Interpol pede aos serviços secretos moçambicanos que investigue se o acusado dos atentados de Paris esteve em Maputo.
25.03.2016 17:21
Na semana passada, autoridades belgas prenderam em Bruxelas Salah Abdeslam , considerado o cérebro dos atentados que deixaram 130 mortos e mais de 350 feridos em Paris, em Novembro de 2015.
Enquanto se aguarda a deportação de Abdeslam para a França, as autoridades de vários países tentam conhecer os passos do franco-argelino antes dos atentados de Paris.
Moçambique é apontado como um dos países onde Salah Abdeslam pode ter vivido durante um tempo em 2015.
Uma das linhas da investigação aponta que Salah Abdslam terá vivido durante algum tempo num apartamento localizado por cima do café Dolce Vita, na avenida Julius Nyerere, em Maputo, com mais quatro amigos até Junho ou Julho de 2015.
Eles terão sido vistos diariamente a tomar chá verde, a telefonar e a falar através do Skype, sem que se lhes tenha sido conhecida qualquer actividade profissional.
A história
O café da zona nobre de Maputo é muito frequentado pela juventude das elites profissionais e alguns clientes estão a comentar o assunto nas redes sociais.
O jornal moçambicano Savana diz na sua edição desta sexta-feira, 25, que ao verem a foto de Salah Abdeslam na televisão quando foi preso na sexta-feira passada, três empregados do café Dolce Vita o reconheceram, tendo dito, em alta voz, “é ele”.
Agora, escreve o mesmo jornal, os empregados mudaram a versão e disseram que se enganaram.
“A tal pessoa continua a viver aqui por cima e ainda esta tarde esteve aqui no bar”, garantiram os empregados.
Fontes da VOA que falaram com empregados do referido café dizem haver informações contraditórias.
Uma trabalhadora não confirmou se Salah Abdeslam alugou ou não o apartamento porque, como afirmou, “são muito parecidos”, referindo-se ao facto de várias pessoas da comunidade muçulmana terem morado no local.
“As moças das mesas estão claramente com ordens de silêncio”, disse um correspondente da VOA no local.
Interpol pede investigação
Uma informação posta a circular na quarta-feira, 23, por uma fonte diplomática revela que Abdeslam e amigos viveram em Maputo até Junho e Julho do ano passado, tendo depois seguido, de forma separada, para a Europa: um grupo saiu via Joanesburgo e outro através de Nairobi.
Entretanto, a VOA soube junto de uma fonte dos serviços de inteligência de Moçambique que a Interpol pediu às autoridades moçambicanos que investiguem se Salah Abdeslam esteve em Maputo e as actividades que terá desenvolvido no país.
A mesma fonte não deu muitos detalhes, mas não há ainda qualquer confirmação oficial da presença de Abdslam em Moçambique.
Observadores políticos citados pela imprensa têm dito repetidamente que Moçambique é usado como base de rectaguarda de acções de radicais islâmicos que passam desapercebidos num país com uma comunidade muçulmana populosa, abastada e influente.
A 25 de Dezembro de 2015, dois moçambicanos de origem asiática, Assane Momad e Abdul Ahmed, foram presos na fronteira de Ressano Garcia, do lado sul-africano, com cerca de sete milhões de dólares em dinheiro vivo.
Na altura, o porta-voz da unidade especial da polícia sul-africana Hawks, o brigadeiro Hangwani Mulaudzi, admitiu que o dinheiro podia destinar-se a actividades terroristas.
"Onde e como eles conseguiram esse dinheiro é o que estamos a tentar determinar", disse Mulaudzi , citado pelo portal sul-africano iol.co.za.
A VOA falou com várias clientes que frequentam o local e que admitem movimentações suspeitas bem como pessoas que têm colocado comentários nas redes sociais, que, no entanto, recusam-se a gravar entrevistas.
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