O escritor e jornalista moçambicano, Mia Couto, diz que o facto de a Renamo impor condições para o diálogo com o Chefe do Estado, Filipe Nyusi, mostra que o partido não está interessado em dialogar.
Mia Couto referiu que impor condições para o diálogo é chantagear o governo e o povo.
Ele falava à Rádio Moçambique a propósito da iniciativa presidencial de mais uma vez convidar o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, para o diálogo ao mais alto nível, como forma de por fim à tensão político-militar no país.
“No fundo quem impõe condições está a jogar com vidas humanas, está a fazer chantagens com aquilo que é a tranquilidade dos moçambicanos todos “-referiu Mia Couto.
O escritor e jornalista explicou que a pré-condição que o povo devia exigir da Renamo é que entregue as armas e siga para o diálogo.
“Um partido político não pode, ao mesmo tempo, ter presença na Assembleia da República e ter armas.”-sublinhou Mia Couto. (RM)
Mia Couto tem sido parcial
O escritor moçambicano Mia Couto deveria evitar fazer considerações políticas , para continuar a merecer a consideração, admiração e respeito de todo público nacional.
Tem sido recorrente Mia Couto posicionar-se do lado da Frelimo e seu governo nos seus pronunciamentos públicos e isso não faz bem a uma figura do tamanho de Mia Couto.
Desta vez, Mia Couto diz que a Renamo ao colocar pré-condições para iniciar o diálogo com o governo, demonstra que não deseja conversar. Isso é uma grande falácia para quem se lembra de como o governo quebrou a confiança com a Renamo, e não só. Depois de emboscadas e cerco à residência de Afonso Dhlakama pelas forças do ver na mentais, exigir a inocência parece-me um exagero.
Mia Couto devia ser mais equilibrado, equidistante das disputas políticas para continuar a ser o património de todos os moçambicanos. Mia Couto é uma referência de grande estatura da literatura moçambicana, por isso, devia evitar entrar em questões polémicas.
Politicamente, eu não podia esperar posicionamento diferente de Mia Couto por uma pessoa que, em 1974, integrou a campanha contra o multipartidarismo em Moçambique. Poderia ter mudado como muitos o fizeram mas o nosso grande escritor parece não ter mudado a sua opinião. Continua agarrado a indivíduos acusados pelo Tribunal Penal Internacional de fazer graves violações dos direitos humanos.
O nosso Mia Couto não viu nenhuma gravidade nas emboscadas feitas pelas forças governamentais contra Dhlakama nem na invasão e ocupação da sua residência na Beira mas vê apenas a falta de vontade de dialogar quando a Renamo exige garantias de segurança e agenda concreta do que se pretende conversar.
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