t 5BNCÏN DBVTPV JOEJHOBÎÍP PT QSPOVODJBNFOUPT EB BOUJHB NJOJTUSB
EB +VTUJÎB F BHPSB DPOTFMIFJSB EP 13
RVF UFSÈ BmSNBEP RVF IPKF GBMBS
EF NBHJTUSBEPT Ï RVBTF RVF GBMBS EF DSJNJOPTPT 0T TFVT QBSFT
FN
circuitos fechados, aconselham a magistrada a dar uma espreitadela no
BSUJHP EP &TUBUVUP EPT .BHJTUSBEPT KVEJDJBJT ;BOHBN TF BT DPNBESFT F mDBSFNPT B TBCFS EF NVJUB DPJTB
t 5BNCÏN OÍP JNQSFTTJPOB B BHFOEB EP $$ EPT DBNBSBEBT QBSB FTUF
mN EF TFNBOB /P FOUBOUP
BOEB UPEP P NVOEP B TBMJWBS DPN B QFSTpectiva
de, à porta fechada, se saber um bocadinho mais sobre o relaUØSJP EB ,SPMM F BT DPOWFSTBÎÜFT DPN %IMBLBNB
BHPSB RVF QBSFDF RVF
P IPNFN EB TFSSB DPNFÎB B mDBS EF NBV IVNPS DPN UBOUB MFOUJEÍP
² B BHFOEB F B BHFOEB
VN NFOV QBSB BDPMIFS PT BQFUJUFT EPT NJMJUBOUFT $È GPSB DPOUJOVBN PT GPHPT SFBJT FOUSF GBDÎÜFTy
t "QFTBS EB SBÓOIB FNQSFTUBEB BP $IJWFWF OÍP TF JNQSFTTJPOBS DPN
P OPUÈWFM USBCBMIP RVF WFN TFOEP EFTFOWPMWJEP OP 1BSRVF /BDJPOBM
da Gorongosa, há olhos do exterior que acompanham a par e passo a
SFDVQFSBÎÍP RVF BMJ UFN BDPOUFDJEP /ÍP BENJSB BTTJN RVF .BUFVT
.VUFNCB
P "ENJOJTUSBEPS EP 1/(
UFOIB TJEP TFMFDDJPOBEP FN
8BTIJOUPO %$ DPNP VN EPT i/BUJPOBM (FPHSBQIJD T $MBTT PG
o &NFSHJOH &YQMPSFSTw /ÍP TÍP TØ PT CBODPT RVF HBOIBN QSÏNJPT
OP QBÓT
t *NQSFTTJPOBOUF TJN Ï B OPWB PCSB EP SFBMJ[BEPS -JDÓOJP EF "[FWFEP
4F FN i7JSHFN .BSHBSJEBw
VNB QFMÓDVMB RVF BCPSEB PT ESBNBT EPT
campos de reeducação, os ortodoxos já tinham ficado bem engasgaEPT
BHPSB
FN i$PNCPJP EF TBM F BÎÞDBSw
-JDÓOJP TPC B QBSBEB $POUSBSJBOEP B WFSTÍP DPS EF SPTB EBT iHMPSJPTBT GQMNw
P NBJT QSFNJBEP
realizador de Moçambique mostra que as guerras não são feitas por
TBOUPT /BEB RVF OÍP TBJCBNPTy
t "QFTBS EP GVUFCPM RVF P 'FSSPWJÈSJP EB #FJSB OPT NPTUSPV GSFOUF BP
DBNQFÍP EP QBÓT MJEFSBEP QPS VN GPSBHJEP JOUFSOBDJPOBM
Ï SFDPOGPSUBOUF TBCFS RVF PT QSØYJNPT KPHPT WÍP BDPOUFDFS OP iDBMEFJSÍP EP $IJWFWFw #FJSFOTF UFN UFJNPTP NFTNPy
t 0 TJTVEP QSBWEB MPDBM
TBJV EB TVB IBCJUVBM RVJFUVEF QBSB TF JODPNPEBS
FEJUPSJBMNFOUF DPN P ÞMUJNP BDØSEÍP EP $POTFMIP $POTUJUVDJPOBM
"mOBM B iOPNFOLMBUVSBw OÍP HPTUPV NFTNP RVF GPTTFN SFUJSBEPT PT
QPEFSFT iQJUCVMMw BPT NJOJTUSPT EP 5SBCBMIP DÈ EP CVSHP "mOBM
QBSB
RVF TFSWFN PT USJCVOBJT
Em voz baixa
t 4FSÈ RVF WBJ NFTNP IBWFS GFTUB EF BSSPNCB
CFN MÈ QBSB P OPSUF
B
caminho do Rovuma, isto para celebrar o arranque do primeiro grande
DPOUSBUP QBSB FYQMPSBS HÈT BP MBSHP EB DPTUB EF .PÎBNCJRVF
Pagamento da dívida só
depois da renegociação
Por Argunaldo Nhampossa
Naíta Ussene
Savana 26-05-2016
EVENTOS
1
0DSXWR GH0DLRGH $12;;,91o 1220
EVENTOS
Uma vez mais, o festival
Azgo paralisou a cidade
das Acácias, com
um menu bastante apelativo
de actuações culturais.
Trata-se da 7ª edição de um dos
maiores eventos culturais do
país, que atraiu amantes de diversos
pontos do país e de países
vizinhos, que não perderam a
oportunidade de ver de perto os
seus ídolos.
O evento, realizado no último
sábado, no campus universitário
da Universidade Eduardo Mondlane,
contou com a presença
de vários cantores, nacionais e
internacionais, com destaque
para os Ghorwane. Esta banda,
Maputo vibra ao ritmo do AZGO
tão bem conhecida em Moçambique,
actuou naquela noite deixando
o público “boquiaberto”
com as interpretações das suas
melhores músicas. Um dos pontos
mais altos foi também a actuação
da paulista Maria Gadú,
dona de uma das vozes mais esperadas
da noite, que aos fãs um
mundo de poesias e cantigas de
amor, incluindo o seu maior hit
“Shimbalaiê”.
Outra atracção da noite foi a
banda sul-africana Freshlyground,
um grupo que representa
três países, Moçambique,
África de Sul e Zimbabwe. A
sua performance, bem animada,
tirou o fôlego dos presentes, que
deram nota positiva à banda.
Ainda na mesma noite, o Azgo
testemunhou o lançamento do
álbum “inside me” da cantora
moçambicana Xixel, uma das
vozes promissoras do país.
De Cabo Verde, o rapper Boss
AC levou o público ao delírio
com os temas “Lena a culpa não
é tua”, “Princesa” entre outras.
De volta a Moçambique, Laylizzy
e os Primos estrearam no
Azgo superando as expectivas de
todos interpretando “Tha crew”
e “Hello” entre outras canções.
Já ao amanhecer, o Azgo foi
aquecido pelo homem bomba “o
mano Azagaia”, conhecido pelo
sua irreverência e frontalidade.
De acordo com Khuzula, este
evento superou as expectativas,
visto que teve um crescimento
em cerca de 20% comparativamente
aos anos anteriores.
Para o músico Azagaia, um dos
cantores mais esperados no festival,
o evento foi surpreendente.
“A Khuzula está sempre a surpreender,
notou-se em termos de
organização, que melhorou muito
comparativamente aos anos
anteriores. Este tipo de evento
não pode parar, visto que junta
vários artistas de diversos países
e isso só engrandece a cultura
moçambicana”.
Boss AC, que actuou com a camiseta
da selecção moçambicana,
como forma de manifestar a
sua admiração por Moçambique,
mostrou-se feliz por participar
pela primeira vez de um evento
que junta vários músicos de
diversos países. “É gratificante
para mim, tendo nacionalidade
cabo-verdiana, poder compartilhar
o palco com músicos de vá-
rios cantos do mundo. Para mim
é sem sombra de dúvidas uma
grande honra”.
Saliente-se que o Festival Azgo
acontece pelo sétimo ano consecutivo
e junta vários artistas
nacionais e internacionais, contribuindo
para um intercâmbio
entre os artistas e no desenvolvimento
da cultura no geral, de
Moçambique, em particular.
(Elisa Comé)
Savana 26-05-2017 EVENTOS
2
É
considerado um dos melhores
cartões postais mundiais
e até hoje continua a levantar
suspiros de milhões de
turistas que a visitam. Magnífica
e quase que uma obra de arte pintada
à perfeição, a Montanha da
Mesa ou Table Mountain, como é
melhor conhecida, foi designada,
pela Fundação New7Wonder, um
Patrimônio da Humanidade.
A sua rica imagem, de trilhas de
pedras, rochedos e caminhos sinuosos,
acompanhados pela desTable
Mountain o cartão postal de África para o mundo
lumbrante fauna e flora, são um
dos maiores atractivos da Cidade
do Cabo, África do Sul. Esta está
ainda representada na bandeira, no
escudo e nos documentos oficiais
daquela cidade.
O Savana Eventos, que esteve recentemente
nesta cidade, não deixou
de visitar aquele que é o emblema
turístico e paisagístico daquele
ponto de África. Desta vez, vestiu-
-se a rigor, e com duas opções para
fazer uma excursão pela montanha,
pelo teleférico ou por caminhada,
escolheu sem dúvidas a mais excitante
e desafiante experiência. Caminhar
num sentido ascendente os
1089,6 metros de altitude, com cerca
de três km de extensão, em cerca
de três a quatro horas para chegar
ao topo da montanha, tirou o fôlego
de qualquer pedestre que assim
aceitou o desafio. Mas melhor que
qualquer desafio é a experiência de
chegar ao topo da montanha com
o sentido de realização e vitória. A
sensação única de união entre diferentes
pessoas e grupos, a ajuda
mútua, encorajamento e amizades
feitas ao longo da caminhada, tornam
esta experiência ainda mais
memorável.
A cada paragem, uma imagem e
uma sensação diferente. A cada
suor e dor, a sensação de batalha a
ser vencida. No topo da montanha,
a beleza panorâmica da Cidade do
Cabo é o auge de todas as sensações
experienciadas nesta trilha.
(E.B)
Q
uatro grandes novidades,
nomeadamente o Ponto
de Serviço Electrónico,
QuiQ, Incubadora de Negócios
e o novo NetPlus App (Mobile
Banking) serão apresentados
ao público, pelo Standard Bank, na
quarta edição da MozTech-Expo
Digital de Moçambique, que iniciou
nesta quarta-feira e termina
hoje.
Estas facilidades foram desenhadas
no âmbito do lançamento contínuo
de canais digitais para possibilitar
aos clientes do banco o acesso rá-
pido, fácil e seguro, e com custos
mínimos aos serviços desta instituição
financeira, a partir de qualquer
lugar.
O Ponto de Serviço Electrónico,
recentemente inaugurado, é um
espaço totalmente digital onde os
clientes têm disponíveis, entre vá-
rios dispositivos, iPads para transacções
no NetPlus, ATMs para
depósitos e levantamentos, Kiosques
digitais para pagamento de
serviços e demais operações.
Por sua vez, o novo NetPlus App
oferece como mais-valia a integra-
ção com o SmartWatch, autoriza-
ção de operações com impressão
digital, personalização; transferências
instantâneas dentro da rede
SIMO e uso das mesmas credenciais
noutras plataformas electrónicas,
nomeadamente USSD e NetStandard
Bank
apresenta soluções
inovadoras
Plus (Internet Banking).
Já o Quiq permite a realização de
diversas transacções bancárias, com
recurso ao telemóvel, mesmo sem
crédito nem acesso à internet.
Para além de integrar os painéis
que vão debater o empreendedorismo
tecnológico, o papel das Fintech
na promoção da inclusão financeira
e as tendências do digital, o
banco terá, na presente edição da
feira, um stand adicional, para receber
empreendedores, explicar como
vai funcionar a Incubadora de Negócios
do Standard Bank e, ainda,
oferecer-lhes espaço para exibirem
as suas inovações aos visitantes da
feira.
Com a sua quarta participação consecutiva
na feira de inovação tecnológica,
o Standard Bank pretende
consolidar o seu posicionamento
estratégico como o maior Banco
Digital em Moçambique, com a
oferta de um vasto leque de canais
digitais e requalificação dos seus
balcões de atendimento de modo
a que possam agregar maior valor
no que respeita à experiência do
cliente.
A MozTech é a primeira feira de
tecnologias de informação e comunicação
em Moçambique, que pretende
oferecer aos moçambicanos
um novo olhar sobre o futuro da
tecnologia ao serviço do crescimento
económico e desenvolvimento
humano em todo o País.
Karamel Bar & Lounge
Sábados, 27/05 20HORAS
Glourious Celebration Party
Com DJ’s SERITO, SALOMON, ANDRY....
Cine-Gilberto Mendes
Sextas, Sábados e Domingos, 18h30
“Pátria de Esperança”
Chefs Restaurante
Todas Sextas, 19h Música ao vivo
Cine-Gil Vicente
Sábados e Domingos, 18h30
“Teatro Girasol em acçao”
Savana 26-05-2016
EVENTOS
3
O
BancABC e Alcance editores
procederam, nesta quarta-feira,
à entrega de livros
escolares à Escola Primária
e Completa de Bagamoyo, no município
da Matola. A oferta deste
material escolar surge no âmbito
da responsabilidade social do BancABC
em parceria com a Alcance
Editores, que tem em vista melhorar
a qualidade de ensino nas escolas
primárias de todo o país.
O projecto de apetrechamento de
bibliotecas teve início no ano de
2015, tendo beneficiado mais de
sete escolas em todo o país. No total
serão apetrechadas doze bibliotecas
das escolas situadas nas capitais
provinciais onde o BancABC opera,
nomeadamente, Maputo Cidade,
Maputo Província, Sofala, Manica,
Tete, Nampula e Nacala.
Falando na ocasião, o Administrador-Delegado
do BancABC, Orlando
Chongo, destacou a importância
do projecto e referiu que o mesmo
poderá contribuir activamente e de
forma sustentável para o desenvolvimento
do País.
“A nossa aposta em apoiar o sector
da Educação, neste caso particular
no fornecimento de livros para as bibliotecas
escolares, deve-se ao facto
de termos consciência de que a falta
dos livros remete os alunos para fraBancABC
e Alcance
Editores apetrecham
biblioteca de Bagamoyo
cas competências de leitura”.
Em nome da Alcance Editores, Sérgio
Pereira referiu que a iniciativa
permitiu oferecer mais 200 livros
que vão ajudar os estudantes daquela
instituição de ensino primário
a desenvolver nas suas actividades
estudantis, como forma de enriquecer
o seu conhecimento científico e
didático.
Por sua vez, a Directora da escola
beneficiada, Fátima Pinto Nhavene,
realçou: “estamos honrados com
o gesto do BancABC, nos últimos
anos tem vindo a lutar com vista a
melhorar a qualidade de ensino no
país. O que acabamos de testemunhar
é sinal claro de que o banco e a
editora estão comprometidos com o
futuro dos nossos filhos”.
Nhavene acrescentou que o maior
desafio é ensinar as crianças a lerem
nas primeiras classes, “os livros que
recebemos poderão ajudar a cultivar
o gosto de leitura nas nossas crian-
ças”, disse.
Maputo acolheu, recentemente,
um concurso
que juntou bombeiros
da Total, de dez países da
África Austral.
Participaram do concurso a África
do Sul, Malawi, Zâmbia, Namíbia,
Botswana, Zimbabwe, Tanzânia,
Lesotho, Swazilândia e Moçambique.
Os concorrentes encararam o desafio
de atender maior número de
clientes e prestar o melhor serviço,
que espelha os valores da marca Total
em todo o mundo.
Depois da primeira fase do concurso,
foram revelados os concorrentes
que passaram para a semi-final e,
naquele momento, muita emoção
ficou estampada no semblante dos
concorrentes.
Com 37 pontos na primeira prova
e 41 na segunda, os bombeiros da
Zâmbia foram os vencedores, levando
para casa 750 dólares cada
bombeiro. O segundo lugar foi para
os bombeiros do Zimbabwe que
tiveram como prémio 500 dólares.
O terceiro e último lugar foi para a
África do Sul com 250 dólares americanos.
Na ocasião, o Director-geral da Total
Moçambique, Joseph Kouame,
disse: “é a primeira vez que o país
Maputo acolhe concurso
para Bombeiros da Total
recebe uma prova do género e o
mesmo constitui uma oportunidade
de os bombeiros poderem trocar experiências
com os colegas de outros
países.”
O representante da Total África do
Sul, Edward Bordin, disse estar satisfeito
com o sucesso do concurso
em Moçambique. Bordin congratulou
o desempenho das equipas e
agradeceu a Total Moçambique pela
excelente organização e acolhimento
aos participantes.
Por sua vez, os clientes que eram
surpreendidos pelos concorrentes
mostraram-se incrédulos, pois
nunca assistiram concurso igual e
falaram da lealdade em apostar nos
serviços da Total.
A Total forma os seus bombeiros,
bem como todos os profissionais a
pautarem pela segurança dos seus
clientes e oferecer serviços de qualidade
com valor acrescentado, para
garantir a satisfação dos clientes,
que são a sua razão de existência.
Para os próximos anos, o concurso
vai escalar mais países e espera que
esta iniciativa possa incentivar os
profissionais a empenharem-se no
seu trabalho, pois o maior prémio
é a satisfação e lealdade dos seus
clientes, conquistado através de um
serviço eficiente amigável e rápido.
Savana 26-05-2017 EVENTOS
4
AVISO
Avisa-se a todos os residentes da Matola, utentes da N4 em particular, que com efeitos à partir deterça-feira
30 de Maio de 2017, o cruzamento da BIC será parcialmente encerrado, permitindo apenas os seguintes movimentos:
Sentido Matola – Maputo
1. Virar em direcção ao Cinema 700.
2. Aceder à N4, vindo do cinema 700, e virar em direcção ao cruzamento da CMC.
Sentido Maputo – Matola
1. Virar para asbombas de combustível da TOTAL, perto da BIC, virar em direcção a estrada velha da Matola
2. Aceder à N4 vindo das bombas/estrada velha da Matola e virar em direcção ao Shoprite.
Proibições:
1. Não será possível atravessar a N4, vindo do cinema 700 ou da estrada velha da Matola/bombas da TOTAL.
2. Não será possível virar à direita vindo do Shoprite ou de Maputo.
A TRAC endereça desde já sinceras desculpas pelos transtornos.
Os estudantes de Contabilidade e
Auditoria devem conhecer o código
de ética que rege a profissão a fim de
serem bem-sucedidos no mercado
de trabalho, segundo defendeu o director
executivo do Instituto de Directores
de Moçambique (IODmz).
David Seie, que falava na quinta-
-feira, 18 de Maio, em Maputo,
numa palestra subordinada ao tema
“Código de Ética dos Profissionais
de Contabilidade e Auditoria”, que
teve lugar no Instituto Superior de
Gestão, Administração e Educação
(ISG), referiu que a ausência ou a
não aplicação do código de ética, por
parte dos profissionais de Contabilidade
e Auditoria, pode comprometer
a qualidade do seu trabalho e
distorcer os resultados efectivos das
operações empresarial.
“A ética é um elemento determinante
na liderança e no sucesso de
negócios. Onde reina cultura ética,
há segurança do retorno ao investimento
em benefício do investidor,
de outros stakeholders e da economia
nacional. O comportamento
antiético é sobre a conduta imoral
e contribui para governação danosa,
para o exercício deficiente da profissão
e, por conseguinte, para a perpetração
de irregularidades e escândalos
financeiros, comprometendo o
alcance dos objectivos estratégicos
do negócio, o crescimento econó-
mico do país e o bem-estar social.”,
defendeu o director executivo do
Comportamento
antiético leva
a condutas imorais
IODmz.
Com esta palestra, acrescentou David
Seie, “pretendemos que os estudantes
pautem por uma conduta e
comportamento éticos. Eles devem
ter a noção básica e o conhecimento
do conceito central da ética, e como
ela funciona na interacção humana
e empresarial. Assim, eles poderão
facilmente entender os princípios,
os valores e padrões universais do
código da ética para os profissionais
de Contabilidade e Auditoria”.
Por seu turno, Joel das Neves, director-geral
do ISG, explicou que a
escolha deste tema surgiu da necessidade
de se incutir nos estudantes
a importância dos valores éticos e
deontológicos no exercício de qualquer
profissão.
“A área de contabilidade e auditoria
exige uma maior observância e um
compromisso sério com as questões
éticas, deontológicas e de transparência.
Por isso achámos importante
e oportuno convidar o Instituto de
Directores de Moçambique e a Ordem
dos Contabilistas e Auditores
de Moçambique para que os estudantes
se familiarizem com o que o
mercado espera deles”, explicou Joel
das Neves.
Importa realçar que esta palestra foi
organizada pelo Instituto Superior
de Gestão, Administração e Educa-
ção em parceria com a Ordem dos
Contabilistas e Auditores de Mo-
çambique e o Instituto de Directores
de Moçambique.
C
erca de mil crianças,
que frequentam a rede
das Escolas Willow
Internacional School,
juntaram-se na semana finda
com os respectivos encarregados
de educação e professores
para celebrarem o dia de desporto
da Willow sob o lema”
Unidos pelo desporto”. Trata-
-se da segunda edição deste
evento que se espera que seja
duradoura e abrangente às escolas
públicas.
O Estádio Nacional do Zimpeto
foi o local escolhido para
acolher o evento, onde foram
realizadas modalidades como
futebol, atletismo, voleibol,
basquetebol, ténis e Karaté.
A sessão de aeróbica contou
com a presença da vice-ministra
da Juventude e Desportos,
Ana Flávia Azinheira, que
acompanhada pela selecção
nacional de salto acrobático da
Willow promove dia do desporto
corda, não se fez de rogada e mostrou
que exercício físico ainda faz
parte do seu dia-a-dia, apesar de se
ter afastado do desporto ao mais
alto nível.
Segundo Ana Flávia Azinheira, a
prática do desporto é crucial para
o desenvolvimento cognitivo dos
estudantes principalmente numa
altura como esta em que jovens,
adolescentes e crianças passam a
maior parte do tempo nos ecrãs dos
televisores e telefones deliciando-se
das redes sociais, que nem sempre
trazem mensagens construtivas.
O consumo do álcool e
drogas são outros males indicados
pela dirigente que no seu
entender a actividade desportiva
pode ajudar a eliminar.
Por seu turno, Zafer Soyertas,
director da Willow Internacional
School, explicou que o objectivo
do evento é promover
o desporto como um estilo de
vida saudável, amizade, a unidade
e solidariedade dentro da
comunidade estudantil.
A
campanha de verão da 2M
“Poko a poko sai muito” foi
premiada, com um Sapphire
Award (Prata), no African
Cristal Festival, que decorreu
nos dias 11 e 12 de Maio, em Marraquexe,
Marrocos. O African Cristal
Festival é um evento de Publicidade
realizado anualmente em Marrocos
que visa distinguir as melhores campanhas
publicitárias criadas e transmitidas
pelo continente Africano,
em qualquer média.
Este ano, entre tantos projectos, categorias
e agências, distinguiu-se a
campanha de verão da marca 2M
que ganhou o prémio Sapphire na
categoria de Campanha Integrada,
devido à sua criatividade e resultados
apresentados. A campanha de
Ogilvy vence no African
Cristal Festival
verão, desenvolvida para a maior
marca de cerveja Moçambicana em
2015, tinha a intenção de “ganhar” o
verão e de reconectar os consumidores
com o lado emocional da marca.
O seu lançamento faseado, desde o
lançamento da música, vídeo clip até
à campanha em si, foi bem recebido
pelo público, levando a marca a alcançar
83% de média espontânea,
maior notoriedade e muito mais visibilidade.
Este prémio vem numa altura em
que a agência celebra os seus 20 anos
de existência, tendo a CDM como
um dos seus principais e mais antigos
clientes e com a qual partilha
esta vitória, que reflecte o empenho
de ambas equipas e excelente relacionamento
existente entre as mesmas.
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