Um chega ao jornalismo moçambicano!
Há-de, muita boa gente, perguntar por que o Nini Satar preocupa-se tanto com o jornalismo moçambicano? É simples: é que durante anos fui leitor assíduo de jornais moçambicanos, e, por conseguinte, tive também amigos e inimigos jornalistas. E, em abono da verdade, muitos dos que escreveram artigos contra mim, não escreveram a verdade. Sujaram o meu nome em praça pública sendo que o que escreviam estava despido de qualquer verdade. Eram mentiras.
O jornalismo moçambicano hoje está estagnado. Ou seja, existem pessoas que trabalham no jornalismo, mas que não são, de facto, jornalistas. Devo ter dito aqui alguma vez que se os jornalistas moçambicanos fossem submetidos a um escrutínio severo, poucos seriam chamados de jornalistas. Há muita palha. E o próprio jornalismo virou um mercado fácil para quem não tem um emprego à altura.
É por isso que diariamente os nossos jornais, revistas, rádios e televisões publicam boatos , rumores e não notícias verdadeiramente ditas. No verdadeiro jornalismo, a informação deve ser produzida de forma coerente, imparcial, sem deturpar os factos ou manipular as ideias para meios ilícitos. Há muito que a verdade no jornalismo moçambicano deixou de ser um elemento básico. Existe o mediatismo, sensacionalismo, rumores e a pressa de publicar sem investigar com exaustão.
Isto vem a propósito do meu post de ontem sobre o que a Agência de Informação de Moçambique (AIM) publicou sobre novos limites para levantamentos em moedas estrangeiras. É que este boato que inundou as redes sociais, também foi aproveitado pelo “canalmoz de Canal de Moçambique” para fazer manchete. Isto é vergonhoso.
Eu, Nini Satar, não sou jornalista. Quando vi esta notícias, atribuída ao Standard Bank, nas redes sociais, logo desconfiei. Liguei para o próprio banco e para o Banco de Moçambique que desmentiram tudo. Agora, não entendo como é que alguém que se intitula de jornalista tem essa preguiça de confrontar os dados para ter a certeza se a notícia é real ou não. Correm a publicar e mesmo quando se apercebem do erro cometido nunca pedem desculpas aos leitores.
Já disse várias vezes que o papel de jornalista é informar e formar. Como é que um bêbado qualquer que escreve coisas que nem ele sabe o seu significado nos pode informar? Como é que este indivíduo pode influenciar no melhoramento da sociedade?
O mais espantoso é que esses jornais que publicam mentiras parece que não têm editores. Se têm, o que ele faz? Qual é o seu papel? Tenho saudades dos tempos em que lia Carlos Cardoso, Migueis Lopes Júnior, Albino Magaia, Calane da Silva, Filipe Ribas, só para citar alguns exemplos. Estes senhores escreviam com propriedade e mesmo nos tempos do partido único sabiam criticar o que andava mal.
E hoje pululam nas redacções pessoas com outro tipo de talento, mas não para o jornalismo. É por isso que temos lido, assistido e ouvido essa catástrofe toda. E são essas pessoas que durante anos andaram a intoxicar a opinião publica escrevendo mal sobre Nini Satar, quando o que escreviam não tinha nenhum cunho de verdade. Isto é lamentável não só pela parte que me diz respeito, mas para o país no seu todo.
A imprensa é o quarto poder. E nalgumas circunstâncias até pode ser o primeiro poder. E como é que Moçambique pode desenvolver com uma imprensa destas? Com jornalistas que pegam fofocas das redes sociais e transformas em notícia?
Há um elemento importante no jornalismo sério que é o princípio do contraditório. Significa isso que sempre que se acusa alguém disto ou por aquilo, esse alguém tem que ser ouvido para poder se defender. Mas muitos dos jornalistas de meita-tigela que temos, correm para publicar sem ouvir o acusado.
E é lamentável quando temos um Conselho Superior de Comunicação Social (CSCS) também inoperante. Qual é o papel desta instituição, ou seja, o que o Tomás Vieira Mário já fez desde que foi indicado para presidir o CSCS? Nada. Absolutamente nada. Limita-se a usufruir das mordomias que o cargo lhe confere e mais nada.
Triste, mas isto e mais tantas coisas más caracterizam o meu Moçambique. Um país que em pleno século XXI move-se como se estivesse na idade de pedra.
Nini Satar
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