Escrito por Adérito Caldeira em 30 Setembro 2016 |
O Banco de Moçambique(BM) decidiu nesta sexta-feira(30) suspender, “com efeitos imediatos”, os membros do Conselho de Administração e da Comissão Executiva do Moza Banco SA, pois a situação financeira e prudencial da quarta maior instituição financeira do País “tem vindo a degradar-se de forma insustentável”.
Naquela que é a primeira decisão pública do novo Governador do BM, Rogério Zandamela, o banco central acrescenta, em comunicado, que, “Mostrando-se necessário reforçar as medidas extraordinárias de saneamento, previstas no artigo 83 da Lei nº 15/99, de 1 de Novembro, com as alterações introduzidas pela Lei nº 9/2004, de 21 de Julho – Lei das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras, tendo em vista proteger os interesses dos depositantes e outros credores, bem assim salvaguardar as condições normais de funcionamento do sistema bancário, ao abrigo do disposto nos artigos 81 e 84 da referida lei, o Banco de Moçambique determina: Designar um Conselho de Administração provisório, presidido pelo senhor Dr. João Filipe Figueiredo, com efeitos imediatos, cujo mandato durará até à normalização da situação”.
Criado em 2008 o Moza, como se passou a designar desde Novembro de 2015, tinha um Conselho de Administração presidido até a data por Prakashchandra Ratilal, proeminente economista moçambicano e que já foi Governador do Banco de Moçambique. Eram vogais da Administração Ibraimo Abdul Carimo Issufo Ibraimo, António Augusto Figueiredo D' Almeida Matos, Luís Magaço Júnior, Paulo Dambusse Marques Ratilal, Rui Manuel Fernandes Pires Guerra, César e João Luís Fernandes Jorge.
O banco que a 31 de Dezembro de 2015, tinha como accionistas a Moçambique Capitais, S.A. (50,999%), o Novo Banco ÁFRICA, SGPS, S.A. (49,000%) e o Dr. António Matos (0,001%) era dirigido por uma Comissão Executiva encabeçada por outro reputado economista moçambicano Ibraimo Abdul Carimo Issufo Ibraimo, co-adjuvado pelos Administradores Executivos César Ferreira, Luís Magaço Júnior e João Luís Fernandes Jorge.
“Estaremos perante algo do género no BES em Portugal que deu origem ao Novo Banco e ao Mau Banco”, questionou-se um reputado economista abordado pelo @Verdade.
Justamente protagonizado pelo accionista Novo Banco África, SGPS é a nova designação da instituição financeira portuguesa Banco Espírito Santo (BES) África cuja “casa mãe” em Lisboa está envolta numa das maiores fraudes financeiras do País europeu.
“O Banco de Moçambique assegura ao mercado, aos clientes e ao público em geral que o Moza Banco continuará a funcionar dentro da normalidade”, conclui o comunicado que estamos a citar divulgado dois dias depois da conclusão de uma Missão do Fundo Monetário Internacional que pintou um cenário mais sombrio para a economia nacional e recomendou adicionais políticas monetárias restritivas.
A instituição financeira tem, segundo o seu Relatório e Contas de 2015, “45 Agências bancárias correspondentes a 59 unidades de negócio (43 Agências de Retalho, 5 Centros Private e 11 Centros Corporate)”, repartidas não equitativamente por todo o território moçambicano, e activos de cerca de 31,3 mil milhões de meticais.
Moçambique nacionaliza instituição de que Novo Banco detém 49%
Degradação "insustentável" obrigou o Banco de Moçambique a tomar "medidas extraordinárias de saneamento" sobre o Moza Banco
"A situação financeira e prudencial do Moza Banco tem vindo a degradar-se de forma insustentável", diz o Banco de Moçambique em comunicado dirigido ao mercado para explicar a intervenção na instituição financeira detida pela Moçambique Capitais (51%) e pelo Novo Banco (49%).
O banco central moçambicano decidiu por isso suspender "com efeitos imediatos" a administração e a comissão executiva de Prakaschandra Ratilal, tendo nomeado João Figueiredo, ex-presidente do Banco Único, para liderar a instituição provisoriamente. O Banco de Moçambique explica que se mostrou necessário "reforçar medidas extraordinárias de saneamento", com o objetivo de "proteger os interesses dos depositantes e outros credores" e salvaguardar "as condições normais de funcionamento do sistema bancário".
Em maio foi noticiada a vontade do Novo Banco de vender a sua fatia no Moza Banco, quarta maior instituição financeira no país, já que este ativo é considerado não estratégico.
João Figueiredo, que assume os comandos "até à normalização da situação", saiu do Banco Único no ano passado, projeto cuja criação liderou (em parceria com o Grupo Amorim) desde 2010, e que pôs a dar lucros e a receber distinções logo ao fim de quatro anos. O banqueiro foi também reconhecido como melhor CEO do setor bancário em África.
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sábado, 1 de outubro de 2016
Moza resgatado pelo Banco de Moçambique devido à insustentabilidade financeira
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