As entidades administrativas do Conselho Municipal da Cidade de Maputo decidiram a introdução, para breve, de faixas de rodagem prioritárias para o transportes de passageiros, uma medida que, a meu ver, não irá resolver os problemas de congestionamento nas nossas estradas, antes pelo contrário, tenderá a criar um verdadeiros caos na circulação pela nossa capital e concorrerá para penalizar o cidadão que à custa de sacrifício próprio adquiriu uma viatura para facilitar as suas deslocações e melhorar o seu nível de vida Senão vejamos:
1. Em países onde esta medida é implementada, a rede viária nas suas cidades é bastante extensa, larga e desenvolvida. Na Cidade de Joanesburgo, por exemplo, as estradas têm mais de duas faixas de rodagem para o mesmo sentido, reservadas a viaturas de uso particular, fora da faixa de rodagem especial.
2. A Cidade capital moçambicana, salvo a Avenida Eduardo Mondlane, não tem estas condições. O próprio projecto da estrada circular de Maputo não prevê a existência de faixa extra para transportes de passageiros. Pretender cabular-se uma medida que teve em conta um ordenamento urbano totalmente diferente do nosso, não passa de uma medida inadequada e inexequível para a nossa capital.
Partamos de uma simples reflexão: o que provoca congestionamentos na cidade de Maputo?
Uma das principais causas é o facto de que todas as instituições públicas, de prestação de serviços, comércio, etc., estão localizados no centro da cidade, o que obriga a maioria dos citadinos de Maputo e Matola a deslocarem-se para a mesma direcção nas horas de ponta e a saírem em mesmo sentido no fim do expediente.
A segunda razão é o facto de que os horários de funcionamento da Função Pública, Empresas Privadas, Comércio e prestação de serviços serem coincidentes, o que obriga os citadinos deslocarem-se à mesma hora para o cumprimento de seus deveres profissionais.
A introdução de faixas de rodagem especiais para transportes públicos implicará que os cidadãos com meios próprios de locomoção sejam os maiores prejudicados - não passará de uma medida para a minoria. Por outras palavras, o que o Município de Maputo nos pretende transmitir é que todos que têm meio próprio e dele se deslocam para os seus postos de trabalho, ficarão apenas com uma única faixa de rodagem, o que significará que as filas de carros sejam ainda mais longas. E estes são, na maioria dos casos, os gestores públicos (incluindo ministros), quadros com responsabilidades especiais nos seus sectores de trabalho, etc.
A meu ver, uma medida que se mostraria adequada passaria pela diferenciação horária entre o sector público, o sector privado, o sector de prestação de serviços, comércio, etc. se, a título de exemplo, o horário de entrada no sector público se fixa em 7H30, o sector privado poderia ser às 8H30, o comércio às 9H30, etc.
Isto permitiria deslocações em momentos diferentes tanto na entrada como na saída da cidade. E não penalizaria o cidadão só pelo facto de circular em meio próprio, ou obriga-lo a fazer os seus trajectos em transporte público, depois de tanta batalha pela melhoria do seu nível de vida. Não devemos tornar os desequilíbrios sociais uma prática governativa, devemos resolver os problemas de todo cidadão sem qualquer descriminação!
Outra medida seria o incentivo dos investidores a optarem por erguerem obras de grande vulto na periferia da Cidade - requalificação da cidade de Maputo e Matola.
Moçambique é rico em extensas e lindas terras, não exploradas. Porquê, ao invés de se edificar as sedes dos bancos, de grandes empresas, instituições públicas no centro da cidade, não se aproveitam as extensas e apaixonantes terras à beira da circular de Maputo?
Porquê não transferir uma boa parte das empresas de serviços, armazéns e comércio para a periferia da Cidade e aumentar as faixas de rodagem donde estes edifícios saem e não só?
São apenas alguns aspectos para reflexão. Entretanto, eu defendo que o projecto do Município de Maputo é inoportuno desajustado e inadequado.
Agostinho Vuma
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