“Foi o orgulho que transformou os anjos em demônios; É a humildade que faz os homens como anjos, Santo Agostinho de Hipona”, 13 de novembro de 354 - 28 de agosto de 430 DC
Hoje venho render homenagem a Urias Simango, o primeiro vice-presidente da Frelimo, que disputou a presidência da Frelimo com Eduardo Mondlane e “perdeu”com a diferença de apenas um voto [na verdade, as elições não passaram de uma faxada uma vez que o convite para que Mondlane tomasse a dianteira do movimento armado já teria sido feito e ele só veio a Dar-Es –Salaam com as garantias de que iria ser chefe do movimento unificado].
Deixe-me ainda fazer um parêntesis para dizer que fica por discutir se Mondlane é mesmo Arquitecto da Unidade Nacional, uma vez não ter sido ele quem mais trabalhou para que a fusão dos três movimentos acontecesse. Provas existem de que consensos entre UDENAMO e MANU preexistem ao I Congresso da FRELIMO. Na verdade, em 29 de Maio de 1962 estes dois movimentros firmaram o acordo em Accra e pela primeira vez o nome FRELIMO aparece em documentos oficiais. Adelino Gwambe foi quem fecundou a FRELIMO. Ser primeiro Presidente de um movimento é o mesmo que ser arquitecto da Unidade Nacional?
Mas voltemos ao assunto sobre Urias Simango
Ontem estive a pensar no legado dos nossos dirigentes, alguns, nossos heróis e cheguei a seguinte constatação.
Enquanto uns dirigentes deixaram para seus filhos rios de dinheiro, outros ainda estão atarefados em acumular infinitamente a riqueza para seus filhos e futuras gerações, a ENCURTADA vida de Urias Simango deixou como legado dois servidores de povo de grande calibre: Lutero e Daviz Siamngo. Estes dois irmãos, filhos de Uria e Celina Simango são incontornáveis na vida política e na história da democracia deste país.
O primeiro, figura dos primeiros dirigentes políticos do pós-guerra civil, com o PCN, que formou a primeira nata de intelectuais e políticos independentes de Moçambique. O segundo, Daviz, edil da Beira, a verdadeira CENTRAL DA DEMOCRACIA; refúgio dos oprimidos.
Urias Simango não teve tempo nem para acumular muito menos para acompanhar de perto a educação dos filhos ou mesmo desfrutar os proventos da independência. Mas o pouco tempo que esteve com os filhos foi bastante para inspirá-los de forma indelével sobre a vocação do bem-servir e não ser servido.
Quantos filhos de dirigentes moçambicanos se comparam à vocação de servir como Daviz e Urias Simango? Quantos filhos de dirigentes que não enriqueceram graças à posição de seus país e hoje participam na delapidação do erário público e abocanham tudo quanto é oportunidade de negócio?
Quantos filhos de dirigentes estão na dianteira da luta pela justiça social, democracia e boa-governação em Moçambique? Quantos, e quem são?
PS: este post não tem por objectivo criticar niguém. Ele está a encorajar os dirigentes a se inspirarem nos ideias e valores de Urias Simango quanto à necessidade de educar os filhos para a cidadania. Daviz e Lutero poderiam se acobardar, com a morte dos pais e terem lambido os bocados do regime. Mas a educação para a cidadania e os valores dos pais os fizeram homens e bons servidores do povo.
Obrigado Uria e Celina Simango pelos filhos que nos deste.Quem sai aos seus não degenera.
Irei temrinar o meu elogio com mais uma citação Santo Agostinho
"Descubra o quanto Deus lhe deu e dele tire apenas o que você precisa; o resto deixe para os outros [porque também precisam]”
Referências Bíblicas
Mateus 20:28
Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.
Marcos 10:45
Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos.
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