Presidente da República não repetiu apelos à necessidade de uma maioria na mensagem deste sábado.
No seu habitual discurso em vésperas de eleições, o Presidente da República, Cavaco Silva, não esqueceu, neste sábado, nem os jogos de futebol da I Liga marcados para este domingo, nem as previsões de chuva anunciadas também para o dia em que os portugueses vão de novo às urnas.
“Não faltem. É isso que vos peço. O futuro do país justifica que todos vão votar, mesmo que o tempo não ajude”, apelou Cavaco, logo depois de ter concretizado como tal deve ser feito. “Entre afazeres profissionais, compromissos familiares, assistir a jogos de futebol ou outras actividades desportivas e de lazer, não deixem de incluir a deslocação à secção de voto, entre as 08h00 da manhã e as 7 da tarde”, especificou.
Segundo as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, este domingo será de céu nublado com períodos de chuva, por vezes forte sobretudo nas regiões de Lisboa e Porto. O vento deverá soprar moderado, embora também se prevejam rajas fortes nas terras altas.
Quantos aos jogos de futebol, serão quatro os que se disputam no dia das eleições legislativas, todos eles da I Liga. O primeiro, entre o União da Madeira e o Benfica, está marcado para as 16 horas, o segundo, que opõe o Porto ao Belenenses, realizar-se-á a partir das 18h15 e por fim, já com as urnas fechadas, será a vez de o Sporting fazer frente ao Vitória de Guimarães, às 20h30. Haverá ainda um Braga-Arouca.
Já em Setembro, Cavaco Silva admitiu ter ficado “surpreendido por ter sido quebrada a tradição de não ocorrerem jogos de futebol em dia de eleições”, mas mostrou-se convicto de que “os portugueses irão conciliar o seu entusiamo futebolístico com a responsabilidade de ir votar”.
Na mensagem televisiva deste sábado, o Presidente da República lembrou de novo que as “as eleições de amanhã realizam-se numa altura crucial”. “Como disse aos portugueses, quando marquei o dia das eleições, todos os actos eleitorais são importantes, mas este acto eleitoral é particularmente importante para o futuro de Portugal”, frisou.
Em Julho, quando anunciou que as eleições legislativas se realizariam a 4 de Outubro, Cavaco Silva dirigiu-se aos portugueses para lhes dizer que, "após os sacrifícios que fizeram, têm o direito, mas também o dever, de exigir um governo estável e duradouro”. E que por isso seria “extremamente desejável que o próximo Governo disponha de apoio maioritário e consistente na Assembleia da República”, acrescentando que essa é a situação em quase todos os Estados-membros da União Europeia, que o conseguiram por via de governos de coligação.
Na mensagem deste sábado, Cavaco optou por não fazer novos apelos a uma maioria, centrando em vez disso todo o seu discurso na necessidade de os portugueses exercerem o seu direito de voto. “A abstenção não é solução. Abster-se de votar é desistir do presente e abdicar do futuro”, disse, frisando que, “quem opta pela abstenção, prescinde de ter uma voz activa e de participar na construção de um Portugal mais desenvolvido e justo”.
Cavaco Silva lembrou, a propósito, que “muitos povos do mundo gostariam de escolher o seu destino através do direito de voto” e que os portugueses o têm porque “vivem numa democracia estável e consolidada”. O Presidente da República considerou ainda que, “após a campanha eleitoral, os portugueses encontram-se mais informados e esclarecidos sobre as propostas das diversas forças políticas”, num tom em tudo diferente do que marcou a sua intervenção nas vésperas das legislativas de Junho de 2011, que deram a vitória à coligação PSD/CDS.
Na altura, Cavaco considerou que ficara o sentimento de que naquela campanha “nem sempre se terá discutido o essencial e de que muitas vezes, na comunicação social, se privilegiou o acessório”. Essas últimas eleições realizaram-se dois meses depois de Portugal ter oficializado o pedido de assistência financeira à Comissão Europeia, situação que Cavaco não esqueceu na mensagem que então dirigiu ao país, onde lembrou que o novo Governo teria de honrar “os compromissos assumidos”, mas também “muito mais para decidir e fazer, de modo a garantir a justiça social, o crescimento da economia e o combate ao desemprego”.
“Os milhares de portugueses que estão desempregados devem ver as eleições de amanhã como uma possibilidade de escolherem um caminho para o país que lhes traga a esperança de dias melhores”, disse também, numa altura em que a taxa de desemprego estava nos 12,6%. Os últimos dados do INE, relativos a Agosto, dão conta de que a taxa de desempregos e situa agora nos 12,4%, depois de ter atingido quase 18% em 2013.
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