E não são patos, propriamente, são vereadores, senhores chefes de família, que são maridos, pais e encarregados de educação, a quem o edil de Quelimane, o meu amigo Manuel de Araújo, tratando-os como se de patos se tratasse, decidiu atribuir-lhes a tarefa de experimentarem chafurdar nas águas do rio, a fim de testarem por si mesmos o que sentem na pele os munícipes quando têm que atravessar aquela ponte que desabou devido ao aumento do caudal. Em causa, está o facto destes senhores vereadores pouco ou nada fazerem para garantir a reabilitação daquela ponte, obrigando os munícipes a terem que se desdobrar em esforços descomunais para poderem atravessar o rio, travessia sem a qual a vida pára de andar. Fazer os senhores vereadores chafurdarem no rio, como se eles fossem os patos da sua criação, a fim de sentirem aquilo que o povo sente quando atravessa aquele rio, é um modo de governação bastante primitivo, que somente caberá na cabeça de um dirigente com tendências fascistas e que exerce o poder de forma absoluta e ilimitada, convertendo-se assim num pequeno tirano. Tinham toda a legitimidade os senhores vereadores de recusarem as ordens do senhor edil, tendo em conta que chafurdar naquelas águas colocava a saúde deles em risco, assim como a vida, aliás, um dos mergulhados, por sinal o vereador das obras públicas, quase ia a ser arrastado pelas águas. Tem toda a legitimidade os senhores vereadores de processar Manuel de Araújo por os ter exposto perante as câmaras da televisão. Querendo mostrar a sua liderança pujante, Araújo acabou atentando contra o bom nome, a honra, reputação e integridade moral de chefes de família, por sinal pais e encarregados de educação. Não podem os senhores vereadores aceitar acatar ordens que ferem a sua própria dignidade. Deviam recusar, colocar o cargo a disposição, mas nunca aceitarem ser filmados para os telejornais a chafurdarem no rio como se de patos se tratasse. Atingimos um nível de lambebotismo tal que já não sabemos distinguir as situações. É um castigo deprimente que em nada se difere daquele outro, em que pais de família são chamboqueados em frente dos seus filhos, humilhando-os, coisificando-os. Foi uma grande humilhação esta que Araújo, o Manuel, submeteu aos senhores vereadores, pelo que só nos resta lamentar. Mesmo se aquele tipo de castigo for correspondente ao crime cometido, não acredito muito que o meu amigo Araújo tenha o poder de o aplicar sem recurso a um processo disciplinar, através do qual permitiria aos visados exercerem a sua defesa, a que tem direito. Podia aplicar-lhes a pena de expulsão, exonerá-los ou demiti-los, mas humilhá-los daquela forma, retirá-los a dignidade humana, não. Sempre ouvi dizer que o poder corrompe, mas ontem me foi dado a testemunhar o quão o poder, quando exercido de forma absoluta, acaba por se converter numa tirania. Araújo teve o comportamento de um pequeno Kadafi. Kadafi tornou-se conhecido por dar bofetadas aos seus guarda-costas sempre que aqueles deixassem o povo se aproximar dele para saudá-lo. Compreendo que o meu amigo edil seja uma pessoa muito dada ao populismo, aliás, até tem muito talento para a encenação teatral que caracteriza esse tipo de espectáculos, mas não posso concordar que os nossos vereadores sejam tratados dessa forma. Ser chefe não significa transformar aquele que se encontra subordinado a nós num objecto para o nosso próprio divertimento, tal como fazia o monarca com um súbdito, que perguntado pelo rei “que horas são”, só por gozação, acabava por responder, babado, porém apanhado, que “são as horas que V. Excia quiser que sejam”. Ser chefe significa, antes de mais, algum comedimento, alguma circunspecção, saber respeitar o outro, saber que o nosso subordinado é homem como nós, é chefe de família, é pai e encarregado de educação, pelo que não merece igual tipo de humilhação. Como amigo, mas também como cidadão desta Pátria, nada mais me resta senão exigir a si, Manuel de Araújo, que possas convidar a imprensa e pedir desculpas publicamente àqueles senhores vereadores pela humilhação que lhes fizeste passar, mandando-os chafurdar no rio como se de patos se tratasse ante as câmaras da televisão. Não digo que eles não são responsáveis pela ponte que ainda não foi reabilitada quando já devia ter sido, da mesma forma que não digo que eles não sejam também pessoas que possam experimentar passar pelo mesmo sofrimento que passa o povo ao atravessar o rio, já vi Teodoro Waty aflito no ferryboat que avariou a vir da Catembe, mas lamento que desta vez a emenda tenha saído pior que o soneto. Não deixe que os seus laivos de tirania nos obrigue a ter medo de aceitar o cargo de vereador, sob pena de sermos humilhados de tal forma. Espero que, regressando a casa e ao local de trabalho, aqueles senhores vereadores não sejam vistos pelos seus filhos e funcionários como uns malucos devido a humilhação que lhes fizeste passar. Não podemos aceitar este tipo de sanções degradantes. Hoje os nossos filhos quando te vêem a passar dizem que foi aquele senhor que mandou os nossos pais chafurdarem no rio. Seria de grande sentido de Estado se pedisses desculpas aos moçambicanos, meu caro Araújo. Não perdes nada!
Aquela cena que o mano Mané fez de querer afogar gajos ali na ponte, não se pode repetir. Aquilo, para além de ser uma clara tentativa de homicídio, é uma lavagem de mãos ao estilo de Pôncio Pilatos.
Atau, quem o povo elegeu foi ele, mano Mané, e quem deve afogar-se para as palmas é outro. Afinal quem deve apresentar resultados ao povo? Não é aquele que foi eleito? E aqueles tipos porquê foram compulsivamente afogados pelo mano Mané?
Será que ao tentar afogar aqueles tipos, a ponte soergueu-se e a população começou a atravessar? Eh eh eh eh eh eh...
Lembro-me que aquela ponte está daquela forma vão lá uns bons meses, e o mano Mané foi visitar, tendo afirmado que resolveria o problema. Disse aquando da sua visita que estava a se esperar de travessas que vinham da Inglaterra para poder soerguer a ponte.
E hoje? As tais travessas foram convertidas numa tentativa frustrada de afogar gajos que não sabem nadar? Kikikikikikikikikikiki... Há gajos espertos, meu!
Assim este frustrado afogamento público já fez esquecer a promessa de novas travessas, e retirou completamente a culpa (Pôncio Pilaticamente) do mano Mané, para o gajo que sofreu uma tentativa frustrada de ser afogado?
Vamos ser sérios! Se é para reabilitar a ponte, vamos reabilitar a ponte. Se é para teatrinhos e tentativas de homicídio subaquáticos, vamos a isso, mas nha parte-nha parte!
PS: O mano Mané tinha vestido aquela camizóóóóóóoouuuu!!! Aquela da campanha, sim. E esta tentativa de fazer sacrifício ali no rio, e vestido com aquela camisa... Eh eh eh eh eh eh... Aquele rio parece que estava a ser usado como Djordani.
Nhanisse!
Está a criar um misto de sentimentos (pró e contra) a notícia veiculada pela STV em que Manuel Araújo convidou todos vereadores a atravessarem uma ponte quebrada. A compaixão foi para o vereador das infraestruturas que teve dificuldades em fazer-se pela ponte e que teve que ser “socorrido”.
Antes de mais, importa limpar as “banhas” desta peça noticiosa.
1. Manuel Araujo liderou pelo exemplo. Portanto, ele próprio foi o primeiro e esteve em frente dos vereadores
2. O vereador para a área das infraestruturas não seguiu a rota liderada pelo Manuel Araujo; ou seja, ele entendeu seguir a sua própria rota e deu-se mal.
3. Portanto, entre os vereadores, estavam senhoras que não tiveram problemas iguais aos que o Senhor vereador para área das infraestruturas teve.
Agora vamos a ciência
O método usado pelo edil de Quelimane é comum em muitas campanhas de sensibilização para a mudança de comportamento. Em Bangladesh, o Dr. Kamal Kar adoptou em 1999 a abordagem CLTS - Community Led Total Sanitation ou Saneamento total liderado pela comunidade para acabar com o fecalismo a céu aberto. Hoje, esta abordagem é usada em Moçambique para encorajar as comunidades a construírem latrinas para si próprias. Ao longo do processo da mobilização comunitária, existe alguma fase conhecida por CAMINHADA DA VERGONHA onde os membros da comunidade caminham pelas áreas onde eles mesmo defecam, enquanto comem alguma coisa. A ideia é chamá-los à razão não apenas sobre os riscos mas sobre a necessidade de fazer algo para mudar. Na teoria de comunicação, o momento em que as pessoas se intrigam com a situação (comer enquanto olham para suas próprias fezes) chama-se dissonância cognitiva.
Portanto, não se tratou de nenhum populismo ou intenção de humilhar. O que estava para ser comunicado era a necessidade de responder de forma celere as preocupações dos munícipes, colocando-se eles próprios na “pele” destes. E Manuel Araujo esteve a frente daquele exercício. O senhor das infraestruturas é que quis inventar a sua "rota maritma", à revelia daquela que quase todos usaram para chegar à outra margem..
Antes de mais, importa limpar as “banhas” desta peça noticiosa.
1. Manuel Araujo liderou pelo exemplo. Portanto, ele próprio foi o primeiro e esteve em frente dos vereadores
2. O vereador para a área das infraestruturas não seguiu a rota liderada pelo Manuel Araujo; ou seja, ele entendeu seguir a sua própria rota e deu-se mal.
3. Portanto, entre os vereadores, estavam senhoras que não tiveram problemas iguais aos que o Senhor vereador para área das infraestruturas teve.
Agora vamos a ciência
O método usado pelo edil de Quelimane é comum em muitas campanhas de sensibilização para a mudança de comportamento. Em Bangladesh, o Dr. Kamal Kar adoptou em 1999 a abordagem CLTS - Community Led Total Sanitation ou Saneamento total liderado pela comunidade para acabar com o fecalismo a céu aberto. Hoje, esta abordagem é usada em Moçambique para encorajar as comunidades a construírem latrinas para si próprias. Ao longo do processo da mobilização comunitária, existe alguma fase conhecida por CAMINHADA DA VERGONHA onde os membros da comunidade caminham pelas áreas onde eles mesmo defecam, enquanto comem alguma coisa. A ideia é chamá-los à razão não apenas sobre os riscos mas sobre a necessidade de fazer algo para mudar. Na teoria de comunicação, o momento em que as pessoas se intrigam com a situação (comer enquanto olham para suas próprias fezes) chama-se dissonância cognitiva.
Portanto, não se tratou de nenhum populismo ou intenção de humilhar. O que estava para ser comunicado era a necessidade de responder de forma celere as preocupações dos munícipes, colocando-se eles próprios na “pele” destes. E Manuel Araujo esteve a frente daquele exercício. O senhor das infraestruturas é que quis inventar a sua "rota maritma", à revelia daquela que quase todos usaram para chegar à outra margem..
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