quinta-feira, 5 de novembro de 2015

No seu habitat, o tubarão geralmente ataca para se alimentar. Este é provavelmente o caso nos incidentes ocorridos na Baía de Inhambane

4 h · Editado · 


Tolices dispendiosas da Pérola do Índico


A. Tubarão anfíbio?!

Não sei se foi o Agostinho Mondlane—o titular da pasta governamental moçambicana do Mar, Águas Interiores e Pescas—que o disse ou foi o(a) operador(a) dos caracteres da STV que se enganou, mas o tubarão não é um anfíbio, mas sim um peixe!

Pode perguntar-se: qual é a diferença entre anfíbio e peixe?

Uma resposta simples e breve é:

Anfíbio = animal vertebrado cujo ciclo de vida é marcadamente dividido em duas fases, sendo uma na água (aquática) e outra em terra (terrestre). A rã é um exemplo típico de um anfíbio.

Peixe = um animal vertebrado cujo ciclo de vida se passa totalmente na água, razão pela possui nadadeiras como membros e usa brânquias ou guelras para respirar. O carapau, a sardinha e—já agora—o tubarão são três exemples típicos de peixe.

Creio que o Ministro Agostinho Mondlane sabe diferenciar peixe e anfíbio. Tenho dúvida, proém, se o técnico de caracteres da STV conhece esta diferença. A razão da minha dúvida é o facto de eu ter visto várias vezes erros caroços nos rodapés informativos da STV!

B. Caça ao tubarão carnívoro na Baía de Inhambane

Não sei quem aconselhou esta caça e com base em que conhecimento do potencial de sucesso. Parece-me ser mais uma daquelas decisões arbitrárias e emocionais. Como tal, enjoa a inteligência ouvir um Ministro, um governante, titular de uma pasta ministerial, ir nessa onda de propalar decisões arbitrárias e emocionais em comunicação com os órgãos de informação.

Para decidir sobre a medida apropriada a tomar para evitar futuros ataques de pessoas por tubarões na Baía de Inhambane, era necessário no mínimo saber o seguinte sobre os tubarões.

1. O mar é o habitat natural do tubarão. Ao contrário de visão clássica do tubarão como um caçador solitário que percorre oceanos e mares à busca do seu alimento, os tubarões não necessariamente sedentários. Onde houver abundância de alimentos e/ou condições para a reprodução, os tubarões podem ser vistos em grandes números, em sociedade. Logo, não se tem certeza de que as pessoas que foram vítimas de ataques por tubarão na Baía de Inhambane tenham sido atacadas pelo mesmo animal. Pode ser que cada uma daquelas pessoas que foram vítimas de ataques por tubarão tenha sido atacada por um tubarão diferente. Nesse caso, é legítimo questionar (i) qual é o tubarão que está sendo caçado e qual é o potencial de sucesso dessa caça? (ii) qual é o grau de certeza de que caçado ele suposto tubarão assassino cessarão os ataques?

2. O olfacto do tubarão é extremamente apurado, o que permite que estes animais sejam capazes de identificar até diminutas concentrações de substâncias comestíveis ou venenosas diluídas na água. Estudos do comportamento dos tubarões reportam que estes animais são capazes de detectar concentrações de sangue abaixo de uma parte por milhão, o que equivale a perceberem uma gota de sangue a 300 m de distância em pleno oceano. E quando detectam o cheiro de sangue ou de corpos em decomposição, facilmente encontram o local de origem do cheiro, para utilizam principalmente o seu olfacto apurado olfacto e velocidade de nado, esta que é reportada como variando entre 8 km/h e 50 km/h, dependendo da intensidade do estímulo.

3. Os tubarões também têm grande sensibilidade às vibrações, o que lhes permite detectar sons produzidos pelas vibrações da água agitada pelo movimento de potenciais presas ou inimigos a uma distância de 250 a 1500 m. Em conjunto com o olfacto, esta sensibilidade às vibrações, constitui o mecanismo principal utilizado pelos tubarões para a detecção de potencial alimentação ou perigo.

4. Os tubarões também possuem órgãos electro-receptores, localizados na cabeça, especialmente ao redor do focinho. Com esses receptores, chamados "Ampolas de Lorenzini", os tubarões são capazes de detectar os campos electromagnéticos que todas as coisas vivas produzem. Isso ajuda os tubarões—especialmente uma espécie de tubarão, chamado "tubarão-martelo"—a encontrarem presas. As "Ampolas de Lorenzini" fazem do tubarão o animal com maior sensibilidade eléctrica do que qualquer outro animal conhecido hoje nas águas sobre o planeta Terra.

5. Ao contrário da crença de que os animais não são irracionais, estudos científicos sobre tubarões reportam que estes animais são dotados de inteligência, possuindo capacidades de resolução de problemas, competência social e curiosidade.

6. Muitos tubarões são predadores cooperativos, caçando em bandos para juntar e capturar presas diversas. Tubarões sociais são geralmente migratórios, podendo viajar grandes distâncias (milhares de quilómetros) em torno de bacias oceânicas. Essas migrações podem ser parcialmente necessárias para encontrar novas fontes de alimento.

7. Os tubarões habitam de norte a sul de todos os oceanos e grandes mares do planeta Terra, a profundidades até 3.000 m (3,0 km). Geralmente vivem em água salgada, mas são conhecidas algumas excepções à esta regra; o tubarão-cabeça-chata, por exemplo, pode viver tanto em água salgada ou em água doce.

8. Os tubarões podem atacar em duas situações, nomeadamente em autodefesa ou para se alimentar. No seu habitat, o tubarão geralmente ataca para se alimentar. Este é provavelmente o caso nos incidentes ocorridos na Baía de Inhambane. A média anula de mortes de seres humanos em consequência de ataques por tubarões, entre 2001 e 2006, foi de 4,3. Tendo em consideração que existem mais de 300 espécies de tubarões, esta média significa que, ao contrário da crença popular, apenas poucos tubarões são perigosos para os seres humanos. É sabido que os tubarões envolvidos em ataques aos seres humanos são o tubarão-branco, o galha-branca-oceânico, o tubarão-tigre e o tubarão-cabeça-chata. Estes tubarões são conhecidos como grandes e poderosos predadores, sendo colocados no topo da cadeia alimentar. Todavia, são conhecidos casos em que estes tubarões foram observados como inofensivos aos seres humanos. No ano de 2000, foi estimado que o risco de uma pessoa ser atacada por um tubarão é de 1: 11.500 milhões; o risco de uma pessoa atacada morrer é de 1: 264.1 milhões. Isto significa que o ataque de seres humanos por tubarões não é algo comum. Todavia, no caso dos ataques registados em Inhambane, até agora registou-se 1 morte em cerca de três ou quatro ataques. Este alto nível de risco letal de ataque a seres humanos por tubarões ser uma indicação de que o há uma grande família de tubarões que está a escalar presentemente a Baía de Inhambane, por alguma razão ainda não conhecida.

Munidos deste conhecimento, que é já enciclopédico, o nosso Ministro do Mar Águas Interiores e Pescas, nunca iria cometer a asneira de dizer publicamente que a operação de «caça ao tubarão assassino na Baía de Inhambane vai continuar». Este tipo de intervenções públicas de altos dignitários públicos como são os governantes banaliza o nosso Estado (o Estado moçambicano). Um governante tem que se informar melhor com os que sabem muito sobre certos assuntos, antes de aparecer em público a dizer baboseiras. Aqui é onde eu não posso poupar o Ministro do Mar, Águas Interiores e Pesacas, o meu camarada Agostinho Mondlane.

Senhor Ministro, a media que se recomenda para prevenir futuros ataques de seres humanos por tubarões na Baía de Inhambane não é encetar uma campanha de captura de um suposto «tubarão assassino». A água do mar é o habitat natural do tubarão. Quem se faz ao mar tem que saber que correr o risco de ser atacado por um tubarão, como invasor ou como alimento. Logo, quando se regista um ataque a ser humano por tubarão a medida correcta a tomar é marcar o local de ataque e interditar a actividade humana nesse local, para logo a seguir iniciar uma pesquisa visando determinar as condições em que se terá ocorrido o ataque registado. Entre as perguntas a serem postas nessa pesquisa, estão as seguintes:

1. Qual é composição da fauna marinha na Baía de Inhambane?

2. Há, entre as espécies de fauna marinha identificadas naquela Baía, tubarões ou não?

3. Se não, de onde será que vem os tubarões que atacam seres humanos nas águas daquela Baía?

4. Se sim, de que espécie(s) de tubarão se trata e o que faz com que esses tubarões ataquem as pessoas hoje (e não antes?), nas águas daquela Baía?

5. Que medidas eficazes devem ser tomadas para viabilizar a actividade humana nas águas da Baía de Inhambane, mas evitando futuros ataques de pessoas por tubarões?

Sem repostas para esta amostra de perguntas, a caça ao suposto «tubarão assassino» vira uma peça de teatro gratuita, tola, ridícula e dispendiosa para o erário público.

Vamos lá aprender a tomar decisões guiados pelo conhecimento científico e não apenas por intuição, suspeitas ou percepções!



Comments

Forbes Nhaca O ministro em nenhum momento falou que tubarão era Anfibio, foi a Stv que colocou no roda pé e de forma figurativa caça ao anfibio. Eu acompanhei a entrevista o ministro só enganou se ao chamar de baleia mas no momento emendou o erro e chamou de tubarão.

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Julião João Cumbane Consideremos feita esta correcção! Agora vamos analisar a medida de caça ao tubarão. Quão racional, exequível e eficaz é esta medida, caro Forbes Nhaca? ...

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Forbes Nhaca Eu depois de ver este ultimo jovem que perdeu os dois braços, mudei de opinião. Um animal basta provar o sabor da carne humana de ser imediatamente abatido mesmo que seja de estimação. O tubarão ou (os) em causa abandonaram a zona ontem sempre estiveram sem conflito com o homem. O seu abate parecendo um teatro acho que é unica solução para os outros abandonarem aquela zona da baia. 
Os residentes das zonas rebeirinhas da baia de inhambane sempre viveram de pesca sem perturbar o habitat normal dos tubarães que é o alto mar. 
Sendo assim que me perdõe os hambientalistas pela minha ideia arcaica.
Em memoria da mulher morta e os que perderam seus membros, devem ser abatidos sim os tubarões que estam a provocar luto e fome nas casas dos pescadores.

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Forbes Nhaca Do fundo do meu coração vendo este ultimo jovem pescador que perdeu os braços, mudei de opinião passei a concordar com a caça do ou dos tubarões que estam naquela zona. Ora vejamos os pescadores sempre pescaram naquela zona da baia o seu peixe normalmente. Ate este momento não sabemos porquê o tal tubarão abandonou a zona onde raras vezes tem tido conflito com o homem, para ir se instalar na zona onde o homem abunda. 
Tambem o normal todo o animal que comer carne humana, mesmo que seja de estimação deve ser abatido, porque nunca mais esquecerá do sabor da carne humana. Então pra mim em memoria da senhora morta e os que perderam seus membros deviam abater aqueles tubarões ate abamdonarem aquela zona de pesca que tambem é fonte de sobrevivencia dos residentes das ribeirinhas da baia de inhambane. Peço perdão aos ambientalistas pelo meu parecer arcaico.

Paula Zita Uma autentica aula. 
Importa dizer que o tubarão não só foi chamado Anfibio pela Stv, mas também mamífero pelo notícias. Erros terríveis....

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Henrique Amâncio Temoteo Interessante que até agora apanharam filhotes do tubarão o que indica claramente que a ideia de caça ao mesmo é totalmente descarada e sem bases lógicas. Prenderam os filhotes e os progenitores estão a deriva. E agora, continuar a caçar ou reconhecer ohabitat e aprofundar mais o estudo sobre as condições da existência e convivência com o tubarão na baía? Parece que este governo tá cheio de camaradas que gostam de se deixar levar com informações e dados menos científicos para tomar decisões públicas e isso em pleno século XXI é uma lástima!

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Dias Manuel Nenhum predador tem o ser humano como sua presa; porem, está provado que qualquer predador que prove a carne humana, passa a preferi-la em relaçao àquela qye realmente faz parte da sua alimentaçao normal; não vamos ridicular os fatos; leão que por uma ou por outra razao comeu pessoa, imediatamente passa a preferir esta em relaçao a sua alimentaçao normal que sao os animais selvagens; isto acontece com o tubarão e qualquer outro animal que se alimenta de carne; dai que é prudente caçar o animal que ja tenha se alimentado da carne humana; como descobri-lo? Ai estará o problema, mas nao é grave porque, conforme o JJC acredita, o animal (tubarao e outros) é inteligente, ele sabe onde apanhar o ser humano; portanto, a sua caça tem que se realizar em locais normalmente frequentados pelo ser humano (que um tubarao normal nao vai) e nao no alto mar (habitat normal do tubarao). Que não seja caçado? Seria desumano, e se isso tivesse que ser criticado, acredito que o governo seria chamado insensivel aos problemas da sociedade!

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Ido Alfred Aprendi

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Eliha Bukeni Este e daqueles Ministros que esta no governo, seguramente porque, segundo se diz, a lista de FJN foi devolvida 3 vezes pelo anterior inquilino da ex- Perreira do Lago e nao me surpreenderia se na habitual avaliacao do EV tivesse nota baixissulima. Nao vai muito tempo que em sede do programa "a hora do governo" da TVM, quando questionado sobre a situacao da empresa EMATUM, respondeu insistentemente que a empresa se encotrava na "curva de apreendizagem", um conceito das ciencias da Economia que nao se aplica ao actual estagio da EMATUM, cujos barcos encontra-se ancorados e a coroer o casco no cais do porto de pesca, enquanto os tecnicos que os vao operar ainda se encontram em formacao na Franca!

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Alfredo Chambule Na mosca!

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Sonia Muando Com certeza caro Dr.

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Lenine Daniel Falou e disse caro Julião João Cumbane.

2 comentários:

Unknown disse...

Concordo com o Dias Manuel e Forbes Nhaca;
O Sr Juliõo apenas mostrou um conhecimento ceto acerca de Biodiversidade / Tubarões, etc.. O que é bom, mas eu ja tenho a convicção que hoje em dia existe muito conhecimento mas não é aplicado da melhor forma ou no momento certo. Não é por acaso que o Sr. Juliao não deixou nenhuma solucção viável para o problema. Tomar decisão para um problema é uma das coisas mais dificeis que existe por mas que haja conhecimento.

Uma das soluções do Sr Juliao, disse que se deveria colocar uma placa com um aviso! Mas eu pergunto em que zona da baía que não existe o tal perigo? É para deixar de existirem actividades económicas assim como o divertimento? É mais correcto dizer que o habitate do Tubarão é o Alto mar. Os ataques estão a ser frequente por causa do primeiro acidente ocorrido e o tubarão todo intelenge resolveu aproximar-se das pequenas aguas aonde os pescadores tem frequentado. Como Sr Juliao disse que os tubarões são inteligentes, o abate de um deles fará com que os outros possam imigrar para outros locais.

Com a nossa inteligencia em abundância e mal usada hoje em dia, criamos tanto amor nos animais. Como a dr. Silvia que comentou num dos canais oficialmente dizendo que o abate iria enfraquecer a biodiversidade justificando o que justificou. Mas não é bem assim, a prioridade é de salvar os seres humanos, alias a ordem que surgio não é eliminar todos tubarões que existem naquela baía. Temos que saber que os animais podem se instinguir de forma natural sem a intervenção do homem, devido a vários factores naturais. Com isso quero dizer que abater um tubarão ou dois tubarões para resolver um problema da sociedade não problema nenhum como os ambientalistas alegam puramente pela emoção do conhecimento que adquiriram.

Unknown disse...

Concordo com o Sr. Dias Manuel e Forbes Nhaca;
O Sr Julião apenas mostrou um conhecimento certo acerca de Biodiversidade / Tubarões, etc.. O que é bom. Mas eu ja tenho a convicção que hoje em dia existe muito conhecimento mas não é aplicado da melhor forma ou no momento certo. Não é por acaso que o Sr. Juliao não deixou nenhuma solucção viável para o problema. Tomar decisão para um problema é uma das coisas mais dificeis que existe por mas que haja conhecimento.

Uma das soluções do Sr Juliao, disse que se deveria colocar uma placa com um aviso! Mas eu pergunto em que zona da baía que não existe o tal perigo? É para deixar de existirem actividades económicas assim como o divertimento? É mais correcto dizer que o habitate do Tubarão é o Alto mar. Os ataques estão a ser frequente por causa do primeiro acidente ocorrido e o tubarão todo intelenge resolveu aproximar-se das pequenas aguas aonde os pescadores tem frequentado. Como Sr Juliao disse que os tubarões são inteligentes, o abate de um deles fará com que os outros possam imigrar para outros locais.

Com a nossa inteligencia em abundância e mal usada hoje em dia, criamos tanto amor nos animais. Como a dr. Silvia que comentou num dos canais oficialmente dizendo que o abate iria enfraquecer a biodiversidade justificando o que justificou. Mas não é bem assim, a prioridade é de salvar os seres humanos, alias a ordem que surgio não é eliminar todos tubarões que existem naquela baía. Temos que saber que os animais podem se instinguir de forma natural sem a intervenção do homem, devido a vários factores naturais. Com isso quero dizer que abater um tubarão ou dois tubarões para resolver um problema da sociedade não problema nenhum como os ambientalistas alegam puramente pela emoção do conhecimento que adquiriram.