O GOVERNO Distrital de Morrumbala, na província da Zambézia, vai reunir-se nos próximos dias com a liderança local da Renamo, na localidade de Sabe, a fim de encontrar uma saída para a reabertura das aulas interrompidas desde Outubro do ano passado devido à presença de homens armados do maior partido da oposição.
O administrador local, Pedro Sapange, disse à Imprensa sexta-feira última em Quelimane que o encontro poderá acontecer antes da abertura oficial do presente ano lectivo, marcado para 5 de Fevereiro próximo.
Pedro Sapange disse que hoje se vai reunir com os funcionários do Estado afectos à localidade de Sabe para sensibilizá-los com vista a regressarem aos seus postos de trabalho, uma vez que a situação político-militar é calma. O encontro terá lugar na vila-sede distrital e vai ocorrer numa altura em que os funcionários do sector da Educação regressam ao trabalho depois das férias referentes ao ano passado.
Informações da Zambézia indicam que os professores naturais de Sabe se encontram com as respectivas famílias na vila de Morrumbala à procura de segurança. De Sabe temos informações segundo as quais homens armados da Renamo circulam entre a população e muitas vezes pedem comida aos residentes locais.
Pedro Sapange referiu que os funcionários do Centro de Saúde local continuam a trabalhar. Todos os dias, segundo o administrador de Morrumbala, estes vão a Sabe e ao fim do dia regressam à vila. “Pensamos também que os professores podem fazer o mesmo para garantir que as crianças estudem. Estamos preocupados porque o ano escolar vai começar”, disse Sapange.
Dados colhidos pela nossa Reportagem na Zambézia indicam que devido à tensão político-militar mais de nove mil alunos do Ensino Primário correm o risco de não estudar este ano. Os alunos não tiveram a oportunidade de fazer o exame escolar devido ao recrudescimento dos confrontos militares entre o Exército governamental e os homens armados da Renamo.
Entretanto, do distrito de Morrumbala a tensão político-militar afecta mais de cento e setenta professores que estão impedidos de trabalhar e obrigados a se deslocarem para locais seguros com as suas famílias, ou na sede distrital, ou noutros distritos mais próximos.
No final do ano passado mais de mil e duzentos alunos da sétima classe não fizeram exames escolares porque não havia clima para o efeito e as estruturas da Educação e Desenvolvimento Humano equacionavam na altura a realização de um exame escolar extraordinário, facto que não veio a acontecer.
A tensão político-militar afecta igualmente a produção agrícola, pois o produtor do sector familiar não tem segurança para trabalhar nos campos. A sua maior renda provém da produção agro-pecuária e caso os residentes locais não trabalhem a terra poderão enfrentar uma crise alimentar, e consequentemente de apoio nos próximos tempos.
Refira-se que mais de nove mil alunos da 1.ª à 7.ª classe poderão ficar sem estudar no presente ano lectivo na localidade de Sabe devido ao clima de insegurança decorrente dos sistemáticos confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança e homens armados da Renamo.
Esta situação poderá igualmente comprometer a distribuição do livro da Caixa Escolar para os alunos e manuais para os professores.
Para a Direcção de Educação e Desenvolvimento Humano na Zambézia, as aulas só poderão ser retomadas quando a segurança for restabelecida, porque nas actuais condições nem os alunos nem os professores e muito menos os pais e encarregados de educação podem permanecer em Sabe.
A localidade de Sabe, em Morrumbala, e o povoado de Murtone, no distrito de Mocuba, são duas regiões com forte presença de homens armados da Renamo, que em muitos casos perturbam o curso normal da vida, nomeadamente impedindo a população de trabalhar a terra para cultivar alimentos para suprir as suas necessidades alimentares bem como o funcionamento das instituições públicas e privadas.
Entretanto, o ministro do Interior, que visitou há dias a província da Zambézia, afirmou categoricamente que as Forças de Defesa e Segurança não irão tolerar a perturbação da ordem e insegurança das populações.
Basílio Monteiro trabalhou igualmente na região de Sabe para se inteirar do ambiente vivido naquela região atravessada pela Estrada Nacional Número Um (EN1) e a segurança da população e dos transportes de passageiros que fazem o trajecto centro-nordeste.
JOCAS ACHAR
NOTÍCIAS – 26.01.2016
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