A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), acusou hoje o exército moçambicano de estar a dirigir-se para o local onde está instalado o líder do principal partido de oposição, Afonso Dhlakama, apelando ao Governo para ordenar o fim da alegada ofensiva.
"Há desdobramento militar na Gorongosa, estando as forças do Governo em Mucodza a dirigirem-se a Sadjundjira, local onde reside o presidente [Afonso] Dhlakama atualmente", afirmou, em conferência de imprensa, o porta-voz da Renamo, António Muchanga, na manhã em que o executivo e o principal partido de oposição retomaram conversações sobre paz.
Em vez de apostarem em desdobramentos, prosseguiu Muchanga, as chefias militares do exército moçambicano deviam permitir que as equipas negociais do Governo e da Renamo procurem um entendimento para o fim dos confrontos.
"É prudente que demonstremos com atos concretos que o diálogo é a principal solução do conflito que nos opõe, mandando parar as ofensivas militares que estão a ter lugar em Gorongosa e noutros cantos do país", declarou o porta-voz da Renamo.
O Governo moçambicano e a Renamo retomaram hoje em Maputo o diálogo sobre o fim da crise política e militar no país, após vários meses de paralisação das negociações, depois de a Renamo se ter retirado do processo, alegando falta de progressos e de seriedade por parte do executivo.
Apesar da disponibilidade para as conversações, a última semana foi marcada por várias ações militares atribuídas pelas autoridades a homens armados da Renamo, incluindo ataques a viaturas civis e assassínio de dirigentes da administração local.
Mas também por ações que o partido de oposição entende serem ações de intimidação contra os seus membros ou contra a livre expressão em Moçambique.
Ao chegar da sua visita à China no domingo, o Presidente moçambicano considerou que o diálogo tem de ser acompanhado pelo fim de ações militares da Renamo.
"O importante primeiro é parar com as armas que matam moçambicanos", declarou Filipe Nyusi.
Moçambique tem conhecido um agravamento da violência política, com relatos de confrontos entre a Renamo e as Forças de Defesa e Segurança, além de acusações mútuas de raptos e assassínios de militantes dos dois lados e ainda ataques atribuídos pelas autoridades ao braço militar da oposição a alvos civis no centro do país.
O principal partido de oposição recusa-se a aceitar os resultados das eleições gerais de 2014, ameaçando governar em seis províncias onde reivindica vitória no escrutínio.
PMA (HB) // VM
Lusa – 25.05.2016
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