segunda-feira, 23 de novembro de 2015

MOZEFO - Na senda do controlo do poder para consolidar o negócio




Era suposto que

MOZEFO = MOZambique Economic FOrum
MOZEFO = Fórum Económico e Social de Moçambique

onde por "fórum" se entende uma reunião de pessoas para a discussão de assuntos de interesse público.
Pretensamente, MOZEFO é fórum para a discussão de assuntos económicos e sociais de Moçambique; onde por "assuntos económicos" entende-se o complexo de questões sobre a produção, distribuição e o consumo de bens e serviços; e por "assuntos sociais" entende-se o complexo de questões sobre a vida dos seres humanos em sociedade.
Afinal MOZEFO nada disto é, excepto capa.
Tenho que concordar que com a definição que segue, assim colocada por Carlos Nuno Castel-Branco, comentado num 'post' que refere um outro 'post' de Egidio Vaz sobre MOZEFU:
MOZEFO = passarela de elites capitalistas nacionais a falarem sobre si próprias, a ouvirem-se a si próprias e terem mais atenção nos meios de comunicação do que aquilo que merecem, dada a pouca substância do que têm para dizer.
As imagens que acompanham esta reflexão, onde se podem ver as caras dos oradores seleccionados para activar o debate nas conferências do MOZEFO, pode ver-se claramente que este fórum não passa de um desfile de pessoas que se querem convencer entre si da sua própria importância. A reboque são levados alguns estudiosos (académicos), para conferir algum crédito académico aos debates sobre as diferentes temáticas.
Eu estive numa dessas conferências do MOZEFO e não vi debate nenhum de ideias sobre como enfrentar os desafios do presente e do futuro de Moçambique. Vi, isso sim, pessoas preocupados em usar o MOZEFO para aparecer, ignorando completamente que o MOZEFO nada mais é, excepto uma plataforma para a autopromoção do Grupo SOICO.
Se o MOZEFO quiser ser aquilo que diz que é e de facto não é, nomeadamente «um fórum económico e social promovido pelo Grupo SOICO, em articulação com diversos parceiros nacionais e internacionais, que visa alavancar o crescimento económico de Moçambique de forma acelerada, sustentável e inclusiva», então o MOZEFO tem que buscar respostas para as seguintes questões:
1. Como optimizar a produção de alimentos e de matérias-primas, de modo a dinamizar a industrialização do país e promover o comércio interno e externo?
2. Como alinhar a oferta de serviços de energia, transportes e comunicações, de modo a viabilizar a optimização da produção de alimentos e de matérias-primas e a industrialização do país?
3. Quais são as necessidades de formação de recursos humanos, de modo a assegurar a oferta de mão-de-obra qualificada para trabalhar nos diferentes domínios da economia de Moçambique, incluindo a geração de conhecimento?
O crescimento económico acelerado, inclusivo e sustentável em Moçambique—o objectivo de bandeira do MOZEFO—depende das respostas correctas que formos capazes (nós moçambicanos) de dar às três (3) perguntas postas acima. E é claro que essas respostas não serão dadas por gestores, mas sim por investigadores ou cientistas, com base na análise científica de dados que fornecidos pelos gestores!
Um dos grandes problemas que atrasam o desenvolvimento de Moçambique é que se confunde gestão com a identificação e resolução de problemas. Gestão é organização do processo de identificação e resolução de problemas, enquanto a própria identificação e resolução de problemas é ciência e tecnologia.
Ocorre que, tal como está montado, o MOZEFO é, de facto, nada mais nada menos que uma passarela de gestores, que se fazem passar por cientistas e tecnólogos. Sendo assim, não vejo como o MOZEFO pode contribuir para o desenvolvimento acelerado de Moçambique. O foco do MOZEFO é a promoção da imagem de gestores, muitos deles até maus gestores. Nesta empreitada, o Grupo SOICO usa esses gestores para ganhar dinheiro e simpatias políticas. Ou seja, o MOZEFO foi urdido para funcionar como rampa de lançamento do Grupo SOICO na senda do monopólio do mercado de informação em Moçambique. Dai em diante, o Grupo SOICO poderá urdir o plano para o controlo efectivo do poder político em Moçambique!
Tenho que admitir que o meu compatriota Daniel David é bom a ler o nosso ambiente de negócios e saber navegar no mesmo. Ele é!

Ainda sobre o MOZEFO

Não é que me falte sobre o que escrever. É apenas para que fique claro...
Eu não quis dizer que MOZEFO é um projecto mau ou que é uma fantochada. Até que não é um mau projecto. Mas os seus verdadeiros objectivos não são aqueles que nos foram dados a conhecer, que fraseados por mim seriam:
(i) ser uma plataforma de diálogo entre os sectores público e privado que facilite a identificação e arrolamento dos principais desafios e das acções requeridas para enfrentar esses desafios, de modo a promover o crescimento económico acelerado, inclusivo e sustentável de Moçambique; e
(ii) facilitar a confecção de uma proposta de plano de acção sinérgica público-privada para a resolução dos problemas que emperram o desenvolvimento de Moçambique.
O que eu quis dizer é que, no formato em que está sendo implementando, o MOZEFO não pode atingir estes objectivos. Ou seja, o MOZEFO não está a ser uma plataforma de debate nacional que facilite a identificação e arrolamento dos desafios e propositura de acções para enfrentar esses desafios, e permitir que Moçambique se desenvolva de forma acelerada. Não, isto o MOZEFO não está a ser!
Eu quis dizer que, no lugar de ser uma plataforma de debate de ideias pelo progresso integrado e inclusivo de Moçambique, o MOZEFO está a ser, de facto, uma passarela da elite política e empresarial de Moçambique, como ilustra o naipe dos oradores das conferências até agora realizadas.
Os temas das conferências do MOZEFO até que são bons, actuais e pertinentes. Mas o debate dos mesmos não foca a identificação dos desafios, entendidos como dificuldades de resolver efectivamente os problemas que persistem na área económica [energia, agricultura, indústria (extractiva e transformadora), transportes, comunicações, turismo, cultura e desportos] e na área social (saúde, educação, emprego e previdência social), e não estimula a produção de propostas de acção para enfrentar esses desafios. E por não focar a identificação dos desafios e das acções requeridas para enfrentar esses desafios, o debate dos temas das conferências do MOZEFO não é profícuo!
No acto de construir Moçambique, precisamos ter presente que identificar problemas é mais difícil do que resolvê-los. Identificar problemas requer inteligência e resolver os problemas identificados requer habilidades. Os cientistas, tecnólogos e consultores são os profissionais que identificam os problemas e planeiam e recomendam soluções para os mesmos. Os gestores dirigem a implementação das recomendações daqueles (cientistas, tecnólogos e consultores) na resolução dos problemas identificados. O avança de uma sociedade ocorre mediante a identificação e resolução de problemas.
Por eu entender assim o "modus operandi" do nosso mundo, não vejo como o MOZEFO pode ajudar a identificar desafios ( = problemas que persistem sem solução efectiva e emperram o progresso de Moçambique) na formato em que está sendo implementado.
Estou à espera de saber o que é que figuras públicas como Joaquim Chissano, Manuel Tomé, Denis Sengulane, Moreira Chonguiça, Mia Couto, entre outras, que se diz vão palestrar no Grande Fórum MZEFO 2015, a ter lugar dentro de dias, vão nos dizer sobre os desafios de Moçambique e o que é preciso fazer para os vencer. Ah, do Mia Couto até sei dos "sete sapatos sujos" que precisamos descalçar para entrar na modernidade!
Não tenho dúvida que o Elisio Macamo (sociólogo, especializado em questões de desenvolvimento) e o Roberto Tibana (economista), que são elencados entre os oradores do Grande Fórum MZEFO 2015, vão falar bem do que bem sabem (e serão bem pagos para fazer isso!). Pena, porém, é que vão falar para uma audiência composta APENAS por uma elite de gestores, políticos e clérigos, com quem, certamente, o debate será muito limitado. Que granda desperdício de intelecto! Ah, não, não se trata de nenhum desperdício! A passarela vai incluir gestores confundidos de cientistas, tecnólogos e consultores. Como é costume entre nós (moçambicanos), esses gestores não terão vergonha de dizer baboseiras, e nós também não teremos vergonha de os levar a sério!
Imagino que alguns estão a pensar que estou com ciúmes, porque não fui convidado. Para esses posso despir-me de modéstia e dizer que eu até podia ir lá para dizer que o MOZEFO não tem sido o que diz ser, razão pela qual não tem como cumprir os objectivos que se propôs cumprir. Eu poderia lá estar para dizer que o espectáculo que o MOZEFO está sendo não tem nenhuma graça num país que se debate com vários problemas recorrentes, nomeadamente epidemias (acidentes de viação, malária, cólera, HIV-SIDA) bolsas de fome, exígua rede de estradas e ferrovias, escassez de alimentos, indústria quase inexistente e energia (electricidade e combustíveis) insuficiente e ineficiente. Sim, eu iria podia ir lá para dizer que o espectáculo que o MOZEFO estando sendo não tem graça num país ainda a braços com assimetrias inaceitáveis, 40 anos depois da independência. Mas não quero ser mais medíocre do já sou! Bastou a única vez que participei neste espectáculo, como expectador! As minhas qualificações são ordinárias demais que sentiria bem no meio de toda aquela gente de elite. Se fosse convidado, eu não iria, excepto se fosse para (i) dizer o que estou a dizer aqui e agora, e (ii) mostrar como MOZEFO seria um bom "espectáculo"; e meu cachê seria muito "gordo", se tivesse que ser pago!
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Maitu Buanango Excelente colocacao.
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Carlos Paruque Eu falo isso todos dias! Aliás, já ficou desinteressante a segunda parte do jornal da noite da stv
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Samsonrei Tdi No meu entender a sociedade é constituída por diversos actores com a função de pensar, propor soluções e coloca las em prática. Entendo que aquele fórum não foi indigitado pelo governo de Moçambique para analisar e propor soluções nas áreas que propõe se a debater. Vejo o Mozefo como um fórum independente que apenas a seu jeito dará a sua contribuição nessas áreas. Se aqueles que tem o poder executivo acharem que podem tirar proveito do debate, assim será, pelo contrário, se acharem tudo um lixo uma semana depois haverá amnésia colectiva no que ao Mozefo diz respeito. Assim sugiro que não tome o assunto tão a peito, aliás, até sugiro que tire o positivo da iniciativa, nomeadamente a capacidade e criatividade do seu mentor, a visão para aglutinar no mesmo espaço tão diversas personalidades e ainda o seu grande espírito de empreender e ganhar dinheiro. Por último não podemos nos esquecer que destes debates muito provavelmente não vai sair um documento ou estratégia concreta para as áreas que se pretende debater, apenas vamos ouvir ideias, mais uma razão para não nos esforçarmos em ter simpatia ou empatia pela ideia. Quando o governo indigitar o grupo soico para fazer um debate nacional e dele desenhar uma estratégia de desenvolvimento, aí sim, vocês cientistas podem questionar a legitimidade ou capacidade deste grupo para tal tarefa.
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Manuel Domingos J. Cossa Parabéns professor. Análise correcta. Sem pretender tirar o mérito da sua análise, devo dizer que eu próprio ja questionei os objectivos do Mozefo há uns meses aqui nesta plataforma. Eu perguntava se não havia governo neste país pois para mim o Mozefo quer substituir o governo. E muito mal, diga se de passagem
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Homer Wolf A Cesar o que e' de Cesar...
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Guedes Holden Ha um artigo de opiniao de Pedro Nacuo, publicado há duas ou tres semanas, no jornal Domingo, a falar mais ou menos destas coisas. De facto, é preciso olhar e reflectir bem sobre o assunto. Mais importante, escrutinar os propósitos. E mais nao disse!
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Manuel Luis Amosse Consta que para participar no forum tem de pagar previamente 17000,00Mt. Entao isso e' para elite (a minoria) e nao para o Ze' Povinho (a maioria de no's).
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Laice Faustino Nkwemba Bem dito meu amigo
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Não consegui resistir à forma menos simpática que alguns dos ex-dirigentes do no nosso país, encontraram para mostrar serviço, no sentido de manifestar com actos a sua indignação por terem sido preteridos pela nova vaga de chefes à frente dos mais variados sectores de actividade a nível do governo ou de empresas subtuteladas pelo Estado.
Encontraram ou criaram um espaço televisivo aonde esgrimem os argumentos que sustentam a sua competência que não foi (?) compreendida por quem entendeu preteri-los, e, vai daí a darem lições de como se governa e gerem empresas dependentes do bolso de todos nós.
A princípio parecia um acaso, mas ao longo dos tempos fomo-nos apercebendo que o programa elege os ex-dirigentes para falarem dos sectores que durante alguns anos dirigiram e por erro (?) foram ignorados pelos decisores que se seguiram.
Isso é tal que para falar de como se organiza uma equipa governamental, recorre-se a um ex-primeiro ministro, para falar de como deve ser gerida a empresa de distribuição de energia eléctrica no país, nada melhor do que aquele que já esteve nessa empresa como seu dirigente máximo.
Para falar da administração pública, só um antigo ministro da Administração Estatal, um antigo ministro do Turismo, por mais que tenha ficado no sector o tempo todo, qual seu feudo, sem muito que se lhe diga, hoje aparece a dar aulas sobre Turismo, ademais colado à uma complexidade que dá pelo de cultura…
Não deixa margem para dúvidas que temos duas saídas possíveis: ou os antigos estão a ser usados contra os novos ou deliberadamente estes se esforçam a aparecer para ofuscar os novos, com todos os mínimos éticos que ficaram descobertos nessa toada comportamental.
O que dizem, nas palestras os antigos dirigentes, invariavelmente é que foram bons, dirigiram em tempos difíceis, etc.etc. dizem tudo que vai desembocar na ideia de que não terão sido compreendidos por quem lhes substituiu por outros, grosso modo, jovens.
O programa aceita que os seus oradores (os ex- dirigentes de sectores) falem de hoje com base no ontem e como ontem, o que na verdade, deixa
em  desvantagem quem está hoje à frente daqueles pelouros, depois que a história se encarregou, rapidamente a  mudar o rumo das coisas, fazendo com que o que ontem era útil nem o é obrigatoriamente hoje.
Mas o esforço acrescido de criticar por criticar, deixa nos espectadores do programa duas saídas possíveis: os bons são aqueles que já não estão nos lugares onde estiveram na qualidade de dirigentes e nós outros cismando com alguma profundidade dizemos: estiveram nos sectores e não fizeram nada ou fizeram pouco, hoje é que se acham melhores.
Afinal o que vem a ser aquilo? Alguém chamou a sequência desses programas e a sua aceitação pelos visados, uma espécie de golpe ao novo governo, a quem se deve dar lições publicamente de como se governa. Dizendo por dizer, nós aqui achamos que não é bem assim. Porém, que eticamente fica mal, não haja dúvidas.
Pedro Nacuo

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