A dívida soberana foi um negócio da família Guebuza, oficiais do SISE, MINT e do MDN |
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Escrito por Especial Pro@Verdade e Canal de Moçambique em 18 Maio 2016 | ||
Através das suas duas empresas, a “Msumbiji Investiments” (usa a conta 44717836102 domiciliada no Standard Chartered Bank em Hong Kong) e a “Timabes AG” (registada no Liechtenstein onde é titular da conta 10.359180_0.100.USD no Valartis Bank), Mussumbuluko Guebuza importou uma considerável quantidade de armas num processo em que também está envolvido o director-geral do SISE, Gregório Leão, o então ministro do Interior, Alberto Mondlane, e ex-ministro da Defesa, Filipe Jacinto Nyusi.
Através de uma fonte directamente envolvida no negócio, a investigação do “Canal de Moçambique” e do jornal “@ Verdade” teve acesso a várias imagens de reuniões entre Mussumbuluko Guebuza e os fornecedores de armamento.
A IWI e o armamento vendido
A IWI é um fabricante israelita de diferentes tipos de armas: pistolas, espingardas, tanques. Segundo apurou a investigação do “Canal de Moçambique” e do “@Verdade”, a IWI forneceu a Mussumbuluko Guebuza vários modelos de armas, com destaque para armas de assalto TAVOR, X 95, ACE e GALIL, incluindo pistolas conhecidas como modelo “Jericho”. Nas imagens a que o “Canal de Moçambique” e o “@ Verdade” tiveram acesso, Mussumbuluko Guebuza aprecia e depois experimenta nos estaleiros da IWI uma arma X 95. No certificado emitido pela IWI, Mussumbuluko está apto para manejar rifles X95 NEGEU e pistolas “Jericho”.
Treinos em Boane e na Namaacha
Segundo apurou a nossa investigação, depois dos pagamentos, as armas chegaram a Moçambique em Setembro e Outubro de 2014, na altura das eleições. Não vieram só as armas. O contrato previa que os peritos israelitas da academia IWI (uma academia de instrução militar da referida empresa) viessem a Moçambique instruir os beneficiários das armas.
E foi de facto o que aconteceu. Em Outubro e Novembro, dois especialistas israelitas da IWI, cujos nomes não conseguimos apurar, estiveram em Boane e na Namaacha a instruir agentes da Casa Militar (elementos do Ministério do Interior e da Defesa), os famosos “boinas vermelhas”, sobre como usar os novos “assault rifles” e as pistolas. É basicamente uma formação de franco-atiradores, ou seja, “snipers”. As sessões de instrução tinham um convidado especial: Mussumbuluku Guebuza, que também ia aprendendo. Em várias imagens na posse do “Canal de Moçambique”, Mussubuluko aparece empunhando armas pesadas e pistolas, intercalando com agentes da Casa Militar, que também treinam tiro ao alvo. No “website” da IWI, a empresa define a sua academia como sendo uma das melhores do mundo. “A competência central da academia IWI é baseada nos seus instrutores, que são veteranos das Forças de Defesa de Israel (IDF, sigla em inglês), unidades de elite da Polícia ou de várias agências de inteligência”, lê-se na descrição da academia publicada na internet.
As suspeitas de Dhlakama
Acredita-se que os atiradores que por duas vezes tentaram assassinar Afonso Dhlakama no ano passado tenham recebido tal formação ministrada pelos instrutores da IWI. Aliás, o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, denunciou no princípio deste ano a formação de “snipers” para liquidar membros da oposição. Dhlakama falou do envolvimento de coreanos na operação. Um facto é que a “holding”-mãe de que a IWI faz parte é coreana e denomina-se “SK Group”.
Conflito de interesses
Nem Mussumbuluko nem o então Chefe da Casa Militar
O “Canal de Moçambique” e o @Verdade tentaram, sem sucesso, obter as explicações de Mussumbuluko Guebuza sobre a enorme e variada quantidade de armas que por si foram negociadas. Tentámos igualmente ouvir o então Chefe da Casa Militar, Jorge Gune, mas todas as nossas tentativas redundaram em fracasso. A equipa de investigação que conduziu este trabalho sabe que o general Jorge Gune foi recentemente nomeado embaixador de Moçambique no Malawi, e para o seu lugar foi nomeado o contra-almirante Joaquim Mangrasse.
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