As redes internacionais recorrem cada vez mais a contentores legais para fazer entrar a droga na Europa. Ilhas como Cabo Verde ou as Canárias têm "posições interessantes" para essa prática.
As redes internacionais recorrem cada vez mais a contentores legais para fazer entrar a droga na Europa, disse esta segunda-feira o coordenador do projeto Ameripol-UE, admitindo que ilhas como Cabo Verde ou as Canárias têm “posições interessantes” para essa prática.
“O mercado global de contentores move-se cada vez mais pelo mundo. Fazer chegar um contentor a qualquer parte do planeta é muito simples e tem um risco mínimo. Pode ser levado para qualquer parte com qualquer mercadoria e uma técnica cada vez mais comum é o “gancho cego”, onde empresas legais são infiltradas por organizações criminosas que abrem os contentores e lá inserem a droga para a fazer chegar ao destino”, disse o inspetor-chefe do Corpo Nacional de Polícia de Espanha, Marcos Alvar.
Marcos Alvar, que coordena o projeto de cooperação policial Ameripol-UE, falava hoje aos jornalistas à margem do seminário sobre cooperação policial na luta contra o tráfico de droga, que decorre até sexta-feira, na cidade da Praia, Cabo Verde.
O seminário reúne representantes das polícias e chefes de portos e aeroportos de países da América Latina, África Ocidental e União Europeia, com o objetivo de partilharem as boas práticas na luta contra o tráfico de droga.
Segundo Marcos Alvar, no contexto do combate a esta tendência crescente no tráfico de droga internacional, as ilhas Canárias e de Cabo Verde “são extremamente importantes devido à sua posição estratégica”.
“Há uma linha muito direta através de barcos e veleiros e as associações criminosas visam cada vez mais minimizar os riscos”, disse, lembrando que o tráfico através de barcos e veleiros que chegavam às costas portuguesas e espanholas foi fortemente combatido, obrigado as redes criminosas a procurar alternativas.
“Há certas ilhas, espanholas e de origem portuguesa, que têm posições muito interessantes para que essa mercadoria possa ser desviada por outros meios. Pode chegar num barco ou veleiro e depois ser enviada para a Europa por contentor”, disse.
“As organizações criminosas procuram ampliar o seu mercado global e aproveitar-se de países estratégicos e, neste caso, as ilhas, têm uma posição tremendamente importante”, acrescentou.
No mesmo sentido, o embaixador da União Europeia em Cabo Verde, José Manuel Pinto Teixeira, que presidiu à abertura do seminário, destacou a importância de Cabo Verde como “parceiro fundamental” no combate ao tráfico de droga nesta região.
“Localizado no Atlântico Médio, como região de trânsito, sobretudo marítimo, de tráfico de cocaína e de outro tipo de tráficos, Cabo verde é um parceiro fundamental em todo este processo”, disse.
Lembrou que, ao abrigo da parceria especial da União Europeia com Cabo Verde, foi recentemente traçado para o país um plano de ação “para o reforço das capacidades nas áreas da segurança”.
Reconheceu que Cabo Verde tem uma zona marítima “extremamente grande” e que faltam meios marítimos e aéreos para fazer o patrulhamento, mas adiantou que além dos meios próprios de Cabo Verde, a União Europeia tem vindo a mobilizar outros para ações de patrulhamento através de acordos bilaterais de cooperação com alguns Estados-membros.
“As marinhas e forças aéreas de Portugal, Espanha, França, Reino Unido, Holanda, Itália, têm participado em ações nas águas cabo-verdianas”, disse.
A cooperação policial na luta contra o tráfico de droga na rota africana é o tema de um seminário, organizado no âmbito do Programa Rota da Cocaína, lançado em 2009 por iniciativa da UE, que conta com um financiamento europeu de cerca 50 milhões de euros e abrange 38 países da América Latina, das Caraíbas e da África Ocidental.
Fonte: Observador
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