Pêndulo político
Yaqub Sibindy, o autoproclamado Presidente do Bloco de Oposição Construtiva (hoje, Bloco de Orientação Construtiva)—uma coligação de partidos que não tenho memória de ter registo em notariado—, anda no "estrelato" político moçambicano como um pêndulo político, oscilando com amplitude entre o Governo legítimo e a oposição parlamentar encabeçada pela Renamo. Ninguém lhe conhece a profissão, sabendo-se apenas que, tal como Afonso Dhlakama, tem sido um candidato presidencial derrtotado, algo que lhe vale o título profissional 'sui generis' de "Político, Candidato Presidencial Perdedor".
Ontem, 14 de Fevereiro (2016), o dito "Dia do Amor", o meu compatriota Yaqub Sibindy brindou-me com uma publicação inspirada nos meus recentes pronunciamentos públicos sobre o «país estranho» que Moçambique é desde 1994: um país que possui um partido ilegalmente armado, e que mesmo assim tem representação parlamentar. Nessa publicação, que pode ser vista na página "Debater Moçambique", aqui nesta plataforma (Facebook), Yaqub Sibindy considera-me «um intelectual recrutado pela nova burguesia de rendimentos duvidosos, para desencadear uma ofensiva psicológica afim de justificar publicamente, razões credíveis sobre o desencadeamento duma nova guerra generalizada contra à Renamo, começando por abater politicamente Joaquim Chissano, acusando de mau obreiro da PAZ, para que este não volte a ser de novo o bombeiro do povo para apagar o presente conflito!» (sic). E isto tudo porque, aparentemente, o Yaqub Sibindy (e alguns outros habituados a bajular como ele), não consegue consentir a crítica que faço à forma como Joaquim Chissano geriu o processo de implementação do Acordo de Geral de Paz (AGP) e, subsequente a isso, o processo de pacificação de Moçambique, quando era Presidente da República.
Yaqub Sibindy (como outros que pensam como ele) não tolera que diga Joaquim Chissano geriu a implementação do AGP e o processo de pacificação de Moçambique só no seu próprio interesse e todos nós. Atestam este meu argumento três factos, nomeadamente (i) o facto de ele ter permitido que a Renamo continuasse armada fora dos prazos acordados nos protocolos que compõem o AGP, (ii) o facto de o Governo legítimo de Moçambique estar a experimentar episódios de confrontação armada com a Renamo, desde que ele saiu do poder, e (iii) o facto de o próprio Joaquim Chissano insistir em assumir um protagonismo político público sobre a questão da paz, que ele não conseguiu concluir com sucesso, em tempo de aposentação.
Para Yaqub Sibindy e outros que pensam como ele, Joaquim Chissano fez bem por «acarinhar» um terrorista, o Afonso Dhlakama. Para mim, Joaquim Chissano cometeu um erro que, bem vistas as coisas, sem emoções, configura uma traição aos seus camaradas e ao povo de Moçambique. E isto não significa que o Joaquim Chissano não fez obras. Longe disso. O que estou a dizer é que o Joaquim não esse obreiro da paz que se seja celebrado por todos nós. No capítulo da paz, a Joaquim Chissano só se pode creditar o AGP e a paz podre que se vive hoje em Moçambique. Ao permitir-se conviver com o Afonso Dhlakma, «acarinhando» enquanto mantinha homens armados fora dos prazos fixados no AGP, o Joaquim Chissano não preparou as condições necessárias para que a paz fosse efectiva em Moçambique, e criou um mau precedente para os consulados dos seus sucessores.
Eu sou livre de pensar que o Joaquim Chissano, com todo o respeito que tenho por ele como um dos lutadores pela conquista da nossa nacionalidade, deixou a Renamo continuar ilegalmente armada para oferecer um presente envenenado aos seus sucessores, caso a Frelimo não optassem por lhe permitir continuar no poder. Isto é meu pensamento—que não julgo que seja necessariamente correcto—decorrente da análise que faço dos eventos que tiveram lugar em Moçambique desde a assinatura do AGP, incluindo a marginalização a que foram relegadas as instituições como as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), a Polícia da República de Moçambique (PRM) e o Serviço de Informação e de Segurança do Estado (SISE), e isto ao mesmo tempo que se acarinhava um homem com uma história de comandante de uma guerra fratricida, que só não foi considerada crime contra a humanidade devido a intervenção do próprio Joaquim Chissano.
Qual era mesmo a verdadeira intenção de Joaquim Chissano, ao permitir que a Renamo continuasse armada fora da lei, desrespeitando a Constituição da República, enquanto «acarinhava» o Afonso Dhlakama?
No lugar de atentar à esta pergunta, Yaqub Sibindy e outros que pensam como ele, apressam-se a interpretar o meu questionamento como um ataque à figura de Joaquim Chissano. Pensando bem, esta atitude de aparecer pessoas em defesa de que alguém que não está sob nenhum ataque indicia inimizade com a paz e com a liberdade; indicia falta de compromisso com o Estado de Direito. Agrade ou não aos advogados voluntários de Joaquim Chissano, eu considero que ele pesa a maior responsabilidade moral pela instabilidade política que se vive hoje em Moçambique, porque ele permitiu arbitrariedades durante o seu consulado como Presidente da República de Moçambique. Mesmo o fenómeno de o «cabrito comer onde estiver amarrado» nasceu e floresceu durante o seu consulado de Joaquim Chissano, por causa da excessiva tolerância dele. Tudo em excesso faz mal, até vitaminas e medicamentos! A tolerância excessiva de Joaquim Chissano não é nenhuma virtude, mas um defeito, mormente no exercício do poder. É isto que Yaqub Sibindy e demais aduladores do Joaquim Chissano não compreendem, pretensamente. Eu não tenho caso contra Joaquim Chissano. Antes pelo contrário, ele é minha referência para apontar os erros que a governação da Frelimo (e de qualquer outro partido que se fizer ao poder) não deve permitir. Durante o seu consulado como Presidente da República de Moçambique, Joaquim Chissano não respeitou e não fez respeitar a Constituição desta República, excepto selectivamente. Isto é uma verdade incontestável e constitui uma das razões da instabilidade política que se vive hoje em Moçambique.
No caso do Yaqub Sibindy, um pêndulo político "inteligente", suspeito que que queira se aproveitar da deixa proporcionada pelas minhas intervenções para aumentar a amplitude das suas oscilações políticas. Está a parecer-me que ele quer oscilar ao longo de todas as medianas que ligam os vértices do triângulo Frelimo-MDM-Renamo, usando a mim como trampolim.
Cuidado com isso, meu compatriota e amigo virtual, Yaqub Sibindy! Eu não tenho a tolerância infinita de Joaquim Chissano; não vou permitir que as tuas oscilações políticas se realizem a partir dos vértices das minhas intervenções públicas! Eu nunca falo à toa, porque a minha educação não me permite. Não sou um apaixonado pela política; sou um profissional de educação meticuloso, assim eu me considero e sem modéstia! Eu não sirvo como pivô de um pêndulo político!
Aos partidos políticos com representação parlamentar em Moçambique, eu quero partidos políticos extra-parlamentares verdadeiramente construtivos; mas não pêndulos políticos profissionalizados de perder eleições e de usar do dinheiro do erário público para adular figuras públicas, na reforma e no activo, para poder receber convites para cerimónias de Estado. Fazei-nos o favor de rever e actualizar a lei dos partidos políticos como, para que não tenhamos que continuar a financiar pêndulos ( = oportunistas) políticos.
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