sábado, 6 de fevereiro de 2016

Como o presidente Kenneth Kaunda da Zambia matou os opositores da Frelimo

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Francisco Moises said in reply to Eric Morier...
Tenho que esclarecer um ponto se que me fiz mal entender. Nao participei na formaçao da Coremo que se formou quando eu estive no Seminario de Zobue em Tete. Ouvi falar de Coremo estando no Malawi de caminho para a Tanzania. E nunca foi membro de Coremo como fui da Frelimo por um ano e meio na Tanzania.
Eu sai da Tanzania em Agosto de 1969 para Nairobi onde vivia um numero de refugiados moçambicanos que tinham se escapulidos da tirania da Frelimo na Tanzania. Paulo Gumane e Kambeu visitavam Nairobi la nos anos de 1970 e eram tolerados e aceites pelos refugiados visto que eles e nos tinhamos saido da tirania da Frelimo. A Frelimo nao seria aceite por nos em Nairobi.
Coremo formou-se na Zambia com o apoio de Kenneth Kaunda e a Organisaçao da Unidade Africana, OAU, reconhecia a Frelimo e Coremo. Por um certo tempo gozou da simpatia da China Vermelha a qual Nyerere tinha aliado a Tanzania que nao gostava muito da Uniao soviética, evidenciado pelo facto de que o governo de Nyerere condenou com vigor a invasao do Pacto de Varsovia na Checoslovaquia liderada pela Uniao Patriotica na Primavera de 1968.
A Corea do Norte do camarada Kim-il-Sung era grande aliado do regime to Mwalimu Nyerere.
A Tanzania era a provincia da China em Africa. Bastava ver na Tanzania. Pelas estradas vendia-se literatura maoista. A base naval da marinha da Tanzania em Dar Es Salaam foi construida pelos chineses. A TanZam railway, caminho de ferro entre a Tanzania e a Zambia,foi construida pelos chineses depois dos imperialistas ocidentais recusarem fazê-lo como sendo muito caro.
Durante os dias nacionais, para quem estivesse no estadio nacional em Dar Es Salaam como estive por certas vezes em 1968, podia ver Nyerere rodeado por um grande numero de camaradas chineses em uniformes brancos. Nada de imperialistas ocidentais ou de social-imperialistas soviéticos ao lado do Nyerere. Ndugu Nyerere nao gostava de imperialistas ou de social-imperialistas.
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Eric Morier said in reply to Francisco Moises...
A historia do MANC e interessantissima, pois nao participou no processo de formacao da FRELIMO. Mas participou no processo de formacao da COREMO.
A Coremo nao era so dos dissidentes da Frelimo. Era uma uniao de todos os partidos anti-coliniais mocambicanos. A Frelimo fez parte das negociacoes, mas deixou-as antes do acordo ser assinado.
O problema da Coremo a seguir foi, entre outros, de nao ter sido reconhecido internacionalmente e de ter so o suporte do Kaunda que estava numa situacao dificilissima regionalmente.
A Zambia era pois dependente do Africa do Sul e do colonialismo portugues. Se for radical demais, adoptando por exemplo a posicao da Tanzania, podia perder o accesso a todos portos regionais (Beira, Durban, Benguela/Lobito).
Obrigado Sr Moises e Khamba por partilhar as vossos conhecimentos.
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Francisco Moises said in reply to licos ivar...
Certas destas coisas do nacionalismo moçambicano me passaram despercebidas, principalmente sobre COREMO que apareceu como uma facçao criada por lideres da Frelimo que sejam estiveram desgotados com a liderança de Eduardo Mondlane ou seja que o proprio Mondlane os expulsou da Frelimo. Embora altamente educado e tivesse vivido nos Estados Unidos durante 12 anos da sua vida onde podia ter adquirido principios democraticos se quizesse, Mondlane, por razoes de varias ordens que nao posso analisar aqui, nao manifestava um espirito democratico.
Talvez que fosse a influencia original como filho dum régulo, do Chivambo Mondlane de Manjacaze, Eduardo Mondlane comportava-se como um régulo e era autocratico, embora nos os rapazes moçambicanos fizemos muitas brincadeiras contra ele em Dar Es Salaam e nos opomos a sua liderança.
O sr. Jaime Khamba é uma enciclopédia ambulante visto que ele viveu desde o principio da activaçao do nacionalismo moçambicano, tendo estando na Rodésia do Sul com Uria Simango e Adelino Gwambe e outros onde formaram a UDENAMO. Movimentou-se para Ghana e depois para a Tanzania e foi viver no Malawi onde trabalhava para recruitar moçambicanos para a Frelimo.
Tinha ouvido falar de certos destes nomes que apareceram na lista do artigo de Khamba, mas nao com profundidade. Os lideres de Coremo que conheci foram Paulo Gumane, o presidente de Coremo, e Faustinho Kambeu, o seu chefe de relaçoes exteriores que vieram depois a ser executados vivos a fogo em Mitelela, Niassa, no dia 24 de Junho de 1977, numa ceremonia de execuçao presidida por Sérgio Vieira, segundo uma informaçao secreta contida numa carta que alguem me enviou de Maputo.
Os dois vinham a Nairobi no Kenya. É porque houve reunioes com eles e Gwenjere que foram presididas por sr. Peter Gichumbi em representaçao do Governo do Kenya e eu participei em certas das reunioes. Era estudante e nao tinha o tempo de estar de todas elas. Numa destas reunioes, levantei-me e disse a Gumane e Kambeu que estivemos fartos com as tolices da Frelimo e avisei lhes que nao queriamos mais a repitiçao das mesmas tolices pela parte de Coremo. Gumane nao gostou das minhas palavras, mas o que me importava!....
Pensei que o probema de Paulo Gumane are alcoolismo. Bebia muito por demais e pensei que dominado como estava por alcool ele nao podia dirigir Coremo com eficacia. Era homem inteligente que tinha trabalhado na Africa do Sul e durante a sua estadia estudava até que adquiriu um Mestrado na Historia.
A sua esposa Priscilla Gumane era uma sul africana. Viveu connosco em Nairobi. Nos a consideravamos como a nossa maezinha. Ela tinha muitas piadas. Uma delas era que os moçambicanos eram muito despresados na Africa do Sul e ela enfrentou hostilidade da sua gente quando decidiu se casar com Gumane.
Priscilla sofria muito psicologicamente for causa da morte do seu marrido que foi assassinado pela Frelimo. Do Kenya foi a Alemanha Federal onde o Governo alemao entendeu a sua tragédia e lhe mostrou muita compaixao. Vivia numa residencia para pessoas idosas mantida pela Providencia do Governo alemao e veio a morrer na Alemanha.
Joe John Genti Bande, um sena, veio viver em Nairobi depois de estar desgostado com Coremo na Zambia e era mais comunista, mas comunista intelectual, na sua orientaçao do que os senhores da Frelimo. Comentando sobre ele, o malogrado Tomas Chagundah do Niassa que veio a falecer em Quelimane depois da Guerra civil disse: "os senas sao sempre comunistas. Sao sempre comunistas e nao me admiro que o Bande é comunista."
Bande foi executado num campo de concentraçao da Frelimo no norte de Moçambique.
Com estudado secundario num liceu de Nairobi, Kenya, li o livro entitulado "A Humnaist in Africa" de Kenneth Kaunda*. Achei a obra muito vazia.
Kaunda, Kenneth,"A Humanist in Africa", London: Longman, 1966.

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licos ivar said in reply to Eric Morier...
O que aconteceu ao Peter Blamanja, Jack Ntundumula, John Suze e Joe John Genti Bande (entre outros)? Estavam em Luzaka em 1972-73.........Quem foram estes senhores?...O sr.Moises ouviu falar destes senhores?..eram Moçambicanos?...voces que sabem tanta coisa que nos informem por favor...Mas porque é que nao escrevem livros,que nos contem de tudo isto?
Abraço
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Eric Morier said...
o MANC foi criado em Salisbury, nao na Zambia.
Foi criado em 1962 (nao em 1960) sob o nome de Kiliman Freedom Party - mudou rapidamente para "Mozambique African National Congress".
O que aconteceu ao Peter Blamanja, Jack Ntundumula, John Suze e Joe John Genti Bande (entre outros)? Estavam em Luzaka em 1972-73.
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umBhalane said in reply to António Bilal...
E de entre muitas/inúmeras outras grandes "qualidades" deste grande "herói" da linha da frente, "Frontline States", este grande paladino dos direitos humanos, grande humanista, numa entrevista sobre a então Rodésia de Ian Smith, afirmava peremptória e convictamente:
- O que está em jogo e é muito mais importante para nós, estados independentes de África, é não podermos tolerar estados governados por brancos muito mais desenvolvidos, nomeadamente ao nosso lado, vizinhos" (tradução livre, e de memória).
TAÍ - como dizem os meus Irmãos Brasileiros – “maus” exemplos..
Isto é segredo.
Não divulguem muito - xiuuuuu - be quiet.

A LUTA É CONTÍNUA
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António Bilal said in reply to Eusébio...
Kaunda, meu caro, é o Quisling das África Austral. O Lágrimas de Crocodilo.
Quando há aquela fase dos cubanos às portas de Luanda, Kaunda aposta na UNITA e alerta o continente africano e a comunidade internacional para o "perigo da entrada do tigre pela porta do cavalo". Alia-se aos senhores americanos que encorajam o apartheid a intervir directamente. Os mesmos senhores financiam o recrutamento de mercenários na Rodésia e África do Sul e que a partir do Zaire entram em Angola. Kaunda está no esquema.
Quando a OAU vira a balança e aprova o MPLA como "legítimo governo", o Kaunda vira o bico ao prego e expulsa o Jonas Savimbi e encerra as bases da UNITA e entre mais algumas lágrimas (de crocodilo) condena o imperialismo – o americano.
Na mesma altura, recebe do Vorster 1 milhão de dólares para organizar a conferência de Victoria Falls, no meio da ponte sobre as cataratas de Vitória. É a cimeira do apartheid, em que Pretória promete ao Quisling de Lusaka que a Frelimo pode entrar em LM sem quaisquer entraves, os reaças serão esmagados, e Vorster fechará as portas a Uria Simango, semanas antes de ser raptado no Malawi.
É este mesmo Kenneth Kaunda que manda prender os quadros militares do Coremo, movimento que ele, Kaunda, ajudara a criar em 1965, para fazer concorrência à Frelimo (e ao Julius Nyerere). Os que não conseguem escapar à onda de prisões em Lusaka, são entregues à Frelimo através da fronteira com a Tanzânia. Inaugura-se o shuttle do Gulag de Nach: De Nach para a fronteira vêm os camiões cheios de vítimas dos “julgamentos” de Abril-Maio de 1975 e que vão encher as “Shallow Graves in Niassa” (perdoe-me, Michael Krupa).
De lenço branco na mão o Lágrimas de Crocodilo até aparece em Nachingwea, fardado com Pingo de Chuva, lado a lado com Julius e Samora, a assistir a uma das sessões dos julgamentos a la Estaline, e enaltece até o “exemplo de justiça” que a Frelimo dá nesse campo militar transformado em "tribunal".
Assim, Eusébio, e para responder à sua pergunta, o Kaunda está no novo no quadro, é um dos elementos chave do cenário político da África Austral, e passa a integrar a nova súcia, a Frontline States. Todos numa boa. Até à próxima canalhice.
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Francisco Moises said...
Kaunda era muito inconstante e perigoso. Basta ler o livro "Moçambique terra queimada" de Jorge Jardim que frequentava Lusaka e mantinha conversaçoes com Kaunda no State House em Lusaka. Quando recebeu ordem de Nyerere que lhe disse que as negociaçoes seriam so entre os portugueses e a Frelimo, ele logo decidiu acabar com Coremo, ordenando o massacre e detençoes de que falam aqui.
Alguns dos que compareceram em Nachingwea para o julgamento por Machel, Marcelino dos Santos e Sérgio Vieira podiam ter sido enviados pela Zambia, mas nao estou certo disto. O mais triste ainda é que Kaunda com Nyerere foi assistir as tristes exbiçoes dos chamados traidores durante o chamado julgamento de Nachingwea.
Mahluza que foi chefe do Departamento de Defesa de Coremo foi detido e metido numa prisao zambiana donde veio a fugir, de acordo com Mahluza falando a mim em Nairobi nos anos de 1980.
Em 1972, o governo de Kaunda estava muito chateado com a Frelimo que massacrava os militares de Coremo em Tete (The Times of Zambia, Saturday, March 4, 1972) com o titulo de "Stop the Coremo 'massacre,' Frelimo warned). Despacho a copia do artigo em inglês, que agora mesmo tenho na mao, a Gil amanha com uma traduçao em português.
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Eusébio said...
Mas o que é que Kaunda obteve como vantagem? Mas fala-se da ambição de Kaunda para tomar Maravia e Zumbo, será que a Frelimo iria cooperar nesta ambição?

17/10/2010


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infiltrado said...
F.Nota e as suas análises cuidadas disse tudo.
Penso que estes "sabias" , que afinal apenas sabem nada, são satélites dos mercenários frelimistas de então, analfabetos, boçais, esterco de marca menor,...fruta do chão, diria.
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Francisco Moises said...
Nao penso que Sabia e o nome do individuo que escreveu o comentario, repetindo a nauseabunda propaganda da Frelimo. Tenho imenso pena do pobre Sabia, um daqueles que misturas causas com oprtuninidades. Obviamente, ele nao pode ver as coisas a luz duma complexidade intelectual como os proprios renamistas que nao podem se defender apesar da logica da sua causa.
Dizer que a Renamo lutava para os interesses sul africanos e como cantar a mesma musica dos colonialistas portugueses que diziam que os terroristas lutavam contra Portugal a mando e para implemenntar os interestes da Russia sovietica e da China vermelha. Para aqueles que nao saibam: terroristas era o termo oficial que os portugueses usavam para a Frelimo. As forcas armadas portuguesas transformavam a palavra terroristas para "turras."
Diga la Sabia: eram os bueros que detiam pessoas massivamente e as metiam nas prisoes e as enviavam para os campos de concentracao em Mocambique? Eram os sul africanos que fuzilavam pessoas nas praias de Mocambique principalmente na Costa do Sol? Eram os bueros que enterravam pessoas vivas nos campos de concentracao.
Foi o terror dos turras que desrespeitavam todos os direitos humanos dos mocambicanos e que causou a guerra civil em Mocambique. Apanhar ajuda da Africa do Sul nao foi a causa da guerra como este Sabia diz e o tsotsi Chissano tentou balbuciar recentemente.
A incapacidade politica de Afonso Dhlakama e as causas da guerra
sao duas coisas diferentes. Quem nao iria receber a ajuda do demonio quando numa luta com um inimigo se ve afundando? Se este Sabia fosse ele afundar-se, nao teria ele recebido ajuda da Africa do Sul?

A satelisacao de Afoso Dhlakma a Africa do Sul nao anula as causas da guerra de mesmo modo que a satelisacao dos dirigentes turras da Frelimo a Russia sovietica e a China nao anulava as causas da guerra anti-colonial. Eu, por exemplo, nao confundi a desumnaidade dos dirigentes terroristas que vivi na carne nos anos 1960 e nao disse que a Frelimo nao tinha causas para lutar e que lutava por conta da Russia sovietica e da China comunista.
Talves que tal analise esteja alem da capacidade intelectual do Sabia.
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Reflectindo said...
É pena que só Fanuel Malhuza tenha nos deixado testemunho.
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SABIA said...
Essas é que sao provas de-que a Renamo foi sempre um instumento desestabilizador da Economia de mocambique em beneficio do Regime do APARTHEID dos BOERS da Africado sul e dos Portugueses Descontentes que Após independencia abandonaram o país com destino á RSA .Por isso A Renamo mente quando diz que ela lutava para acabar com o Marxismo lenenismo pois de facto eles nem sabiam porque éque lutavam .Bandidos .e hoje até se atrevem a dizer que sao pais da democracia .Pais da Democracia ao...pobres Mentais e criminosos.Obigado Senhor FANUEL MAhluza.NOTA :eu sou NDAU .
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Pensador said...
"Show me a hero and I will write you a tragedy." - F. Scott Fitzgerald"
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Noe Nhantumbo said...
Existe um enorme interesse em publicitar opinioes e coisas desta natureza em Mocambique porque em geral a historia que se conta e se ensina e aquela que diz que os herois sao escolhidos sempre por uma camarilha ou conjunto de camaradas do Bureau Politico ou da Comissao Politica. Reconciliar os mocambicanos significa promover a abertura e a divulgacao dos pontos de vista de todos. A estrategia de rotular todos os que nao concordam connosco cmo reaccionarios e contra-revolucionarios permitiu que alguns tomassem o poder e obviamente, sem oposicao fizessem tudo para a sua utilizacao privada e individual. E preciso que se ensine as criancas mocambicanas uma historia diferente e mais corresponda aos factos e nao as falsidades engendradas para beneficiar os detentores do poder.
Aquele mania de excluir os outros tem de ser vigorosamente combatida por todos os mocambicanos se queremos de facto combater a pobreza e desenvolver o pais. Mocambique e de todos os seus filhos e nao propriedade privada de alguns senhores que atraves de maquinacoes e manobras de todo o tipo conseguiram impor-se no panorama politico nacional. E de louvar que pessoas como o sr. fanuel Malhuza nos tenham deixado testemunhos como este.

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