Saturday, March 4, 2017

Mike Pence também usou “email” pessoal para tratar de assuntos da governação.


A foto viral de Clinton sobre o “vice” de Trump


PÚBLICO 4 de Março de 2017, 12:59
Foto A fotografia que se espalhou pelas redes sociais Reuters



A fotografia não teria nada de especial, não fosse o facto de a antiga candidata presidencial Hillary Clinton estar a ler uma notícia sobre o vice-presidente americano Mike Pence e o uso que este fez da sua conta de email pessoal para tratar de assuntos oficiais quando era ainda governador do Indiana.


O momento é, no mínimo, digno de nota pela ironia da situação. É que, durante a corrida à presidência dos Estados Unidos, Pence e outros republicanos criticaram intensamente a candidata democrata por ter recorrido ao seu email e a um server privado para lidar com matérias públicas quando era ainda Secretária de Estado. Não faltará quem defenda, aliás, que foi precisamente esse erro que lhe custou a presidência.

Clinton foi fotografada por outra passageira durante o voo entre Boston e Nova Iorque, na sexta-feira. A seu lado tem a edição do dia do USA Today onde está a ler um artigo cujo título é Pence used personal email in office (qualquer coisa como ‘Pence usou email pessoal em funções’). A imagem rapidamente se tornou viral nas redes sociais, com milhares de pessoas a comentarem-na, escreve a agência de notícias Reuters.

Foi o matutino americano The Indianapolis Star o primeiro a avançar, na quinta-feira, que Pence usara a sua conta no AOL, que foi pirateada no Verão passado, para discutir, até, questões relacionadas com a segurança nacional quando estava ainda sentado na cadeira do governador do Indiana.

O “caso do email” de Clinton durante a campanha eleitoral causou muitos dissabores à antiga Secretária de Estado de Barack Obama e levou o FBI a conduzir uma extensa investigação ao conteúdo das mensagens trocadas a partir da sua conta, desprovida das apertadas medidas de segurança a que o email e servers da Casa Branca estavam sujeitos. Uma investigação que veio a concluir que não havia qualquer motivos para acusar a democrata de um crime, embora tivesse recebido uma reprimenda formal.

O episódio do email bastou, no entanto, para que o agora Presidente Donald Trump a atacasse continuamente ao longo da campanha, acusando-a de desrespeitar a lei e de pôr em causa a segurança do país (quando o nome de Clinton era mencionado em comícios republicanos por referência a este caso não era raro os seus apoiantes gritarem “Prendam-na!”).

Segundo o Indianapolis Star e a televisão ABC, Mike Pence rejeitou qualquer comparação com o caso de Clinton porque nunca usou um server privado. Outra estação de TV, a CBS, acrescenta que o vice-presidente alegou ainda que não se tratava de uma situação semelhante porque a democrata tinha ainda “destruído emails quando eles estavam a ser requisitados pelo Congresso e pelas autoridades”.

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Marc Lotter, o porta-voz de Pence, veio precisar que, enquanto governador, Pence manteve um endereço electrónico privado e um público e que, mal cessou funções, tratou de assegurar que todas as mensagens envolvendo assuntos profissionais trocadas através do seu email pessoal eram analisadas e arquivadas pelo Estado como manda a lei. Um processo que não está ainda concluído.

O Indianapolis Star refere também que o recurso a uma conta de email privada por parte do governador não contraria qualquer lei do Estado do Indiana.

Num artigo no diário The Washington Post, a jornalista Amber Phillips explica em quatro pontos porque é que o caso do email de Pence é semelhante ao de Clinton, mas está longe de ser igual. Entre as principais diferenças está aparentemente o facto, que ainda tem de ser provado (neste momento o que há é a palavra do antigo governador e os emails que chegaram ao Indianapolis Star), de Pence não ter trocado emails com material classificado. Quanto a Clinton, o FBI encontrou mais de 100 mensagens com informação sensível, enviadas ou recebidas através da sua conta pessoal, o que levou o director desta ag��ncia a dizer que a democrata tinha sido “extremamente descuidada” a lidar com informação que devia ter permanecido protegida.

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