- 31 março 2016
Grupos contra o impeachment de Dilma Rousseff foram às ruas em diversas cidades do país nesta quinta-feira, convocados por movimentos sociais e centrais sindicais. No auge dos prostestos, a organização estimou que eles reuniram cerca de 705 mil pessoas, enquanto a Política Federal calculou que haviam 137 mil.
Em cidades como São Paulo, Rio, Brasília, Teresina e Maceió, manifestantes deram início a marchas, carregando faixas do PT, balões da CUT (Central Única dos Trabalhadores), bandeiras do Brasil e gritando frases como "Não vai ter golpe". Também houve atos no início da tarde em algumas cidades.
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Em São Paulo, o protesto ocorre na Praça da Sé, centro da cidade, desde as 17h. Ruas ao redor da praça foram tomadas por manifestantes – muitos carregando cartazes dos movimentos sociais, estudantis e de sindicatos de diversas categorias, além de balões da CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Diante da catedral, lideranças sindicais discursavam em carros de som, e havia um forte policiamento. Organizadores estimaram que havia 60 mil pessoas na praça - a estimativa da polícia foi de 18 mil.
A pedagoga Neuma Silva, de 63 anos, contou ao repórter da BBC Brasil Rafael Barifouse que participa do protesto para que "1964 não se repita".
"Não podemos perder a democracia e o país que conquistamos com tanta luta. Não somos partidários. Mas tenho sim muito orgulho de ser presidida por ela, uma mulher. Ela não está envolvida em corrupção. A Justiça está punindo só um lado. Tem que punir a todos", disse.
Rui Falcão, presidente nacional do PT, e Nadia Campeão, vice-prefeita de São Paulo, também participaram do protesto.
"Cada dia, nossa luta cresce um pouco mais em defesa do Brasil dessa conspiração que estão fazendo no país, e já percebemos que é o povo na rua que vai garantir a resistência e a vitória. Nossos deputados já estão nos defendendo no Congresso naquela comissão fraudulenta mas sabemos que naquele congresso a dificuldade é muito grande. Patrões colocaram anúncio pelo impeachment porque sabem que o que vem pela frente é governo contra os pobres e pelas privatizações. Vai ter luta!", disse Nádia.
Em Recife, muitos manifestantes também começaram a ocupar o centro da cidade.Brasília
Em Brasília, a concentração do protesto foi no Estádio Mané Garrincha. De lá, os manifestantes se dirigiam até o Congresso Nacional.
O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, disse. "É importante que a presidenta Dilma veja. Aqui no gramado da Esplanada não tem empresário, não tem banqueiro, não tem elite. É para este povo que está aqui que a presidenta tem que olhar na hora de governar: esse povo não aceita pagar a conta da crise. Quem tem que pagar e o andar de cima, são os sonegadores", informou o o repórter Ricardo Senra.
A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) também foi ao ato: "Falam que o Brasil está a favor do impeachment. Brasil? O Brasil está aqui hoje e em diversas cidades lutando contra o golpe."
Um pouco mais cedo, a puxadora de um carro de som gritou para a multidão: "No dia da votação (do impeachment), nós vamos todos estar aqui de novo. Pode consertar o carro, pode alugar um ônibus, pode vir até de jeque. Vamos enfrentar os golpistas e dizer: Dilma fica."
O ativista Pablo Capilé também foi ao protesto em Brasília. "Estamos aqui em união aos (integranges do Movimento) Sem Terra, Sem Teto, estudantes, todos em torno da democracia e dos direitos sociais, que PMDB e companhia querem tirar do povo."
Rio
No Rio, os grupos se reuniram no Largo da Carioca, no centro da cidade. Os manifestantes majoritariamente usavam camisetas vermelhas e gritava palavras de ordem a favor do governo.
Aos gritos de "quem não pula é golpista", líderes em um carro de som animavam os manifestantes, informou o repórter Jefferson Puff. A multidão também interacalava gritos de "Fora Cunha" e "não vai ter golpe".
Muitos grupos também carregavam faixas com dizeres de defesa à democracia e contra o que consideram golpe. No início da tarde, houve uma outra manifestação pró-governo na Praça 15.
Para a professora de História Maria Alice Vidal, de 52 anos, o que ocorre no Brasil neste momento é um golpe. "Em 1964 foi um golpe militar. Agora, é do Judiciário, mas de qualquer forma é um golpe", diz.
A jornada de protestos desta quinta-feira tem, até o início da noite, dimensão menor em comparação à última grande manifestação pró-governo, em 18 de março, quando centenas de milhares de pessoas se reuniram várias cidades brasileiras dos 26 estados e do Distrito Federal.
Na ocasião, em São Paulo, a Paulista foi tomada, e o protesto teve a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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