Seis pessoas fuziladas e queimadas no centro de Moçambique, sobreviventes afirmam que atacantes são das forças governamentais |
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Escrito por Redação em 16 Agosto 2016 | |||||||
Seis pessoas, cinco moçambicanos e um natural do Bangladesh, foram mortas à tiro e os seus corpos posteriormente carbonizados na passada sexta-feira(12) na localidade de Nangué, no distrito de Cheringoma, na província central de Sofala. “Os homens armados da Renamo interpelaram essa viatura e os seus ocupantes e levaram à cabo estas acções bárbaras” disse o porta-voz da Polícia da República de Moçambique(PRM) em Sofala todavia dois sobreviventes afirmara que os actos foram protagonizados por militares e agentes da PRM.
Poucas horas após a descoberta dos cadáveres carbonizados o porta-voz do Comando da PRM na província de Sofala, Daniel Macuácua, afirmou à imprensa que a viatura, que também foi incendiada, fazia o trajecto entre os distritos de Marromeu e Caia quando foi interpelado por um grupo de homens armados do partido Renamo.
Para corroborar a sua rápida investigação a polícia relacionou a proximidade do local onde aconteceu o fuzilamento e incineração dos corpos com outra localidade, Chissadze 2, onde há cerca de uma semana outra viatura, de uma instituição governamental, foi atacada e também incendiada alegadamente por homens do partido liderado por Afonso Dhlakama.
“Mandaram fazer uma fila dos moçambicanos e começaram a fuzilar um por um”
Contudo dois cidadãos que sobreviveram ao fuzilamento da passada sexta-feira(12) revelaram que os homens que os interpelaram e depois os tentaram assassinar são membros das Forças de Defesa e Segurança.
“Quando chegamos no rio os homens da polícia mandaram parar o carro, controlaram os nossos documentos, tiramos, e então disseram é preciso ficarem aqui à espera do comando distrital que quer conversar convosco. Disseram sobe lá no carro, eles tinham o carro deles, pequeno de quatro portas. O nosso carro eles disseram estou a pedir as chaves, motorista levou chave entregou. A partir daí só subimos no carro deles (polícia), tinha uma lona fora, e mandaram-nos dormir ali sete pessoas. Andamos uma distância muito longa, eu não estava a ver bem ali porque estávamos lonados (cobertos pela lona) e dali chegamos num sítio e pararam. Conversaram, conversaram entre eles, esse chefe com os soldados dele. Daí começaram a tirar-nos dentro do carro um por um e a fuzilar ali mesmo, um por um a tirar do carro e a matar ali mesmo com arma. Quando me tiraram eu saltei e comecei a correr, deram-me bala daqui (zona lombar) veio furar aqui em frente, caí numa mata e dormi aí mesmo” declarou ao canal televisivo STV um cidadão moçambicano que falou em anonimato a partir de uma unidade sanitária onde recebia cuidados médicos.
Um outro sobrevivente, um comerciante originário do Bangladesh, também entrevistado com a identidade protegida pelo canal de televisão privado STV, declarou que “Levaram-nos para o mato, tiraram os moçambicanos para fora e mandaram fazer uma fila dos moçambicanos e começaram a fuzilar um por um”.
“No fim os dois moçambicanos que restaram tentaram fugir mas levaram tiro, perderam sentidos e desmaiaram então os militares como agentes da PRM convictos que já morreram deixaram lá eles e vieram fuzilar a nós, eu e o meu amigo. Quando militar pegou-me, por trás, como eu estava de casaco, conseguir empurrar aquele agente militar e fugir. Empurrei a ele e comecei a fugir, começaram a disparar, só que eu não estava a correr recto estava a correr a desvios, então consegui escapar, entrei no mato até conseguir apanhar alguém”, concluiu o sobrevivente que disse ainda temer pela sua vida pois estará a ser procurado pelos seus algozes.
Propaganda optou agora "por essa de invasão de hospitais”
Desde que recomeçou a guerra entre as forças governamentais e os guerrilheiros do partido Renamo, há cerca de um ano, vários tem sido os incidentes e ataques à alvos civis que a PRM em tempo recorde atribui aos homens de Afonso Dlakhama não havendo provas nem evidências de investigações terem sido realizadas.
Segundo António Muchanga, o porta-voz do partido, "não há provas" de que os tiros que na semana finda atingiram viaturas da Televisão de Moçambique (TVM) e Rádio de Moçambique (RM) em Manica foram disparados por homens armados da Renamo.
“É forçado atribuir o ataque à Renamo, porque podem (os jornalistas) também ter sido atacados pelas Forças de Defesa e Segurança” disse ainda Muchanga acrescentando que a Renamo não ataca pessoas de bem.
Através da sua publicação oficial “A Perdiz”, na edição do dia 11, o maior partido de oposição refuta outros ataques que lhe têm sido atribuídos pelas autoridades governamentais.
“Nos últimos dias têm sido recorrentes as informações provenientes da propaganda da Frelimo em diversos cantos do País, de que homens armados da Renamo assaltaram uma vila e saquearam medicamentos nas unidades sanitárias locais”.
“Segundo a propaganda frelimista que inclui a polícia, os homens armados que eles dizem ser da Renamo, quando escalam às vilas, roubam medicamentos. Raramente se reporta o roubo de comida por tais “homens da Renamo”, como se a comida fosse menos importante que os tais medicamentos” afirma o boletim informativo.
“Depois de falhada a propaganda de que a RENAMO estaria a atacar viaturas civis, quando na verdade transportavam militares, agora optou-se por essa de invasão de hospitais” acrescenta em editorial a publicação que estamos a citar.
Recorde-se que membros das Forças de Defesa e Segurança entrevistados pelo @Verdade revelaram a existência de unidades de elite que têm como missão a eliminação de homens do partido Renamo, sejam militares ou civis.
Um militar declarou que as forças governamentais usam “carros com escritas MISAU (abreviatura do Ministério da Saúde). O comandante (nome omitido) requisitou ambulâncias para se poder entrar naquelas picadas e até máscaras”, para parecer que “somos da saúde”. “As escolas também são destruídas, para dizer que é a Renamo” acrescentou a fonte.
“A Força de Intervenção Rápida é que queima escolas, se não sabiam. Nós quando íamos atacar, quando entrávamos numa aldeia, começávamos a disparar de um lado para o outro, e todos fugiam. O comandante ligava e dizia que “os homens da Renamo fizeram isto aqui”, e logo vinham ordens superiores a dizer “destruam isso aí”, declarou um agente da PRM que pertence a uma unidade de elite e participou em mais do que uma missão que tinha o objectivo de eliminar fisicamente o presidente do partido Renamo.
Enquanto isso o diálogo político continua em impasse na capital do País.
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