- Publicado em 31 março 2016
Os homens armados da RENAMO têm estado a semear medo e terror nas estradas, com recurso a armas cuja proveniência se desconhece, ainda que se desconfie (creio que estas armas são as da guerra dos 16 anos que mesmo depois do AGP não foram entregues ao exercito unificado por motivos inconfessos).
O grande dilema é que ao procurar fragilizar o governo do dia, assassinamos o bem maior, o Estado que é de pertença de todos. A RENAMO não é ameaça ao governo, mas sim ao Estado, que somos todos nós. O governo está a fazer a sua parte para salvaguardar os interesses do Estado (que somos todos nós), e não necessariamente a procurar proteger-se a si para sobreviver politicamente.
Um dia alguém terá que desarmar a RENAMO por ser uma ameaça ao Estado, que não é pertença de pessoas únicas com regime de exclusividade. Se um dia um outro partido chegar ao poder, terá que gerir os homens armados da RENAMO e as armas escondidas, terá sobretudo que ter os seus planos de governação condicionados à vontade de Afonso Dhlakama.
O processo de desarmamento da RENAMO peca por ser tardio, mas ele deve acontecer sim para o bem de todos. Não se pode legitimar grupos de civis detentores de armas, se quisermos erguer um estado democrático e de leis. A existência de armas fora do controle das autoridades competentes leva-nos a uma paz armada e sempre tremida.
Hoje é fácil para quem não está no governo, mesmo que tenha essa aspiração, dizer que a RENAMO não deve ser desarmada e que o diálogo é mais importante, mas vejo neste posicionamento um puro oportunismo político que legitima a anormalidade para chegar ao poder. Na verdade, todos nós sabemos o quão é importante civilizar politicamente a RENAMO, não para o bem do governo do dia, mas de todos nós.
Criamos hábitos de uma política baseada em armas, discursos belicistas em nome de uma tal liberdade que esconde a ganância política, e comprometemos a integridade de um Estado que pertence a nós e a uma geração ou a gerações que estamos a criar com muito sacrifício.
Alguns posicionamentos são um autêntico tiro aos nossos próprios pés, mas porque feitos sob pressão da necessidade de os fazer, nos obrigam a ignorar resultados e impactos a longo termo. Não se trata de negar aqui o direito de opinião, mas a necessidade de encontrar o ponto de equilíbrio como nação.
A questão é, como é que podemos cruzar as nossas diferenças e erguer um país sólidos onde todos somos sujeitos de direitos e deveres? Como podemos tornar todos homens armados que ameaçam a nossa integridade como Estado, em civis e políticos modernos habitantes da Polis? A resposta a estas questões nos pode aproximar da solução ao desafio comum: DESARMAMENTO DA RENAMO como imperativo nacional.
A RENAMO já teve oportunidade para o fazer em várias ocasiões, até com a presença de mediadores, mas nunca o aceitou fazer. Isto torna o nosso Estado frágil e vulnerável a gangs de todo tipo, déspotas que possam querer tirar dividendos dos nossos recursos.
Creio que como País, devemos nos apropriar da Paz e do sossego como condição para usufruir de todo o resto. A nossa luta deve ser a cada vez maior partilha dos recursos e sabemos que há mecanismos pacíficos e não passivos que nos podem levar até lá. As armas nos arrastam a posições de forças e lutas sem fim e sabotam os projectos colectivos.
Creio que qualquer partido que um dia chegar ao Poder, não aceitará ter uma RENAMO armada, ela terá que ser desarmada um dia de modo a assegurar que os planos de desenvolvimento se concretizem. Creio também que o País e seus cidadãos estão preparados para levar a cabo um diálogo nacional sobre paz e progresso, em fórum próprio e com subsídios sustentáveis, o que é necessário é a honestidade e a convergência sobre a agenda comum, o DESENVOLVIMENTO NACIONAL.
Sabemos que tudo gira em torno da detenção do PODER por parte deste ou daquele, mas deve estar sempre presente a questão da integridade do Estado e a meta comum de uma nação como a nossa.
Lbamo
1 comentário:
Pode ser possivel mas parece que esta sendo o contrario. A pratica mostra que a Renamo esta desarmando o governo. Pelo menos na provincia de Manica ate escoltas do governo estao entregando armas a Renamo embora ninguem tem coragem de dizer, mas esta a acontecer. Dialogo apenas vai salvar o Pais e nao estas agitacoes.
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