Chissano:
O antigo Chefe de Estado moçambicano defende que o alcance da paz no País passa por descobrir em primeiro lugar o que essencialmente o Líder da Renamo, Afonso Dhlakama e o seu partido desejam, por conseguinte analisar se as matérias enquadram-se ou não no interesse do povo.
Joaquim Chissano, falava fim-de-semana, momentos após desembarcar no aeródromo de Quelimane, onde participou da via-sacra, cerimonia religiosa que simboliza as catorze estacões que antecedem a crucificação de Jesus Cristo.
Chissano, que também inaugurou o novo edifício do Instituto Superior de Humanidades e Tecnologias, salientou que neste período particularmente da pascoa os corações dos políticos deveriam se amolecer e se curvar diante da Fé, das minorias, do povo e dos mais necessitados. Na percepção do antigo Chefe de Estado, a situação política nacional era bem mais difícil e conturbada no período pós-independência, bem como na senda da guerra fria e do movimento racista do Apartheid. Nesse período, Chissano aproximava-se para entender melhor a Renamo.
“O alcance da Paz passa por descobrir o que a Renamo quer, o que é que Dhlakama quer, se é algo que se pode inserir no interesse do povo; houve conflitos, houve rupturas desde o tempo de Eduardo Mondlane, naquele tempo a situação era bem difícil, tínhamos o factor da guerra fria, do apartheid entretanto conseguimos mediar”-disse.
O Antigo Presidente da Republica assegurou que as exigências da Renamo não se tratam de assuntos pessoais mas questões de âmbito nacional devendo por isso ser alvo de uma análise profunda e urgente conducente a cessão de hostilidades militares, através de um diálogo franco, aberto e honesto.
Subscreva o semanario Txopela e receba em PDF no seu Email ou em versao fisica | 20 meticais cada exemplar
O que o Afonso Dhlakama e a Renamo querem?
Joaquim Alberto Chissano (JAC), ex-Presidente de República de Moçambique, disse num contacto recente com a imprensa o seguinte:
«O alcance da Paz passa por descobrir o que a Renamo quer, o que é que Dhlakama quer, se é algo que se pode inserir no interesse do povo. Houve conflitos, houve rupturas desde o tempo de Eduardo Mondlane. Naquele tempo a situação era bem difícil, tínhamos o factor da guerra fria, do apartheid; entretanto, conseguimos mediar.»
Estou a pensar neste pronunciamento e a achar que não há ninguém que não saiba o que a Renamo e o Afonso Dhlakama querem. Havendo quem não saiba, então aqui está a resposta: Afonso Dhlakama e a Renamo querem destronar a Frelimo da liderança de Moçambique e dos moçambicanos de modo a serem eles (Afondo Dhlakama e Renamo) a controlar o poder político e económico deste país e do seu povo.
É por isso mesmo que nenhum diálogo com Afonso Dhlakama e Renamo vai trazer paz efectiva para Moçambique, se não for a Renamo a governar este país de acordo com a vontade do Afonso Dhlakama e da sua corte de acólitos. Quem duvida disto que confiras as cedências que o Governo de Moçambique, dirigido pela Frelimo, teve que fazer e disso não resultou paz para este país.
Eu estou a achar que o JAC está a criar mais dificuldades ao processo de busca da paz para Moçambique, no lugar de ajudar. Não estou em crer que ele não saiba o que é que o Afonso Dhlakama e Renamo querem. Ele sabe muito e bem o que eles querem. Talvez o que ele (JAC) quis dizer, por outras palavras, é que o actual Governo de Moçambique não deve considerar uma solução militar para terminar com este conflito que está a emperrar o desenvolvimento de Moçambique e a perpetuar a dependência e a pobreza. Se for isto que ele (JAC) quis dizer, é sensato.
Porém, é preciso não continuarmos a viver de equívocos. É um equívoco, por exemplo, o dito de "o diálogo é única via para a paz efectiva". Isto é falácia. A paz efectiva também pode ser alcançada através da guerra. A guerra resulta em que cada um dos beligerantes fique a saber, sem qualquer dúvida, qual é o lugar que lhe cabe no espaço em disputa. A chatice da guerra é coloca o povo como escudo, mata inocentes, destrói infra-estruturas e económicas; enfim, paralisa a economia e torna precária a vida dos que sobrevivem. Estas consequências nefastas da guerra fazem com que ela (a guerra) seja vista como o último recurso para a resolução de uma disputa. Portanto, não é verdade que o diálogo é verdade que a única via para a conquista da paz efectiva. Aliás, vezes há até que o diálogo constitui um entrave para a paz.
O diálogo só funciona como via para o alcance da paz quando entre os envolvidos numa disputa não haja megalómanos. Infelizmente, este não o caso de Moçambique, pois o Afondo Dhlakama e alguns dos seus acólitos são megalómanos. Do lado da Frelimo também há alguns megalómanos, mas esses não estão actualmente em posição de influenciar as decisões que se tomam. Logo, não é a Frelimo que emperra o recurso ao diálogo para ao alcance da paz efectiva. O obstáculo é definitivamente o Afonso Dhlakama e a Renamo. Isto implica que para se alcançar a paz efectiva em Moçambique, sem guerra, esses megalómanos têm que ser isolados. E uma pessoa só fica efectivamente isolada de outras pessoas quando morre. É por isso que os assassinatos são vistos como solução de disputas, quando o diálogo não funciona por envolver pessoas megalómanas.
Vamos lá parar de enganarmo-nos uns aos outros. Sabe-se muito bem o que o Afonso Dhlakama e a Renamo querem: querem o poder total ou, alternativamente, a partilhado. E isto tudo o Afonso Dhlakama e Renamo querem a qualquer custo, incluindo a guerra. Isto está bem claro e é sabido pela Frelimo. A questão está em que, como o Afonso Dhlakama e sua Renamo se dizem pais da democracia, e a Frelimo conhece bem as regras do jogo democrático. Em democracia governa quem ganha as eleições. Qualquer alteração desta regra tem que ser previamente negociada, e para tal é necessário que não sejam colocadas pré-condições. Ou seja, o Governo de Moçambique, dirigido pela Frelimo, não nega dialogar, mas não aceita pré-condições para dialogar. E é contrassenso exigir-se que o Governo aceite pré-condições para negociar com uma organização que não respeita as instituições do Estado e dirigida por um bandido. A paz efectiva não se alcança dessa forma nunca!
A única condição que deve assistir a todos nós (moçambicanos), para viabilizar o diálogo que vai evitar a guerra e viabilizar a paz efectiva, é que nos façamos à mesa do diálogo por essa paz sem pré-condições. Sem isso, o Governo de Moçambique, dirigido pela Frelimo, não cederá mais às exigências da Renamo, e o Afonso Dhlakama e seus homens armados no mato—coitados feitos instrumentos de guerra—continuarão a emboscar e atacar alvos civis e militares até morrerem de morte natural ou orquestrada, ou serem vencidos numa guerra aberta. Sim, porque se o Governo de Moçambique entender declarar guerra contra a Renamo, esta (a Renamo) sairá inevitavelmente vencida, porque a correlação de forças na África Austral e no resto do mundo está a favor do Governo de não da Renamo.
Enfim, apenas os lunáticos fazem guerra injusta. A guerra pela conquista da paz é uma guerra justa. Se a Renamo quiser continuar a existir como uma organização que algum dia pode alcançar o poder político em Moçambique, por via pacífica, então tem que parar com os actos terroristas que vem protagonizando neste país, e se sentar à mesa com todas as forças vivas da sociedade para dialogar pela paz, sem pré-condições. Procedendo a Renamo desta maneira, abre-se espaço para a Frelimo instruir o Governo que dirige para fazer certas cedências; e a Renamo também terá que ceitar fazer certas cedências. Doutro modo, a guerra é inevitável e só dela virá a paz efectiva para Moçambique, com o Afonso Dhlakama e sua Renamo ocupando o espaço que lhes couber, e a Frelimo e o Governo que esta dirige também.
PIMO - Bloco de Orientação Construtiva
DIAGNOSTICADO OS REAIS DESEJOS DE DLHAKAMA E À RENAMO PARA NEGOCIAR COM À FRELIMO EM TROCA DAS AUTARQUIAS PROVINCIAS
De acordo com à sugestão de Joaquim Chissano, antigo Presidente da República e parceiro do AGP - sugere que no lugar de apostar na guerra contra Dlhakama e à Renamo, devia-se perguntar, honestamente o que ele quer na realidade?
O Bloco da Oposição Construtiva, desde há muito tempo concluiu que Dlhakama não quer dividir o país e nem autarquização das Províncias!
Mas a Renamo e o seu Líder diz que não reconhece os resultados eleitorais das últimas eleições! Por isso não vai aceitar ficar de fora até às próximas eleições de 2019!
Sabido que não é cultura da Frelimo, valorizar pacificamente às boas ideias vindas dos seus adversários, à Renamo, acabou usando pressão anti-constitucional, na esperança de que à Frelimo, talvez, por aí iria aceitar diálogo sério e negociar a seguinte agenda:
1 - Repetir as eleições de 2014, ou
2 - Partilhar o Poder!
2 - Partilhar o Poder!
Cabe a Frelimo, escolher o caminho mais curto e folgável para o seu futuro!
Autarquias Provincias, servem duma pressão anti-constitucional para obrigar a Frelimo a sentar numa mesa de negociações séria com a oposição, do mesmo modo que foi necessário 16 anos de guerra de pressão contra o regime monopartidário da Frelimo, afim de obrigar esse partido independentista a aceitar o sistema pluralista político em Moçambique!
À Frelimo em vez de responder por vias pacíficas, foi mal aconselhada para responder por via terrorista e uma guerra não declarada, para eliminar Dlhakama e à Renamo, duma vez para sempre!
Foi mal aconselhado por quem?
Pois nenhuma pessoa atenta poderia admitir que a Frelimo teria capacidades de eliminar militarmente à Renamo, ao estilo de Angola, pois a Frelimo não acreditava nas capacidades de Dlhakama de reorganizar uma guerrilha desativada há mais de 20 anos, para responder às incursões de desarmamento à força desencadeado por forças combinadas do Estado!
Como até agora não conseguiram esmagar os homens da Renamo, desarmando-os até ao seu último reduto, à única porta aberta para sair dessa vergonha com cabeça erguida, passa por aceitarem mais uma à botija de oxigénio que Chissano acaba de disponibilizar em geito de proposta para pelo menos manter-se no poder até ao fim do mandato!
A Frelimo deve ter coragem de conversar com Dlhakama e a Renamo para abrirem o jogo, sobre os seus interesses reais em Moçambique, tal e qual como foi em 1990!
Não esqueçam incluir outros partidos políticos e mesmo a própria Sociedade Civil!..
Sem comentários:
Enviar um comentário