O bombista suicida teria ligação ao Estado Islâmico. Pelo menos dez pessoas morreram. Alvo foi praça turística no centro de Istambul
A cidade turca de Istambul foi abalada esta terça-feira, pouco depois das 10 da manhã (hora local), por uma explosão na praça Sultanahmet, destino popular entre os turistas no centro histórico da cidade. Nas proximidades ficam a Mesquita Azul e a Basílica de Santa Sofia, muito frequentados pelos visitantes estrangeiros. O gabinete do governador de Istambul revelou, em comunicado, que há pelo menos dez mortos e 15 feridos. "Estão em curso investigações às causas da explosão, ao tipo de explosão e ao perpetrador ou perpetradores", informa a declaração.
A polícia turca deteve 16 pessoas em Ancara esta terça-feira por suspeita de ligação com grupos terroristas na Turquia. De acordo com a agência noticiosa turca Anadolu, um turco e 15 sírios foram detidos por planearem um ataque terrorista.
Ao DN, fonte da secretaria de Estado das Comunidades indicou não ter informação de vítimas de nacionalidade portuguesa, estando nesta altura a averiguar junto das agências de viagens quantos turistas portugueses se encontram na zona afetada. A mesma fonte refere que as informações oficiais transmitidas a Portugal apontam para 11 mortos e 15 feridos. "A maioria das vítimas mortais são alemãs, oito identificadas até ao momento, e um japonês. As restantes ainda não estão identificadas. Não é expectável que estejam cidadãos portugueses entre as vítimas da explosão".
PM confirma ligação ao Estado Islâmico
O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, disse em conferência de imprensa que o ataque foi da responsabilidade de um 'jihadista' do Estado Islâmico, que terá entrado na Turquia através da Síria. E confirmou que todas as vítimas têm nacionalidade estrangeira, apresentando as condolências às famílias. A AFP cita um responsável turco que garante que nove das vítimas mortais são cidadãos alemães.
Também o vice-primeiro-ministro turco, Numan Kurtulmus falou à comunicação social, revelando que dois dos 15 feridos estão em estado grave. Em relação ao alegado bombista, terá sido identificado como um cidadão sírio nascido em 1988. Segundo Kurtulmus, citado pela agência Reuters, o bombista não estava identificado pelas autoridades turcas.
Numa comunicação ao país, algumas horas depois da explosão, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan revelara já que se tratou de um atentado suicida perpetrado por um bombista de origem síria. O ataque ainda não foi reivindicado.
"Condeno com veemência o ataque terrorista que foi hoje levado a cabo por um bombista suicida de origem síria. Infelizmente, há mortes, de locais e estrangeiros. Este incidente demonstra mais uma vez que temos de estar juntos perante a face do terrorismo". Erdogan disse ainda que a posição da Turquia não irá alterar-se. "Não fazemos diferença entre os nomes ou abreviaturas [dos grupos terroristas]". E acrescentou que o país é o alvo número um dos grupos terroristas ativos na região porque "luta contra eles com a mesma determinação".
Responsáveis turcos já tinham dito à agência Reuters que existia uma "forte probabilidade" de que a explosão tivesse sido responsabilidade do grupo terrorista Estado Islâmico.
O primeiro-ministro turco Ahmet Davutoglu convocou entretanto uma reunião de crise em Ancara, chamando os principais responsáveis pela segurança do país, entre os quais o ministro do Interior e o chefe dos serviços secretos turcos. É visível uma forte presença policial em toda a cidade de Istambul.
Explosão em bairro histórico
A explosão, de grandes dimensões, foi sentida pouco depois das 10:00, hora local - menos duas horas em Lisboa. O rebentamento foi audível em vários locais da cidade, a quilómetros de distância. As autoridades traçaram um perímetro de segurança no local e afastaram os civis que ali permaneciam, por receio de uma segunda explosão. Nas imagens entretanto difundidas pelas agências internacionais são visíveis vários corpos caídos no solo da praça Sultanahmet.
O jornal turco Hürriyet refere que a explosão aconteceu junto ao Obelisco de Teodósio, no centro da praça, e que as pessoas atingidas foram transportadas para os hospitais mais próximos.
A mesma publicação dá conta de que o governo turco proibiu a comunicação social nacional de divulgar informações sobre a explosão. A ordem não está, aparentemente, a ser cumprida.
Segundo a CNN Turk, entre os feridos há turistas de nacionalidade alemã, norueguesa e do sudeste asiático. A agência turca Dogan confirma estes dados, acrescentando que seis cidadãos alemães, um norueguês e um peruano estão internados em hospitais da cidade.
O ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Frank-Walter Steinmeier, já disse em conferência de imprensa que cidadãos alemães "provavelmente" morreram no ataque em Istambul, e que é quase certo que alguns tenham sido feridos.
No Twitter, o mesmo ministério partilhou uma mensagem em alemão aconselhando os nacionais na cidade de Istambul a evitar multidões.
A chanceler alemã também já reagiu, manifestando preocupação com a possibilidade de haver alemães entre as vítimas. "O terrorismo internacional mostrou a sua face mais feia", afirmou. "Temos de agir decisivamente contra ele", disse Angela Merkel.
Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros em Oslo confirmou ao final da manhã que um cidadão norueguês sofreu ferimentos e está internado, mas não corre perigo de vida.
Turquia em alerta após atentado de outubro
Em outubro, um duplo ataque suicida em Ancara, capital da Turquia, causou mais de 100 mortos, durante uma manifestação da oposição turca a favor da paz, trabalho e democracia. A responsabilidade do atentado, o mais grave na história do país, foi atribuída ao grupo 'jihadista' Estado Islâmico, tal como outros ataques sangrentos que aconteceram em 2015 no sudeste do país, em zona controlada pelas forças curdas.
Após o atentado de outubro, que aconteceu semanas antes das eleições legislativas antecipadas na Turquia, o país tem permanecido em estado de alerta. Nas últimas semanas, as autoridades revelaram ter detido vários suspeitos, alegadamente militantes do Estado Islâmico, que preparavam ataques em Istambul.
O repórter da BBC no local refere que, nos últimos meses, houve ataques esporádicos na Turquia, nomeadamente em Istambul, mas que têm sido atribuídos a um grupo de extrema-esquerda. Também a violência entre as forças turcas e os militantes curdos do PKK se mantém, depois de um cessar-fogo acordado ter fracassado.
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