Saturday, April 23, 2016

FDS frustram sabotagem da ponte na EN7

As Forças Defesa e Segurança (FDS) abateram, madrugada de segunda-feira, dois supostos elementos da Renamo que integravam um grupo surpreendido a tentar sabotar uma ponte ao longo da Estrada Nacional Número Sete, no posto administrativo de Honde, distrito de Báruè, província de Manica.
A Estrada Nacional Número Sete liga as províncias de Manica e Tete. Foi nesta mesma rodovia que homens armados da Renamo mobilizaram a população que reside nas zonas próximas da ponte para participar na vandalização da infra-estrutura pública, tida como de vital importância para o desenvolvimento sócio económico do país.
Os dois elementos da Renamo encontraram a morte quando se envolveram numa troca de tiros com as FDS na zona de Honde.
Informações em nosso poder dão conta que na madrugada de segunda-feira, o grupo dirigiu-se à ponte com material de sabotagem, acompanhado por número considerável de cidadãos forçados a abandonar suas casas para apoiar no frustrado acto de sabotagem.
Aliás, este acto, visto como ameaça a segurança de pessoas e bens, aconteceu um dia depois de guerrilheiros da Renamo terem aberto cratera na mesma rodovia que condicionou a passagem de viaturas na Estrada Nacional Número 7.
A cratera tinha um metro de largura e 50 centímetros de profundidade e cobria as duas margens da estrada. Foi exactamente neste local onde os homens armados incendiaram três viaturas e alvejaram uma pessoa que foi transportada imediatamente para o Hospital Provincial de Chimoio, onde está receber curativos. A vítima apanhou seis tiros disparados pelos homens armados da perdiz. Para além das viaturas queimadas, outro carros caíram na cratera devido a falta de sinalização de perigo na via.
António Chico, motorista do camião cavalo queimado pela Renamo com toros, contou à nossa Reportagem o sofrimento que passou naquela inesquecível noite quando saía de Tete com destino a cidade da Beira.
Disse que escapou porque a morte ainda não tinha chegado, pois, os tiros disparados contra a sua viatura foram muitos e não se lembra de como é que conseguiu escapar e colocar-se em fuga mata adentro onde permaneceu escondido até ao raiar do sol. Explicou que a cratera foi aberta por volta das 23 horas. Quando cheguei no local, primeiro vi um carro no mato. Fiquei assustado. Porque era numa descida com curva, não parei. Minutos depois ouvi tiros, consegui parar o camião através do sistema de bloqueio, saltei e corri para a mata. Só ouvi eles a falarem porque queria saber onde é que eu estava. Daí tiraram combustível do carro e vi o camião a arder. Usaram fósforo, capim e combustível para incendiar a viatura, explicou Chico, bastante angustiado.
Aquele automobilista referiu ainda que minutos depois estava a chegar um outro carro e eles disparam . O motorista abrandou a marcha e parou. Os bandidos saíram das matas e levaram o condutor mais duas pessoas. Antes de sair atearam fogo contra o carro que ficou em cinzas.
Não sei se escaparam. A verdade é que enquanto eu estava escondido apareceu um outro camião. Eles disparam. O motorista parou o carro e eles saíram para estrada. Mandaram descer as três pessoas que estavam no carro e foram levadas. Antes incendiaram a viatura. Quando vi aquilo fiquei com medo e andei quase dez quilómetros pela mata até sobressair na povoação de Honde, contou António Chico, que acrescentou que a segurança naquela estrada está ameaçada. 
O comandante provincial da Polícia da República de Moçambique, em Manica, Armando Canheze, em contacto com jornalistas, disse que depois de ter aberto a cratera, a Renamo atacou viaturas de civis e incendiou dois camiões cavalo e uma ligeira. Um dos camiões transportava toros e outro levava botijas de gás para a província de Tete.
Explicou que a cratera foi abertura numa curva perigosa, o que fez com que algumas viaturas fossem cair no buraco. Na mesma noite as FDS foram mobilizadas para o terreno para repor a ordem.
Armando Canheze referiu que apesar da ameaça protagonizada por homens armados da Renamo, a segurança está garantida em toda província. A circulação de pessoas e bens está a ser feita normalmente em todos os distritos de Manica.
Até ao princípio da manha, a situação estava calma. Porque a cova era grande tivemos que pedir a presença de técnico da Obras Públicas e Habitação para tapar o buraco. Também removeram as sucatas que estavam na estrada. O trânsito ficou restabelecido na manha de segunda-feira. No mesmo domingo a tarde os carros podiam passar. Encontramos uma alternativa que era colocar alguns troncos e pedras na cova para permitir que as viaturas passassem, sobretudo as de transporte de passageiros, indicou.  
Armando Canheze afirmou ainda que as Forças de Defesa e Segurança estão efectuar patrulha em toda Estrada Nacional Número Sete para repelir qualquer tentativa de perturbação da ordem naquele troço.
A EN7 é uma das rodovias mais movimentadas do país, liga Moçambique com as Repúblicas do Zimbabwe, Zâmbia e Malawi, através das fronteiras de Cuchamano, Cassacatiza e Zóbuè, na província de Tete. Diariamente circulam por ali centenas de camiões de longo curso com carga proveniente do porto da Beira, na província de Sofala.
No domingo passado, muitos camiões permaneceram horas a fio estacionados na zona na vila de Vanduzi, Honde e Catandica, aguardando pela reparação da via, o que causou enormes prejuízos aos transportadores de Manica e Tete, em particular e ao país em geral.
Recorde-se que a onda de violência armada na Estrada Nacional Número Sete começou em princípios de Fevereiro passado com o surgimento de ataques protagonizados pelos homens armados da Renamo contra viaturas civis, matando e ferindo pessoas indefesas.
Esta situação está fazer com que a população abandone as suas zonas de residências para locais seguros. Centenas de famílias já deixaram suas residências para as vilas de Catandica, Vanduzi e cidade de Chimoio.
Como consequência, muitos alunos abandonaram as aulas e seguiram viagem com os seus familiares. Muitas escolas estão encerradas devido a ausência de professores, facto que poderá comprometer, sobremaneira, o processo de ensino e aprendizagem naquela região.
Texto de Domingos Boaventura
domingos.boaventura@snoticicas.co.mz

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