Corrupção e incompetência apontadas como responsáveis pela má qualidade das obras públicas

DOMINGO, 05 MARÇO 2017 10:23 REDACÇÃO

Engenheiro civil diz ser inadmissível a fraca capacidade de resistência de materiais

As infra-estruturas públicas no país como escolas, centros de saúde, estradas e pontes têm sido ciclicamente destruídas por fenómenos climáticos, a exemplo do ciclone DINEO, que recentemente devastou a província de Inhambane.

Uma reflexão em torno do assunto, em que participaram governantes, académicos e técnicos representando várias instituições públicas, concluiu que a facilidade com que as infra-estruturas públicas se desfazem é justificada pela má qualidade das obras. Este problema resulta, por sua vez, da corrupção na fase de adjudicação das obras, fraca capacidade técnica dos executores e falta de responsabilização em caso de violação das normas de construção segundo referiram os participantes do encontro de reflexão sobre qualidade de obras públicas, evento realizado na sexta-feira na cidade de Maputo.

Na ocasião, o engenheiro civil e docente universitário, Carlos Quadros, disse que é inadmissível a fraca capacidade de resistência de materiais utilizados em várias obras públicas no país. Para reverter o cenário Quadros defendeu a necessidade de o Estado ser mais rigoroso com a fiscalização das suas obras. Ainda no encontro o engenheiro defendeu a necessidade de divulgação do caderno de encargos das obras.

Já o vice-presidente da Ordem dos Engenheiros de Moçambique, Feliciano Dias, disse que a fuga de técnicos e engenheiros sobretudo para os mega-projectos é um dos factores que contribui para redução da qualidade das obras uma vez que algumas empresas que conseguem contratos com o governo não tem mão-de-obra qualificada.

Já outros participantes disseram ser urgente a introdução de alterações profundas na abordagem das obras públicas, destacando maior fiscalização da qualidade, responsabilização em caso de baixa qualidade e mais rigor na formação de profissionais do sector.

A reunião terá sido inspirada pela recente visita do Presidente da República ao Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, onde Filipe Nyusi defendeu a necessidade de este ministério liderar o processo de desenvolvimento de infra-estruturas públicas e privadas como forma de garantir maior qualidade e durabilidade.