Mais um grupo de onze guerrilheiros da Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique, entregou-se às autoridades governamentais na manhã desta sexta-feira, em Maputo, no âmbito de um programa de reinserção social da força residual daquele antigo movimento rebelde.
Há vários anos que as autoridades moçambicanas apelam aos homens armados da Renamo para abandonarem as matas e aceitarem a sua reinserção social, para que também possam ter a oportunidade de conviver com as suas famílias e refazer as suas vidas.
Falando durante o evento, Mário Mugoma, antigo membro da força residual da Renamo e com a patente de major, explicou que com a campanha que tem decorrido nas províncias, decidimos nos entregar,
Referiu ainda que estou aqui, não tenho residência e, como se não bastasse, fiquei muito tempo no mato e os meus filhos não vão à escola.
Os antigos guerrilheiros da Renamo explicaram que as péssimas condições de vida levaram-nos a abandonar as matas e ouvir os apelos do Governo. Aliás, há muito tempo que se viram forçados a abandonar as suas famílias e residências para lutarem, no mato, em condições precárias e desumanas.
Eu, na base, tinha o dever de lavar a roupa dos comandantes e, como se não bastasse, os meus filhos não estudam e são miseráveis, disse Restina Teimo, a primeira mulher antiga guerrilheira da Renamo que decidiu entregar-se as autoridades governamentais.
A maioria dos homens, que hoje decidiu entregar-se juntou-se à Renamo nos finais da década 70, tendo participado na guerra dos 16 anos que viria a terminar em 1992 com a assinatura dos Acordos de Roma pelo então Presidente da República, Joaquim Chissano, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama.
Na minha base, controlávamos uma mina e, no meio disso, fui percebendo que estava a ser usado para questões políticas e que os meus filhos não têm condições para nada, disse Manuel Bernardo, outro antigo guerrilheiro e que tinha a patente de major.
Durante o evento, um outro grupo de 17 antigos guerrilheiros da Renamo recebeu uma soma no valor de 10 mil meticais desembolsados pelo Fundo da Paz e Reconciliação Nacional. Na ocasião não foi possível apurar a periodicidade deste valor.
Estou feliz por ter recebido este valor, pois vai-me ajudar em muita coisa. Eu, na minha província, vou abrir um negócio onde venderei diversos produtos, afirmou Domingos José, antigo guerrilheiro da Renamo.
Segundo o porta-voz do Ministério dos Combatentes, Horácio Massangaie, mais de 250 antigos guerrilheiros da Renamo decidiu abandonar as matas, tendo manifestado a sua vontade de serem reintegrados no exército, Polícia da República do Moçambique. Outros pedem a sua desmobilização.
A responsabilidade do Governo continua, neste sentido, e existindo ex-guerilheiros da Renamo que por vontade própria querem se juntar, estamos abertos para tal, disse o porta-voz do Ministério dos Combatentes.
AHM/sg
AIM – 18.12.2015
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