Carta de Galiza de Matos ao Semanário Savana sobre o "diálogo" com António Muchanga na AR
Exmo Senhor Editor do Jornal Savana
Nos dias 10 e 14 de Abril do corrente ano e durante o plenário da Assembleia da República em que se discutia o Programa Quinquenal do Governo para o período de 2015 – 2019, o Sr. Deputado da Renamo, António Muchanga, no uso da palavra, dirigiu-se a mim no sentido de revelar factos (em jeito de fofoca) sobre a minha vida pessoal e privada e o meu histórico escolar. Referiu que fiz uso de documentos pessoais para alegadamente pagar dívidas a terceiros.
Aquele Deputado não usou a palavra para analisar, argumentar, divergir sobre o Programa Quinquenal do Governo, matéria de debate que estava a ter lugar. Visou, unicamente, atingir a minha imagem e honra na presença de dirigentes do Estado, da imprensa e dos moçambicanos em geral que assistiram aquele espectáculo barato pela televisão. Gerou-se na sociedade um juízo público de indignação e um coro de gozação sobre a minha pessoa, algo que afectou profundamente a minha família, sobretudo os meus filhos adolescentes.
Parte da imagem, reputação e seriedade que tenho vindo a construir desde os meus 19 anos de idade, altura em que entrei activamente na política, ficou manchada devido ao falatório generalizado nas redes sociais, com comentários de índole jocosa e depreciativa e a criação de imagens sobre a minha personalidade.
Os danos irreparáveis que causou a minha imagem, bom nome e reputação, da Bancada Parlamentar da FRELIMO na AR e dos seus Deputados foi ignorada por aquele Deputado.
Devo esclarecer que, diariamente exerço com dignidade e competência as funções que me são acometidas no âmbito do cargo para o qual foi eleito, algo que resulta da confiança depositada pela FRELIMO, partido que represento na AR na qualidade de Porta-voz.
Diante de tamanha falácia, remeti-me ao siléncio ao longo de todos os meses que se seguiram aqueles episódios.
Para o meu espanto, ontem, 28 de Outubro, o mesmo Deputado António Muchanga voltou a usar da palavra (eu remetido ao siléncio e sem ter pedido a palavra) para de forma reiterada, provocar, denegrir, insultar e rebaixar-me diante de Deputados, do Provedor de Justiça, do Ministro da Justiça e do povo em geral que assistia a televisão e ouvia a Rádio chamando “esse desqualificado” e posteriormente lançando impropérios e mentiras que só ele conhece (e parece conhecer e fofocar sobre a vida intima de muita gente, sobretudo dos dirigentes deste país).
Tal como na primeira ocasião, em Abril, a STV, canal televisivo que difundiu estas matérias, apenas limitou-se a reproduzir excertos em que ocorreu a minha resposta, ignorando a parte inicial em que fazia apelos para um debate mais sério, o que levou as pessoas a entender que terei iniciado e sido causador daquele debate jocoso e baixo. Na primeira ocasião, a minha reacção em relação a forma como estava a ser conduzido o debate, era para que centrassemos o foco no Programa Quinquenal, assunto de interesse do povo moçambicano e nunca discutir assuntos pessoais, porque entendo que não foi para isso que fomos eleitos Deputados da nação. Fomos eleitos para discutir e encontrar soluções para os problemas do nosso Povo.
Na tentativa vã de chamar aos Deputados à razão, o Sr. Deputado António Muchanga, ausente em argumentos, lançou-se aos insultos e a proferir inverdades, algo que, tal como referi acima, retomou ontem 28 de Outubro, o que levou a minha reacção reproduzida pelas televisões.
Quero por intermédio do vosso prestigiado jornal esclarecer e reiterar publicamente que, embora tenha nascido numa família pobre, sendo filho de pai jornalista e mãe enfermeira, ambos funcionários públicos, tive sempre uma educação cívica, moral e religiosa orientada para os bons princípios, respeito pelo próximo e uma conduta exemplar no relacionamento com todos os cidadãos, independentemente da sua raça, do Partido Político que aprecia, da religião que profere, do sexo ou condição sexual que dispõe. É esta educação, esta forma de ser e de estar, humilde e de respeito que procuro ter e transmitir aos meus filhos, sempre com o fito de construir uma sociedade moçambicana melhor.
Igualmente, e porque a forma de agir daquele Deputado, pelas diversas vezes que se dirigiu a mim, cometendo o crime de difamação, previsto e punido pelo Artigo 407 do Código Penal, decidi solicitar aos órgãos apropriados o levantamento da sua imunidade para que, em Tribunal diga entre outros, o que o move a ciclicamente proferir ataques a minha pessoa.
Ciente do interesse público sobre esta matéria.
Atenciosamente;
Edmundo Galiza Matos Jr
Matola, 29 de outubro de 2015
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